'Quanto mais a gente se une, mais conquista nossos lugares', diz Camila Farani


Para colunista do 'Estadão', investidora-anjo e apresentadora do 'Shark Tank Brasil', é fundamental oferecer apoio e suporte para alavancar o empreendedorismo feminino no Brasil

Por Ludimila Honorato
Atualização:

Camila Farani já foi eleita duas vezes a melhor investidora-anjo do Brasil, é presidente da boutique de investimentos G2 Capital, apresentadora no programa Shark Tank Brasil e está à frente de duas iniciativas que apoiam o empreendedorismo feminino. Essa é só uma parte de uma trajetória como empreendedora e, com tudo isso, reconhece que sofre da síndrome da impostora de vez em quando.

"A primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’. E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva, todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, recordo da minha trajetória e o que me levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor", conta Farani, que é colunista do Estadão.

A empresária compartilhou essa e outras dicas durante um bate-papo sobre empreendedorismo e carreira no grupo do Estadão no Telegram, que ocorreu no último dia 14. Ao falar sobre as barreiras para os negócios comandados por mulheres no Brasil, afirmou que, "quanto mais a gente consegue se unir, oferecer suporte, apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares."

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Camila Farani é presidente da boutique de investimentos G2 Capital e apresentadora no programa 'Shark Tank Brasil'. Foto: Emi Parente

Em 10 de maio, ela lançou o livro Desistir Não é Opção, pela editora Gente, que já figura na quinta posição dos mais vendidos na Amazon na categoria empreendedorismo (leia mais abaixo). O prefácio é de Caito Maia, que também já participou de um bate-papo no grupo do Telegram. "É o livro para você que quer empreender ou que já tem o seu negócio e quer escalar. Vem com milhões de métodos e ferramentas. Não é a receita do bolo, mas tem muito erro e acerto meu", ela diz.

Durante a conversa no Telegram, ela também deu dicas para quem quer começar a empreender e disse o que considera mais importante para se tornar sócia de uma empresa. No player de áudio abaixo, ouça como foi o bate-papo. Em seguida, de forma inclusiva, confira as perguntas e respostas em texto.

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Você já sofreu da síndrome do impostor? Se sim, pode nos contar um episódio e o que você faz para não ser surpreendida pela síndrome?

Diversas vezes. Historicamente, a síndrome da impostora é maior em mulheres, eu fiz duas especializações em liderança feminina, então essa é uma realidade. Por outro lado, a primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’.

E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva - que, aliás, é um super livro que eu recomendo, se chama Inteligência Positiva, do Shirzad Chamine - todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, você se recorda da sua trajetória e o que te levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor.

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Passado um ano de pandemia, em que muitos empreendedores tiveram grandes desafios, qual foi o seu grande desafio durante esse tempo?

Meu grande desafio realmente foi conseguir ter uma convergência entre o emocional, o técnico, o esgotamento mental e ter energia para continuar tocando tudo, porque a partir do momento que eu tenho várias unidades de negócio e ao mesmo tempo tem uma certa exposição, isso acaba trazendo pontos positivos, mas também traz pontos negativos.

Então, isso acabou com que, muitas vezes, eu tivesse que falar ‘nãos’, foram ‘nãos’ bem necessários, pensar cada vez mais em ter pessoas ao seu lado que, de fato, sejam executoras, fazedoras. Mas o meu maior desafio foi realmente o equilíbrio emocional para eu poder dar mais segurança, mais conforto, principalmente ao meu time, à minha família, aos meus amigos.

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Nessa linha de estar junto com pessoas que sejam executoras, você já comentou que valoriza características como a inteligência emocional dos empreendedores quando vai investir. Acha que isso é mais facilmente identificado em mulheres?

Quando a gente fala de comportamento, inteligência positiva, são traços de características que existem em todas as pessoas. Algumas têm mais aptidão, outras têm menos, umas já se desenvolveram mais, outras menos. Mas uma coisa que eu posso afirmar é que quanto mais alta a responsabilidade, muitas vezes até dentro de uma hierarquia na própria empresa, mais essas pessoas, para atingirem outros níveis de liderança, têm promovido um autoconhecimento muito grande.

Por exemplo: meu sócio do banco Modal fez uma especialização em Harvard com Bill George que se chamava Discover your True North, ou seja, Descubra o seu Verdadeiro Norte, porque ele entendia que tinha um comportamento um pouco mais rude e muitas vezes não se colocava no lugar das pessoas. Ao longo da tua carreira, vocês vão lidar com uma série de variáveis. Se você tem um negócio, quer ter um negócio ou trabalha dentro de uma empresa, você tem variáveis e boa parte delas é variável emocional, é como você reage.

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Por conta disso, cada vez mais se fala em se conhecer para saber aquilo que te motiva a ter reações mais intempestivas e enfraquecer esses sabotadores. Eu falei muito isso no Código dos Tubarões, meu curso, tenho ensinado cada vez mais, principalmente para executivos, meus sócios das startups, porque isso é extremamente importante.

Agora pensando em transições, quais recomendações você daria para alguém que deseja sair de uma carreira consolidada, CLT, para começar a empreender?

A pessoa que deseja começar a empreender, antes de mais nada, é importante tirar a visão romantizada do empreendedorismo. Não necessariamente você vai ter mais flexibilidade, ser gestor do seu tempo, não necessariamente vai ganhar mais dinheiro, não é uma coisa de curto prazo. Então, o que eu sempre recomendo é: vai lá, faz um planejamento financeiro, entende como você vai conseguir passar pelas nuances de empreender por pelo menos dois meses, então considere dois meses sem tirar nenhum tipo de resultado. Sempre falo para considerar um cenário um pouco pessimista, mesmo que no segundo, terceiro mês você já tenha resultado.

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Mas se prepara para isso, porque quando a gente fica numa situação financeira ruim, isso incide diretamente numa das nossas necessidades mais básicas de sobrevivência - lá da pirâmide de Maslow - e a pessoa fica muito mais insegura, que muitas vezes pode gerar excesso de ansiedade, que pode fazer com que suas decisões não sejam tomadas com mais cadência e propriedade, de uma forma um pouco mais madura e você tome decisões precipitadas. Uma coisa vai puxando o gatilho das outras.

Então, se prepara financeiramente, faz como se fosse um caixa para você aprender a viver por 12 meses - eu gostaria de extrapolar até para 24 meses, mas como sei que tem muita gente querendo sair do CLT, faz para 12 meses. E o mais importante: não começa gastando no seu negócio num primeiro momento. Lá no meu Instagram, um dos posts é sobre o MNV, mínimo negócio viável, em que você tem de se basear na dor primeiro, qual solução que você vai resolver, ou seja, você tem que ser apaixonado pela solução, não pelo seu produto, porque o seu produto vai ser modificado, vai ser pivotado ao longo do tempo.

Para as mulheres, você estimula o empreendedorismo feminino com o G2W e o Ela Vence. Nessas experiências, quais são as maiores dificuldades e as barreiras para alavancar o empreendedorismo feminino no Brasil?

Primeiro, existe uma barreira da mulher, de fato, se acreditar, ela entender que o lugar dela é onde ela quiser, entender quais são seus sabotadores principais e como ela faz para enfraquecê-los, então envolve um processo não só de se conhecer, mas também de você ir para a luta, independente das estatísticas, independente do que a sociedade ou qualquer outro tipo de limitador possa acontecer. É a gente entender que as situações vão existir para os homens também, mas que naturalmente você vai fazer isso e a forma como você vai reagir é que vai fazer a diferença. Eu escolhi, cada vez que recebi alguma situação que tinha um impacto pelo fato de eu ser mulher, que daria muito menos importância e focaria muito mais na minha evolução como ser humano, como pessoa.

Acho que a segunda coisa é a gente cada vez mais promover e criar essa rede de apoio - o Ela Vence foi criado exatamente por isso, para ser não só um movimento, mas para capacitar, investir, dar conteúdo para ser um grande hub para mulheres, e a G2W para investir nessas mulheres. Quanto mais a gente consegue chamar a responsabilidade para si, quantomais a gente consegue se unir, oferecer suporte, oferecer apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares.

Qual quesito você considera o mais importante para se tornar sócia de uma empresa?

Para mim, o mais importante, é eu entender que a pessoa que está por trás do negócio tem feat cultural comigo, que entende que empreendedorismo é um estilo de vida, que precisa se capacitar, entender do longlife learning, que antes de mais nada ela é uma fornecedora de soluções, que cada vez mais precisa ser um bom recrutador, um bom vendedor e um bom comunicador.

Essa é uma tríade, e comunicador não tem a ver com se expor em lugar nenhum, é você estar sempre promovendo alinhamento com sua equipe. Mas, no final das contas, tem de ter muita força, muita energia e eu tenho que olhar para a pessoa e falar: ‘puxa, eu queria trabalhar com ela no dia seguinte’. Para mim, é o principal.

Livro: Desistir não é opção

Editora: GentePáginas: 224 páginasPreço: R$ 36,82 (físico); R$ 29,61 (e-book) 

Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo. 

Camila Farani já foi eleita duas vezes a melhor investidora-anjo do Brasil, é presidente da boutique de investimentos G2 Capital, apresentadora no programa Shark Tank Brasil e está à frente de duas iniciativas que apoiam o empreendedorismo feminino. Essa é só uma parte de uma trajetória como empreendedora e, com tudo isso, reconhece que sofre da síndrome da impostora de vez em quando.

"A primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’. E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva, todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, recordo da minha trajetória e o que me levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor", conta Farani, que é colunista do Estadão.

A empresária compartilhou essa e outras dicas durante um bate-papo sobre empreendedorismo e carreira no grupo do Estadão no Telegram, que ocorreu no último dia 14. Ao falar sobre as barreiras para os negócios comandados por mulheres no Brasil, afirmou que, "quanto mais a gente consegue se unir, oferecer suporte, apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares."

Camila Farani é presidente da boutique de investimentos G2 Capital e apresentadora no programa 'Shark Tank Brasil'. Foto: Emi Parente

Em 10 de maio, ela lançou o livro Desistir Não é Opção, pela editora Gente, que já figura na quinta posição dos mais vendidos na Amazon na categoria empreendedorismo (leia mais abaixo). O prefácio é de Caito Maia, que também já participou de um bate-papo no grupo do Telegram. "É o livro para você que quer empreender ou que já tem o seu negócio e quer escalar. Vem com milhões de métodos e ferramentas. Não é a receita do bolo, mas tem muito erro e acerto meu", ela diz.

Durante a conversa no Telegram, ela também deu dicas para quem quer começar a empreender e disse o que considera mais importante para se tornar sócia de uma empresa. No player de áudio abaixo, ouça como foi o bate-papo. Em seguida, de forma inclusiva, confira as perguntas e respostas em texto.

Você já sofreu da síndrome do impostor? Se sim, pode nos contar um episódio e o que você faz para não ser surpreendida pela síndrome?

Diversas vezes. Historicamente, a síndrome da impostora é maior em mulheres, eu fiz duas especializações em liderança feminina, então essa é uma realidade. Por outro lado, a primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’.

E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva - que, aliás, é um super livro que eu recomendo, se chama Inteligência Positiva, do Shirzad Chamine - todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, você se recorda da sua trajetória e o que te levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor.

Passado um ano de pandemia, em que muitos empreendedores tiveram grandes desafios, qual foi o seu grande desafio durante esse tempo?

Meu grande desafio realmente foi conseguir ter uma convergência entre o emocional, o técnico, o esgotamento mental e ter energia para continuar tocando tudo, porque a partir do momento que eu tenho várias unidades de negócio e ao mesmo tempo tem uma certa exposição, isso acaba trazendo pontos positivos, mas também traz pontos negativos.

Então, isso acabou com que, muitas vezes, eu tivesse que falar ‘nãos’, foram ‘nãos’ bem necessários, pensar cada vez mais em ter pessoas ao seu lado que, de fato, sejam executoras, fazedoras. Mas o meu maior desafio foi realmente o equilíbrio emocional para eu poder dar mais segurança, mais conforto, principalmente ao meu time, à minha família, aos meus amigos.

Nessa linha de estar junto com pessoas que sejam executoras, você já comentou que valoriza características como a inteligência emocional dos empreendedores quando vai investir. Acha que isso é mais facilmente identificado em mulheres?

Quando a gente fala de comportamento, inteligência positiva, são traços de características que existem em todas as pessoas. Algumas têm mais aptidão, outras têm menos, umas já se desenvolveram mais, outras menos. Mas uma coisa que eu posso afirmar é que quanto mais alta a responsabilidade, muitas vezes até dentro de uma hierarquia na própria empresa, mais essas pessoas, para atingirem outros níveis de liderança, têm promovido um autoconhecimento muito grande.

Por exemplo: meu sócio do banco Modal fez uma especialização em Harvard com Bill George que se chamava Discover your True North, ou seja, Descubra o seu Verdadeiro Norte, porque ele entendia que tinha um comportamento um pouco mais rude e muitas vezes não se colocava no lugar das pessoas. Ao longo da tua carreira, vocês vão lidar com uma série de variáveis. Se você tem um negócio, quer ter um negócio ou trabalha dentro de uma empresa, você tem variáveis e boa parte delas é variável emocional, é como você reage.

Por conta disso, cada vez mais se fala em se conhecer para saber aquilo que te motiva a ter reações mais intempestivas e enfraquecer esses sabotadores. Eu falei muito isso no Código dos Tubarões, meu curso, tenho ensinado cada vez mais, principalmente para executivos, meus sócios das startups, porque isso é extremamente importante.

Agora pensando em transições, quais recomendações você daria para alguém que deseja sair de uma carreira consolidada, CLT, para começar a empreender?

A pessoa que deseja começar a empreender, antes de mais nada, é importante tirar a visão romantizada do empreendedorismo. Não necessariamente você vai ter mais flexibilidade, ser gestor do seu tempo, não necessariamente vai ganhar mais dinheiro, não é uma coisa de curto prazo. Então, o que eu sempre recomendo é: vai lá, faz um planejamento financeiro, entende como você vai conseguir passar pelas nuances de empreender por pelo menos dois meses, então considere dois meses sem tirar nenhum tipo de resultado. Sempre falo para considerar um cenário um pouco pessimista, mesmo que no segundo, terceiro mês você já tenha resultado.

Mas se prepara para isso, porque quando a gente fica numa situação financeira ruim, isso incide diretamente numa das nossas necessidades mais básicas de sobrevivência - lá da pirâmide de Maslow - e a pessoa fica muito mais insegura, que muitas vezes pode gerar excesso de ansiedade, que pode fazer com que suas decisões não sejam tomadas com mais cadência e propriedade, de uma forma um pouco mais madura e você tome decisões precipitadas. Uma coisa vai puxando o gatilho das outras.

Então, se prepara financeiramente, faz como se fosse um caixa para você aprender a viver por 12 meses - eu gostaria de extrapolar até para 24 meses, mas como sei que tem muita gente querendo sair do CLT, faz para 12 meses. E o mais importante: não começa gastando no seu negócio num primeiro momento. Lá no meu Instagram, um dos posts é sobre o MNV, mínimo negócio viável, em que você tem de se basear na dor primeiro, qual solução que você vai resolver, ou seja, você tem que ser apaixonado pela solução, não pelo seu produto, porque o seu produto vai ser modificado, vai ser pivotado ao longo do tempo.

Para as mulheres, você estimula o empreendedorismo feminino com o G2W e o Ela Vence. Nessas experiências, quais são as maiores dificuldades e as barreiras para alavancar o empreendedorismo feminino no Brasil?

Primeiro, existe uma barreira da mulher, de fato, se acreditar, ela entender que o lugar dela é onde ela quiser, entender quais são seus sabotadores principais e como ela faz para enfraquecê-los, então envolve um processo não só de se conhecer, mas também de você ir para a luta, independente das estatísticas, independente do que a sociedade ou qualquer outro tipo de limitador possa acontecer. É a gente entender que as situações vão existir para os homens também, mas que naturalmente você vai fazer isso e a forma como você vai reagir é que vai fazer a diferença. Eu escolhi, cada vez que recebi alguma situação que tinha um impacto pelo fato de eu ser mulher, que daria muito menos importância e focaria muito mais na minha evolução como ser humano, como pessoa.

Acho que a segunda coisa é a gente cada vez mais promover e criar essa rede de apoio - o Ela Vence foi criado exatamente por isso, para ser não só um movimento, mas para capacitar, investir, dar conteúdo para ser um grande hub para mulheres, e a G2W para investir nessas mulheres. Quanto mais a gente consegue chamar a responsabilidade para si, quantomais a gente consegue se unir, oferecer suporte, oferecer apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares.

Qual quesito você considera o mais importante para se tornar sócia de uma empresa?

Para mim, o mais importante, é eu entender que a pessoa que está por trás do negócio tem feat cultural comigo, que entende que empreendedorismo é um estilo de vida, que precisa se capacitar, entender do longlife learning, que antes de mais nada ela é uma fornecedora de soluções, que cada vez mais precisa ser um bom recrutador, um bom vendedor e um bom comunicador.

Essa é uma tríade, e comunicador não tem a ver com se expor em lugar nenhum, é você estar sempre promovendo alinhamento com sua equipe. Mas, no final das contas, tem de ter muita força, muita energia e eu tenho que olhar para a pessoa e falar: ‘puxa, eu queria trabalhar com ela no dia seguinte’. Para mim, é o principal.

Livro: Desistir não é opção

Editora: GentePáginas: 224 páginasPreço: R$ 36,82 (físico); R$ 29,61 (e-book) 

Quer debater assuntos de Carreira e Empreendedorismo? Entre para o nosso grupo no Telegram pelo link ou digite @gruposuacarreira na barra de pesquisa do aplicativo. 

Camila Farani já foi eleita duas vezes a melhor investidora-anjo do Brasil, é presidente da boutique de investimentos G2 Capital, apresentadora no programa Shark Tank Brasil e está à frente de duas iniciativas que apoiam o empreendedorismo feminino. Essa é só uma parte de uma trajetória como empreendedora e, com tudo isso, reconhece que sofre da síndrome da impostora de vez em quando.

"A primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’. E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva, todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, recordo da minha trajetória e o que me levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor", conta Farani, que é colunista do Estadão.

A empresária compartilhou essa e outras dicas durante um bate-papo sobre empreendedorismo e carreira no grupo do Estadão no Telegram, que ocorreu no último dia 14. Ao falar sobre as barreiras para os negócios comandados por mulheres no Brasil, afirmou que, "quanto mais a gente consegue se unir, oferecer suporte, apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares."

Camila Farani é presidente da boutique de investimentos G2 Capital e apresentadora no programa 'Shark Tank Brasil'. Foto: Emi Parente

Em 10 de maio, ela lançou o livro Desistir Não é Opção, pela editora Gente, que já figura na quinta posição dos mais vendidos na Amazon na categoria empreendedorismo (leia mais abaixo). O prefácio é de Caito Maia, que também já participou de um bate-papo no grupo do Telegram. "É o livro para você que quer empreender ou que já tem o seu negócio e quer escalar. Vem com milhões de métodos e ferramentas. Não é a receita do bolo, mas tem muito erro e acerto meu", ela diz.

Durante a conversa no Telegram, ela também deu dicas para quem quer começar a empreender e disse o que considera mais importante para se tornar sócia de uma empresa. No player de áudio abaixo, ouça como foi o bate-papo. Em seguida, de forma inclusiva, confira as perguntas e respostas em texto.

Você já sofreu da síndrome do impostor? Se sim, pode nos contar um episódio e o que você faz para não ser surpreendida pela síndrome?

Diversas vezes. Historicamente, a síndrome da impostora é maior em mulheres, eu fiz duas especializações em liderança feminina, então essa é uma realidade. Por outro lado, a primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’.

E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva - que, aliás, é um super livro que eu recomendo, se chama Inteligência Positiva, do Shirzad Chamine - todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, você se recorda da sua trajetória e o que te levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor.

Passado um ano de pandemia, em que muitos empreendedores tiveram grandes desafios, qual foi o seu grande desafio durante esse tempo?

Meu grande desafio realmente foi conseguir ter uma convergência entre o emocional, o técnico, o esgotamento mental e ter energia para continuar tocando tudo, porque a partir do momento que eu tenho várias unidades de negócio e ao mesmo tempo tem uma certa exposição, isso acaba trazendo pontos positivos, mas também traz pontos negativos.

Então, isso acabou com que, muitas vezes, eu tivesse que falar ‘nãos’, foram ‘nãos’ bem necessários, pensar cada vez mais em ter pessoas ao seu lado que, de fato, sejam executoras, fazedoras. Mas o meu maior desafio foi realmente o equilíbrio emocional para eu poder dar mais segurança, mais conforto, principalmente ao meu time, à minha família, aos meus amigos.

Nessa linha de estar junto com pessoas que sejam executoras, você já comentou que valoriza características como a inteligência emocional dos empreendedores quando vai investir. Acha que isso é mais facilmente identificado em mulheres?

Quando a gente fala de comportamento, inteligência positiva, são traços de características que existem em todas as pessoas. Algumas têm mais aptidão, outras têm menos, umas já se desenvolveram mais, outras menos. Mas uma coisa que eu posso afirmar é que quanto mais alta a responsabilidade, muitas vezes até dentro de uma hierarquia na própria empresa, mais essas pessoas, para atingirem outros níveis de liderança, têm promovido um autoconhecimento muito grande.

Por exemplo: meu sócio do banco Modal fez uma especialização em Harvard com Bill George que se chamava Discover your True North, ou seja, Descubra o seu Verdadeiro Norte, porque ele entendia que tinha um comportamento um pouco mais rude e muitas vezes não se colocava no lugar das pessoas. Ao longo da tua carreira, vocês vão lidar com uma série de variáveis. Se você tem um negócio, quer ter um negócio ou trabalha dentro de uma empresa, você tem variáveis e boa parte delas é variável emocional, é como você reage.

Por conta disso, cada vez mais se fala em se conhecer para saber aquilo que te motiva a ter reações mais intempestivas e enfraquecer esses sabotadores. Eu falei muito isso no Código dos Tubarões, meu curso, tenho ensinado cada vez mais, principalmente para executivos, meus sócios das startups, porque isso é extremamente importante.

Agora pensando em transições, quais recomendações você daria para alguém que deseja sair de uma carreira consolidada, CLT, para começar a empreender?

A pessoa que deseja começar a empreender, antes de mais nada, é importante tirar a visão romantizada do empreendedorismo. Não necessariamente você vai ter mais flexibilidade, ser gestor do seu tempo, não necessariamente vai ganhar mais dinheiro, não é uma coisa de curto prazo. Então, o que eu sempre recomendo é: vai lá, faz um planejamento financeiro, entende como você vai conseguir passar pelas nuances de empreender por pelo menos dois meses, então considere dois meses sem tirar nenhum tipo de resultado. Sempre falo para considerar um cenário um pouco pessimista, mesmo que no segundo, terceiro mês você já tenha resultado.

Mas se prepara para isso, porque quando a gente fica numa situação financeira ruim, isso incide diretamente numa das nossas necessidades mais básicas de sobrevivência - lá da pirâmide de Maslow - e a pessoa fica muito mais insegura, que muitas vezes pode gerar excesso de ansiedade, que pode fazer com que suas decisões não sejam tomadas com mais cadência e propriedade, de uma forma um pouco mais madura e você tome decisões precipitadas. Uma coisa vai puxando o gatilho das outras.

Então, se prepara financeiramente, faz como se fosse um caixa para você aprender a viver por 12 meses - eu gostaria de extrapolar até para 24 meses, mas como sei que tem muita gente querendo sair do CLT, faz para 12 meses. E o mais importante: não começa gastando no seu negócio num primeiro momento. Lá no meu Instagram, um dos posts é sobre o MNV, mínimo negócio viável, em que você tem de se basear na dor primeiro, qual solução que você vai resolver, ou seja, você tem que ser apaixonado pela solução, não pelo seu produto, porque o seu produto vai ser modificado, vai ser pivotado ao longo do tempo.

Para as mulheres, você estimula o empreendedorismo feminino com o G2W e o Ela Vence. Nessas experiências, quais são as maiores dificuldades e as barreiras para alavancar o empreendedorismo feminino no Brasil?

Primeiro, existe uma barreira da mulher, de fato, se acreditar, ela entender que o lugar dela é onde ela quiser, entender quais são seus sabotadores principais e como ela faz para enfraquecê-los, então envolve um processo não só de se conhecer, mas também de você ir para a luta, independente das estatísticas, independente do que a sociedade ou qualquer outro tipo de limitador possa acontecer. É a gente entender que as situações vão existir para os homens também, mas que naturalmente você vai fazer isso e a forma como você vai reagir é que vai fazer a diferença. Eu escolhi, cada vez que recebi alguma situação que tinha um impacto pelo fato de eu ser mulher, que daria muito menos importância e focaria muito mais na minha evolução como ser humano, como pessoa.

Acho que a segunda coisa é a gente cada vez mais promover e criar essa rede de apoio - o Ela Vence foi criado exatamente por isso, para ser não só um movimento, mas para capacitar, investir, dar conteúdo para ser um grande hub para mulheres, e a G2W para investir nessas mulheres. Quanto mais a gente consegue chamar a responsabilidade para si, quantomais a gente consegue se unir, oferecer suporte, oferecer apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares.

Qual quesito você considera o mais importante para se tornar sócia de uma empresa?

Para mim, o mais importante, é eu entender que a pessoa que está por trás do negócio tem feat cultural comigo, que entende que empreendedorismo é um estilo de vida, que precisa se capacitar, entender do longlife learning, que antes de mais nada ela é uma fornecedora de soluções, que cada vez mais precisa ser um bom recrutador, um bom vendedor e um bom comunicador.

Essa é uma tríade, e comunicador não tem a ver com se expor em lugar nenhum, é você estar sempre promovendo alinhamento com sua equipe. Mas, no final das contas, tem de ter muita força, muita energia e eu tenho que olhar para a pessoa e falar: ‘puxa, eu queria trabalhar com ela no dia seguinte’. Para mim, é o principal.

Livro: Desistir não é opção

Editora: GentePáginas: 224 páginasPreço: R$ 36,82 (físico); R$ 29,61 (e-book) 

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Camila Farani já foi eleita duas vezes a melhor investidora-anjo do Brasil, é presidente da boutique de investimentos G2 Capital, apresentadora no programa Shark Tank Brasil e está à frente de duas iniciativas que apoiam o empreendedorismo feminino. Essa é só uma parte de uma trajetória como empreendedora e, com tudo isso, reconhece que sofre da síndrome da impostora de vez em quando.

"A primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’. E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva, todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, recordo da minha trajetória e o que me levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor", conta Farani, que é colunista do Estadão.

A empresária compartilhou essa e outras dicas durante um bate-papo sobre empreendedorismo e carreira no grupo do Estadão no Telegram, que ocorreu no último dia 14. Ao falar sobre as barreiras para os negócios comandados por mulheres no Brasil, afirmou que, "quanto mais a gente consegue se unir, oferecer suporte, apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares."

Camila Farani é presidente da boutique de investimentos G2 Capital e apresentadora no programa 'Shark Tank Brasil'. Foto: Emi Parente

Em 10 de maio, ela lançou o livro Desistir Não é Opção, pela editora Gente, que já figura na quinta posição dos mais vendidos na Amazon na categoria empreendedorismo (leia mais abaixo). O prefácio é de Caito Maia, que também já participou de um bate-papo no grupo do Telegram. "É o livro para você que quer empreender ou que já tem o seu negócio e quer escalar. Vem com milhões de métodos e ferramentas. Não é a receita do bolo, mas tem muito erro e acerto meu", ela diz.

Durante a conversa no Telegram, ela também deu dicas para quem quer começar a empreender e disse o que considera mais importante para se tornar sócia de uma empresa. No player de áudio abaixo, ouça como foi o bate-papo. Em seguida, de forma inclusiva, confira as perguntas e respostas em texto.

Você já sofreu da síndrome do impostor? Se sim, pode nos contar um episódio e o que você faz para não ser surpreendida pela síndrome?

Diversas vezes. Historicamente, a síndrome da impostora é maior em mulheres, eu fiz duas especializações em liderança feminina, então essa é uma realidade. Por outro lado, a primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’.

E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva - que, aliás, é um super livro que eu recomendo, se chama Inteligência Positiva, do Shirzad Chamine - todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, você se recorda da sua trajetória e o que te levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor.

Passado um ano de pandemia, em que muitos empreendedores tiveram grandes desafios, qual foi o seu grande desafio durante esse tempo?

Meu grande desafio realmente foi conseguir ter uma convergência entre o emocional, o técnico, o esgotamento mental e ter energia para continuar tocando tudo, porque a partir do momento que eu tenho várias unidades de negócio e ao mesmo tempo tem uma certa exposição, isso acaba trazendo pontos positivos, mas também traz pontos negativos.

Então, isso acabou com que, muitas vezes, eu tivesse que falar ‘nãos’, foram ‘nãos’ bem necessários, pensar cada vez mais em ter pessoas ao seu lado que, de fato, sejam executoras, fazedoras. Mas o meu maior desafio foi realmente o equilíbrio emocional para eu poder dar mais segurança, mais conforto, principalmente ao meu time, à minha família, aos meus amigos.

Nessa linha de estar junto com pessoas que sejam executoras, você já comentou que valoriza características como a inteligência emocional dos empreendedores quando vai investir. Acha que isso é mais facilmente identificado em mulheres?

Quando a gente fala de comportamento, inteligência positiva, são traços de características que existem em todas as pessoas. Algumas têm mais aptidão, outras têm menos, umas já se desenvolveram mais, outras menos. Mas uma coisa que eu posso afirmar é que quanto mais alta a responsabilidade, muitas vezes até dentro de uma hierarquia na própria empresa, mais essas pessoas, para atingirem outros níveis de liderança, têm promovido um autoconhecimento muito grande.

Por exemplo: meu sócio do banco Modal fez uma especialização em Harvard com Bill George que se chamava Discover your True North, ou seja, Descubra o seu Verdadeiro Norte, porque ele entendia que tinha um comportamento um pouco mais rude e muitas vezes não se colocava no lugar das pessoas. Ao longo da tua carreira, vocês vão lidar com uma série de variáveis. Se você tem um negócio, quer ter um negócio ou trabalha dentro de uma empresa, você tem variáveis e boa parte delas é variável emocional, é como você reage.

Por conta disso, cada vez mais se fala em se conhecer para saber aquilo que te motiva a ter reações mais intempestivas e enfraquecer esses sabotadores. Eu falei muito isso no Código dos Tubarões, meu curso, tenho ensinado cada vez mais, principalmente para executivos, meus sócios das startups, porque isso é extremamente importante.

Agora pensando em transições, quais recomendações você daria para alguém que deseja sair de uma carreira consolidada, CLT, para começar a empreender?

A pessoa que deseja começar a empreender, antes de mais nada, é importante tirar a visão romantizada do empreendedorismo. Não necessariamente você vai ter mais flexibilidade, ser gestor do seu tempo, não necessariamente vai ganhar mais dinheiro, não é uma coisa de curto prazo. Então, o que eu sempre recomendo é: vai lá, faz um planejamento financeiro, entende como você vai conseguir passar pelas nuances de empreender por pelo menos dois meses, então considere dois meses sem tirar nenhum tipo de resultado. Sempre falo para considerar um cenário um pouco pessimista, mesmo que no segundo, terceiro mês você já tenha resultado.

Mas se prepara para isso, porque quando a gente fica numa situação financeira ruim, isso incide diretamente numa das nossas necessidades mais básicas de sobrevivência - lá da pirâmide de Maslow - e a pessoa fica muito mais insegura, que muitas vezes pode gerar excesso de ansiedade, que pode fazer com que suas decisões não sejam tomadas com mais cadência e propriedade, de uma forma um pouco mais madura e você tome decisões precipitadas. Uma coisa vai puxando o gatilho das outras.

Então, se prepara financeiramente, faz como se fosse um caixa para você aprender a viver por 12 meses - eu gostaria de extrapolar até para 24 meses, mas como sei que tem muita gente querendo sair do CLT, faz para 12 meses. E o mais importante: não começa gastando no seu negócio num primeiro momento. Lá no meu Instagram, um dos posts é sobre o MNV, mínimo negócio viável, em que você tem de se basear na dor primeiro, qual solução que você vai resolver, ou seja, você tem que ser apaixonado pela solução, não pelo seu produto, porque o seu produto vai ser modificado, vai ser pivotado ao longo do tempo.

Para as mulheres, você estimula o empreendedorismo feminino com o G2W e o Ela Vence. Nessas experiências, quais são as maiores dificuldades e as barreiras para alavancar o empreendedorismo feminino no Brasil?

Primeiro, existe uma barreira da mulher, de fato, se acreditar, ela entender que o lugar dela é onde ela quiser, entender quais são seus sabotadores principais e como ela faz para enfraquecê-los, então envolve um processo não só de se conhecer, mas também de você ir para a luta, independente das estatísticas, independente do que a sociedade ou qualquer outro tipo de limitador possa acontecer. É a gente entender que as situações vão existir para os homens também, mas que naturalmente você vai fazer isso e a forma como você vai reagir é que vai fazer a diferença. Eu escolhi, cada vez que recebi alguma situação que tinha um impacto pelo fato de eu ser mulher, que daria muito menos importância e focaria muito mais na minha evolução como ser humano, como pessoa.

Acho que a segunda coisa é a gente cada vez mais promover e criar essa rede de apoio - o Ela Vence foi criado exatamente por isso, para ser não só um movimento, mas para capacitar, investir, dar conteúdo para ser um grande hub para mulheres, e a G2W para investir nessas mulheres. Quanto mais a gente consegue chamar a responsabilidade para si, quantomais a gente consegue se unir, oferecer suporte, oferecer apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares.

Qual quesito você considera o mais importante para se tornar sócia de uma empresa?

Para mim, o mais importante, é eu entender que a pessoa que está por trás do negócio tem feat cultural comigo, que entende que empreendedorismo é um estilo de vida, que precisa se capacitar, entender do longlife learning, que antes de mais nada ela é uma fornecedora de soluções, que cada vez mais precisa ser um bom recrutador, um bom vendedor e um bom comunicador.

Essa é uma tríade, e comunicador não tem a ver com se expor em lugar nenhum, é você estar sempre promovendo alinhamento com sua equipe. Mas, no final das contas, tem de ter muita força, muita energia e eu tenho que olhar para a pessoa e falar: ‘puxa, eu queria trabalhar com ela no dia seguinte’. Para mim, é o principal.

Livro: Desistir não é opção

Editora: GentePáginas: 224 páginasPreço: R$ 36,82 (físico); R$ 29,61 (e-book) 

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Camila Farani já foi eleita duas vezes a melhor investidora-anjo do Brasil, é presidente da boutique de investimentos G2 Capital, apresentadora no programa Shark Tank Brasil e está à frente de duas iniciativas que apoiam o empreendedorismo feminino. Essa é só uma parte de uma trajetória como empreendedora e, com tudo isso, reconhece que sofre da síndrome da impostora de vez em quando.

"A primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’. E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva, todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, recordo da minha trajetória e o que me levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor", conta Farani, que é colunista do Estadão.

A empresária compartilhou essa e outras dicas durante um bate-papo sobre empreendedorismo e carreira no grupo do Estadão no Telegram, que ocorreu no último dia 14. Ao falar sobre as barreiras para os negócios comandados por mulheres no Brasil, afirmou que, "quanto mais a gente consegue se unir, oferecer suporte, apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares."

Camila Farani é presidente da boutique de investimentos G2 Capital e apresentadora no programa 'Shark Tank Brasil'. Foto: Emi Parente

Em 10 de maio, ela lançou o livro Desistir Não é Opção, pela editora Gente, que já figura na quinta posição dos mais vendidos na Amazon na categoria empreendedorismo (leia mais abaixo). O prefácio é de Caito Maia, que também já participou de um bate-papo no grupo do Telegram. "É o livro para você que quer empreender ou que já tem o seu negócio e quer escalar. Vem com milhões de métodos e ferramentas. Não é a receita do bolo, mas tem muito erro e acerto meu", ela diz.

Durante a conversa no Telegram, ela também deu dicas para quem quer começar a empreender e disse o que considera mais importante para se tornar sócia de uma empresa. No player de áudio abaixo, ouça como foi o bate-papo. Em seguida, de forma inclusiva, confira as perguntas e respostas em texto.

Você já sofreu da síndrome do impostor? Se sim, pode nos contar um episódio e o que você faz para não ser surpreendida pela síndrome?

Diversas vezes. Historicamente, a síndrome da impostora é maior em mulheres, eu fiz duas especializações em liderança feminina, então essa é uma realidade. Por outro lado, a primeira vez que eu sentei na cadeira do Shark Tank, a primeira coisa que eu pensei foi: ‘Puxa, essa cadeira é grande demais para mim’.

E quando eu fui entendendo que isso estava muito mais ligado a um coeficiente de inteligência positiva - que, aliás, é um super livro que eu recomendo, se chama Inteligência Positiva, do Shirzad Chamine - todas as vezes que eu sinto a síndrome da impostora, eu aterro todos os meus dedos no chão, respiro três vezes e, na terceira vez, você se recorda da sua trajetória e o que te levou até ali. Isso já dá uma sensação de calma e você automaticamente se posiciona em uma condição de merecedor.

Passado um ano de pandemia, em que muitos empreendedores tiveram grandes desafios, qual foi o seu grande desafio durante esse tempo?

Meu grande desafio realmente foi conseguir ter uma convergência entre o emocional, o técnico, o esgotamento mental e ter energia para continuar tocando tudo, porque a partir do momento que eu tenho várias unidades de negócio e ao mesmo tempo tem uma certa exposição, isso acaba trazendo pontos positivos, mas também traz pontos negativos.

Então, isso acabou com que, muitas vezes, eu tivesse que falar ‘nãos’, foram ‘nãos’ bem necessários, pensar cada vez mais em ter pessoas ao seu lado que, de fato, sejam executoras, fazedoras. Mas o meu maior desafio foi realmente o equilíbrio emocional para eu poder dar mais segurança, mais conforto, principalmente ao meu time, à minha família, aos meus amigos.

Nessa linha de estar junto com pessoas que sejam executoras, você já comentou que valoriza características como a inteligência emocional dos empreendedores quando vai investir. Acha que isso é mais facilmente identificado em mulheres?

Quando a gente fala de comportamento, inteligência positiva, são traços de características que existem em todas as pessoas. Algumas têm mais aptidão, outras têm menos, umas já se desenvolveram mais, outras menos. Mas uma coisa que eu posso afirmar é que quanto mais alta a responsabilidade, muitas vezes até dentro de uma hierarquia na própria empresa, mais essas pessoas, para atingirem outros níveis de liderança, têm promovido um autoconhecimento muito grande.

Por exemplo: meu sócio do banco Modal fez uma especialização em Harvard com Bill George que se chamava Discover your True North, ou seja, Descubra o seu Verdadeiro Norte, porque ele entendia que tinha um comportamento um pouco mais rude e muitas vezes não se colocava no lugar das pessoas. Ao longo da tua carreira, vocês vão lidar com uma série de variáveis. Se você tem um negócio, quer ter um negócio ou trabalha dentro de uma empresa, você tem variáveis e boa parte delas é variável emocional, é como você reage.

Por conta disso, cada vez mais se fala em se conhecer para saber aquilo que te motiva a ter reações mais intempestivas e enfraquecer esses sabotadores. Eu falei muito isso no Código dos Tubarões, meu curso, tenho ensinado cada vez mais, principalmente para executivos, meus sócios das startups, porque isso é extremamente importante.

Agora pensando em transições, quais recomendações você daria para alguém que deseja sair de uma carreira consolidada, CLT, para começar a empreender?

A pessoa que deseja começar a empreender, antes de mais nada, é importante tirar a visão romantizada do empreendedorismo. Não necessariamente você vai ter mais flexibilidade, ser gestor do seu tempo, não necessariamente vai ganhar mais dinheiro, não é uma coisa de curto prazo. Então, o que eu sempre recomendo é: vai lá, faz um planejamento financeiro, entende como você vai conseguir passar pelas nuances de empreender por pelo menos dois meses, então considere dois meses sem tirar nenhum tipo de resultado. Sempre falo para considerar um cenário um pouco pessimista, mesmo que no segundo, terceiro mês você já tenha resultado.

Mas se prepara para isso, porque quando a gente fica numa situação financeira ruim, isso incide diretamente numa das nossas necessidades mais básicas de sobrevivência - lá da pirâmide de Maslow - e a pessoa fica muito mais insegura, que muitas vezes pode gerar excesso de ansiedade, que pode fazer com que suas decisões não sejam tomadas com mais cadência e propriedade, de uma forma um pouco mais madura e você tome decisões precipitadas. Uma coisa vai puxando o gatilho das outras.

Então, se prepara financeiramente, faz como se fosse um caixa para você aprender a viver por 12 meses - eu gostaria de extrapolar até para 24 meses, mas como sei que tem muita gente querendo sair do CLT, faz para 12 meses. E o mais importante: não começa gastando no seu negócio num primeiro momento. Lá no meu Instagram, um dos posts é sobre o MNV, mínimo negócio viável, em que você tem de se basear na dor primeiro, qual solução que você vai resolver, ou seja, você tem que ser apaixonado pela solução, não pelo seu produto, porque o seu produto vai ser modificado, vai ser pivotado ao longo do tempo.

Para as mulheres, você estimula o empreendedorismo feminino com o G2W e o Ela Vence. Nessas experiências, quais são as maiores dificuldades e as barreiras para alavancar o empreendedorismo feminino no Brasil?

Primeiro, existe uma barreira da mulher, de fato, se acreditar, ela entender que o lugar dela é onde ela quiser, entender quais são seus sabotadores principais e como ela faz para enfraquecê-los, então envolve um processo não só de se conhecer, mas também de você ir para a luta, independente das estatísticas, independente do que a sociedade ou qualquer outro tipo de limitador possa acontecer. É a gente entender que as situações vão existir para os homens também, mas que naturalmente você vai fazer isso e a forma como você vai reagir é que vai fazer a diferença. Eu escolhi, cada vez que recebi alguma situação que tinha um impacto pelo fato de eu ser mulher, que daria muito menos importância e focaria muito mais na minha evolução como ser humano, como pessoa.

Acho que a segunda coisa é a gente cada vez mais promover e criar essa rede de apoio - o Ela Vence foi criado exatamente por isso, para ser não só um movimento, mas para capacitar, investir, dar conteúdo para ser um grande hub para mulheres, e a G2W para investir nessas mulheres. Quanto mais a gente consegue chamar a responsabilidade para si, quantomais a gente consegue se unir, oferecer suporte, oferecer apoio, uma rede de mentorias, mais a gente consegue conquistar os nossos lugares.

Qual quesito você considera o mais importante para se tornar sócia de uma empresa?

Para mim, o mais importante, é eu entender que a pessoa que está por trás do negócio tem feat cultural comigo, que entende que empreendedorismo é um estilo de vida, que precisa se capacitar, entender do longlife learning, que antes de mais nada ela é uma fornecedora de soluções, que cada vez mais precisa ser um bom recrutador, um bom vendedor e um bom comunicador.

Essa é uma tríade, e comunicador não tem a ver com se expor em lugar nenhum, é você estar sempre promovendo alinhamento com sua equipe. Mas, no final das contas, tem de ter muita força, muita energia e eu tenho que olhar para a pessoa e falar: ‘puxa, eu queria trabalhar com ela no dia seguinte’. Para mim, é o principal.

Livro: Desistir não é opção

Editora: GentePáginas: 224 páginasPreço: R$ 36,82 (físico); R$ 29,61 (e-book) 

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