Muito se fala na necessidade de o pequeno empresário ter um plano de negócio bem definido antes de começar a empreender. Mas, afinal de contas, o que é esse plano e para que ele serve?
Em resumo, trata-se de um documento para organizar os planos da empresa e definir metas e objetivos.
“Plano de negócio é planejamento. É o que eu preciso saber para sair de uma situação presente A e chegar a uma situação futura B”, explica Enio Pinto, consultor de negócios do Sebrae nacional.
Em linhas gerais, o plano de negócio deve conter alguns pontos fundamentais:
- Autoavaliação do empreendedor
- Análise de mercado
- Análise financeira
Dentro destes três pontos, algumas perguntas e definições vão ser fundamentais para analisar a viabilidade do negócio, fazer adaptações no planejamento e, eventualmente, mudá-lo completamente.
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1. Autoavaliação
A autoavaliação é importante para o empreendedor compreender se seu perfil está de acordo com o que é necessário para empreender e, especialmente, com o modelo de negócio que deseja seguir.
“A empresa, especialmente no começo, vai ser o próprio empreendedor. É preciso saber se ele tem um perfil para isso”, afirma Enio Pinto, gerente de relacionamento com o cliente do Sebrae nacional.
Ele recomenda que o candidato a empreendedor observe se é uma pessoa propensa a correr riscos, tem uma boa rede de contatos, sabe estabelecer metas e se tem foco em qualidade. Preenchendo a maior parte desses requisitos, é possível perceber se a pessoa tem um perfil para empreender ou não, avalia.
“Você pode ter um perfil muito mais voltado para cumprir tarefas e se encaixar melhor como empregado. Se for o caso, o plano já acaba aí”, explica o especialista.
2. Análise de mercado
O empreendedor deve analisar três pontos que podem ajudá-lo a compreender o mercado onde a empresa irá se inserir e a traçar (ou modificar) estratégias antes de enfrentar as dificuldades no dia a dia.
A. Mercado fornecedor
É preciso compreender quem serão os consumidores dos produtos ou serviços que o seu negócio irá oferecer. Além disso, é preciso entender se a logística das operações é compatível com a realidade local.
“Devo me perguntar se tenho fornecedores de qualidade que me atendam como eu preciso. Só vende bem quem compra bem”, diz Enio Pinto.
B. Mercado concorrente
Neste ponto, o empreendedor deve analisar quem já está no mercado e oferece serviços ou produtos similares ao que ele deseja oferecer. É importante avaliar os pontos fortes e fracos desses concorrentes para ter uma análise aprofundada do mercado que será disputado.
Nesse caso, o ponto fraco dos concorrentes poderá se tornar o diferencial de mercado da nova empresa.
“Eu posso ainda perceber que quem está estabelecido já tem um nível de vanguarda tão grande, que impede novos entrantes no mercado”, declara o especialista. Nesse caso, caberia uma avaliação da viabilidade do novo negócio naquele mercado.
C. Mercado consumidor
Ao analisar os consumidores, é fundamental compreender quem será o seu cliente e definir um perfil médio dessa pessoa. Este perfil, chamado de persona, é fundamental para compreender o que poderia mudar e quais os pontos em aberto na estratégia.
É fundamental entender gostos, hábitos de consumo, preferências preponderantes e a maneira como a persona interage com a empresa. Isso permite compreender o seu público.
“Assim você vai se preparando para os problemas que só irá perceber operando”, explica o especialista.
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3. Análise financeira
A análise financeira é outro detalhe fundamental a ser analisado durante a criação de um plano de negócios. É nesse momento que o futuro empreendedor pode visualizar os custos que terá com o novo negócio e qual será a fonte de custeio destes gastos.
É importante analisar dois pontos:
A. Fluxo financeiro
Nessa etapa, devem ser projetados os custos de operação do negócio, como aluguel, compras e pagamentos de funcionários, por exemplo. Além disso, deve-se reservar uma quantia, chamada de pró-labore, que diz respeito ao “salário” recebido pelo empreendedor.
É um ponto de extrema importância para não se confundirem as finanças da empresa com a do empreendedor.
Além disso, é fundamental, durante a análise de fluxo financeiro, considerar se os custos de operação do negócio são menores do que os ganhos, para confirmar a viabilidade da empresa.
“Se o empreendedor constatar a viabilidade financeira, deve então analisar a viabilidade de investimento”, diz Enio Pinto.
B. Fluxo de investimento
Essa etapa consiste em avaliar o quanto há para investir no novo negócio, incluindo o montante para dar viabilidade a toda a operação, incluindo o dinheiro reservado para capital de giro.
A grosso modo, esse é o dinheiro reservado para o período entre a compra da mercadoria e o recebimento do pagamento. “Este período a descoberto - quando é necessário ter recursos ou financiamento - é o chamado capital de giro”, explica Enio Pinto.
“Quando sei o montante de investimento necessário, vejo se terei o dinheiro ou se terei que pegar empréstimo com o banco ou com um sócio”, afirma.
O consultor explica ser comum que, durante o processo de criação do plano de negócios, mudanças estratégicas ou reformulações mais drásticas tenham de ser feitas.
A ideia, segundo ele, é exatamente essa: que o empreendedor se previna de problemas, fazendo um planejamento detalhado de suas operações futuras.
Modelos de plano de negócios para diferentes tipos de estabelecimento, como padarias, lojas de roupa ou açougues, estão disponíveis em sites como o do Sebrae e podem ser usados como molde para a produção de seu próprio plano.