Com vendas em baixa, lojistas no centro de SP dizem que limitar parcelado no cartão é ‘insulto’


Banco Central avalia diminuir parcelamento no cartão de crédito para reduzir inadimplência; pequenos comerciantes dizem que vendas cairiam

Por João Scheller
Atualização:

Pequenos lojistas no centro de São Paulo ouvidos pelo Estadão são contrários a possível limitação do pagamento parcelado sem juros no cartão de crédito, estudada pelo Banco Central (BC). A discussão ocorre na esteira do debate sobre as mudanças no crédito rotativo.

O BC está preocupado com o aumento do endividamento na modalidade e quer reduzir as compras com muitas prestações. Não está definido ainda como isso seria feito, mas uma possibilidade seria cobrar algum tipo de tarifa nas compras parceladas sem juros, desestimulando as transações na modalidade.

“Falar de juros para o cliente é visto como um insulto”, afirma Kátia Maria de Jesus, dona de uma loja de roupas na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, região central da Capital paulista, ao mencionar que o pagamento parcelado sem juros já está completamente integrado aos hábitos de consumo da clientela. “Os clientes nem perguntam se é com juros ou sem. Eles já partem do pressuposto que é sem juros sempre”, diz.

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Lojistas do centro de São Paulo dizem que parcelamento representa grande parte das transações feitas nos estabelecimentos Foto: João Scheller/Estadão

Segundo ela, o volume de vendas na modalidade representa cerca de 90% do total de transações em seu estabelecimento e uma limitação no formato diminuiria o valor gasto nas compras, em um momento já difícil para as vendas.

“Em vez de comprar R$ 300 para parcelar, o cliente não vai comprar, porque não tem o parcelamento”, afirma. Na loja de Kátia, o parcelamento em duas vezes já é permitido em compras a partir de R$ 50 reais.

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Para Mikael Kim, dono de outra loja de vestuário na região, o parcelamento representa cerca de 40% das transações no varejo, mas até mesmo compras no atacado têm sido feitas na modalidade. “O movimento já está fraco, se limitar o parcelamento vai ficar pior ainda”, diz.

Mudança poderia diminuir ainda mais a clientela

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Lojistas ouvidos pela reportagem comentam que a limitação da modalidade traria ainda mais dificuldades num momento que o setor já sofre por diferentes fatores. O volume de vendas ainda não se igualou ao do período pré-pandemia, puxado pela lenta recuperação da economia e o crescente aumento do e-commerce, incluindo compras em sites do exterior.

Segundo eles, uma possível mudança na modalidade faria com que tivessem de diminuir a margem de lucro para atrair consumidores, fazendo com que o preço baixo compensasse os juros.

Mesmo assim, as dificuldades seriam muito grandes, tanto pela diminuição dos ganhos como também pela cultura do pagamento parcelado sem taxas. “Quando o cliente vê que tem juros, ele já desiste da compra”, afirma Mikael Kim.

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Mikael Kim, proprietário da Chaville, loja de vestuário na região central de São Paulo. Segundo ele, a limitação do parcelamento sem juros dificultaria ainda mais as vendas Foto: João Scheller/Estadão

“Aqui no Bom Retiro a gente não consegue compensar a mudança no preço final. Talvez nos shoppings até seja possível, mas aqui não”, diz Mi Ky Und Lee, dona de uma loja de roupas no bairro há 30 anos, mencionando as dificuldades de contornar uma possível limitação do parcelado sem juros.

Discussão não pode afetar o varejo, diz entidade

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“Estamos tratando do fim de uma modalidade que seria prejudicial para o varejo, mas não estamos olhando os fatores de concessão de cartões de crédito”, afirma Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Ela defende que há outras maneiras de se contornar o fim do rotativo do cartão de crédito, que não envolvam a limitação do parcelamento sem juros, como uma revisão nos parâmetros para a concessão de cartões de crédito.

“A mesma instituição que concede o crédito muito exagerado é que se beneficia do não pagamento da fatura do cartão depois”, afirma, mencionando as altas taxas cobradas no crédito rotativo, que giram em torno de 437% ao ano. Ela diz que a CNDL está aberta à discussão de propostas para resolver o problema, mas sem que haja prejuízo para o setor.

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Limitação acompanharia fim do rotativo

A ideia de uma possível limitação do parcelamento no cartão de crédito surgiu das discussões referentes aos juros do crédito rotativo, que possui as maiores taxas do mercado.

Loja na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Lojistas reclamam das dificuldades nas vendas Foto: João Scheller/Estadão

No dia 10 deste mês, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mencionou durante audiência no Senado, que uma das possíveis medidas para atacar o problema seria tornar o parcelamento sem juros “um pouco mais disciplinado”.

A ideia seria a implantação de algum tipo de tarifa que desestimulasse o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Segundo ele, o parcelamento médio atualmente chega a 13 prestações.

Conforme dados do próprio Banco Central, porém, 17,6% dos valores parcelados no cartão de crédito são divididos em duas ou três vezes, e as transações no crédito pagas em uma parcela representam mais da metade (52,7%) dos pagamentos.

Os valores parcelados entre quatro e seis vezes são 14%, e em sete ou mais, 15,7% Os dados são referentes ao valor das transações no quarto trimestre de 2022.

Pequenos lojistas no centro de São Paulo ouvidos pelo Estadão são contrários a possível limitação do pagamento parcelado sem juros no cartão de crédito, estudada pelo Banco Central (BC). A discussão ocorre na esteira do debate sobre as mudanças no crédito rotativo.

O BC está preocupado com o aumento do endividamento na modalidade e quer reduzir as compras com muitas prestações. Não está definido ainda como isso seria feito, mas uma possibilidade seria cobrar algum tipo de tarifa nas compras parceladas sem juros, desestimulando as transações na modalidade.

“Falar de juros para o cliente é visto como um insulto”, afirma Kátia Maria de Jesus, dona de uma loja de roupas na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, região central da Capital paulista, ao mencionar que o pagamento parcelado sem juros já está completamente integrado aos hábitos de consumo da clientela. “Os clientes nem perguntam se é com juros ou sem. Eles já partem do pressuposto que é sem juros sempre”, diz.

Lojistas do centro de São Paulo dizem que parcelamento representa grande parte das transações feitas nos estabelecimentos Foto: João Scheller/Estadão

Segundo ela, o volume de vendas na modalidade representa cerca de 90% do total de transações em seu estabelecimento e uma limitação no formato diminuiria o valor gasto nas compras, em um momento já difícil para as vendas.

“Em vez de comprar R$ 300 para parcelar, o cliente não vai comprar, porque não tem o parcelamento”, afirma. Na loja de Kátia, o parcelamento em duas vezes já é permitido em compras a partir de R$ 50 reais.

Para Mikael Kim, dono de outra loja de vestuário na região, o parcelamento representa cerca de 40% das transações no varejo, mas até mesmo compras no atacado têm sido feitas na modalidade. “O movimento já está fraco, se limitar o parcelamento vai ficar pior ainda”, diz.

Mudança poderia diminuir ainda mais a clientela

Lojistas ouvidos pela reportagem comentam que a limitação da modalidade traria ainda mais dificuldades num momento que o setor já sofre por diferentes fatores. O volume de vendas ainda não se igualou ao do período pré-pandemia, puxado pela lenta recuperação da economia e o crescente aumento do e-commerce, incluindo compras em sites do exterior.

Segundo eles, uma possível mudança na modalidade faria com que tivessem de diminuir a margem de lucro para atrair consumidores, fazendo com que o preço baixo compensasse os juros.

Mesmo assim, as dificuldades seriam muito grandes, tanto pela diminuição dos ganhos como também pela cultura do pagamento parcelado sem taxas. “Quando o cliente vê que tem juros, ele já desiste da compra”, afirma Mikael Kim.

Mikael Kim, proprietário da Chaville, loja de vestuário na região central de São Paulo. Segundo ele, a limitação do parcelamento sem juros dificultaria ainda mais as vendas Foto: João Scheller/Estadão

“Aqui no Bom Retiro a gente não consegue compensar a mudança no preço final. Talvez nos shoppings até seja possível, mas aqui não”, diz Mi Ky Und Lee, dona de uma loja de roupas no bairro há 30 anos, mencionando as dificuldades de contornar uma possível limitação do parcelado sem juros.

Discussão não pode afetar o varejo, diz entidade

“Estamos tratando do fim de uma modalidade que seria prejudicial para o varejo, mas não estamos olhando os fatores de concessão de cartões de crédito”, afirma Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Ela defende que há outras maneiras de se contornar o fim do rotativo do cartão de crédito, que não envolvam a limitação do parcelamento sem juros, como uma revisão nos parâmetros para a concessão de cartões de crédito.

“A mesma instituição que concede o crédito muito exagerado é que se beneficia do não pagamento da fatura do cartão depois”, afirma, mencionando as altas taxas cobradas no crédito rotativo, que giram em torno de 437% ao ano. Ela diz que a CNDL está aberta à discussão de propostas para resolver o problema, mas sem que haja prejuízo para o setor.

Limitação acompanharia fim do rotativo

A ideia de uma possível limitação do parcelamento no cartão de crédito surgiu das discussões referentes aos juros do crédito rotativo, que possui as maiores taxas do mercado.

Loja na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Lojistas reclamam das dificuldades nas vendas Foto: João Scheller/Estadão

No dia 10 deste mês, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mencionou durante audiência no Senado, que uma das possíveis medidas para atacar o problema seria tornar o parcelamento sem juros “um pouco mais disciplinado”.

A ideia seria a implantação de algum tipo de tarifa que desestimulasse o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Segundo ele, o parcelamento médio atualmente chega a 13 prestações.

Conforme dados do próprio Banco Central, porém, 17,6% dos valores parcelados no cartão de crédito são divididos em duas ou três vezes, e as transações no crédito pagas em uma parcela representam mais da metade (52,7%) dos pagamentos.

Os valores parcelados entre quatro e seis vezes são 14%, e em sete ou mais, 15,7% Os dados são referentes ao valor das transações no quarto trimestre de 2022.

Pequenos lojistas no centro de São Paulo ouvidos pelo Estadão são contrários a possível limitação do pagamento parcelado sem juros no cartão de crédito, estudada pelo Banco Central (BC). A discussão ocorre na esteira do debate sobre as mudanças no crédito rotativo.

O BC está preocupado com o aumento do endividamento na modalidade e quer reduzir as compras com muitas prestações. Não está definido ainda como isso seria feito, mas uma possibilidade seria cobrar algum tipo de tarifa nas compras parceladas sem juros, desestimulando as transações na modalidade.

“Falar de juros para o cliente é visto como um insulto”, afirma Kátia Maria de Jesus, dona de uma loja de roupas na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, região central da Capital paulista, ao mencionar que o pagamento parcelado sem juros já está completamente integrado aos hábitos de consumo da clientela. “Os clientes nem perguntam se é com juros ou sem. Eles já partem do pressuposto que é sem juros sempre”, diz.

Lojistas do centro de São Paulo dizem que parcelamento representa grande parte das transações feitas nos estabelecimentos Foto: João Scheller/Estadão

Segundo ela, o volume de vendas na modalidade representa cerca de 90% do total de transações em seu estabelecimento e uma limitação no formato diminuiria o valor gasto nas compras, em um momento já difícil para as vendas.

“Em vez de comprar R$ 300 para parcelar, o cliente não vai comprar, porque não tem o parcelamento”, afirma. Na loja de Kátia, o parcelamento em duas vezes já é permitido em compras a partir de R$ 50 reais.

Para Mikael Kim, dono de outra loja de vestuário na região, o parcelamento representa cerca de 40% das transações no varejo, mas até mesmo compras no atacado têm sido feitas na modalidade. “O movimento já está fraco, se limitar o parcelamento vai ficar pior ainda”, diz.

Mudança poderia diminuir ainda mais a clientela

Lojistas ouvidos pela reportagem comentam que a limitação da modalidade traria ainda mais dificuldades num momento que o setor já sofre por diferentes fatores. O volume de vendas ainda não se igualou ao do período pré-pandemia, puxado pela lenta recuperação da economia e o crescente aumento do e-commerce, incluindo compras em sites do exterior.

Segundo eles, uma possível mudança na modalidade faria com que tivessem de diminuir a margem de lucro para atrair consumidores, fazendo com que o preço baixo compensasse os juros.

Mesmo assim, as dificuldades seriam muito grandes, tanto pela diminuição dos ganhos como também pela cultura do pagamento parcelado sem taxas. “Quando o cliente vê que tem juros, ele já desiste da compra”, afirma Mikael Kim.

Mikael Kim, proprietário da Chaville, loja de vestuário na região central de São Paulo. Segundo ele, a limitação do parcelamento sem juros dificultaria ainda mais as vendas Foto: João Scheller/Estadão

“Aqui no Bom Retiro a gente não consegue compensar a mudança no preço final. Talvez nos shoppings até seja possível, mas aqui não”, diz Mi Ky Und Lee, dona de uma loja de roupas no bairro há 30 anos, mencionando as dificuldades de contornar uma possível limitação do parcelado sem juros.

Discussão não pode afetar o varejo, diz entidade

“Estamos tratando do fim de uma modalidade que seria prejudicial para o varejo, mas não estamos olhando os fatores de concessão de cartões de crédito”, afirma Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Ela defende que há outras maneiras de se contornar o fim do rotativo do cartão de crédito, que não envolvam a limitação do parcelamento sem juros, como uma revisão nos parâmetros para a concessão de cartões de crédito.

“A mesma instituição que concede o crédito muito exagerado é que se beneficia do não pagamento da fatura do cartão depois”, afirma, mencionando as altas taxas cobradas no crédito rotativo, que giram em torno de 437% ao ano. Ela diz que a CNDL está aberta à discussão de propostas para resolver o problema, mas sem que haja prejuízo para o setor.

Limitação acompanharia fim do rotativo

A ideia de uma possível limitação do parcelamento no cartão de crédito surgiu das discussões referentes aos juros do crédito rotativo, que possui as maiores taxas do mercado.

Loja na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Lojistas reclamam das dificuldades nas vendas Foto: João Scheller/Estadão

No dia 10 deste mês, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mencionou durante audiência no Senado, que uma das possíveis medidas para atacar o problema seria tornar o parcelamento sem juros “um pouco mais disciplinado”.

A ideia seria a implantação de algum tipo de tarifa que desestimulasse o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Segundo ele, o parcelamento médio atualmente chega a 13 prestações.

Conforme dados do próprio Banco Central, porém, 17,6% dos valores parcelados no cartão de crédito são divididos em duas ou três vezes, e as transações no crédito pagas em uma parcela representam mais da metade (52,7%) dos pagamentos.

Os valores parcelados entre quatro e seis vezes são 14%, e em sete ou mais, 15,7% Os dados são referentes ao valor das transações no quarto trimestre de 2022.

Pequenos lojistas no centro de São Paulo ouvidos pelo Estadão são contrários a possível limitação do pagamento parcelado sem juros no cartão de crédito, estudada pelo Banco Central (BC). A discussão ocorre na esteira do debate sobre as mudanças no crédito rotativo.

O BC está preocupado com o aumento do endividamento na modalidade e quer reduzir as compras com muitas prestações. Não está definido ainda como isso seria feito, mas uma possibilidade seria cobrar algum tipo de tarifa nas compras parceladas sem juros, desestimulando as transações na modalidade.

“Falar de juros para o cliente é visto como um insulto”, afirma Kátia Maria de Jesus, dona de uma loja de roupas na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, região central da Capital paulista, ao mencionar que o pagamento parcelado sem juros já está completamente integrado aos hábitos de consumo da clientela. “Os clientes nem perguntam se é com juros ou sem. Eles já partem do pressuposto que é sem juros sempre”, diz.

Lojistas do centro de São Paulo dizem que parcelamento representa grande parte das transações feitas nos estabelecimentos Foto: João Scheller/Estadão

Segundo ela, o volume de vendas na modalidade representa cerca de 90% do total de transações em seu estabelecimento e uma limitação no formato diminuiria o valor gasto nas compras, em um momento já difícil para as vendas.

“Em vez de comprar R$ 300 para parcelar, o cliente não vai comprar, porque não tem o parcelamento”, afirma. Na loja de Kátia, o parcelamento em duas vezes já é permitido em compras a partir de R$ 50 reais.

Para Mikael Kim, dono de outra loja de vestuário na região, o parcelamento representa cerca de 40% das transações no varejo, mas até mesmo compras no atacado têm sido feitas na modalidade. “O movimento já está fraco, se limitar o parcelamento vai ficar pior ainda”, diz.

Mudança poderia diminuir ainda mais a clientela

Lojistas ouvidos pela reportagem comentam que a limitação da modalidade traria ainda mais dificuldades num momento que o setor já sofre por diferentes fatores. O volume de vendas ainda não se igualou ao do período pré-pandemia, puxado pela lenta recuperação da economia e o crescente aumento do e-commerce, incluindo compras em sites do exterior.

Segundo eles, uma possível mudança na modalidade faria com que tivessem de diminuir a margem de lucro para atrair consumidores, fazendo com que o preço baixo compensasse os juros.

Mesmo assim, as dificuldades seriam muito grandes, tanto pela diminuição dos ganhos como também pela cultura do pagamento parcelado sem taxas. “Quando o cliente vê que tem juros, ele já desiste da compra”, afirma Mikael Kim.

Mikael Kim, proprietário da Chaville, loja de vestuário na região central de São Paulo. Segundo ele, a limitação do parcelamento sem juros dificultaria ainda mais as vendas Foto: João Scheller/Estadão

“Aqui no Bom Retiro a gente não consegue compensar a mudança no preço final. Talvez nos shoppings até seja possível, mas aqui não”, diz Mi Ky Und Lee, dona de uma loja de roupas no bairro há 30 anos, mencionando as dificuldades de contornar uma possível limitação do parcelado sem juros.

Discussão não pode afetar o varejo, diz entidade

“Estamos tratando do fim de uma modalidade que seria prejudicial para o varejo, mas não estamos olhando os fatores de concessão de cartões de crédito”, afirma Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Ela defende que há outras maneiras de se contornar o fim do rotativo do cartão de crédito, que não envolvam a limitação do parcelamento sem juros, como uma revisão nos parâmetros para a concessão de cartões de crédito.

“A mesma instituição que concede o crédito muito exagerado é que se beneficia do não pagamento da fatura do cartão depois”, afirma, mencionando as altas taxas cobradas no crédito rotativo, que giram em torno de 437% ao ano. Ela diz que a CNDL está aberta à discussão de propostas para resolver o problema, mas sem que haja prejuízo para o setor.

Limitação acompanharia fim do rotativo

A ideia de uma possível limitação do parcelamento no cartão de crédito surgiu das discussões referentes aos juros do crédito rotativo, que possui as maiores taxas do mercado.

Loja na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Lojistas reclamam das dificuldades nas vendas Foto: João Scheller/Estadão

No dia 10 deste mês, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mencionou durante audiência no Senado, que uma das possíveis medidas para atacar o problema seria tornar o parcelamento sem juros “um pouco mais disciplinado”.

A ideia seria a implantação de algum tipo de tarifa que desestimulasse o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Segundo ele, o parcelamento médio atualmente chega a 13 prestações.

Conforme dados do próprio Banco Central, porém, 17,6% dos valores parcelados no cartão de crédito são divididos em duas ou três vezes, e as transações no crédito pagas em uma parcela representam mais da metade (52,7%) dos pagamentos.

Os valores parcelados entre quatro e seis vezes são 14%, e em sete ou mais, 15,7% Os dados são referentes ao valor das transações no quarto trimestre de 2022.

Pequenos lojistas no centro de São Paulo ouvidos pelo Estadão são contrários a possível limitação do pagamento parcelado sem juros no cartão de crédito, estudada pelo Banco Central (BC). A discussão ocorre na esteira do debate sobre as mudanças no crédito rotativo.

O BC está preocupado com o aumento do endividamento na modalidade e quer reduzir as compras com muitas prestações. Não está definido ainda como isso seria feito, mas uma possibilidade seria cobrar algum tipo de tarifa nas compras parceladas sem juros, desestimulando as transações na modalidade.

“Falar de juros para o cliente é visto como um insulto”, afirma Kátia Maria de Jesus, dona de uma loja de roupas na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, região central da Capital paulista, ao mencionar que o pagamento parcelado sem juros já está completamente integrado aos hábitos de consumo da clientela. “Os clientes nem perguntam se é com juros ou sem. Eles já partem do pressuposto que é sem juros sempre”, diz.

Lojistas do centro de São Paulo dizem que parcelamento representa grande parte das transações feitas nos estabelecimentos Foto: João Scheller/Estadão

Segundo ela, o volume de vendas na modalidade representa cerca de 90% do total de transações em seu estabelecimento e uma limitação no formato diminuiria o valor gasto nas compras, em um momento já difícil para as vendas.

“Em vez de comprar R$ 300 para parcelar, o cliente não vai comprar, porque não tem o parcelamento”, afirma. Na loja de Kátia, o parcelamento em duas vezes já é permitido em compras a partir de R$ 50 reais.

Para Mikael Kim, dono de outra loja de vestuário na região, o parcelamento representa cerca de 40% das transações no varejo, mas até mesmo compras no atacado têm sido feitas na modalidade. “O movimento já está fraco, se limitar o parcelamento vai ficar pior ainda”, diz.

Mudança poderia diminuir ainda mais a clientela

Lojistas ouvidos pela reportagem comentam que a limitação da modalidade traria ainda mais dificuldades num momento que o setor já sofre por diferentes fatores. O volume de vendas ainda não se igualou ao do período pré-pandemia, puxado pela lenta recuperação da economia e o crescente aumento do e-commerce, incluindo compras em sites do exterior.

Segundo eles, uma possível mudança na modalidade faria com que tivessem de diminuir a margem de lucro para atrair consumidores, fazendo com que o preço baixo compensasse os juros.

Mesmo assim, as dificuldades seriam muito grandes, tanto pela diminuição dos ganhos como também pela cultura do pagamento parcelado sem taxas. “Quando o cliente vê que tem juros, ele já desiste da compra”, afirma Mikael Kim.

Mikael Kim, proprietário da Chaville, loja de vestuário na região central de São Paulo. Segundo ele, a limitação do parcelamento sem juros dificultaria ainda mais as vendas Foto: João Scheller/Estadão

“Aqui no Bom Retiro a gente não consegue compensar a mudança no preço final. Talvez nos shoppings até seja possível, mas aqui não”, diz Mi Ky Und Lee, dona de uma loja de roupas no bairro há 30 anos, mencionando as dificuldades de contornar uma possível limitação do parcelado sem juros.

Discussão não pode afetar o varejo, diz entidade

“Estamos tratando do fim de uma modalidade que seria prejudicial para o varejo, mas não estamos olhando os fatores de concessão de cartões de crédito”, afirma Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Ela defende que há outras maneiras de se contornar o fim do rotativo do cartão de crédito, que não envolvam a limitação do parcelamento sem juros, como uma revisão nos parâmetros para a concessão de cartões de crédito.

“A mesma instituição que concede o crédito muito exagerado é que se beneficia do não pagamento da fatura do cartão depois”, afirma, mencionando as altas taxas cobradas no crédito rotativo, que giram em torno de 437% ao ano. Ela diz que a CNDL está aberta à discussão de propostas para resolver o problema, mas sem que haja prejuízo para o setor.

Limitação acompanharia fim do rotativo

A ideia de uma possível limitação do parcelamento no cartão de crédito surgiu das discussões referentes aos juros do crédito rotativo, que possui as maiores taxas do mercado.

Loja na Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Lojistas reclamam das dificuldades nas vendas Foto: João Scheller/Estadão

No dia 10 deste mês, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mencionou durante audiência no Senado, que uma das possíveis medidas para atacar o problema seria tornar o parcelamento sem juros “um pouco mais disciplinado”.

A ideia seria a implantação de algum tipo de tarifa que desestimulasse o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Segundo ele, o parcelamento médio atualmente chega a 13 prestações.

Conforme dados do próprio Banco Central, porém, 17,6% dos valores parcelados no cartão de crédito são divididos em duas ou três vezes, e as transações no crédito pagas em uma parcela representam mais da metade (52,7%) dos pagamentos.

Os valores parcelados entre quatro e seis vezes são 14%, e em sete ou mais, 15,7% Os dados são referentes ao valor das transações no quarto trimestre de 2022.

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