À primeira vista, a história do empresário Douglas Strabelli, de 47 anos, pode se parecer com a de muitos outros brasileiros, que buscaram no exterior a possibilidade de uma nova vida.
Depois de não ter sucesso ao tentar empreender com um negócio de carros em Maringá (PR), sua cidade natal, o então jovem de 19 anos apostou em um novo começo no Velho Continente, buscando emprego na área de construção civil na Espanha.
Não fosse o crescimento astronômico nos negócios e a criação de uma construtora que faturou US$ 50 milhões em 2022, com projetos em Nova York, Flórida e também no Brasil, seria mesmo. Mas nada na vida de Strabelli parece ser convencional.
Começo na Espanha
Ao se mudar para a Espanha, conseguiu emprego em uma construtura de Madri, cidade onde uma prima já morava, e começou a trabalhar como demolidor de paredes, menor cargo dentro da empresa. Além disso, jogava futebol na equipe da companhia, o que permitiu que começasse a fazer contatos no novo País.
“Queria sair da demolição de qualquer maneira. Então, consegui um aliado, um pedreiro mais antigo que construía paredes e me ensinou”, conta o empresário, que, com o novo conhecimento, subiu de cargo dentro da empresa, movimento que repetiu nos meses seguintes.
Com experiência em quase todas as áreas da construtora, chegou ao cargo de coordenador de obras. Ao perceber a oportunidade, pediu para ter uma participação societária na companhia e, frente à negativa do chefe, fundou a própria empresa, a Proyecto 3.
“A gente se desatacava no mercado como uma empresa que entregava luxo”, diz. “Fazíamos muita renovação de interior e muito renovação de casa. Por fim, a gente já estava fazendo um condomínio de casas”, conta.
Strabelli diz que os ganhos ainda muito jovem fizeram com que os gastos também aumentassem. “A gente teve um crescimento muito grande, e eu sofri muito com isso, sem estar preparado para esse crescimento”, conta, ao mencionar a importância de aliar a educação formal com a vivência no mundo dos negócios.
Em busca do sonho americano
Apesar da empresa já estabelecida na Espanha, Strabelli ainda mantinha o sonho de tentar a vida nos Estados Unidos, plano adiado inicialmente por problemas com visto para trabalhar no País. Agora, capitalizado e com contatos em Nova York, partiu para os Estados Unidos em 2001, depois de vender sua parte da empresa para alguns dos sócios que trabalhavam com ele.
Inicialmente, tinha em mente investir em restaurantes, já que um casal de amigos brasileiros possuía negócios na área em Nova York. A ideia mudou após analisar o mercado, e seus planos se voltaram novamente para a construção.
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Passou alguns meses na pequena empresa de reformas de um brasileiro, a Sagewood Restoration, estudando o mercado e as técnicas de construção americanas. Depois do período inicial, passou a trabalhar na empresa e a exercer diferentes funções.
“A empresa só tinha três funcionários: eu, ele e mais um funcionário, o Tomás. Eu falei para o dono que eu tinha capacidade de aumentar a companhia”, afirma. “Chegou um momento, depois de três meses, em que eu me ofereci para comprar 50% da empresa.”
Depois de três anos, saltaram de dois funcionários para cerca de 50.
Com foco no mercado de luxo, a empresa expandiu os negócios, oferecendo também serviços de construção e atendendo, principalmente, clientes brasileiros, que buscavam serviços de construção e reforma de alto padrão na região de Nova York, além de estabelecimentos comerciais em áreas mais centrais da cidade.
Com o tempo, o sócio no negócio saiu da operação e Strabelli mudou o nome da companhia para Sagewood Construction e, eventualmente, para Sagewood Corporation.
Expansão chegou à Flórida e ao Brasil
Após anos atuando na região de Nova York, expandiu as operações para a Flórida, com projetos em cidades como Miami e Orlando. “Foi uma mudança de nível, de tamanho de empresa”, conta. “Em sete meses, a gente estava construindo dois prédios e casas em Miami. Decidi montar um escritório lá depois disso.”
Hoje, junto dos sócios Joana Sampaio e Rodrigo Hipólito, coordena os investimentos da empresa nos dois Estados e busca expandir os negócios também para o Brasil.
Em parceira com a Areaum Participações, a Sagewood está criando a SAAU, que vai tocar projetos no Sudeste, Sul e Centro-Oeste do País, com destaque para um empreendimento residencial de luxo no Vale do Alpino, em Teresópolis (RJ).
Faturamento de US$ 50 milhões em 2022
Com um faturamento de US$ 50 milhões em 2022, os planos da empresa de Strabelli para este ano são grandes. A Sagewood pretende chegar a um faturamento até três vezes maior, num total de US$ 150 milhões.
Para ele, o segredo do crescimento passa pelo foco no negócio, além do olhar estratégico para escalabilidade e não para a busca do dinheiro por si só.
“Todo empresário, quando chega num certo tamanho, percebe, depois de tantos erros, a falta de foco. Hoje, quem continua ganhando e crescendo é quem se concentra”, afirma.
Os dados citados neste texto foram coletados originalmente em julho de 2023.