Moda confortável avança com inovação e modelagem adaptável


Negócios como Lela Brandão Co. e Revival crescem em faturamento ao atender demanda por bem-estar e novo conceito de conforto; peças coloridas e amplas desconstroem alfaiataria

Por Ludimila Honorato

Comecemos pela ideia de que o conforto é relativo. Para um, pode ser usar tênis ou roupas de tecidos mais leves; para outro, um salto que ajuda na postura ou uma camisa mais apertada. O fato é que a pandemia, mais uma vez, acelerou um movimento na moda que já vinha dando o ar da graça: o das roupas comfy, modernas e com estilo em todos os espaços, não só em casa. De olho nos desejos dos clientes, pequenas empresas do setor tiveram bons resultados ao investir em modelagens adaptáveis e com tecnologia que proporcionam esse bem-estar.

“A moda confortável deixou de ser o patinho feio, pararam de olhar para o conforto como algo que desmerece o look, que tira o brilho. Deixou de ser moda específica para estar em casa e passou a ser incorporada à moda propriamente dita”, observa a consultora de estilo Carol Caliman, cofundadora da Assinatura de Estilo (AE) com a amiga Carlinha Catap. Um dos lemas da dupla quando se fala de moda confortável é: conforto não é desleixo.

É claro que todos podem seguir usando um moletom e peças com caimento solto e largas, mas a proposta é que elas não precisam ser somente pretas ou cinzas, sem texturas, sem graça. A especialista fala em uma ressignificação de como se vê o moletom, que ganhou cores vibrantes, gola e comprimentos variados de manga. Porém, vale lembrar outro ditado da AE: ninguém “tem que” nada, mas, se quiser, “pode”.

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Por trás dessa diversidade de roupas está o entendimento da diversidade de corpos, algo que a empresária Lela Brandão preza na marca de vestuário feminino que lançou em setembro do ano passado. Com o lema "uma mulher confortável em si é uma revolução", as peças são adaptáveis e conversam com a demanda atual por conforto e estilo equilibrados. Há, por exemplo, uma calça pantalona de moletom, que entrega os dois. O catálogo inclui camisetas, kimonos, casacos.

Lela Brandão, fundadora e CEO da Lela Brandão Co., aposta em peças mais largas e de moletom, mas com cores e texturas que dão sofisticação às roupas. Foto: Alex Silva/Estadão

"São peças que se moldam ao seu corpo e não deixam de servir se você emagrecer ou engordar alguns quilos, te permitem sentar depois do almoço sem ter que abrir nenhum botão, possibilitam que o seu corpo se movimente livremente. A gente faz isso, por exemplo, com o uso de elásticos nas cinturas das calças, malhas que expandem, modelagens mais largas no caso de tecidos que não são tão maleáveis", ela explica.

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A marca, que leva o nome da criadora, é nativa digital e usa, principalmente, o Instagram para comunicar o propósito, seja apresentando os looks ou dicas de bem-estar. Além do apelo atual por conforto, nascer na internet também possibilitou uma expansão rápida. Em um ano de funcionamento, a Lela Brandão Co. faturou R$ 2,2 milhões - sendo que a previsão inicial era de R$ 800 mil - e espera que o faturamento anual de 2021 atinja R$ 3 milhões.

“Foi, e ainda está sendo, uma loucura empreender na pandemia. Falando especificamente de confecção, os prazos e preços dos fornecedores ainda são bem complicados e imprevisíveis. Tivemos de alterar a data de lançamento da marca três vezes por conta dessa instabilidade”, diz Lela. Agora, a marca se prepara para lançar em novembro uma coleção de biquínis que foram desenvolvidos a partir das percepções de mais de 2 mil mulheres.

Uma pesquisa com as seguidoras indicou que as preferências e necessidades variam conforme os corpos de cada uma, então foram idealizadas duas opções para a parte de cima e duas opções para a parte debaixo, pensando em quem tem mais ou menos volume de seios, quadris e barriga. Testes com consumidoras reais também resultaram em uma adaptação na costura. Outro passo importante da marca está sendo articulado: abrir um espaço físico em São Paulo.

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Tecnologia na moda confortável

Mesmo as peças mais justas podem ser confortáveis por meio de tecnologias que permitem melhor adaptabilidade ao corpo. É o que propõe a Revival com os bodies feitos de uma poliamida em que cada fio é constituído de filamentos com propriedades antiodor, por exemplo. Algoritmos também são utilizados para fazer o corte exato das peças, o que reduz o desperdício de tecido e permite a criação de modelos variados.

Marina Alcazar, fundadora da marca, conta que quando se propôs a empreender na moda, buscou formas de priorizar a sustentabilidade. "Comecei a procurar o que tinha de mais top em tecnologia e achei essa poliamida importada, que é tecida no Brasil, que entra na categoria de tecidos funcionais, com proteção UV, que não faz bolinha, não precisa passar e tem toque macio", explica.

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Poliamida usada nos bodies da marca Revival tem tecnologia antiodor, proteção UV e toque mais macio, permitindo mais conforto na pele. Foto: Equipe Revival

Embora o material seja biodegradável, com estimativa de decomposição de dois anos na natureza, e tenha durabilidade calculada em dez anos, a proposta é que a peça retorne à cadeia produtiva. Cada body tem uma etiqueta técnica com QR Code pelo qual é possível saber como devolvê-lo à fábrica.

Lançada em fevereiro de 2019 na internet, a Revival começou a planejar vendas em lojas físicas no ano passado, mas a pandemia interrompeu os planos. A estratégia foi investir ainda mais no online, fortalecer o contato com a cliente após a compra e oferecer uma opção personalizada: o body maker, em que, pelo site, a pessoa escolhe modelo, cor e estilo da manga. Marina diz que "dar as caras" nas redes sociais da marca gerou ainda mais conexão com o público e ela comemora o crescimento de 300% no faturamento em 2020 comparado a 2019, além da taxa mensal de recompra de 33%.

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Moda confortável em novos espaços

A consultora de estilo Carol Caliman diz que tem visto muita alfaiataria confortável, algo inimaginável antes, uma vez que esse estilo remete ao clássico, cortes ajustados e retos. Outra lembrança é a do terninho de escritório, o que seria inviável usar dentro de casa para trabalhar. Para transformar esse conceito, têm-se usado tecidos mais nobres e estruturados. Segundo a especialista, percebeu-se que não faz sentido dissociar a elegância do conforto.

Nesse segmento, a estilista Georgia Halal acredita que uma peça confortável está ligada não só ao tecido, mas à modelagem. Por isso, no DNA da marca que leva o próprio nome, a alfaiataria está conectada ao cotidiano atual e tem, por exemplo, calças mais amplas com elástico na cintura, tecidos naturais, como linho com viscose, que trazem liberdade de movimento e, diferentemente dos sintéticos, conforto térmico.

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Peças de alfaiataria de Georgia Halal desconstroem o conceito sisudo do estilo ao trazer cor e amplitude. Foto: Marília Apolônio

“A gente consegue desconstruir a alfaiataria para sair desse lugar careta e deixar a mulher mais confortável. Falamos que nossa marca é vibrante, tem certa irreverência”, diz ela, que investe em muita cor. Na linha de explorar outros caminhos e quebrar paradigmas, as roupas que ela produz permitem combinações com tênis e camiseta, por exemplo. A proposta também é que essas peças sejam usadas em outros contextos que não o trabalho, inclusive em casa.

Durante a pandemia, a marca passou por uma reestruturação e Georgia percebeu que as peças mais vendidas eram as calças, o que ela atribui à “modelagem que respeita o corpo da mulher”. Com o impulso do “fique em casa”, ela lançou uma linha de roupas que tinham essa vertente, mas que não deixavam de lado a elegância simples, objetiva e a possibilidade de usar em qualquer outra ocasião.

Mas a crise econômica também abalou o negócio, que nasceu em 2008 como loja física em São Paulo e iniciou o e-commerce no final de 2019. “A empresa era muito nova no digital e sofreu esse impacto de queda de faturamento, tivemos de fechar (a loja física) por seis meses no ano passado. Mas, por um lado, foi bom, porque focamos no online e a gente vem crescendo significativamente”, afirma a estilista. Sem revelar números, ela diz que o faturamento em dezembro de 2020, com venda online e loja aberta, foi maior do que no mesmo mês de 2019.

Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo

Comecemos pela ideia de que o conforto é relativo. Para um, pode ser usar tênis ou roupas de tecidos mais leves; para outro, um salto que ajuda na postura ou uma camisa mais apertada. O fato é que a pandemia, mais uma vez, acelerou um movimento na moda que já vinha dando o ar da graça: o das roupas comfy, modernas e com estilo em todos os espaços, não só em casa. De olho nos desejos dos clientes, pequenas empresas do setor tiveram bons resultados ao investir em modelagens adaptáveis e com tecnologia que proporcionam esse bem-estar.

“A moda confortável deixou de ser o patinho feio, pararam de olhar para o conforto como algo que desmerece o look, que tira o brilho. Deixou de ser moda específica para estar em casa e passou a ser incorporada à moda propriamente dita”, observa a consultora de estilo Carol Caliman, cofundadora da Assinatura de Estilo (AE) com a amiga Carlinha Catap. Um dos lemas da dupla quando se fala de moda confortável é: conforto não é desleixo.

É claro que todos podem seguir usando um moletom e peças com caimento solto e largas, mas a proposta é que elas não precisam ser somente pretas ou cinzas, sem texturas, sem graça. A especialista fala em uma ressignificação de como se vê o moletom, que ganhou cores vibrantes, gola e comprimentos variados de manga. Porém, vale lembrar outro ditado da AE: ninguém “tem que” nada, mas, se quiser, “pode”.

Por trás dessa diversidade de roupas está o entendimento da diversidade de corpos, algo que a empresária Lela Brandão preza na marca de vestuário feminino que lançou em setembro do ano passado. Com o lema "uma mulher confortável em si é uma revolução", as peças são adaptáveis e conversam com a demanda atual por conforto e estilo equilibrados. Há, por exemplo, uma calça pantalona de moletom, que entrega os dois. O catálogo inclui camisetas, kimonos, casacos.

Lela Brandão, fundadora e CEO da Lela Brandão Co., aposta em peças mais largas e de moletom, mas com cores e texturas que dão sofisticação às roupas. Foto: Alex Silva/Estadão

"São peças que se moldam ao seu corpo e não deixam de servir se você emagrecer ou engordar alguns quilos, te permitem sentar depois do almoço sem ter que abrir nenhum botão, possibilitam que o seu corpo se movimente livremente. A gente faz isso, por exemplo, com o uso de elásticos nas cinturas das calças, malhas que expandem, modelagens mais largas no caso de tecidos que não são tão maleáveis", ela explica.

A marca, que leva o nome da criadora, é nativa digital e usa, principalmente, o Instagram para comunicar o propósito, seja apresentando os looks ou dicas de bem-estar. Além do apelo atual por conforto, nascer na internet também possibilitou uma expansão rápida. Em um ano de funcionamento, a Lela Brandão Co. faturou R$ 2,2 milhões - sendo que a previsão inicial era de R$ 800 mil - e espera que o faturamento anual de 2021 atinja R$ 3 milhões.

“Foi, e ainda está sendo, uma loucura empreender na pandemia. Falando especificamente de confecção, os prazos e preços dos fornecedores ainda são bem complicados e imprevisíveis. Tivemos de alterar a data de lançamento da marca três vezes por conta dessa instabilidade”, diz Lela. Agora, a marca se prepara para lançar em novembro uma coleção de biquínis que foram desenvolvidos a partir das percepções de mais de 2 mil mulheres.

Uma pesquisa com as seguidoras indicou que as preferências e necessidades variam conforme os corpos de cada uma, então foram idealizadas duas opções para a parte de cima e duas opções para a parte debaixo, pensando em quem tem mais ou menos volume de seios, quadris e barriga. Testes com consumidoras reais também resultaram em uma adaptação na costura. Outro passo importante da marca está sendo articulado: abrir um espaço físico em São Paulo.

Tecnologia na moda confortável

Mesmo as peças mais justas podem ser confortáveis por meio de tecnologias que permitem melhor adaptabilidade ao corpo. É o que propõe a Revival com os bodies feitos de uma poliamida em que cada fio é constituído de filamentos com propriedades antiodor, por exemplo. Algoritmos também são utilizados para fazer o corte exato das peças, o que reduz o desperdício de tecido e permite a criação de modelos variados.

Marina Alcazar, fundadora da marca, conta que quando se propôs a empreender na moda, buscou formas de priorizar a sustentabilidade. "Comecei a procurar o que tinha de mais top em tecnologia e achei essa poliamida importada, que é tecida no Brasil, que entra na categoria de tecidos funcionais, com proteção UV, que não faz bolinha, não precisa passar e tem toque macio", explica.

Poliamida usada nos bodies da marca Revival tem tecnologia antiodor, proteção UV e toque mais macio, permitindo mais conforto na pele. Foto: Equipe Revival

Embora o material seja biodegradável, com estimativa de decomposição de dois anos na natureza, e tenha durabilidade calculada em dez anos, a proposta é que a peça retorne à cadeia produtiva. Cada body tem uma etiqueta técnica com QR Code pelo qual é possível saber como devolvê-lo à fábrica.

Lançada em fevereiro de 2019 na internet, a Revival começou a planejar vendas em lojas físicas no ano passado, mas a pandemia interrompeu os planos. A estratégia foi investir ainda mais no online, fortalecer o contato com a cliente após a compra e oferecer uma opção personalizada: o body maker, em que, pelo site, a pessoa escolhe modelo, cor e estilo da manga. Marina diz que "dar as caras" nas redes sociais da marca gerou ainda mais conexão com o público e ela comemora o crescimento de 300% no faturamento em 2020 comparado a 2019, além da taxa mensal de recompra de 33%.

Moda confortável em novos espaços

A consultora de estilo Carol Caliman diz que tem visto muita alfaiataria confortável, algo inimaginável antes, uma vez que esse estilo remete ao clássico, cortes ajustados e retos. Outra lembrança é a do terninho de escritório, o que seria inviável usar dentro de casa para trabalhar. Para transformar esse conceito, têm-se usado tecidos mais nobres e estruturados. Segundo a especialista, percebeu-se que não faz sentido dissociar a elegância do conforto.

Nesse segmento, a estilista Georgia Halal acredita que uma peça confortável está ligada não só ao tecido, mas à modelagem. Por isso, no DNA da marca que leva o próprio nome, a alfaiataria está conectada ao cotidiano atual e tem, por exemplo, calças mais amplas com elástico na cintura, tecidos naturais, como linho com viscose, que trazem liberdade de movimento e, diferentemente dos sintéticos, conforto térmico.

Peças de alfaiataria de Georgia Halal desconstroem o conceito sisudo do estilo ao trazer cor e amplitude. Foto: Marília Apolônio

“A gente consegue desconstruir a alfaiataria para sair desse lugar careta e deixar a mulher mais confortável. Falamos que nossa marca é vibrante, tem certa irreverência”, diz ela, que investe em muita cor. Na linha de explorar outros caminhos e quebrar paradigmas, as roupas que ela produz permitem combinações com tênis e camiseta, por exemplo. A proposta também é que essas peças sejam usadas em outros contextos que não o trabalho, inclusive em casa.

Durante a pandemia, a marca passou por uma reestruturação e Georgia percebeu que as peças mais vendidas eram as calças, o que ela atribui à “modelagem que respeita o corpo da mulher”. Com o impulso do “fique em casa”, ela lançou uma linha de roupas que tinham essa vertente, mas que não deixavam de lado a elegância simples, objetiva e a possibilidade de usar em qualquer outra ocasião.

Mas a crise econômica também abalou o negócio, que nasceu em 2008 como loja física em São Paulo e iniciou o e-commerce no final de 2019. “A empresa era muito nova no digital e sofreu esse impacto de queda de faturamento, tivemos de fechar (a loja física) por seis meses no ano passado. Mas, por um lado, foi bom, porque focamos no online e a gente vem crescendo significativamente”, afirma a estilista. Sem revelar números, ela diz que o faturamento em dezembro de 2020, com venda online e loja aberta, foi maior do que no mesmo mês de 2019.

Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo

Comecemos pela ideia de que o conforto é relativo. Para um, pode ser usar tênis ou roupas de tecidos mais leves; para outro, um salto que ajuda na postura ou uma camisa mais apertada. O fato é que a pandemia, mais uma vez, acelerou um movimento na moda que já vinha dando o ar da graça: o das roupas comfy, modernas e com estilo em todos os espaços, não só em casa. De olho nos desejos dos clientes, pequenas empresas do setor tiveram bons resultados ao investir em modelagens adaptáveis e com tecnologia que proporcionam esse bem-estar.

“A moda confortável deixou de ser o patinho feio, pararam de olhar para o conforto como algo que desmerece o look, que tira o brilho. Deixou de ser moda específica para estar em casa e passou a ser incorporada à moda propriamente dita”, observa a consultora de estilo Carol Caliman, cofundadora da Assinatura de Estilo (AE) com a amiga Carlinha Catap. Um dos lemas da dupla quando se fala de moda confortável é: conforto não é desleixo.

É claro que todos podem seguir usando um moletom e peças com caimento solto e largas, mas a proposta é que elas não precisam ser somente pretas ou cinzas, sem texturas, sem graça. A especialista fala em uma ressignificação de como se vê o moletom, que ganhou cores vibrantes, gola e comprimentos variados de manga. Porém, vale lembrar outro ditado da AE: ninguém “tem que” nada, mas, se quiser, “pode”.

Por trás dessa diversidade de roupas está o entendimento da diversidade de corpos, algo que a empresária Lela Brandão preza na marca de vestuário feminino que lançou em setembro do ano passado. Com o lema "uma mulher confortável em si é uma revolução", as peças são adaptáveis e conversam com a demanda atual por conforto e estilo equilibrados. Há, por exemplo, uma calça pantalona de moletom, que entrega os dois. O catálogo inclui camisetas, kimonos, casacos.

Lela Brandão, fundadora e CEO da Lela Brandão Co., aposta em peças mais largas e de moletom, mas com cores e texturas que dão sofisticação às roupas. Foto: Alex Silva/Estadão

"São peças que se moldam ao seu corpo e não deixam de servir se você emagrecer ou engordar alguns quilos, te permitem sentar depois do almoço sem ter que abrir nenhum botão, possibilitam que o seu corpo se movimente livremente. A gente faz isso, por exemplo, com o uso de elásticos nas cinturas das calças, malhas que expandem, modelagens mais largas no caso de tecidos que não são tão maleáveis", ela explica.

A marca, que leva o nome da criadora, é nativa digital e usa, principalmente, o Instagram para comunicar o propósito, seja apresentando os looks ou dicas de bem-estar. Além do apelo atual por conforto, nascer na internet também possibilitou uma expansão rápida. Em um ano de funcionamento, a Lela Brandão Co. faturou R$ 2,2 milhões - sendo que a previsão inicial era de R$ 800 mil - e espera que o faturamento anual de 2021 atinja R$ 3 milhões.

“Foi, e ainda está sendo, uma loucura empreender na pandemia. Falando especificamente de confecção, os prazos e preços dos fornecedores ainda são bem complicados e imprevisíveis. Tivemos de alterar a data de lançamento da marca três vezes por conta dessa instabilidade”, diz Lela. Agora, a marca se prepara para lançar em novembro uma coleção de biquínis que foram desenvolvidos a partir das percepções de mais de 2 mil mulheres.

Uma pesquisa com as seguidoras indicou que as preferências e necessidades variam conforme os corpos de cada uma, então foram idealizadas duas opções para a parte de cima e duas opções para a parte debaixo, pensando em quem tem mais ou menos volume de seios, quadris e barriga. Testes com consumidoras reais também resultaram em uma adaptação na costura. Outro passo importante da marca está sendo articulado: abrir um espaço físico em São Paulo.

Tecnologia na moda confortável

Mesmo as peças mais justas podem ser confortáveis por meio de tecnologias que permitem melhor adaptabilidade ao corpo. É o que propõe a Revival com os bodies feitos de uma poliamida em que cada fio é constituído de filamentos com propriedades antiodor, por exemplo. Algoritmos também são utilizados para fazer o corte exato das peças, o que reduz o desperdício de tecido e permite a criação de modelos variados.

Marina Alcazar, fundadora da marca, conta que quando se propôs a empreender na moda, buscou formas de priorizar a sustentabilidade. "Comecei a procurar o que tinha de mais top em tecnologia e achei essa poliamida importada, que é tecida no Brasil, que entra na categoria de tecidos funcionais, com proteção UV, que não faz bolinha, não precisa passar e tem toque macio", explica.

Poliamida usada nos bodies da marca Revival tem tecnologia antiodor, proteção UV e toque mais macio, permitindo mais conforto na pele. Foto: Equipe Revival

Embora o material seja biodegradável, com estimativa de decomposição de dois anos na natureza, e tenha durabilidade calculada em dez anos, a proposta é que a peça retorne à cadeia produtiva. Cada body tem uma etiqueta técnica com QR Code pelo qual é possível saber como devolvê-lo à fábrica.

Lançada em fevereiro de 2019 na internet, a Revival começou a planejar vendas em lojas físicas no ano passado, mas a pandemia interrompeu os planos. A estratégia foi investir ainda mais no online, fortalecer o contato com a cliente após a compra e oferecer uma opção personalizada: o body maker, em que, pelo site, a pessoa escolhe modelo, cor e estilo da manga. Marina diz que "dar as caras" nas redes sociais da marca gerou ainda mais conexão com o público e ela comemora o crescimento de 300% no faturamento em 2020 comparado a 2019, além da taxa mensal de recompra de 33%.

Moda confortável em novos espaços

A consultora de estilo Carol Caliman diz que tem visto muita alfaiataria confortável, algo inimaginável antes, uma vez que esse estilo remete ao clássico, cortes ajustados e retos. Outra lembrança é a do terninho de escritório, o que seria inviável usar dentro de casa para trabalhar. Para transformar esse conceito, têm-se usado tecidos mais nobres e estruturados. Segundo a especialista, percebeu-se que não faz sentido dissociar a elegância do conforto.

Nesse segmento, a estilista Georgia Halal acredita que uma peça confortável está ligada não só ao tecido, mas à modelagem. Por isso, no DNA da marca que leva o próprio nome, a alfaiataria está conectada ao cotidiano atual e tem, por exemplo, calças mais amplas com elástico na cintura, tecidos naturais, como linho com viscose, que trazem liberdade de movimento e, diferentemente dos sintéticos, conforto térmico.

Peças de alfaiataria de Georgia Halal desconstroem o conceito sisudo do estilo ao trazer cor e amplitude. Foto: Marília Apolônio

“A gente consegue desconstruir a alfaiataria para sair desse lugar careta e deixar a mulher mais confortável. Falamos que nossa marca é vibrante, tem certa irreverência”, diz ela, que investe em muita cor. Na linha de explorar outros caminhos e quebrar paradigmas, as roupas que ela produz permitem combinações com tênis e camiseta, por exemplo. A proposta também é que essas peças sejam usadas em outros contextos que não o trabalho, inclusive em casa.

Durante a pandemia, a marca passou por uma reestruturação e Georgia percebeu que as peças mais vendidas eram as calças, o que ela atribui à “modelagem que respeita o corpo da mulher”. Com o impulso do “fique em casa”, ela lançou uma linha de roupas que tinham essa vertente, mas que não deixavam de lado a elegância simples, objetiva e a possibilidade de usar em qualquer outra ocasião.

Mas a crise econômica também abalou o negócio, que nasceu em 2008 como loja física em São Paulo e iniciou o e-commerce no final de 2019. “A empresa era muito nova no digital e sofreu esse impacto de queda de faturamento, tivemos de fechar (a loja física) por seis meses no ano passado. Mas, por um lado, foi bom, porque focamos no online e a gente vem crescendo significativamente”, afirma a estilista. Sem revelar números, ela diz que o faturamento em dezembro de 2020, com venda online e loja aberta, foi maior do que no mesmo mês de 2019.

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