Eles largaram emprego e faturam R$ 20 milhões com roupa usada e sofás; como se preparar para isso?


Empresários contam como fizeram a transição do trabalho fixo para a rotina de empreendedores; compreender momento certo para priorizar o próprio negócio é fundamental

Por João Scheller

Ter uma mentalidade proativa para avançar o negócio, disciplina para estudar permanentemente o mercado e entender o momento certo para priorizar a própria empresa são alguns dos fatores mais importantes para aqueles que começam a empreender ainda tendo um trabalho fixo - seja ele CLT ou não.

Um exemplo é a empresária Vivian Deus, de Belo Horizonte. Ela já trabalhou com quase tudo: foi caixa de supermercado, atendente de telemarketing e assistente odontológica, antes de ingressar na faculdade de biologia. Começou por interesse pela área e terminou lecionando em escolas para crianças e adolescentes.

Foi no período como professora, que passou em frente a uma loja de brechó infantil e ficou fascinada. Ela própria tinha duas filhas e sabia da dificuldade de manter o guarda-roupa das crianças alinhado ao crescimento - cada vez mais acelerado - das pequenas. Uniu a necessidade de aumentar a renda com a vontade de empreender e abriu sua própria loja de artigos infantis usados em 2012.

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Rodrigo Ressurreição, fundador da Total Clean (E), e Vivian Deus, fundadora da Joaninha Brechó. Ambos largaram o trabalho CLT para empreender Foto: Warley Ferreira Lenz Films/Total Clean/Divulgação; Meri Bello/Joaninha Brechó/Divulgação

Conciliar as atividades de empregado e patrão

Como muitos empreendedores que já possuem um trabalho fixo, tentou conciliar as duas atividades no começo das operações. “Eu dividia a loja com a minha avó, e os atendimentos eram somente de tarde”, comenta a empreendedora, hoje dona de uma rede de franquias, a Joaninha Brechó Infantil.

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Rodrigo Ressureição passou por um processo parecido. O empreendedor, fundador da rede de lavagem de estofados Total Clean, demorou para largar o trabalho fixo e se dedicar exclusivamente à própria empresa. “A virada da CLT para o empreendedorismo é um desafio muito grande. Sempre existe aquele medo de que algo pode dar errado”, afirma.

Ressureição trabalhava em uma fábrica de materiais de construção pré-moldados como supervisor de vendas. O expediente ia das 7h às 17h e, depois disso, ele continuava dedicado à própria companhia, tocando atividades administrativas durante a noite e operacionais nos finais de semana.

Somente quando os ganhos se tornaram mais expressivos e as possibilidades de expansão começaram a ser minadas pela falta de tempo, que ambos os empreendedores largaram de vez a CLT.

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O movimento é importante para a adequação das expectativas com a realidade do próprio negócio, comenta o professor e coordenador do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Maurício Morgado.

O período de adaptação entre o trabalho fixo e o empreendedorismo também deve ser levado em conta, o que pode ser feito conciliando as duas funções por um certo tempo.

“Quando você está numa empresa, você tem uma estrutura que te puxa. Então, mesmo que você não tenha tanta disciplina, você é obrigado a cumprir suas metas”, afirma Morgado. “Quando você empreende, torna-se dono da sua própria agenda e elege o que vai priorizar”, completa.

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Ressureição trabalhava em uma fábrica de materiais de construção pré-moldados como supervisor de vendas quando decidiu abrir a própria empresa Foto: Warley Ferreira Lenz Films/Total Clean/Divulgação

Estudo e avanço gradual trazem segurança

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Ressurreição não sonhou em empreender desde sempre. Até havia pensado na possibilidade quando adolescente, mas preferiu seguir carreira na indústria. Nesse meio tempo, porém, fazia alguns negócios para complementar a renda, como compra e revenda de carros usados.

Com o tempo, voltou a pensar no empreendedorismo e buscou ideias de negócios e nichos de mercado que não eram bem atendidos. Chegou ao serviço de limpeza de sofás. “Fizemos muita pesquisa sobre o tema, começamos a comprar o maquinário e a montar a empresa”, relembra.

Com o cunhado como primeiro funcionário, as operações começaram em outubro de 2016. Apesar da inexperiência, o trabalho realizado na primeira unidade da Total Clean, em Vitória (ES), foi um sucesso. Cerca de seis meses depois, Ressurreição, percebendo os bons resultados, apostou em expandir as operações da companhia recém-criada.

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“Eu pensei que tinha que colocar todo o meu conhecimento acadêmico em cima desse negócio. Viajei para São Paulo para fazer um curso de limpeza de estofados e foi lá que conheci dois jovens que iam começar esse mesmo negócio em Curitiba, só que do zero”, diz. Foi nesse momento que surgiu a primeira franquia da Total Clean.

Ainda levaria mais um ano e meio para Ressurreição deixar o trabalho fixo e se dedicar integralmente à própria companhia, que atualmente conta com mais de 140 unidades e faturou R$ 22 milhões em 2022.

Perceber o momento certo para a expansão também foi um dos segredos de Vivian Deus, que estudou o mercado e constatou a demanda dos clientes para aumentar o espaço do brechó.

“Vi que trabalhar com o brechó era muito legal. Fiquei conhecida no mercado, vendia bem, mas o espaço era pequeno e não me permitia aumentar o faturamento”, explica.

Foi com a expansão para a nova unidade que veio a necessidade da dedicação exclusiva para o negócio.

Atualmente a Joaninha Brechó Infantil conta com 54 unidades e fatura cerca de R$ 20 milhões por ano.

“Mudar o mindset é essencial”, afirma Maurício Morgado, sobre a importância de compreender que os estudos e a análise de mercado dependem exclusivamente do empreendedor e não virão de terceiros, como quando se é subordinado de uma empresa.

Vivian Deus dava aulas de ciências e biologia quando fundou a Joaninha Brechó Infantil Foto: Meri Bello/Joaninha Brechó/Divulgação

Precaução com o futuro é fundamental

Morgado afirma ainda que, além de ter em mente que o trabalho irá consumir um esforço e tempo muito maiores quando se passa a empreender, é fundamental lembrar de ter uma rede de proteção própria, algo já institucionalizado no caso de vagas CLT.

Determinar qual será o pró-labore do empreendedor (ou seja, o “salário” que ele irá receber todos os meses) e levar em conta o pagamento de previdência e seguros são alguns exemplos dessa organização.

“Previdência, por exemplo, é algo que ninguém lembra quando tem 30 e poucos anos, mas lá na frente faz muita falta”, afirma Morgado.

Ter uma mentalidade proativa para avançar o negócio, disciplina para estudar permanentemente o mercado e entender o momento certo para priorizar a própria empresa são alguns dos fatores mais importantes para aqueles que começam a empreender ainda tendo um trabalho fixo - seja ele CLT ou não.

Um exemplo é a empresária Vivian Deus, de Belo Horizonte. Ela já trabalhou com quase tudo: foi caixa de supermercado, atendente de telemarketing e assistente odontológica, antes de ingressar na faculdade de biologia. Começou por interesse pela área e terminou lecionando em escolas para crianças e adolescentes.

Foi no período como professora, que passou em frente a uma loja de brechó infantil e ficou fascinada. Ela própria tinha duas filhas e sabia da dificuldade de manter o guarda-roupa das crianças alinhado ao crescimento - cada vez mais acelerado - das pequenas. Uniu a necessidade de aumentar a renda com a vontade de empreender e abriu sua própria loja de artigos infantis usados em 2012.

Rodrigo Ressurreição, fundador da Total Clean (E), e Vivian Deus, fundadora da Joaninha Brechó. Ambos largaram o trabalho CLT para empreender Foto: Warley Ferreira Lenz Films/Total Clean/Divulgação; Meri Bello/Joaninha Brechó/Divulgação

Conciliar as atividades de empregado e patrão

Como muitos empreendedores que já possuem um trabalho fixo, tentou conciliar as duas atividades no começo das operações. “Eu dividia a loja com a minha avó, e os atendimentos eram somente de tarde”, comenta a empreendedora, hoje dona de uma rede de franquias, a Joaninha Brechó Infantil.

Rodrigo Ressureição passou por um processo parecido. O empreendedor, fundador da rede de lavagem de estofados Total Clean, demorou para largar o trabalho fixo e se dedicar exclusivamente à própria empresa. “A virada da CLT para o empreendedorismo é um desafio muito grande. Sempre existe aquele medo de que algo pode dar errado”, afirma.

Ressureição trabalhava em uma fábrica de materiais de construção pré-moldados como supervisor de vendas. O expediente ia das 7h às 17h e, depois disso, ele continuava dedicado à própria companhia, tocando atividades administrativas durante a noite e operacionais nos finais de semana.

Somente quando os ganhos se tornaram mais expressivos e as possibilidades de expansão começaram a ser minadas pela falta de tempo, que ambos os empreendedores largaram de vez a CLT.

O movimento é importante para a adequação das expectativas com a realidade do próprio negócio, comenta o professor e coordenador do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Maurício Morgado.

O período de adaptação entre o trabalho fixo e o empreendedorismo também deve ser levado em conta, o que pode ser feito conciliando as duas funções por um certo tempo.

“Quando você está numa empresa, você tem uma estrutura que te puxa. Então, mesmo que você não tenha tanta disciplina, você é obrigado a cumprir suas metas”, afirma Morgado. “Quando você empreende, torna-se dono da sua própria agenda e elege o que vai priorizar”, completa.

Ressureição trabalhava em uma fábrica de materiais de construção pré-moldados como supervisor de vendas quando decidiu abrir a própria empresa Foto: Warley Ferreira Lenz Films/Total Clean/Divulgação

Estudo e avanço gradual trazem segurança

Ressurreição não sonhou em empreender desde sempre. Até havia pensado na possibilidade quando adolescente, mas preferiu seguir carreira na indústria. Nesse meio tempo, porém, fazia alguns negócios para complementar a renda, como compra e revenda de carros usados.

Com o tempo, voltou a pensar no empreendedorismo e buscou ideias de negócios e nichos de mercado que não eram bem atendidos. Chegou ao serviço de limpeza de sofás. “Fizemos muita pesquisa sobre o tema, começamos a comprar o maquinário e a montar a empresa”, relembra.

Com o cunhado como primeiro funcionário, as operações começaram em outubro de 2016. Apesar da inexperiência, o trabalho realizado na primeira unidade da Total Clean, em Vitória (ES), foi um sucesso. Cerca de seis meses depois, Ressurreição, percebendo os bons resultados, apostou em expandir as operações da companhia recém-criada.

“Eu pensei que tinha que colocar todo o meu conhecimento acadêmico em cima desse negócio. Viajei para São Paulo para fazer um curso de limpeza de estofados e foi lá que conheci dois jovens que iam começar esse mesmo negócio em Curitiba, só que do zero”, diz. Foi nesse momento que surgiu a primeira franquia da Total Clean.

Ainda levaria mais um ano e meio para Ressurreição deixar o trabalho fixo e se dedicar integralmente à própria companhia, que atualmente conta com mais de 140 unidades e faturou R$ 22 milhões em 2022.

Perceber o momento certo para a expansão também foi um dos segredos de Vivian Deus, que estudou o mercado e constatou a demanda dos clientes para aumentar o espaço do brechó.

“Vi que trabalhar com o brechó era muito legal. Fiquei conhecida no mercado, vendia bem, mas o espaço era pequeno e não me permitia aumentar o faturamento”, explica.

Foi com a expansão para a nova unidade que veio a necessidade da dedicação exclusiva para o negócio.

Atualmente a Joaninha Brechó Infantil conta com 54 unidades e fatura cerca de R$ 20 milhões por ano.

“Mudar o mindset é essencial”, afirma Maurício Morgado, sobre a importância de compreender que os estudos e a análise de mercado dependem exclusivamente do empreendedor e não virão de terceiros, como quando se é subordinado de uma empresa.

Vivian Deus dava aulas de ciências e biologia quando fundou a Joaninha Brechó Infantil Foto: Meri Bello/Joaninha Brechó/Divulgação

Precaução com o futuro é fundamental

Morgado afirma ainda que, além de ter em mente que o trabalho irá consumir um esforço e tempo muito maiores quando se passa a empreender, é fundamental lembrar de ter uma rede de proteção própria, algo já institucionalizado no caso de vagas CLT.

Determinar qual será o pró-labore do empreendedor (ou seja, o “salário” que ele irá receber todos os meses) e levar em conta o pagamento de previdência e seguros são alguns exemplos dessa organização.

“Previdência, por exemplo, é algo que ninguém lembra quando tem 30 e poucos anos, mas lá na frente faz muita falta”, afirma Morgado.

Ter uma mentalidade proativa para avançar o negócio, disciplina para estudar permanentemente o mercado e entender o momento certo para priorizar a própria empresa são alguns dos fatores mais importantes para aqueles que começam a empreender ainda tendo um trabalho fixo - seja ele CLT ou não.

Um exemplo é a empresária Vivian Deus, de Belo Horizonte. Ela já trabalhou com quase tudo: foi caixa de supermercado, atendente de telemarketing e assistente odontológica, antes de ingressar na faculdade de biologia. Começou por interesse pela área e terminou lecionando em escolas para crianças e adolescentes.

Foi no período como professora, que passou em frente a uma loja de brechó infantil e ficou fascinada. Ela própria tinha duas filhas e sabia da dificuldade de manter o guarda-roupa das crianças alinhado ao crescimento - cada vez mais acelerado - das pequenas. Uniu a necessidade de aumentar a renda com a vontade de empreender e abriu sua própria loja de artigos infantis usados em 2012.

Rodrigo Ressurreição, fundador da Total Clean (E), e Vivian Deus, fundadora da Joaninha Brechó. Ambos largaram o trabalho CLT para empreender Foto: Warley Ferreira Lenz Films/Total Clean/Divulgação; Meri Bello/Joaninha Brechó/Divulgação

Conciliar as atividades de empregado e patrão

Como muitos empreendedores que já possuem um trabalho fixo, tentou conciliar as duas atividades no começo das operações. “Eu dividia a loja com a minha avó, e os atendimentos eram somente de tarde”, comenta a empreendedora, hoje dona de uma rede de franquias, a Joaninha Brechó Infantil.

Rodrigo Ressureição passou por um processo parecido. O empreendedor, fundador da rede de lavagem de estofados Total Clean, demorou para largar o trabalho fixo e se dedicar exclusivamente à própria empresa. “A virada da CLT para o empreendedorismo é um desafio muito grande. Sempre existe aquele medo de que algo pode dar errado”, afirma.

Ressureição trabalhava em uma fábrica de materiais de construção pré-moldados como supervisor de vendas. O expediente ia das 7h às 17h e, depois disso, ele continuava dedicado à própria companhia, tocando atividades administrativas durante a noite e operacionais nos finais de semana.

Somente quando os ganhos se tornaram mais expressivos e as possibilidades de expansão começaram a ser minadas pela falta de tempo, que ambos os empreendedores largaram de vez a CLT.

O movimento é importante para a adequação das expectativas com a realidade do próprio negócio, comenta o professor e coordenador do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Maurício Morgado.

O período de adaptação entre o trabalho fixo e o empreendedorismo também deve ser levado em conta, o que pode ser feito conciliando as duas funções por um certo tempo.

“Quando você está numa empresa, você tem uma estrutura que te puxa. Então, mesmo que você não tenha tanta disciplina, você é obrigado a cumprir suas metas”, afirma Morgado. “Quando você empreende, torna-se dono da sua própria agenda e elege o que vai priorizar”, completa.

Ressureição trabalhava em uma fábrica de materiais de construção pré-moldados como supervisor de vendas quando decidiu abrir a própria empresa Foto: Warley Ferreira Lenz Films/Total Clean/Divulgação

Estudo e avanço gradual trazem segurança

Ressurreição não sonhou em empreender desde sempre. Até havia pensado na possibilidade quando adolescente, mas preferiu seguir carreira na indústria. Nesse meio tempo, porém, fazia alguns negócios para complementar a renda, como compra e revenda de carros usados.

Com o tempo, voltou a pensar no empreendedorismo e buscou ideias de negócios e nichos de mercado que não eram bem atendidos. Chegou ao serviço de limpeza de sofás. “Fizemos muita pesquisa sobre o tema, começamos a comprar o maquinário e a montar a empresa”, relembra.

Com o cunhado como primeiro funcionário, as operações começaram em outubro de 2016. Apesar da inexperiência, o trabalho realizado na primeira unidade da Total Clean, em Vitória (ES), foi um sucesso. Cerca de seis meses depois, Ressurreição, percebendo os bons resultados, apostou em expandir as operações da companhia recém-criada.

“Eu pensei que tinha que colocar todo o meu conhecimento acadêmico em cima desse negócio. Viajei para São Paulo para fazer um curso de limpeza de estofados e foi lá que conheci dois jovens que iam começar esse mesmo negócio em Curitiba, só que do zero”, diz. Foi nesse momento que surgiu a primeira franquia da Total Clean.

Ainda levaria mais um ano e meio para Ressurreição deixar o trabalho fixo e se dedicar integralmente à própria companhia, que atualmente conta com mais de 140 unidades e faturou R$ 22 milhões em 2022.

Perceber o momento certo para a expansão também foi um dos segredos de Vivian Deus, que estudou o mercado e constatou a demanda dos clientes para aumentar o espaço do brechó.

“Vi que trabalhar com o brechó era muito legal. Fiquei conhecida no mercado, vendia bem, mas o espaço era pequeno e não me permitia aumentar o faturamento”, explica.

Foi com a expansão para a nova unidade que veio a necessidade da dedicação exclusiva para o negócio.

Atualmente a Joaninha Brechó Infantil conta com 54 unidades e fatura cerca de R$ 20 milhões por ano.

“Mudar o mindset é essencial”, afirma Maurício Morgado, sobre a importância de compreender que os estudos e a análise de mercado dependem exclusivamente do empreendedor e não virão de terceiros, como quando se é subordinado de uma empresa.

Vivian Deus dava aulas de ciências e biologia quando fundou a Joaninha Brechó Infantil Foto: Meri Bello/Joaninha Brechó/Divulgação

Precaução com o futuro é fundamental

Morgado afirma ainda que, além de ter em mente que o trabalho irá consumir um esforço e tempo muito maiores quando se passa a empreender, é fundamental lembrar de ter uma rede de proteção própria, algo já institucionalizado no caso de vagas CLT.

Determinar qual será o pró-labore do empreendedor (ou seja, o “salário” que ele irá receber todos os meses) e levar em conta o pagamento de previdência e seguros são alguns exemplos dessa organização.

“Previdência, por exemplo, é algo que ninguém lembra quando tem 30 e poucos anos, mas lá na frente faz muita falta”, afirma Morgado.

Ter uma mentalidade proativa para avançar o negócio, disciplina para estudar permanentemente o mercado e entender o momento certo para priorizar a própria empresa são alguns dos fatores mais importantes para aqueles que começam a empreender ainda tendo um trabalho fixo - seja ele CLT ou não.

Um exemplo é a empresária Vivian Deus, de Belo Horizonte. Ela já trabalhou com quase tudo: foi caixa de supermercado, atendente de telemarketing e assistente odontológica, antes de ingressar na faculdade de biologia. Começou por interesse pela área e terminou lecionando em escolas para crianças e adolescentes.

Foi no período como professora, que passou em frente a uma loja de brechó infantil e ficou fascinada. Ela própria tinha duas filhas e sabia da dificuldade de manter o guarda-roupa das crianças alinhado ao crescimento - cada vez mais acelerado - das pequenas. Uniu a necessidade de aumentar a renda com a vontade de empreender e abriu sua própria loja de artigos infantis usados em 2012.

Rodrigo Ressurreição, fundador da Total Clean (E), e Vivian Deus, fundadora da Joaninha Brechó. Ambos largaram o trabalho CLT para empreender Foto: Warley Ferreira Lenz Films/Total Clean/Divulgação; Meri Bello/Joaninha Brechó/Divulgação

Conciliar as atividades de empregado e patrão

Como muitos empreendedores que já possuem um trabalho fixo, tentou conciliar as duas atividades no começo das operações. “Eu dividia a loja com a minha avó, e os atendimentos eram somente de tarde”, comenta a empreendedora, hoje dona de uma rede de franquias, a Joaninha Brechó Infantil.

Rodrigo Ressureição passou por um processo parecido. O empreendedor, fundador da rede de lavagem de estofados Total Clean, demorou para largar o trabalho fixo e se dedicar exclusivamente à própria empresa. “A virada da CLT para o empreendedorismo é um desafio muito grande. Sempre existe aquele medo de que algo pode dar errado”, afirma.

Ressureição trabalhava em uma fábrica de materiais de construção pré-moldados como supervisor de vendas. O expediente ia das 7h às 17h e, depois disso, ele continuava dedicado à própria companhia, tocando atividades administrativas durante a noite e operacionais nos finais de semana.

Somente quando os ganhos se tornaram mais expressivos e as possibilidades de expansão começaram a ser minadas pela falta de tempo, que ambos os empreendedores largaram de vez a CLT.

O movimento é importante para a adequação das expectativas com a realidade do próprio negócio, comenta o professor e coordenador do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Maurício Morgado.

O período de adaptação entre o trabalho fixo e o empreendedorismo também deve ser levado em conta, o que pode ser feito conciliando as duas funções por um certo tempo.

“Quando você está numa empresa, você tem uma estrutura que te puxa. Então, mesmo que você não tenha tanta disciplina, você é obrigado a cumprir suas metas”, afirma Morgado. “Quando você empreende, torna-se dono da sua própria agenda e elege o que vai priorizar”, completa.

Ressureição trabalhava em uma fábrica de materiais de construção pré-moldados como supervisor de vendas quando decidiu abrir a própria empresa Foto: Warley Ferreira Lenz Films/Total Clean/Divulgação

Estudo e avanço gradual trazem segurança

Ressurreição não sonhou em empreender desde sempre. Até havia pensado na possibilidade quando adolescente, mas preferiu seguir carreira na indústria. Nesse meio tempo, porém, fazia alguns negócios para complementar a renda, como compra e revenda de carros usados.

Com o tempo, voltou a pensar no empreendedorismo e buscou ideias de negócios e nichos de mercado que não eram bem atendidos. Chegou ao serviço de limpeza de sofás. “Fizemos muita pesquisa sobre o tema, começamos a comprar o maquinário e a montar a empresa”, relembra.

Com o cunhado como primeiro funcionário, as operações começaram em outubro de 2016. Apesar da inexperiência, o trabalho realizado na primeira unidade da Total Clean, em Vitória (ES), foi um sucesso. Cerca de seis meses depois, Ressurreição, percebendo os bons resultados, apostou em expandir as operações da companhia recém-criada.

“Eu pensei que tinha que colocar todo o meu conhecimento acadêmico em cima desse negócio. Viajei para São Paulo para fazer um curso de limpeza de estofados e foi lá que conheci dois jovens que iam começar esse mesmo negócio em Curitiba, só que do zero”, diz. Foi nesse momento que surgiu a primeira franquia da Total Clean.

Ainda levaria mais um ano e meio para Ressurreição deixar o trabalho fixo e se dedicar integralmente à própria companhia, que atualmente conta com mais de 140 unidades e faturou R$ 22 milhões em 2022.

Perceber o momento certo para a expansão também foi um dos segredos de Vivian Deus, que estudou o mercado e constatou a demanda dos clientes para aumentar o espaço do brechó.

“Vi que trabalhar com o brechó era muito legal. Fiquei conhecida no mercado, vendia bem, mas o espaço era pequeno e não me permitia aumentar o faturamento”, explica.

Foi com a expansão para a nova unidade que veio a necessidade da dedicação exclusiva para o negócio.

Atualmente a Joaninha Brechó Infantil conta com 54 unidades e fatura cerca de R$ 20 milhões por ano.

“Mudar o mindset é essencial”, afirma Maurício Morgado, sobre a importância de compreender que os estudos e a análise de mercado dependem exclusivamente do empreendedor e não virão de terceiros, como quando se é subordinado de uma empresa.

Vivian Deus dava aulas de ciências e biologia quando fundou a Joaninha Brechó Infantil Foto: Meri Bello/Joaninha Brechó/Divulgação

Precaução com o futuro é fundamental

Morgado afirma ainda que, além de ter em mente que o trabalho irá consumir um esforço e tempo muito maiores quando se passa a empreender, é fundamental lembrar de ter uma rede de proteção própria, algo já institucionalizado no caso de vagas CLT.

Determinar qual será o pró-labore do empreendedor (ou seja, o “salário” que ele irá receber todos os meses) e levar em conta o pagamento de previdência e seguros são alguns exemplos dessa organização.

“Previdência, por exemplo, é algo que ninguém lembra quando tem 30 e poucos anos, mas lá na frente faz muita falta”, afirma Morgado.

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