Clientes formam filas para comer manga com sal, limão e leite condensado após vídeo viralizar


Salada da Mango Mix, de cidade do CE, teve publicação com 10 milhões de visualizações; comentários se dividem entre curiosos, nostálgicos, estranhamentos e deboches

Por Adele Robichez
Atualização:

Clientes estão formando filas para comer manga com sal em um pequeno centro comercial de Eusébio, a 40 minutos de Fortaleza. A salada de manga da recém-inaugurado Mango Mix ficou famosa após um vídeo que mostra a preparação da iguaria viralizar nas redes sociais. A publicação já ultrapassa mais de 10 milhões de visualizações no Instagram e TikTok.

A Mango Mix foi fundada no fim do ano passado pelo fortalezense Pedro Gonçalves Neto, 26, e sua mãe, Raquel Correia, 47. “No início, a gente praticamente implorava para o povo comprar manga. Só saía suco e sanduíche”, revela Correia. Para impulsionar o negócio, Neto gravou um vídeo com a ajuda da esposa, mostrando como acontece o atendimento e a montagem da salada.

A publicação acumula mais de 6,9 milhões de visualizações no Instagram e ultrapassa 4,1 milhões no TikTok. No vídeo filmado e narrado pela esposa de Neto, ele aparece montando a salada cítrica de manga conforme o “desejo de grávida” dela, que engloba vários dos adicionais disponíveis: vinagre, sal, lemon pepper, pimenta tajin, páprica picante, limão espremido e leite condensado.

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“Ele publicou nas redes sociais para ver no que dava e, em segundos, foram centenas de milhares de visualizações. No dia seguinte, várias páginas compartilharam o vídeo”, relata Correia. De acordo com ela, os sanduíches e sucos foram esquecidos; agora os clientes só querem a manga.

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Inicialmente, eram vendidas em média 20 saladas por mês. Depois do vídeo, os pedidos chegam a 200 diários. O produto tem 500 ml e é comercializado por R$ 17,90, independentemente dos ingredientes. O cliente monta a própria salada, que pode conter também mel e molho agridoce, além dos adicionais que aparecem no vídeo.

Nos comentários da publicação, muitas pessoas demonstram o desejo de provar a mistura e pedem que o empreendimento seja lançado em outras cidades. Por outro lado, a receita da salada com manga causou estranheza para uma parcela dos espectadores. “Que invenção é essa?”, questiona um usuário

Em algumas regiões do Nordeste, é comum comer manga verde com sal. A releitura da tradição na Mango Mix gerou deboches nas redes sociais. “‘Gourmetizaram’ a manga com sal”, diz um dos comentários. “Pagar para comer manga cortada?”, questiona outro.

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Mãe e filho, Raquel Correia e Pedro, fundadores da Mango Mix no Ceará Foto: Arquivo Pessoal

Os comentários não incomodam os sócios do negócio. “Nós não ligamos para isso porque é verdade: conseguimos ‘gourmetizar’ a manga com sal”, assume Correia.

Ela conta que, na infância, comia manga com sal, colhida diretamente da árvore da casa dos avós. “Muita gente tem a mesma lembrança. Quando comem a nossa salada, dizem que têm um ‘déjà vu’, recordam da infância, dos avós. Isso é muito especial”, orgulha-se.

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O quiosque passou a formar diariamente filas de até 40 pessoas. Além de Correia e Neto, o segundo filho dela, João Gonçalvses, de 19 anos, trabalha no atendimento. O aumento do fluxo demandou a contratação de mais dois funcionários. No início, eles dividiram os turnos; hoje todos trabalham integralmente no negócio, que funciona todos os dias da semana.

A salada é feita com manga Tommy Atkins, originária dos Estados Unidos – o cliente escolhe se a quer verde, intermediária ou madura. Esse tipo de manga é doce e não tem muita fibra, além de ter vida útil longa e suportar o manuseio e o transporte sem interferência na textura e qualidade da fruta.

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De acordo com Correia, o alcance dos conteúdos publicados nas redes sociais é orgânico, os posts não são impulsionados, ou seja, não são pagos para aparecer para mais pessoas. Todos os vídeos têm entre milhares a milhões de visualizações. Mais de 54,4 mil pessoas seguem a conta do negócio no Instagram e 34,8 mil no TikTok.

Há três meses eles contam com a ajuda de uma empresa de marketing para apoiar na gestão das redes sociais. “Conhecemos um mexicano, cliente nosso. Ele nos ofereceu o serviço dele. No dia seguinte, marcamos uma reunião e fechamos o contrato. As coisas vão acontecendo assim”, diz a empreendedora.

Para manter o negócio em alta, Neto tem investido em estratégias diferentes. Na tentativa de atrair as crianças, por exemplo, ele inseriu corante comestível no leite condensado com as cores dos personagens do filme da Pixar “Divertida Mente 2″, recém-lançado nos cinemas.

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No Shopping Eusébio, tornou-se comum as pessoas levarem ao cinema um pote de manga para comer no lugar da tradicional pipoca. “Os funcionários do cinema nos dizem que sempre encontram nossos potes quando limpam as salas”, brinca Correia.

No primeiro mês de funcionamento, a empresa faturou R$ 25 mil. Até 24 de junho, o valor arrecadado com as vendas mais do que dobrou, chegando a R$ 56 mil.

Negócio foi inspirado em quiosque de colombiano nos EUA

A ideia surgiu quando Neto morou em Miami, nos Estados Unidos, onde foi chamado para jogar futebol em uma universidade, em 2017.

Depois de fazer sucesso como youtuber transmitindo jogos de ‘Free Fire’ no tempo vago, ele vendeu o canal quando o jogo saiu de moda e passou a trabalhar como ajudante de reforma em um shopping. Cansado desse trabalho, procurou outra oportunidade no local. Foi quando conheceu um dos 30 quiosques de saladas de manga de um colombiano.

Após três meses de contrato nesse quiosque, foi promovido a gerente do negócio. Ficou lá por mais de dois anos, até a pandemia de coronavírus, no início de 2020. “Fechou tudo: a faculdade, o shopping”, conta a mãe. Então ele voltou ao Brasil.

Corretora de imóveis, Correia chamou o filho para trabalhar com ela, mas ele não se identificou com a área. Propôs à sua mãe, então, replicar o negócio do colombiano. Ela topou, mas, com receio de a manga não ser tão bem recebida, sugeriu que o negócio também vendesse sucos e sanduíches naturais.

Em paralelo ao trabalho de corretora, Correia tinha uma kombi que funcionava como um “fashion truck”, que ela abastecia de roupas para revender em Itapipoca, no interior do Ceará, e nas praias de Fortaleza. O negócio durou um ano e meio. Para abrir a Mango Mix, vendeu o veículo, juntou as economias com o filho e contratou um arquiteto.

A dupla investiu cerca de R$ 50 mil no negócio, considerando também os gastos com infraestrutura, equipamentos e matéria-prima. “Mobília, piso, dois freezers, uma geladeira: tivemos que comprar tudo, começar do zero”, afirma.

Mãe e filho se mudaram de Fortaleza para Eusébio, na região metropolitana. “Decidimos começar em um pequeno shopping de bairro para testar. Assim, se não desse certo, não teríamos perdido tanto dinheiro”, explica. O quiosque da Mango Mix foi inaugurado em novembro de 2023, no Shopping Eusébio.

Usado como lanche ou almoço

De acordo com Correia, o pote de manga é consumido tanto no lugar de uma verdadeira refeição, quanto como lanche. “Tem muita fibra, vitamina, é uma fruta que sacia. Muitas crianças saem da escola e almoçam nossa salada de manga”, afirma.

Além disso, o prato é vegano ou vegetariano, a depender da escolha dos ingredientes. “As pessoas hoje estão preocupadas com isso, querem produtos saudáveis, sem origem animal, agrotóxicos e conservantes”, observa.

Além do quiosque, as saladas são vendidas e entregues por delivery, via iFood.

A maioria dos clientes prefere consumir no espaço. “Eles vão na loja porque querem filmar a manga sendo feita e publicar nas redes sociais. O nosso quiosque parece um ponto turístico, trouxe movimento para o shopping”, afirma Correia.

Até então, os sócios não conseguiram lucrar com o negócio. Mas, com o sucesso recente, já planejam expandir o modelo. Para o próximo ano, a ideia é abrir duas lojas em shoppings de Fortaleza.

No futuro, querem formatar o modelo de negócio para tornar a Mango Mix uma rede de franquias de shopping e finalmente poder atender aos pedidos dos seguidores de diferentes regiões.

“São tantos interessados nas franquias que estamos construindo uma planilha de contatos e informações dos possíveis investidores”, revela Correia.

A Mango Mix ainda não tem avaliações de clientes na internet.

Especialista avalia uso de redes sociais por empresas

Consultor Internacional de Varejo do Sebrae SP, Edgard Neto afirma que “o público não compra mais só por curtidas e recomendações”. Por isso, é crucial que a marca invista e incentive conteúdos como tutoriais, dicas, comportamentos, histórias, sugestões e combinações para “gerar audiência frequente e interessada”.

Confira algumas dicas:

  1. Foque menos em estratégias de vendas e mais em conteúdo autoral. Numa pegada ‘evergreen’, como se o negócio sempre tivesse novidades para contar e compartilhar com os seguidores
  2. Evite falar sobre o que não tem conhecimento, não use este canal para suas opiniões pessoais [...] e, claro, nunca fale mal de clientes, evitando o cancelamento e a viralização negativa
  3. Planeje a produção dos conteúdos na proporção mínima de 70% de vídeos e 30% de fotos. Coloque legenda nos vídeos porque 75% das pessoas não ouvem os áudios durante a reprodução
  4. Evite legendas com textos grandes: ninguém vai ler. Se tiver algo de fato importante para dizer, grave vídeos curtos de no máximo um minuto para as redes sociais e, se o conteúdo for extenso, faça uma websérie e publique aos poucos
  5. Crie um posicionamento de marca criativo de acordo com o seu negócio. Você não precisa ser engraçado ou sério demais para ter engajamento digital; você precisa ter um conteúdo autoral e dinâmico
  6. Invista em planejar primeiro, todo o mês, e depois foque nas produções

Clientes estão formando filas para comer manga com sal em um pequeno centro comercial de Eusébio, a 40 minutos de Fortaleza. A salada de manga da recém-inaugurado Mango Mix ficou famosa após um vídeo que mostra a preparação da iguaria viralizar nas redes sociais. A publicação já ultrapassa mais de 10 milhões de visualizações no Instagram e TikTok.

A Mango Mix foi fundada no fim do ano passado pelo fortalezense Pedro Gonçalves Neto, 26, e sua mãe, Raquel Correia, 47. “No início, a gente praticamente implorava para o povo comprar manga. Só saía suco e sanduíche”, revela Correia. Para impulsionar o negócio, Neto gravou um vídeo com a ajuda da esposa, mostrando como acontece o atendimento e a montagem da salada.

A publicação acumula mais de 6,9 milhões de visualizações no Instagram e ultrapassa 4,1 milhões no TikTok. No vídeo filmado e narrado pela esposa de Neto, ele aparece montando a salada cítrica de manga conforme o “desejo de grávida” dela, que engloba vários dos adicionais disponíveis: vinagre, sal, lemon pepper, pimenta tajin, páprica picante, limão espremido e leite condensado.

“Ele publicou nas redes sociais para ver no que dava e, em segundos, foram centenas de milhares de visualizações. No dia seguinte, várias páginas compartilharam o vídeo”, relata Correia. De acordo com ela, os sanduíches e sucos foram esquecidos; agora os clientes só querem a manga.

Inicialmente, eram vendidas em média 20 saladas por mês. Depois do vídeo, os pedidos chegam a 200 diários. O produto tem 500 ml e é comercializado por R$ 17,90, independentemente dos ingredientes. O cliente monta a própria salada, que pode conter também mel e molho agridoce, além dos adicionais que aparecem no vídeo.

Nos comentários da publicação, muitas pessoas demonstram o desejo de provar a mistura e pedem que o empreendimento seja lançado em outras cidades. Por outro lado, a receita da salada com manga causou estranheza para uma parcela dos espectadores. “Que invenção é essa?”, questiona um usuário

Em algumas regiões do Nordeste, é comum comer manga verde com sal. A releitura da tradição na Mango Mix gerou deboches nas redes sociais. “‘Gourmetizaram’ a manga com sal”, diz um dos comentários. “Pagar para comer manga cortada?”, questiona outro.

Mãe e filho, Raquel Correia e Pedro, fundadores da Mango Mix no Ceará Foto: Arquivo Pessoal

Os comentários não incomodam os sócios do negócio. “Nós não ligamos para isso porque é verdade: conseguimos ‘gourmetizar’ a manga com sal”, assume Correia.

Ela conta que, na infância, comia manga com sal, colhida diretamente da árvore da casa dos avós. “Muita gente tem a mesma lembrança. Quando comem a nossa salada, dizem que têm um ‘déjà vu’, recordam da infância, dos avós. Isso é muito especial”, orgulha-se.

O quiosque passou a formar diariamente filas de até 40 pessoas. Além de Correia e Neto, o segundo filho dela, João Gonçalvses, de 19 anos, trabalha no atendimento. O aumento do fluxo demandou a contratação de mais dois funcionários. No início, eles dividiram os turnos; hoje todos trabalham integralmente no negócio, que funciona todos os dias da semana.

A salada é feita com manga Tommy Atkins, originária dos Estados Unidos – o cliente escolhe se a quer verde, intermediária ou madura. Esse tipo de manga é doce e não tem muita fibra, além de ter vida útil longa e suportar o manuseio e o transporte sem interferência na textura e qualidade da fruta.

De acordo com Correia, o alcance dos conteúdos publicados nas redes sociais é orgânico, os posts não são impulsionados, ou seja, não são pagos para aparecer para mais pessoas. Todos os vídeos têm entre milhares a milhões de visualizações. Mais de 54,4 mil pessoas seguem a conta do negócio no Instagram e 34,8 mil no TikTok.

Há três meses eles contam com a ajuda de uma empresa de marketing para apoiar na gestão das redes sociais. “Conhecemos um mexicano, cliente nosso. Ele nos ofereceu o serviço dele. No dia seguinte, marcamos uma reunião e fechamos o contrato. As coisas vão acontecendo assim”, diz a empreendedora.

Para manter o negócio em alta, Neto tem investido em estratégias diferentes. Na tentativa de atrair as crianças, por exemplo, ele inseriu corante comestível no leite condensado com as cores dos personagens do filme da Pixar “Divertida Mente 2″, recém-lançado nos cinemas.

No Shopping Eusébio, tornou-se comum as pessoas levarem ao cinema um pote de manga para comer no lugar da tradicional pipoca. “Os funcionários do cinema nos dizem que sempre encontram nossos potes quando limpam as salas”, brinca Correia.

No primeiro mês de funcionamento, a empresa faturou R$ 25 mil. Até 24 de junho, o valor arrecadado com as vendas mais do que dobrou, chegando a R$ 56 mil.

Negócio foi inspirado em quiosque de colombiano nos EUA

A ideia surgiu quando Neto morou em Miami, nos Estados Unidos, onde foi chamado para jogar futebol em uma universidade, em 2017.

Depois de fazer sucesso como youtuber transmitindo jogos de ‘Free Fire’ no tempo vago, ele vendeu o canal quando o jogo saiu de moda e passou a trabalhar como ajudante de reforma em um shopping. Cansado desse trabalho, procurou outra oportunidade no local. Foi quando conheceu um dos 30 quiosques de saladas de manga de um colombiano.

Após três meses de contrato nesse quiosque, foi promovido a gerente do negócio. Ficou lá por mais de dois anos, até a pandemia de coronavírus, no início de 2020. “Fechou tudo: a faculdade, o shopping”, conta a mãe. Então ele voltou ao Brasil.

Corretora de imóveis, Correia chamou o filho para trabalhar com ela, mas ele não se identificou com a área. Propôs à sua mãe, então, replicar o negócio do colombiano. Ela topou, mas, com receio de a manga não ser tão bem recebida, sugeriu que o negócio também vendesse sucos e sanduíches naturais.

Em paralelo ao trabalho de corretora, Correia tinha uma kombi que funcionava como um “fashion truck”, que ela abastecia de roupas para revender em Itapipoca, no interior do Ceará, e nas praias de Fortaleza. O negócio durou um ano e meio. Para abrir a Mango Mix, vendeu o veículo, juntou as economias com o filho e contratou um arquiteto.

A dupla investiu cerca de R$ 50 mil no negócio, considerando também os gastos com infraestrutura, equipamentos e matéria-prima. “Mobília, piso, dois freezers, uma geladeira: tivemos que comprar tudo, começar do zero”, afirma.

Mãe e filho se mudaram de Fortaleza para Eusébio, na região metropolitana. “Decidimos começar em um pequeno shopping de bairro para testar. Assim, se não desse certo, não teríamos perdido tanto dinheiro”, explica. O quiosque da Mango Mix foi inaugurado em novembro de 2023, no Shopping Eusébio.

Usado como lanche ou almoço

De acordo com Correia, o pote de manga é consumido tanto no lugar de uma verdadeira refeição, quanto como lanche. “Tem muita fibra, vitamina, é uma fruta que sacia. Muitas crianças saem da escola e almoçam nossa salada de manga”, afirma.

Além disso, o prato é vegano ou vegetariano, a depender da escolha dos ingredientes. “As pessoas hoje estão preocupadas com isso, querem produtos saudáveis, sem origem animal, agrotóxicos e conservantes”, observa.

Além do quiosque, as saladas são vendidas e entregues por delivery, via iFood.

A maioria dos clientes prefere consumir no espaço. “Eles vão na loja porque querem filmar a manga sendo feita e publicar nas redes sociais. O nosso quiosque parece um ponto turístico, trouxe movimento para o shopping”, afirma Correia.

Até então, os sócios não conseguiram lucrar com o negócio. Mas, com o sucesso recente, já planejam expandir o modelo. Para o próximo ano, a ideia é abrir duas lojas em shoppings de Fortaleza.

No futuro, querem formatar o modelo de negócio para tornar a Mango Mix uma rede de franquias de shopping e finalmente poder atender aos pedidos dos seguidores de diferentes regiões.

“São tantos interessados nas franquias que estamos construindo uma planilha de contatos e informações dos possíveis investidores”, revela Correia.

A Mango Mix ainda não tem avaliações de clientes na internet.

Especialista avalia uso de redes sociais por empresas

Consultor Internacional de Varejo do Sebrae SP, Edgard Neto afirma que “o público não compra mais só por curtidas e recomendações”. Por isso, é crucial que a marca invista e incentive conteúdos como tutoriais, dicas, comportamentos, histórias, sugestões e combinações para “gerar audiência frequente e interessada”.

Confira algumas dicas:

  1. Foque menos em estratégias de vendas e mais em conteúdo autoral. Numa pegada ‘evergreen’, como se o negócio sempre tivesse novidades para contar e compartilhar com os seguidores
  2. Evite falar sobre o que não tem conhecimento, não use este canal para suas opiniões pessoais [...] e, claro, nunca fale mal de clientes, evitando o cancelamento e a viralização negativa
  3. Planeje a produção dos conteúdos na proporção mínima de 70% de vídeos e 30% de fotos. Coloque legenda nos vídeos porque 75% das pessoas não ouvem os áudios durante a reprodução
  4. Evite legendas com textos grandes: ninguém vai ler. Se tiver algo de fato importante para dizer, grave vídeos curtos de no máximo um minuto para as redes sociais e, se o conteúdo for extenso, faça uma websérie e publique aos poucos
  5. Crie um posicionamento de marca criativo de acordo com o seu negócio. Você não precisa ser engraçado ou sério demais para ter engajamento digital; você precisa ter um conteúdo autoral e dinâmico
  6. Invista em planejar primeiro, todo o mês, e depois foque nas produções

Clientes estão formando filas para comer manga com sal em um pequeno centro comercial de Eusébio, a 40 minutos de Fortaleza. A salada de manga da recém-inaugurado Mango Mix ficou famosa após um vídeo que mostra a preparação da iguaria viralizar nas redes sociais. A publicação já ultrapassa mais de 10 milhões de visualizações no Instagram e TikTok.

A Mango Mix foi fundada no fim do ano passado pelo fortalezense Pedro Gonçalves Neto, 26, e sua mãe, Raquel Correia, 47. “No início, a gente praticamente implorava para o povo comprar manga. Só saía suco e sanduíche”, revela Correia. Para impulsionar o negócio, Neto gravou um vídeo com a ajuda da esposa, mostrando como acontece o atendimento e a montagem da salada.

A publicação acumula mais de 6,9 milhões de visualizações no Instagram e ultrapassa 4,1 milhões no TikTok. No vídeo filmado e narrado pela esposa de Neto, ele aparece montando a salada cítrica de manga conforme o “desejo de grávida” dela, que engloba vários dos adicionais disponíveis: vinagre, sal, lemon pepper, pimenta tajin, páprica picante, limão espremido e leite condensado.

“Ele publicou nas redes sociais para ver no que dava e, em segundos, foram centenas de milhares de visualizações. No dia seguinte, várias páginas compartilharam o vídeo”, relata Correia. De acordo com ela, os sanduíches e sucos foram esquecidos; agora os clientes só querem a manga.

Inicialmente, eram vendidas em média 20 saladas por mês. Depois do vídeo, os pedidos chegam a 200 diários. O produto tem 500 ml e é comercializado por R$ 17,90, independentemente dos ingredientes. O cliente monta a própria salada, que pode conter também mel e molho agridoce, além dos adicionais que aparecem no vídeo.

Nos comentários da publicação, muitas pessoas demonstram o desejo de provar a mistura e pedem que o empreendimento seja lançado em outras cidades. Por outro lado, a receita da salada com manga causou estranheza para uma parcela dos espectadores. “Que invenção é essa?”, questiona um usuário

Em algumas regiões do Nordeste, é comum comer manga verde com sal. A releitura da tradição na Mango Mix gerou deboches nas redes sociais. “‘Gourmetizaram’ a manga com sal”, diz um dos comentários. “Pagar para comer manga cortada?”, questiona outro.

Mãe e filho, Raquel Correia e Pedro, fundadores da Mango Mix no Ceará Foto: Arquivo Pessoal

Os comentários não incomodam os sócios do negócio. “Nós não ligamos para isso porque é verdade: conseguimos ‘gourmetizar’ a manga com sal”, assume Correia.

Ela conta que, na infância, comia manga com sal, colhida diretamente da árvore da casa dos avós. “Muita gente tem a mesma lembrança. Quando comem a nossa salada, dizem que têm um ‘déjà vu’, recordam da infância, dos avós. Isso é muito especial”, orgulha-se.

O quiosque passou a formar diariamente filas de até 40 pessoas. Além de Correia e Neto, o segundo filho dela, João Gonçalvses, de 19 anos, trabalha no atendimento. O aumento do fluxo demandou a contratação de mais dois funcionários. No início, eles dividiram os turnos; hoje todos trabalham integralmente no negócio, que funciona todos os dias da semana.

A salada é feita com manga Tommy Atkins, originária dos Estados Unidos – o cliente escolhe se a quer verde, intermediária ou madura. Esse tipo de manga é doce e não tem muita fibra, além de ter vida útil longa e suportar o manuseio e o transporte sem interferência na textura e qualidade da fruta.

De acordo com Correia, o alcance dos conteúdos publicados nas redes sociais é orgânico, os posts não são impulsionados, ou seja, não são pagos para aparecer para mais pessoas. Todos os vídeos têm entre milhares a milhões de visualizações. Mais de 54,4 mil pessoas seguem a conta do negócio no Instagram e 34,8 mil no TikTok.

Há três meses eles contam com a ajuda de uma empresa de marketing para apoiar na gestão das redes sociais. “Conhecemos um mexicano, cliente nosso. Ele nos ofereceu o serviço dele. No dia seguinte, marcamos uma reunião e fechamos o contrato. As coisas vão acontecendo assim”, diz a empreendedora.

Para manter o negócio em alta, Neto tem investido em estratégias diferentes. Na tentativa de atrair as crianças, por exemplo, ele inseriu corante comestível no leite condensado com as cores dos personagens do filme da Pixar “Divertida Mente 2″, recém-lançado nos cinemas.

No Shopping Eusébio, tornou-se comum as pessoas levarem ao cinema um pote de manga para comer no lugar da tradicional pipoca. “Os funcionários do cinema nos dizem que sempre encontram nossos potes quando limpam as salas”, brinca Correia.

No primeiro mês de funcionamento, a empresa faturou R$ 25 mil. Até 24 de junho, o valor arrecadado com as vendas mais do que dobrou, chegando a R$ 56 mil.

Negócio foi inspirado em quiosque de colombiano nos EUA

A ideia surgiu quando Neto morou em Miami, nos Estados Unidos, onde foi chamado para jogar futebol em uma universidade, em 2017.

Depois de fazer sucesso como youtuber transmitindo jogos de ‘Free Fire’ no tempo vago, ele vendeu o canal quando o jogo saiu de moda e passou a trabalhar como ajudante de reforma em um shopping. Cansado desse trabalho, procurou outra oportunidade no local. Foi quando conheceu um dos 30 quiosques de saladas de manga de um colombiano.

Após três meses de contrato nesse quiosque, foi promovido a gerente do negócio. Ficou lá por mais de dois anos, até a pandemia de coronavírus, no início de 2020. “Fechou tudo: a faculdade, o shopping”, conta a mãe. Então ele voltou ao Brasil.

Corretora de imóveis, Correia chamou o filho para trabalhar com ela, mas ele não se identificou com a área. Propôs à sua mãe, então, replicar o negócio do colombiano. Ela topou, mas, com receio de a manga não ser tão bem recebida, sugeriu que o negócio também vendesse sucos e sanduíches naturais.

Em paralelo ao trabalho de corretora, Correia tinha uma kombi que funcionava como um “fashion truck”, que ela abastecia de roupas para revender em Itapipoca, no interior do Ceará, e nas praias de Fortaleza. O negócio durou um ano e meio. Para abrir a Mango Mix, vendeu o veículo, juntou as economias com o filho e contratou um arquiteto.

A dupla investiu cerca de R$ 50 mil no negócio, considerando também os gastos com infraestrutura, equipamentos e matéria-prima. “Mobília, piso, dois freezers, uma geladeira: tivemos que comprar tudo, começar do zero”, afirma.

Mãe e filho se mudaram de Fortaleza para Eusébio, na região metropolitana. “Decidimos começar em um pequeno shopping de bairro para testar. Assim, se não desse certo, não teríamos perdido tanto dinheiro”, explica. O quiosque da Mango Mix foi inaugurado em novembro de 2023, no Shopping Eusébio.

Usado como lanche ou almoço

De acordo com Correia, o pote de manga é consumido tanto no lugar de uma verdadeira refeição, quanto como lanche. “Tem muita fibra, vitamina, é uma fruta que sacia. Muitas crianças saem da escola e almoçam nossa salada de manga”, afirma.

Além disso, o prato é vegano ou vegetariano, a depender da escolha dos ingredientes. “As pessoas hoje estão preocupadas com isso, querem produtos saudáveis, sem origem animal, agrotóxicos e conservantes”, observa.

Além do quiosque, as saladas são vendidas e entregues por delivery, via iFood.

A maioria dos clientes prefere consumir no espaço. “Eles vão na loja porque querem filmar a manga sendo feita e publicar nas redes sociais. O nosso quiosque parece um ponto turístico, trouxe movimento para o shopping”, afirma Correia.

Até então, os sócios não conseguiram lucrar com o negócio. Mas, com o sucesso recente, já planejam expandir o modelo. Para o próximo ano, a ideia é abrir duas lojas em shoppings de Fortaleza.

No futuro, querem formatar o modelo de negócio para tornar a Mango Mix uma rede de franquias de shopping e finalmente poder atender aos pedidos dos seguidores de diferentes regiões.

“São tantos interessados nas franquias que estamos construindo uma planilha de contatos e informações dos possíveis investidores”, revela Correia.

A Mango Mix ainda não tem avaliações de clientes na internet.

Especialista avalia uso de redes sociais por empresas

Consultor Internacional de Varejo do Sebrae SP, Edgard Neto afirma que “o público não compra mais só por curtidas e recomendações”. Por isso, é crucial que a marca invista e incentive conteúdos como tutoriais, dicas, comportamentos, histórias, sugestões e combinações para “gerar audiência frequente e interessada”.

Confira algumas dicas:

  1. Foque menos em estratégias de vendas e mais em conteúdo autoral. Numa pegada ‘evergreen’, como se o negócio sempre tivesse novidades para contar e compartilhar com os seguidores
  2. Evite falar sobre o que não tem conhecimento, não use este canal para suas opiniões pessoais [...] e, claro, nunca fale mal de clientes, evitando o cancelamento e a viralização negativa
  3. Planeje a produção dos conteúdos na proporção mínima de 70% de vídeos e 30% de fotos. Coloque legenda nos vídeos porque 75% das pessoas não ouvem os áudios durante a reprodução
  4. Evite legendas com textos grandes: ninguém vai ler. Se tiver algo de fato importante para dizer, grave vídeos curtos de no máximo um minuto para as redes sociais e, se o conteúdo for extenso, faça uma websérie e publique aos poucos
  5. Crie um posicionamento de marca criativo de acordo com o seu negócio. Você não precisa ser engraçado ou sério demais para ter engajamento digital; você precisa ter um conteúdo autoral e dinâmico
  6. Invista em planejar primeiro, todo o mês, e depois foque nas produções

Clientes estão formando filas para comer manga com sal em um pequeno centro comercial de Eusébio, a 40 minutos de Fortaleza. A salada de manga da recém-inaugurado Mango Mix ficou famosa após um vídeo que mostra a preparação da iguaria viralizar nas redes sociais. A publicação já ultrapassa mais de 10 milhões de visualizações no Instagram e TikTok.

A Mango Mix foi fundada no fim do ano passado pelo fortalezense Pedro Gonçalves Neto, 26, e sua mãe, Raquel Correia, 47. “No início, a gente praticamente implorava para o povo comprar manga. Só saía suco e sanduíche”, revela Correia. Para impulsionar o negócio, Neto gravou um vídeo com a ajuda da esposa, mostrando como acontece o atendimento e a montagem da salada.

A publicação acumula mais de 6,9 milhões de visualizações no Instagram e ultrapassa 4,1 milhões no TikTok. No vídeo filmado e narrado pela esposa de Neto, ele aparece montando a salada cítrica de manga conforme o “desejo de grávida” dela, que engloba vários dos adicionais disponíveis: vinagre, sal, lemon pepper, pimenta tajin, páprica picante, limão espremido e leite condensado.

“Ele publicou nas redes sociais para ver no que dava e, em segundos, foram centenas de milhares de visualizações. No dia seguinte, várias páginas compartilharam o vídeo”, relata Correia. De acordo com ela, os sanduíches e sucos foram esquecidos; agora os clientes só querem a manga.

Inicialmente, eram vendidas em média 20 saladas por mês. Depois do vídeo, os pedidos chegam a 200 diários. O produto tem 500 ml e é comercializado por R$ 17,90, independentemente dos ingredientes. O cliente monta a própria salada, que pode conter também mel e molho agridoce, além dos adicionais que aparecem no vídeo.

Nos comentários da publicação, muitas pessoas demonstram o desejo de provar a mistura e pedem que o empreendimento seja lançado em outras cidades. Por outro lado, a receita da salada com manga causou estranheza para uma parcela dos espectadores. “Que invenção é essa?”, questiona um usuário

Em algumas regiões do Nordeste, é comum comer manga verde com sal. A releitura da tradição na Mango Mix gerou deboches nas redes sociais. “‘Gourmetizaram’ a manga com sal”, diz um dos comentários. “Pagar para comer manga cortada?”, questiona outro.

Mãe e filho, Raquel Correia e Pedro, fundadores da Mango Mix no Ceará Foto: Arquivo Pessoal

Os comentários não incomodam os sócios do negócio. “Nós não ligamos para isso porque é verdade: conseguimos ‘gourmetizar’ a manga com sal”, assume Correia.

Ela conta que, na infância, comia manga com sal, colhida diretamente da árvore da casa dos avós. “Muita gente tem a mesma lembrança. Quando comem a nossa salada, dizem que têm um ‘déjà vu’, recordam da infância, dos avós. Isso é muito especial”, orgulha-se.

O quiosque passou a formar diariamente filas de até 40 pessoas. Além de Correia e Neto, o segundo filho dela, João Gonçalvses, de 19 anos, trabalha no atendimento. O aumento do fluxo demandou a contratação de mais dois funcionários. No início, eles dividiram os turnos; hoje todos trabalham integralmente no negócio, que funciona todos os dias da semana.

A salada é feita com manga Tommy Atkins, originária dos Estados Unidos – o cliente escolhe se a quer verde, intermediária ou madura. Esse tipo de manga é doce e não tem muita fibra, além de ter vida útil longa e suportar o manuseio e o transporte sem interferência na textura e qualidade da fruta.

De acordo com Correia, o alcance dos conteúdos publicados nas redes sociais é orgânico, os posts não são impulsionados, ou seja, não são pagos para aparecer para mais pessoas. Todos os vídeos têm entre milhares a milhões de visualizações. Mais de 54,4 mil pessoas seguem a conta do negócio no Instagram e 34,8 mil no TikTok.

Há três meses eles contam com a ajuda de uma empresa de marketing para apoiar na gestão das redes sociais. “Conhecemos um mexicano, cliente nosso. Ele nos ofereceu o serviço dele. No dia seguinte, marcamos uma reunião e fechamos o contrato. As coisas vão acontecendo assim”, diz a empreendedora.

Para manter o negócio em alta, Neto tem investido em estratégias diferentes. Na tentativa de atrair as crianças, por exemplo, ele inseriu corante comestível no leite condensado com as cores dos personagens do filme da Pixar “Divertida Mente 2″, recém-lançado nos cinemas.

No Shopping Eusébio, tornou-se comum as pessoas levarem ao cinema um pote de manga para comer no lugar da tradicional pipoca. “Os funcionários do cinema nos dizem que sempre encontram nossos potes quando limpam as salas”, brinca Correia.

No primeiro mês de funcionamento, a empresa faturou R$ 25 mil. Até 24 de junho, o valor arrecadado com as vendas mais do que dobrou, chegando a R$ 56 mil.

Negócio foi inspirado em quiosque de colombiano nos EUA

A ideia surgiu quando Neto morou em Miami, nos Estados Unidos, onde foi chamado para jogar futebol em uma universidade, em 2017.

Depois de fazer sucesso como youtuber transmitindo jogos de ‘Free Fire’ no tempo vago, ele vendeu o canal quando o jogo saiu de moda e passou a trabalhar como ajudante de reforma em um shopping. Cansado desse trabalho, procurou outra oportunidade no local. Foi quando conheceu um dos 30 quiosques de saladas de manga de um colombiano.

Após três meses de contrato nesse quiosque, foi promovido a gerente do negócio. Ficou lá por mais de dois anos, até a pandemia de coronavírus, no início de 2020. “Fechou tudo: a faculdade, o shopping”, conta a mãe. Então ele voltou ao Brasil.

Corretora de imóveis, Correia chamou o filho para trabalhar com ela, mas ele não se identificou com a área. Propôs à sua mãe, então, replicar o negócio do colombiano. Ela topou, mas, com receio de a manga não ser tão bem recebida, sugeriu que o negócio também vendesse sucos e sanduíches naturais.

Em paralelo ao trabalho de corretora, Correia tinha uma kombi que funcionava como um “fashion truck”, que ela abastecia de roupas para revender em Itapipoca, no interior do Ceará, e nas praias de Fortaleza. O negócio durou um ano e meio. Para abrir a Mango Mix, vendeu o veículo, juntou as economias com o filho e contratou um arquiteto.

A dupla investiu cerca de R$ 50 mil no negócio, considerando também os gastos com infraestrutura, equipamentos e matéria-prima. “Mobília, piso, dois freezers, uma geladeira: tivemos que comprar tudo, começar do zero”, afirma.

Mãe e filho se mudaram de Fortaleza para Eusébio, na região metropolitana. “Decidimos começar em um pequeno shopping de bairro para testar. Assim, se não desse certo, não teríamos perdido tanto dinheiro”, explica. O quiosque da Mango Mix foi inaugurado em novembro de 2023, no Shopping Eusébio.

Usado como lanche ou almoço

De acordo com Correia, o pote de manga é consumido tanto no lugar de uma verdadeira refeição, quanto como lanche. “Tem muita fibra, vitamina, é uma fruta que sacia. Muitas crianças saem da escola e almoçam nossa salada de manga”, afirma.

Além disso, o prato é vegano ou vegetariano, a depender da escolha dos ingredientes. “As pessoas hoje estão preocupadas com isso, querem produtos saudáveis, sem origem animal, agrotóxicos e conservantes”, observa.

Além do quiosque, as saladas são vendidas e entregues por delivery, via iFood.

A maioria dos clientes prefere consumir no espaço. “Eles vão na loja porque querem filmar a manga sendo feita e publicar nas redes sociais. O nosso quiosque parece um ponto turístico, trouxe movimento para o shopping”, afirma Correia.

Até então, os sócios não conseguiram lucrar com o negócio. Mas, com o sucesso recente, já planejam expandir o modelo. Para o próximo ano, a ideia é abrir duas lojas em shoppings de Fortaleza.

No futuro, querem formatar o modelo de negócio para tornar a Mango Mix uma rede de franquias de shopping e finalmente poder atender aos pedidos dos seguidores de diferentes regiões.

“São tantos interessados nas franquias que estamos construindo uma planilha de contatos e informações dos possíveis investidores”, revela Correia.

A Mango Mix ainda não tem avaliações de clientes na internet.

Especialista avalia uso de redes sociais por empresas

Consultor Internacional de Varejo do Sebrae SP, Edgard Neto afirma que “o público não compra mais só por curtidas e recomendações”. Por isso, é crucial que a marca invista e incentive conteúdos como tutoriais, dicas, comportamentos, histórias, sugestões e combinações para “gerar audiência frequente e interessada”.

Confira algumas dicas:

  1. Foque menos em estratégias de vendas e mais em conteúdo autoral. Numa pegada ‘evergreen’, como se o negócio sempre tivesse novidades para contar e compartilhar com os seguidores
  2. Evite falar sobre o que não tem conhecimento, não use este canal para suas opiniões pessoais [...] e, claro, nunca fale mal de clientes, evitando o cancelamento e a viralização negativa
  3. Planeje a produção dos conteúdos na proporção mínima de 70% de vídeos e 30% de fotos. Coloque legenda nos vídeos porque 75% das pessoas não ouvem os áudios durante a reprodução
  4. Evite legendas com textos grandes: ninguém vai ler. Se tiver algo de fato importante para dizer, grave vídeos curtos de no máximo um minuto para as redes sociais e, se o conteúdo for extenso, faça uma websérie e publique aos poucos
  5. Crie um posicionamento de marca criativo de acordo com o seu negócio. Você não precisa ser engraçado ou sério demais para ter engajamento digital; você precisa ter um conteúdo autoral e dinâmico
  6. Invista em planejar primeiro, todo o mês, e depois foque nas produções

Clientes estão formando filas para comer manga com sal em um pequeno centro comercial de Eusébio, a 40 minutos de Fortaleza. A salada de manga da recém-inaugurado Mango Mix ficou famosa após um vídeo que mostra a preparação da iguaria viralizar nas redes sociais. A publicação já ultrapassa mais de 10 milhões de visualizações no Instagram e TikTok.

A Mango Mix foi fundada no fim do ano passado pelo fortalezense Pedro Gonçalves Neto, 26, e sua mãe, Raquel Correia, 47. “No início, a gente praticamente implorava para o povo comprar manga. Só saía suco e sanduíche”, revela Correia. Para impulsionar o negócio, Neto gravou um vídeo com a ajuda da esposa, mostrando como acontece o atendimento e a montagem da salada.

A publicação acumula mais de 6,9 milhões de visualizações no Instagram e ultrapassa 4,1 milhões no TikTok. No vídeo filmado e narrado pela esposa de Neto, ele aparece montando a salada cítrica de manga conforme o “desejo de grávida” dela, que engloba vários dos adicionais disponíveis: vinagre, sal, lemon pepper, pimenta tajin, páprica picante, limão espremido e leite condensado.

“Ele publicou nas redes sociais para ver no que dava e, em segundos, foram centenas de milhares de visualizações. No dia seguinte, várias páginas compartilharam o vídeo”, relata Correia. De acordo com ela, os sanduíches e sucos foram esquecidos; agora os clientes só querem a manga.

Inicialmente, eram vendidas em média 20 saladas por mês. Depois do vídeo, os pedidos chegam a 200 diários. O produto tem 500 ml e é comercializado por R$ 17,90, independentemente dos ingredientes. O cliente monta a própria salada, que pode conter também mel e molho agridoce, além dos adicionais que aparecem no vídeo.

Nos comentários da publicação, muitas pessoas demonstram o desejo de provar a mistura e pedem que o empreendimento seja lançado em outras cidades. Por outro lado, a receita da salada com manga causou estranheza para uma parcela dos espectadores. “Que invenção é essa?”, questiona um usuário

Em algumas regiões do Nordeste, é comum comer manga verde com sal. A releitura da tradição na Mango Mix gerou deboches nas redes sociais. “‘Gourmetizaram’ a manga com sal”, diz um dos comentários. “Pagar para comer manga cortada?”, questiona outro.

Mãe e filho, Raquel Correia e Pedro, fundadores da Mango Mix no Ceará Foto: Arquivo Pessoal

Os comentários não incomodam os sócios do negócio. “Nós não ligamos para isso porque é verdade: conseguimos ‘gourmetizar’ a manga com sal”, assume Correia.

Ela conta que, na infância, comia manga com sal, colhida diretamente da árvore da casa dos avós. “Muita gente tem a mesma lembrança. Quando comem a nossa salada, dizem que têm um ‘déjà vu’, recordam da infância, dos avós. Isso é muito especial”, orgulha-se.

O quiosque passou a formar diariamente filas de até 40 pessoas. Além de Correia e Neto, o segundo filho dela, João Gonçalvses, de 19 anos, trabalha no atendimento. O aumento do fluxo demandou a contratação de mais dois funcionários. No início, eles dividiram os turnos; hoje todos trabalham integralmente no negócio, que funciona todos os dias da semana.

A salada é feita com manga Tommy Atkins, originária dos Estados Unidos – o cliente escolhe se a quer verde, intermediária ou madura. Esse tipo de manga é doce e não tem muita fibra, além de ter vida útil longa e suportar o manuseio e o transporte sem interferência na textura e qualidade da fruta.

De acordo com Correia, o alcance dos conteúdos publicados nas redes sociais é orgânico, os posts não são impulsionados, ou seja, não são pagos para aparecer para mais pessoas. Todos os vídeos têm entre milhares a milhões de visualizações. Mais de 54,4 mil pessoas seguem a conta do negócio no Instagram e 34,8 mil no TikTok.

Há três meses eles contam com a ajuda de uma empresa de marketing para apoiar na gestão das redes sociais. “Conhecemos um mexicano, cliente nosso. Ele nos ofereceu o serviço dele. No dia seguinte, marcamos uma reunião e fechamos o contrato. As coisas vão acontecendo assim”, diz a empreendedora.

Para manter o negócio em alta, Neto tem investido em estratégias diferentes. Na tentativa de atrair as crianças, por exemplo, ele inseriu corante comestível no leite condensado com as cores dos personagens do filme da Pixar “Divertida Mente 2″, recém-lançado nos cinemas.

No Shopping Eusébio, tornou-se comum as pessoas levarem ao cinema um pote de manga para comer no lugar da tradicional pipoca. “Os funcionários do cinema nos dizem que sempre encontram nossos potes quando limpam as salas”, brinca Correia.

No primeiro mês de funcionamento, a empresa faturou R$ 25 mil. Até 24 de junho, o valor arrecadado com as vendas mais do que dobrou, chegando a R$ 56 mil.

Negócio foi inspirado em quiosque de colombiano nos EUA

A ideia surgiu quando Neto morou em Miami, nos Estados Unidos, onde foi chamado para jogar futebol em uma universidade, em 2017.

Depois de fazer sucesso como youtuber transmitindo jogos de ‘Free Fire’ no tempo vago, ele vendeu o canal quando o jogo saiu de moda e passou a trabalhar como ajudante de reforma em um shopping. Cansado desse trabalho, procurou outra oportunidade no local. Foi quando conheceu um dos 30 quiosques de saladas de manga de um colombiano.

Após três meses de contrato nesse quiosque, foi promovido a gerente do negócio. Ficou lá por mais de dois anos, até a pandemia de coronavírus, no início de 2020. “Fechou tudo: a faculdade, o shopping”, conta a mãe. Então ele voltou ao Brasil.

Corretora de imóveis, Correia chamou o filho para trabalhar com ela, mas ele não se identificou com a área. Propôs à sua mãe, então, replicar o negócio do colombiano. Ela topou, mas, com receio de a manga não ser tão bem recebida, sugeriu que o negócio também vendesse sucos e sanduíches naturais.

Em paralelo ao trabalho de corretora, Correia tinha uma kombi que funcionava como um “fashion truck”, que ela abastecia de roupas para revender em Itapipoca, no interior do Ceará, e nas praias de Fortaleza. O negócio durou um ano e meio. Para abrir a Mango Mix, vendeu o veículo, juntou as economias com o filho e contratou um arquiteto.

A dupla investiu cerca de R$ 50 mil no negócio, considerando também os gastos com infraestrutura, equipamentos e matéria-prima. “Mobília, piso, dois freezers, uma geladeira: tivemos que comprar tudo, começar do zero”, afirma.

Mãe e filho se mudaram de Fortaleza para Eusébio, na região metropolitana. “Decidimos começar em um pequeno shopping de bairro para testar. Assim, se não desse certo, não teríamos perdido tanto dinheiro”, explica. O quiosque da Mango Mix foi inaugurado em novembro de 2023, no Shopping Eusébio.

Usado como lanche ou almoço

De acordo com Correia, o pote de manga é consumido tanto no lugar de uma verdadeira refeição, quanto como lanche. “Tem muita fibra, vitamina, é uma fruta que sacia. Muitas crianças saem da escola e almoçam nossa salada de manga”, afirma.

Além disso, o prato é vegano ou vegetariano, a depender da escolha dos ingredientes. “As pessoas hoje estão preocupadas com isso, querem produtos saudáveis, sem origem animal, agrotóxicos e conservantes”, observa.

Além do quiosque, as saladas são vendidas e entregues por delivery, via iFood.

A maioria dos clientes prefere consumir no espaço. “Eles vão na loja porque querem filmar a manga sendo feita e publicar nas redes sociais. O nosso quiosque parece um ponto turístico, trouxe movimento para o shopping”, afirma Correia.

Até então, os sócios não conseguiram lucrar com o negócio. Mas, com o sucesso recente, já planejam expandir o modelo. Para o próximo ano, a ideia é abrir duas lojas em shoppings de Fortaleza.

No futuro, querem formatar o modelo de negócio para tornar a Mango Mix uma rede de franquias de shopping e finalmente poder atender aos pedidos dos seguidores de diferentes regiões.

“São tantos interessados nas franquias que estamos construindo uma planilha de contatos e informações dos possíveis investidores”, revela Correia.

A Mango Mix ainda não tem avaliações de clientes na internet.

Especialista avalia uso de redes sociais por empresas

Consultor Internacional de Varejo do Sebrae SP, Edgard Neto afirma que “o público não compra mais só por curtidas e recomendações”. Por isso, é crucial que a marca invista e incentive conteúdos como tutoriais, dicas, comportamentos, histórias, sugestões e combinações para “gerar audiência frequente e interessada”.

Confira algumas dicas:

  1. Foque menos em estratégias de vendas e mais em conteúdo autoral. Numa pegada ‘evergreen’, como se o negócio sempre tivesse novidades para contar e compartilhar com os seguidores
  2. Evite falar sobre o que não tem conhecimento, não use este canal para suas opiniões pessoais [...] e, claro, nunca fale mal de clientes, evitando o cancelamento e a viralização negativa
  3. Planeje a produção dos conteúdos na proporção mínima de 70% de vídeos e 30% de fotos. Coloque legenda nos vídeos porque 75% das pessoas não ouvem os áudios durante a reprodução
  4. Evite legendas com textos grandes: ninguém vai ler. Se tiver algo de fato importante para dizer, grave vídeos curtos de no máximo um minuto para as redes sociais e, se o conteúdo for extenso, faça uma websérie e publique aos poucos
  5. Crie um posicionamento de marca criativo de acordo com o seu negócio. Você não precisa ser engraçado ou sério demais para ter engajamento digital; você precisa ter um conteúdo autoral e dinâmico
  6. Invista em planejar primeiro, todo o mês, e depois foque nas produções

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