Redes de hortifrútis ampliam soluções sustentáveis em toda cadeia, desde o produtor até o consumidor


Iniciativas incluem mapeamento da cadeia, destinação correta dos resíduos e políticas de desperdício zero; há também ações ligadas ao transporte sustentável

Por Bianca Zanatta
Atualização:

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’- O setor de varejo, sobretudo os hortifrútis, tem adotado uma série de medidas para se tornar cada vez mais sustentável. As apostas vão desde a rastreabilidade de toda cadeia produtiva, mapeamento dos pequenos produtores até a destinação correta dos resíduos e o desperdício zero de alimentos. As iniciativas vão do campo ao consumidor final.

Na rede Hortifruti Natural da Terra, que deve chegar a 80 lojas até o final de 2023, essa prática foi desenhada em conjunto com o cliente, que mostrou para a empresa o que ela ainda não estava enxergando, diz a chefe de sustentabilidade da companhia, Mariana Arrivabene.

Apesar de sempre ter sido pautada pela sustentabilidade e pelo cuidado com o pequeno produtor, com programas de desenvolvimento e linha de financiamento prioritário, a empresa ampliou as frentes para atender aos objetivos de sustentabilidade da ONU e também aos anseios dos clientes.

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Uma pesquisa de doutorado da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), conduzida no ano passado pela engenheira de produção Camila Moraes, estudou as causas do desperdício no País. Entre os 27 motivos mapeados por ela, estão a falta de comunicação entre os diferentes atores da cadeia produtiva - os produtores não sabem o que os supermercados esperam vender e não conseguem planejar a produção - e os padrões rígidos de aparência e forma de frutas, legumes e verduras, além de perdas no transporte, armazenagem e distribuição.

Hortifruti Natural da Terra faz mapeamento da cadeia produtiva Foto: Bruno Creste

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, 40% dos alimentos desperdiçados diariamente no País ocorrem na distribuição e no processamento. O varejo é responsável por 12% desse volume, com produtos perecíveis que passaram do prazo de validade (36,9%), impropriedade para venda (30%) e avaria dos produtos (18,2%). Por isso, a executiva explica que a rede já endereça a questão desde o comecinho da cadeia, com uma seleção da equipe de qualidade já no centro de distribuição.

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“Quando chega na loja tem outra inspeção. O que não passa no teste do ‘alimento perfeito’ vai para o processo dos selecionados, que é acompanhado em todas as etapas por nutricionistas e pela Vigilância Sanitária”, explica.

“O legume ou fruta que não vai para a banca por causa de um furinho, vira um produto ‘prontinho’, como fruta picada, suco ou sopa. A gente quase não tem descarte de banana, por exemplo, porque tudo é aproveitado no suco de açaí.”

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Passada essa fase, o que não pôde ser aproveitado é separado, sai 100% limpo da cabine de manipulação de lixo orgânico e vai para a compostagem para virar o adubo de marca própria da rede, que comercializa mais barato para os produtores e, em saquinhos de 800 gramas, para os clientes nas lojas. “Foram 10 toneladas de resíduos coletados só no piloto”, conta a executiva.

Outra iniciativa importante é a parceria com o Mesa Brasil: o que não é levado para o processo de reaproveitamento é doado as 700 entidades atendidas pela iniciativa no Rio de Janeiro e no Espírito Santo; em São Paulo, a parceria é com a Associação Prato Cheio. Foram mais de 50 toneladas doadas entre janeiro e agosto deste ano, segundo Mariana. “Considerando a situação atual do Brasil, ajudamos pessoas que provavelmente passariam fome se não fossem as nossas cestas. É a fruta para o café da manhã, a abobrinha e a batata para a refeição do dia”, destaca.

Agora o foco está no mapeamento de produtores nos 22 Estados e 426 municípios em que a rede tem fornecedores. “Vamos mapear toda a cadeia, iniciando pelos orgânicos, para saber quem são, onde estão e fazer a rastreabilidade de todo o caminho do alimento até chegar na loja”, conta a executiva.

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Fábio Amorim, da Natural da Terra, diz que os principais desafios para democratizar o consumo de orgânicos são a questão da disponibilidade e o preço Foto: Bruno Creste

O CEO da rede, Fábio Amorim, acrescenta que todo esse movimento contribui para aproximar os produtores do consumidor final. “Os principais desafios que encontramos hoje para democratizar o consumo de orgânicos são basicamente dois: a questão da disponibilidade ao longo do ano inteiro e a questão do preço mais próximo do convencional. Já demos um passo à frente fortalecendo nosso apoio aos pequenos produtores rurais, que promovem o desenvolvimento e produção de orgânicos. Isso vai se intensificar de acordo com o aumento do volume de consumo do nosso cliente”, conclui.

Lojas-modelo sustentáveis

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Com mais de 60 anos de trajetória, a rede carioca de supermercados Zona Sul também está decidida a ser parte da solução, com diversas iniciativas verdes e de combate ao desperdício. As lojas-modelo Santa Mônica, na Barra da Tijuca, e Barão da Torre, em Ipanema, têm grandes paredes verdes com jardim vertical na área externa, que servem como um isolante térmico e reduzem o nível de poluição no entorno.

Rede carioca de supermercados Zona Sul tem diversas iniciativas verdes e de combate ao desperdício Foto: Mafra

Toda a estrutura da Santa Mônica foi construída pensando em sustentabilidade. A luz solar é captada por placas fotovoltaicas instaladas nas baias do estacionamento e no teto, gerando um terço de toda a energia consumida. A unidade faz ainda o reaproveitamento de água da chuva e tem um contêiner onde produz cogumelos frescos com práticas de agricultura sustentável em ambiente controlado. De lá, os cogumelos vão direto para as prateleiras do supermercado para serem colhidos pelos próprios clientes.

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Já a unidade Barão da Torre foi a primeira da rede a abolir o uso de sacolas plásticas. São oferecidas apenas sacolas de papel. A rede também realiza mais de 80% das entregas em domicílio sem emissão de poluentes, com uma frota de 4 motos elétricas e 45 triciclos elétricos, e aposta em ações circulares para os resíduos.

Até o mês de agosto, retirou da cidade do Rio de Janeiro mais de 2,3 mil toneladas de recicláveis, destinou mais de 1,9 toneladas de alimentos in natura que estavam fora do padrão de venda, porém bons para consumo, para alimentação animal, e levou mais de 530 toneladas de resíduos orgânicos para a compostagem.

O Zona Sul é também a única empresa do Rio que contrata mão de obra qualificada exclusiva para cuidar de sustentabilidade. São mais de 60 operadores de reciclagem treinados nas lojas da rede. “Tratamos a parte socioambiental com muita seriedade. Quando o projeto dos operadores de reciclagem foi desenvolvido, nosso objetivo foi desenvolver uma função que o mercado de trabalho não oferecia a pessoas com diferentes níveis de escolaridade”, afirma a engenheira ambiental da rede, Cintia dos Anjos.

“Criamos uma formação completa sobre geração, tipologias de resíduos, processos operacionais e destinação, visando mão de obra qualificada e diferenciada”, acrescenta ela, explicando que esse time de operadores tende a crescer proporcionalmente à abertura de novas filiais.

Foco nas prioridades da agenda ESG

No caso da rede St Marche, as questões socioambientais sempre estiveram presentes de alguma forma, mas eles resolveram estruturar de fato a área no ano passado, à medida em que a companhia foi amadurecendo em várias frentes, com a entrada de um fundo e composição do conselho administrativo.

“Quando abrimos a segunda loja na Vila Leopoldina, em 2006, uma das primeiras coisas que fiz foi falar com o padre da paróquia do bairro para retirar as coisas que sobravam”, diz Victor Leal, fundador e VP de expansão e ESG do grupo.

Desde o começo de 2021, ele diz que essa se tornou uma área relevante para a empresa, que fez um inventário para entender o que já fazia “organicamente”, antes da estruturação formal. “Tinha umas 50 iniciativas, desde práticas que já tinham sido adotadas até aquelas que estavam no gatilho para começar.”

St Marche aposta em medidas contra o desperdício e resíduos, produtos para saúde e nutrição, cultura da doação e bem-estar animal Foto: Massimo Falluti

Entre as medidas para avançar na agenda socioambiental e de boas práticas de governança, a empresa listou 14 esferas em que pretende focar as energias no curto prazo. “Não adianta querer abraçar o mundo de cara, tem de escolher as prioridades”, explica Leal.

Estabelecido isso e com todos engajados foi hora de traçar o plano de ação para 2022 e 2023. A liderança trouxe Gabriela Mordhorst, que vinha da área de digital e novos negócios, para encabeçar ESG e sustentabilidade. “Entre as grandes verticais a que a gente está se dedicando estão diversidade e inclusão, que é um movimento muito importante para a empresa”, diz a executiva.

“Temos um time de mais ou menos 2,5 mil pessoas e que se parece muito com a sociedade brasileira, com as questões da sociedade replicadas. Quanto mais contribuição temos do time, mais entendemos o cliente.”

As outras verticais envolvem temas como desperdício e resíduos, produtos para saúde e nutrição, cultura da doação e bem-estar animal. No ano passado, por exemplo, atingiram a meta de vender somente ovos de galinhas criadas livremente. Na pandemia a rede também passou a organizar melhor a logística de doações, entregando primeiramente frutas, legumes e verduras e entrando agora nos itens de mercearia e laticínios.

Eles também fizeram uma parceria com a ONG Arredondar em que o cliente pode optar por arredondar centavos do valor final da compra para cima, destinando à doação. Por enquanto a solução existe só para pagamentos em dinheiro, mas futuramente será possível fazer no cartão também.

A saudabilidade é outra vertical que está na mira da empresa, mas antes de pensar no produto para o público, querem fazer a transformação internamente. “Vai ter um piloto na matriz para trazer hábitos mais saudáveis e cuidados integrais com os próprios funcionários”, explica o vice-presidente. “A ideia é colocar primeiro para dentro para depois fazer para fora. E é muito interessante como a empresa toda querer (as transformações) faz a diferença. Todos têm vontade de participar”, ele observa.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’- O setor de varejo, sobretudo os hortifrútis, tem adotado uma série de medidas para se tornar cada vez mais sustentável. As apostas vão desde a rastreabilidade de toda cadeia produtiva, mapeamento dos pequenos produtores até a destinação correta dos resíduos e o desperdício zero de alimentos. As iniciativas vão do campo ao consumidor final.

Na rede Hortifruti Natural da Terra, que deve chegar a 80 lojas até o final de 2023, essa prática foi desenhada em conjunto com o cliente, que mostrou para a empresa o que ela ainda não estava enxergando, diz a chefe de sustentabilidade da companhia, Mariana Arrivabene.

Apesar de sempre ter sido pautada pela sustentabilidade e pelo cuidado com o pequeno produtor, com programas de desenvolvimento e linha de financiamento prioritário, a empresa ampliou as frentes para atender aos objetivos de sustentabilidade da ONU e também aos anseios dos clientes.

Uma pesquisa de doutorado da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), conduzida no ano passado pela engenheira de produção Camila Moraes, estudou as causas do desperdício no País. Entre os 27 motivos mapeados por ela, estão a falta de comunicação entre os diferentes atores da cadeia produtiva - os produtores não sabem o que os supermercados esperam vender e não conseguem planejar a produção - e os padrões rígidos de aparência e forma de frutas, legumes e verduras, além de perdas no transporte, armazenagem e distribuição.

Hortifruti Natural da Terra faz mapeamento da cadeia produtiva Foto: Bruno Creste

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, 40% dos alimentos desperdiçados diariamente no País ocorrem na distribuição e no processamento. O varejo é responsável por 12% desse volume, com produtos perecíveis que passaram do prazo de validade (36,9%), impropriedade para venda (30%) e avaria dos produtos (18,2%). Por isso, a executiva explica que a rede já endereça a questão desde o comecinho da cadeia, com uma seleção da equipe de qualidade já no centro de distribuição.

“Quando chega na loja tem outra inspeção. O que não passa no teste do ‘alimento perfeito’ vai para o processo dos selecionados, que é acompanhado em todas as etapas por nutricionistas e pela Vigilância Sanitária”, explica.

“O legume ou fruta que não vai para a banca por causa de um furinho, vira um produto ‘prontinho’, como fruta picada, suco ou sopa. A gente quase não tem descarte de banana, por exemplo, porque tudo é aproveitado no suco de açaí.”

Passada essa fase, o que não pôde ser aproveitado é separado, sai 100% limpo da cabine de manipulação de lixo orgânico e vai para a compostagem para virar o adubo de marca própria da rede, que comercializa mais barato para os produtores e, em saquinhos de 800 gramas, para os clientes nas lojas. “Foram 10 toneladas de resíduos coletados só no piloto”, conta a executiva.

Outra iniciativa importante é a parceria com o Mesa Brasil: o que não é levado para o processo de reaproveitamento é doado as 700 entidades atendidas pela iniciativa no Rio de Janeiro e no Espírito Santo; em São Paulo, a parceria é com a Associação Prato Cheio. Foram mais de 50 toneladas doadas entre janeiro e agosto deste ano, segundo Mariana. “Considerando a situação atual do Brasil, ajudamos pessoas que provavelmente passariam fome se não fossem as nossas cestas. É a fruta para o café da manhã, a abobrinha e a batata para a refeição do dia”, destaca.

Agora o foco está no mapeamento de produtores nos 22 Estados e 426 municípios em que a rede tem fornecedores. “Vamos mapear toda a cadeia, iniciando pelos orgânicos, para saber quem são, onde estão e fazer a rastreabilidade de todo o caminho do alimento até chegar na loja”, conta a executiva.

Fábio Amorim, da Natural da Terra, diz que os principais desafios para democratizar o consumo de orgânicos são a questão da disponibilidade e o preço Foto: Bruno Creste

O CEO da rede, Fábio Amorim, acrescenta que todo esse movimento contribui para aproximar os produtores do consumidor final. “Os principais desafios que encontramos hoje para democratizar o consumo de orgânicos são basicamente dois: a questão da disponibilidade ao longo do ano inteiro e a questão do preço mais próximo do convencional. Já demos um passo à frente fortalecendo nosso apoio aos pequenos produtores rurais, que promovem o desenvolvimento e produção de orgânicos. Isso vai se intensificar de acordo com o aumento do volume de consumo do nosso cliente”, conclui.

Lojas-modelo sustentáveis

Com mais de 60 anos de trajetória, a rede carioca de supermercados Zona Sul também está decidida a ser parte da solução, com diversas iniciativas verdes e de combate ao desperdício. As lojas-modelo Santa Mônica, na Barra da Tijuca, e Barão da Torre, em Ipanema, têm grandes paredes verdes com jardim vertical na área externa, que servem como um isolante térmico e reduzem o nível de poluição no entorno.

Rede carioca de supermercados Zona Sul tem diversas iniciativas verdes e de combate ao desperdício Foto: Mafra

Toda a estrutura da Santa Mônica foi construída pensando em sustentabilidade. A luz solar é captada por placas fotovoltaicas instaladas nas baias do estacionamento e no teto, gerando um terço de toda a energia consumida. A unidade faz ainda o reaproveitamento de água da chuva e tem um contêiner onde produz cogumelos frescos com práticas de agricultura sustentável em ambiente controlado. De lá, os cogumelos vão direto para as prateleiras do supermercado para serem colhidos pelos próprios clientes.

Já a unidade Barão da Torre foi a primeira da rede a abolir o uso de sacolas plásticas. São oferecidas apenas sacolas de papel. A rede também realiza mais de 80% das entregas em domicílio sem emissão de poluentes, com uma frota de 4 motos elétricas e 45 triciclos elétricos, e aposta em ações circulares para os resíduos.

Até o mês de agosto, retirou da cidade do Rio de Janeiro mais de 2,3 mil toneladas de recicláveis, destinou mais de 1,9 toneladas de alimentos in natura que estavam fora do padrão de venda, porém bons para consumo, para alimentação animal, e levou mais de 530 toneladas de resíduos orgânicos para a compostagem.

O Zona Sul é também a única empresa do Rio que contrata mão de obra qualificada exclusiva para cuidar de sustentabilidade. São mais de 60 operadores de reciclagem treinados nas lojas da rede. “Tratamos a parte socioambiental com muita seriedade. Quando o projeto dos operadores de reciclagem foi desenvolvido, nosso objetivo foi desenvolver uma função que o mercado de trabalho não oferecia a pessoas com diferentes níveis de escolaridade”, afirma a engenheira ambiental da rede, Cintia dos Anjos.

“Criamos uma formação completa sobre geração, tipologias de resíduos, processos operacionais e destinação, visando mão de obra qualificada e diferenciada”, acrescenta ela, explicando que esse time de operadores tende a crescer proporcionalmente à abertura de novas filiais.

Foco nas prioridades da agenda ESG

No caso da rede St Marche, as questões socioambientais sempre estiveram presentes de alguma forma, mas eles resolveram estruturar de fato a área no ano passado, à medida em que a companhia foi amadurecendo em várias frentes, com a entrada de um fundo e composição do conselho administrativo.

“Quando abrimos a segunda loja na Vila Leopoldina, em 2006, uma das primeiras coisas que fiz foi falar com o padre da paróquia do bairro para retirar as coisas que sobravam”, diz Victor Leal, fundador e VP de expansão e ESG do grupo.

Desde o começo de 2021, ele diz que essa se tornou uma área relevante para a empresa, que fez um inventário para entender o que já fazia “organicamente”, antes da estruturação formal. “Tinha umas 50 iniciativas, desde práticas que já tinham sido adotadas até aquelas que estavam no gatilho para começar.”

St Marche aposta em medidas contra o desperdício e resíduos, produtos para saúde e nutrição, cultura da doação e bem-estar animal Foto: Massimo Falluti

Entre as medidas para avançar na agenda socioambiental e de boas práticas de governança, a empresa listou 14 esferas em que pretende focar as energias no curto prazo. “Não adianta querer abraçar o mundo de cara, tem de escolher as prioridades”, explica Leal.

Estabelecido isso e com todos engajados foi hora de traçar o plano de ação para 2022 e 2023. A liderança trouxe Gabriela Mordhorst, que vinha da área de digital e novos negócios, para encabeçar ESG e sustentabilidade. “Entre as grandes verticais a que a gente está se dedicando estão diversidade e inclusão, que é um movimento muito importante para a empresa”, diz a executiva.

“Temos um time de mais ou menos 2,5 mil pessoas e que se parece muito com a sociedade brasileira, com as questões da sociedade replicadas. Quanto mais contribuição temos do time, mais entendemos o cliente.”

As outras verticais envolvem temas como desperdício e resíduos, produtos para saúde e nutrição, cultura da doação e bem-estar animal. No ano passado, por exemplo, atingiram a meta de vender somente ovos de galinhas criadas livremente. Na pandemia a rede também passou a organizar melhor a logística de doações, entregando primeiramente frutas, legumes e verduras e entrando agora nos itens de mercearia e laticínios.

Eles também fizeram uma parceria com a ONG Arredondar em que o cliente pode optar por arredondar centavos do valor final da compra para cima, destinando à doação. Por enquanto a solução existe só para pagamentos em dinheiro, mas futuramente será possível fazer no cartão também.

A saudabilidade é outra vertical que está na mira da empresa, mas antes de pensar no produto para o público, querem fazer a transformação internamente. “Vai ter um piloto na matriz para trazer hábitos mais saudáveis e cuidados integrais com os próprios funcionários”, explica o vice-presidente. “A ideia é colocar primeiro para dentro para depois fazer para fora. E é muito interessante como a empresa toda querer (as transformações) faz a diferença. Todos têm vontade de participar”, ele observa.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’- O setor de varejo, sobretudo os hortifrútis, tem adotado uma série de medidas para se tornar cada vez mais sustentável. As apostas vão desde a rastreabilidade de toda cadeia produtiva, mapeamento dos pequenos produtores até a destinação correta dos resíduos e o desperdício zero de alimentos. As iniciativas vão do campo ao consumidor final.

Na rede Hortifruti Natural da Terra, que deve chegar a 80 lojas até o final de 2023, essa prática foi desenhada em conjunto com o cliente, que mostrou para a empresa o que ela ainda não estava enxergando, diz a chefe de sustentabilidade da companhia, Mariana Arrivabene.

Apesar de sempre ter sido pautada pela sustentabilidade e pelo cuidado com o pequeno produtor, com programas de desenvolvimento e linha de financiamento prioritário, a empresa ampliou as frentes para atender aos objetivos de sustentabilidade da ONU e também aos anseios dos clientes.

Uma pesquisa de doutorado da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), conduzida no ano passado pela engenheira de produção Camila Moraes, estudou as causas do desperdício no País. Entre os 27 motivos mapeados por ela, estão a falta de comunicação entre os diferentes atores da cadeia produtiva - os produtores não sabem o que os supermercados esperam vender e não conseguem planejar a produção - e os padrões rígidos de aparência e forma de frutas, legumes e verduras, além de perdas no transporte, armazenagem e distribuição.

Hortifruti Natural da Terra faz mapeamento da cadeia produtiva Foto: Bruno Creste

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, 40% dos alimentos desperdiçados diariamente no País ocorrem na distribuição e no processamento. O varejo é responsável por 12% desse volume, com produtos perecíveis que passaram do prazo de validade (36,9%), impropriedade para venda (30%) e avaria dos produtos (18,2%). Por isso, a executiva explica que a rede já endereça a questão desde o comecinho da cadeia, com uma seleção da equipe de qualidade já no centro de distribuição.

“Quando chega na loja tem outra inspeção. O que não passa no teste do ‘alimento perfeito’ vai para o processo dos selecionados, que é acompanhado em todas as etapas por nutricionistas e pela Vigilância Sanitária”, explica.

“O legume ou fruta que não vai para a banca por causa de um furinho, vira um produto ‘prontinho’, como fruta picada, suco ou sopa. A gente quase não tem descarte de banana, por exemplo, porque tudo é aproveitado no suco de açaí.”

Passada essa fase, o que não pôde ser aproveitado é separado, sai 100% limpo da cabine de manipulação de lixo orgânico e vai para a compostagem para virar o adubo de marca própria da rede, que comercializa mais barato para os produtores e, em saquinhos de 800 gramas, para os clientes nas lojas. “Foram 10 toneladas de resíduos coletados só no piloto”, conta a executiva.

Outra iniciativa importante é a parceria com o Mesa Brasil: o que não é levado para o processo de reaproveitamento é doado as 700 entidades atendidas pela iniciativa no Rio de Janeiro e no Espírito Santo; em São Paulo, a parceria é com a Associação Prato Cheio. Foram mais de 50 toneladas doadas entre janeiro e agosto deste ano, segundo Mariana. “Considerando a situação atual do Brasil, ajudamos pessoas que provavelmente passariam fome se não fossem as nossas cestas. É a fruta para o café da manhã, a abobrinha e a batata para a refeição do dia”, destaca.

Agora o foco está no mapeamento de produtores nos 22 Estados e 426 municípios em que a rede tem fornecedores. “Vamos mapear toda a cadeia, iniciando pelos orgânicos, para saber quem são, onde estão e fazer a rastreabilidade de todo o caminho do alimento até chegar na loja”, conta a executiva.

Fábio Amorim, da Natural da Terra, diz que os principais desafios para democratizar o consumo de orgânicos são a questão da disponibilidade e o preço Foto: Bruno Creste

O CEO da rede, Fábio Amorim, acrescenta que todo esse movimento contribui para aproximar os produtores do consumidor final. “Os principais desafios que encontramos hoje para democratizar o consumo de orgânicos são basicamente dois: a questão da disponibilidade ao longo do ano inteiro e a questão do preço mais próximo do convencional. Já demos um passo à frente fortalecendo nosso apoio aos pequenos produtores rurais, que promovem o desenvolvimento e produção de orgânicos. Isso vai se intensificar de acordo com o aumento do volume de consumo do nosso cliente”, conclui.

Lojas-modelo sustentáveis

Com mais de 60 anos de trajetória, a rede carioca de supermercados Zona Sul também está decidida a ser parte da solução, com diversas iniciativas verdes e de combate ao desperdício. As lojas-modelo Santa Mônica, na Barra da Tijuca, e Barão da Torre, em Ipanema, têm grandes paredes verdes com jardim vertical na área externa, que servem como um isolante térmico e reduzem o nível de poluição no entorno.

Rede carioca de supermercados Zona Sul tem diversas iniciativas verdes e de combate ao desperdício Foto: Mafra

Toda a estrutura da Santa Mônica foi construída pensando em sustentabilidade. A luz solar é captada por placas fotovoltaicas instaladas nas baias do estacionamento e no teto, gerando um terço de toda a energia consumida. A unidade faz ainda o reaproveitamento de água da chuva e tem um contêiner onde produz cogumelos frescos com práticas de agricultura sustentável em ambiente controlado. De lá, os cogumelos vão direto para as prateleiras do supermercado para serem colhidos pelos próprios clientes.

Já a unidade Barão da Torre foi a primeira da rede a abolir o uso de sacolas plásticas. São oferecidas apenas sacolas de papel. A rede também realiza mais de 80% das entregas em domicílio sem emissão de poluentes, com uma frota de 4 motos elétricas e 45 triciclos elétricos, e aposta em ações circulares para os resíduos.

Até o mês de agosto, retirou da cidade do Rio de Janeiro mais de 2,3 mil toneladas de recicláveis, destinou mais de 1,9 toneladas de alimentos in natura que estavam fora do padrão de venda, porém bons para consumo, para alimentação animal, e levou mais de 530 toneladas de resíduos orgânicos para a compostagem.

O Zona Sul é também a única empresa do Rio que contrata mão de obra qualificada exclusiva para cuidar de sustentabilidade. São mais de 60 operadores de reciclagem treinados nas lojas da rede. “Tratamos a parte socioambiental com muita seriedade. Quando o projeto dos operadores de reciclagem foi desenvolvido, nosso objetivo foi desenvolver uma função que o mercado de trabalho não oferecia a pessoas com diferentes níveis de escolaridade”, afirma a engenheira ambiental da rede, Cintia dos Anjos.

“Criamos uma formação completa sobre geração, tipologias de resíduos, processos operacionais e destinação, visando mão de obra qualificada e diferenciada”, acrescenta ela, explicando que esse time de operadores tende a crescer proporcionalmente à abertura de novas filiais.

Foco nas prioridades da agenda ESG

No caso da rede St Marche, as questões socioambientais sempre estiveram presentes de alguma forma, mas eles resolveram estruturar de fato a área no ano passado, à medida em que a companhia foi amadurecendo em várias frentes, com a entrada de um fundo e composição do conselho administrativo.

“Quando abrimos a segunda loja na Vila Leopoldina, em 2006, uma das primeiras coisas que fiz foi falar com o padre da paróquia do bairro para retirar as coisas que sobravam”, diz Victor Leal, fundador e VP de expansão e ESG do grupo.

Desde o começo de 2021, ele diz que essa se tornou uma área relevante para a empresa, que fez um inventário para entender o que já fazia “organicamente”, antes da estruturação formal. “Tinha umas 50 iniciativas, desde práticas que já tinham sido adotadas até aquelas que estavam no gatilho para começar.”

St Marche aposta em medidas contra o desperdício e resíduos, produtos para saúde e nutrição, cultura da doação e bem-estar animal Foto: Massimo Falluti

Entre as medidas para avançar na agenda socioambiental e de boas práticas de governança, a empresa listou 14 esferas em que pretende focar as energias no curto prazo. “Não adianta querer abraçar o mundo de cara, tem de escolher as prioridades”, explica Leal.

Estabelecido isso e com todos engajados foi hora de traçar o plano de ação para 2022 e 2023. A liderança trouxe Gabriela Mordhorst, que vinha da área de digital e novos negócios, para encabeçar ESG e sustentabilidade. “Entre as grandes verticais a que a gente está se dedicando estão diversidade e inclusão, que é um movimento muito importante para a empresa”, diz a executiva.

“Temos um time de mais ou menos 2,5 mil pessoas e que se parece muito com a sociedade brasileira, com as questões da sociedade replicadas. Quanto mais contribuição temos do time, mais entendemos o cliente.”

As outras verticais envolvem temas como desperdício e resíduos, produtos para saúde e nutrição, cultura da doação e bem-estar animal. No ano passado, por exemplo, atingiram a meta de vender somente ovos de galinhas criadas livremente. Na pandemia a rede também passou a organizar melhor a logística de doações, entregando primeiramente frutas, legumes e verduras e entrando agora nos itens de mercearia e laticínios.

Eles também fizeram uma parceria com a ONG Arredondar em que o cliente pode optar por arredondar centavos do valor final da compra para cima, destinando à doação. Por enquanto a solução existe só para pagamentos em dinheiro, mas futuramente será possível fazer no cartão também.

A saudabilidade é outra vertical que está na mira da empresa, mas antes de pensar no produto para o público, querem fazer a transformação internamente. “Vai ter um piloto na matriz para trazer hábitos mais saudáveis e cuidados integrais com os próprios funcionários”, explica o vice-presidente. “A ideia é colocar primeiro para dentro para depois fazer para fora. E é muito interessante como a empresa toda querer (as transformações) faz a diferença. Todos têm vontade de participar”, ele observa.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’- O setor de varejo, sobretudo os hortifrútis, tem adotado uma série de medidas para se tornar cada vez mais sustentável. As apostas vão desde a rastreabilidade de toda cadeia produtiva, mapeamento dos pequenos produtores até a destinação correta dos resíduos e o desperdício zero de alimentos. As iniciativas vão do campo ao consumidor final.

Na rede Hortifruti Natural da Terra, que deve chegar a 80 lojas até o final de 2023, essa prática foi desenhada em conjunto com o cliente, que mostrou para a empresa o que ela ainda não estava enxergando, diz a chefe de sustentabilidade da companhia, Mariana Arrivabene.

Apesar de sempre ter sido pautada pela sustentabilidade e pelo cuidado com o pequeno produtor, com programas de desenvolvimento e linha de financiamento prioritário, a empresa ampliou as frentes para atender aos objetivos de sustentabilidade da ONU e também aos anseios dos clientes.

Uma pesquisa de doutorado da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), conduzida no ano passado pela engenheira de produção Camila Moraes, estudou as causas do desperdício no País. Entre os 27 motivos mapeados por ela, estão a falta de comunicação entre os diferentes atores da cadeia produtiva - os produtores não sabem o que os supermercados esperam vender e não conseguem planejar a produção - e os padrões rígidos de aparência e forma de frutas, legumes e verduras, além de perdas no transporte, armazenagem e distribuição.

Hortifruti Natural da Terra faz mapeamento da cadeia produtiva Foto: Bruno Creste

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados, 40% dos alimentos desperdiçados diariamente no País ocorrem na distribuição e no processamento. O varejo é responsável por 12% desse volume, com produtos perecíveis que passaram do prazo de validade (36,9%), impropriedade para venda (30%) e avaria dos produtos (18,2%). Por isso, a executiva explica que a rede já endereça a questão desde o comecinho da cadeia, com uma seleção da equipe de qualidade já no centro de distribuição.

“Quando chega na loja tem outra inspeção. O que não passa no teste do ‘alimento perfeito’ vai para o processo dos selecionados, que é acompanhado em todas as etapas por nutricionistas e pela Vigilância Sanitária”, explica.

“O legume ou fruta que não vai para a banca por causa de um furinho, vira um produto ‘prontinho’, como fruta picada, suco ou sopa. A gente quase não tem descarte de banana, por exemplo, porque tudo é aproveitado no suco de açaí.”

Passada essa fase, o que não pôde ser aproveitado é separado, sai 100% limpo da cabine de manipulação de lixo orgânico e vai para a compostagem para virar o adubo de marca própria da rede, que comercializa mais barato para os produtores e, em saquinhos de 800 gramas, para os clientes nas lojas. “Foram 10 toneladas de resíduos coletados só no piloto”, conta a executiva.

Outra iniciativa importante é a parceria com o Mesa Brasil: o que não é levado para o processo de reaproveitamento é doado as 700 entidades atendidas pela iniciativa no Rio de Janeiro e no Espírito Santo; em São Paulo, a parceria é com a Associação Prato Cheio. Foram mais de 50 toneladas doadas entre janeiro e agosto deste ano, segundo Mariana. “Considerando a situação atual do Brasil, ajudamos pessoas que provavelmente passariam fome se não fossem as nossas cestas. É a fruta para o café da manhã, a abobrinha e a batata para a refeição do dia”, destaca.

Agora o foco está no mapeamento de produtores nos 22 Estados e 426 municípios em que a rede tem fornecedores. “Vamos mapear toda a cadeia, iniciando pelos orgânicos, para saber quem são, onde estão e fazer a rastreabilidade de todo o caminho do alimento até chegar na loja”, conta a executiva.

Fábio Amorim, da Natural da Terra, diz que os principais desafios para democratizar o consumo de orgânicos são a questão da disponibilidade e o preço Foto: Bruno Creste

O CEO da rede, Fábio Amorim, acrescenta que todo esse movimento contribui para aproximar os produtores do consumidor final. “Os principais desafios que encontramos hoje para democratizar o consumo de orgânicos são basicamente dois: a questão da disponibilidade ao longo do ano inteiro e a questão do preço mais próximo do convencional. Já demos um passo à frente fortalecendo nosso apoio aos pequenos produtores rurais, que promovem o desenvolvimento e produção de orgânicos. Isso vai se intensificar de acordo com o aumento do volume de consumo do nosso cliente”, conclui.

Lojas-modelo sustentáveis

Com mais de 60 anos de trajetória, a rede carioca de supermercados Zona Sul também está decidida a ser parte da solução, com diversas iniciativas verdes e de combate ao desperdício. As lojas-modelo Santa Mônica, na Barra da Tijuca, e Barão da Torre, em Ipanema, têm grandes paredes verdes com jardim vertical na área externa, que servem como um isolante térmico e reduzem o nível de poluição no entorno.

Rede carioca de supermercados Zona Sul tem diversas iniciativas verdes e de combate ao desperdício Foto: Mafra

Toda a estrutura da Santa Mônica foi construída pensando em sustentabilidade. A luz solar é captada por placas fotovoltaicas instaladas nas baias do estacionamento e no teto, gerando um terço de toda a energia consumida. A unidade faz ainda o reaproveitamento de água da chuva e tem um contêiner onde produz cogumelos frescos com práticas de agricultura sustentável em ambiente controlado. De lá, os cogumelos vão direto para as prateleiras do supermercado para serem colhidos pelos próprios clientes.

Já a unidade Barão da Torre foi a primeira da rede a abolir o uso de sacolas plásticas. São oferecidas apenas sacolas de papel. A rede também realiza mais de 80% das entregas em domicílio sem emissão de poluentes, com uma frota de 4 motos elétricas e 45 triciclos elétricos, e aposta em ações circulares para os resíduos.

Até o mês de agosto, retirou da cidade do Rio de Janeiro mais de 2,3 mil toneladas de recicláveis, destinou mais de 1,9 toneladas de alimentos in natura que estavam fora do padrão de venda, porém bons para consumo, para alimentação animal, e levou mais de 530 toneladas de resíduos orgânicos para a compostagem.

O Zona Sul é também a única empresa do Rio que contrata mão de obra qualificada exclusiva para cuidar de sustentabilidade. São mais de 60 operadores de reciclagem treinados nas lojas da rede. “Tratamos a parte socioambiental com muita seriedade. Quando o projeto dos operadores de reciclagem foi desenvolvido, nosso objetivo foi desenvolver uma função que o mercado de trabalho não oferecia a pessoas com diferentes níveis de escolaridade”, afirma a engenheira ambiental da rede, Cintia dos Anjos.

“Criamos uma formação completa sobre geração, tipologias de resíduos, processos operacionais e destinação, visando mão de obra qualificada e diferenciada”, acrescenta ela, explicando que esse time de operadores tende a crescer proporcionalmente à abertura de novas filiais.

Foco nas prioridades da agenda ESG

No caso da rede St Marche, as questões socioambientais sempre estiveram presentes de alguma forma, mas eles resolveram estruturar de fato a área no ano passado, à medida em que a companhia foi amadurecendo em várias frentes, com a entrada de um fundo e composição do conselho administrativo.

“Quando abrimos a segunda loja na Vila Leopoldina, em 2006, uma das primeiras coisas que fiz foi falar com o padre da paróquia do bairro para retirar as coisas que sobravam”, diz Victor Leal, fundador e VP de expansão e ESG do grupo.

Desde o começo de 2021, ele diz que essa se tornou uma área relevante para a empresa, que fez um inventário para entender o que já fazia “organicamente”, antes da estruturação formal. “Tinha umas 50 iniciativas, desde práticas que já tinham sido adotadas até aquelas que estavam no gatilho para começar.”

St Marche aposta em medidas contra o desperdício e resíduos, produtos para saúde e nutrição, cultura da doação e bem-estar animal Foto: Massimo Falluti

Entre as medidas para avançar na agenda socioambiental e de boas práticas de governança, a empresa listou 14 esferas em que pretende focar as energias no curto prazo. “Não adianta querer abraçar o mundo de cara, tem de escolher as prioridades”, explica Leal.

Estabelecido isso e com todos engajados foi hora de traçar o plano de ação para 2022 e 2023. A liderança trouxe Gabriela Mordhorst, que vinha da área de digital e novos negócios, para encabeçar ESG e sustentabilidade. “Entre as grandes verticais a que a gente está se dedicando estão diversidade e inclusão, que é um movimento muito importante para a empresa”, diz a executiva.

“Temos um time de mais ou menos 2,5 mil pessoas e que se parece muito com a sociedade brasileira, com as questões da sociedade replicadas. Quanto mais contribuição temos do time, mais entendemos o cliente.”

As outras verticais envolvem temas como desperdício e resíduos, produtos para saúde e nutrição, cultura da doação e bem-estar animal. No ano passado, por exemplo, atingiram a meta de vender somente ovos de galinhas criadas livremente. Na pandemia a rede também passou a organizar melhor a logística de doações, entregando primeiramente frutas, legumes e verduras e entrando agora nos itens de mercearia e laticínios.

Eles também fizeram uma parceria com a ONG Arredondar em que o cliente pode optar por arredondar centavos do valor final da compra para cima, destinando à doação. Por enquanto a solução existe só para pagamentos em dinheiro, mas futuramente será possível fazer no cartão também.

A saudabilidade é outra vertical que está na mira da empresa, mas antes de pensar no produto para o público, querem fazer a transformação internamente. “Vai ter um piloto na matriz para trazer hábitos mais saudáveis e cuidados integrais com os próprios funcionários”, explica o vice-presidente. “A ideia é colocar primeiro para dentro para depois fazer para fora. E é muito interessante como a empresa toda querer (as transformações) faz a diferença. Todos têm vontade de participar”, ele observa.

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