Um casal catarinense percebeu uma brecha no mercado brasileiro de relógios quando procurou um dispositivo simples e acessível para uso próprio e teve dificuldades para encontrar. Com o sonho de lançar um e-commerce, o engenheiro civil Junior Kirchner, 25, e designer de interiores Uana Amorim, 23, resolveram, então, lançar uma marca de relógios: a Saint Germain, em 2020. Três anos depois, em 2023, a empresa atingiu o faturamento de R$ 26 milhões.
De acordo com Kirchner, a ideia surgiu após o casal visitar uma feira na China, chamada Canton Fair. “Nos apaixonamos pelo design de relógios de um fornecedor e resolvemos abrir a nossa própria marca”, conta. O e-commerce foi lançado em meados de 2020.
A empresa não divulga o valor do investimento inicial por questões de “política interna”. No entanto, diz que a marca, no seu primeiro ano de lançamento, chegou a R$ 880 mil de faturamento. Em 2022, foi para R$ 19 milhões. Para 2024, a marca prevê o faturamento de R$ 35 milhões, chegando a R$ 50 milhões em 2026.
Quando começaram, Kirchner e Amorim relatam que tiveram dificuldade com o fluxo de caixa da empresa. “Como trabalhamos com importações, precisávamos de caixa para pagar o estoque adiantado, demoramos mais para crescer”, avalia o empresário.
Hoje, o fundador da Saint Germain diz que o maior desafio é o gerenciamento de equipe para que a meta de faturamento seja atingida. A marca conta atualmente com 25 funcionários diretos.
Os relógios são 100% importados da China. A empresa define o desenho do produtos e o fabricante envia conforme o especificado.
“Às vezes, viajamos para feiras internacionais, visitamos fábricas na China para pegarmos o design dos produtos de que gostamos, ver o que mais está saindo mundo afora.”
Sócios optaram por focar no design minimalista
Os “relógios minimalistas”, como caracterizam os sócios da Saint Germain, são aqueles dispositivos com o “design clean, poucos detalhes e acessórios que combinam com todo estilo de vestimenta”. No catálogo, há opções de pulseira em metal ou couro sintético.
A marca categoriza as coleções por gênero, feminino e masculino. Em ambas as categorias, as cores variam entre preto, branco, marrom, prateado, dourado e rosê gold. Os mais chamativos têm detalhes ou tons azuis ou verdes. Todos têm seis meses de prazo de garantia de funcionamento.
Os produtos, com preço médio de R$ 250, são vendidos pelo site da marca, além de dez marketplaces e um ponto físico, localizado no Shopping Pátio Paulista, na cidade de São Paulo. A loja física foi inaugurada em dezembro de 2023.
Segundo Kirchner, São Paulo é onde está a maior concentração dos consumidores da marca: cerca de 40% dos clientes. O público é majoritariamente feminino, tem entre 20 e 30 anos e pertence à classe B.
Marca investe em parcerias com microinfluenciadores
Para Kirchner, o sucesso da marca se deve ao “foco no nicho”: todos os produtos têm o design minimalista e o preço acessível, dizem, diferentemente de outras lojas de relógios no Brasil que buscam englobar vários estilos de uma vez.
Além disso, o empresário revela que, desde o começo, investiu em marketing de influência, com diversos influenciadores. “O foco da marca e a principal estratégia foi utilizar microinfluenciadores, ao invés de grandes celebridades”, diz.
O Instagram da Saint Germain conta com 700 mil seguidores. Entre fotos dos acessórios, a rede tem imagens de microinfluenciadoras posando com os relógios, acompanhadas nas legendas da marcação dos seus perfis e da descrição do modelo que elas usam nos pulsos.
No site Reclame Aqui, a Saint Germain tem boa reputação. A nota média nos últimos seis meses é 7,4 de 10. Quase um quarto dos problemas registrados pelos consumidores é relacionado a defeitos nos produtos. A empresa recebeu 209 reclamações, das quais 80,9% foram resolvidas. Dos que avaliaram, 55,1% voltariam a fazer negócio com a marca.