Ela usou rescisão para abrir uma loja de semijoias e agora fatura R$ 10 milhões com franquias


Luana Cabral era gerente de uma loja de joias, mas foi demitida e decidiu começar um negócio próprio na sala do seu apartamento em São Luís (MA); hoje a Luah Semijoias tem 13 unidades no Norte e Nordeste

Por Geovanna Hora

Uma demissão não é um momento fácil, mas Luana Cabral, 38 anos, usou a decepção com o mercado de trabalho como estímulo para abrir a própria marca, em 2013. Inspirada pela trajetória da mãe, que trabalhou como revendedora de semijoias por 15 anos, ela fundou a Luah Semijoias na sala do seu apartamento, em São Luís (MA), com o dinheiro da rescisão e da venda de um carro. Hoje a empresa tem 13 lojas e faturou R$ 10 milhões com franquias em 2023.

Demissão foi o pontapé inicial para o empreendedorismo

Luana cresceu em Araguaína (TO), mas se mudou para São Luís em 2007, logo após se casar. Ela começou a trabalhar como vendedora de sapatos e chegou a ser promovida a supervisora de vendas. Em 2011, deixou o emprego para assumir o cargo de gerente em uma loja de joias.

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Um ano depois, uma demissão repentina caiu como um balde de água fria. Insatisfeita com o mercado de trabalho, Luana decidiu investir no próprio negócio para ter controle sobre a gestão. A mãe dela já trabalhava como revendedora de semijoias e aconselhou a filha a investir no setor.

“A ideia era vender semijoias, mas com a ajuda de uma rede de mulheres que pudessem lucrar com isso. A minha aposta inicial não tinha loja física, nem site, as vendas eram todas por meio das revendedoras”, explica.

Luana Cabral começou na sala do seu apartamento em São Luís (MA) e já tem 13 unidades da Luah Semijoias no Norte e Nordeste. Foto: Divulgação Luah Semijoias
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Em 2013, com o dinheiro da rescisão de contrato e da venda de um carro de R$ 26 mil, ela comprou uma passagem de ônibus e foi até Limeira, no interior de São Paulo, conhecida como capital nacional da joia folheada. Além das peças, Luana também investiu em maletas, embalagens e mostruários personalizados.

“As fabricantes só vendiam produtos personalizados a partir de 50 unidades, mas eu não tinha nenhuma revendedora ainda. Decidi correr o risco e investir o dinheiro, porque acreditava que a apresentação dos itens era um diferencial”, conta.

Em seis meses, com a ajuda de conhecidos, ela conseguiu recrutar 40 revendedoras. A empreendedora acredita que as mulheres enxerguem a empresa como uma oportunidade de conquistar uma renda extra paralelamente a um emprego em tempo integral. Em 2024, a Luah chegou a marca de 1,8 mil parceiras ativas.

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Perda familiar levou a empreendedora de volta a Tocantins

O primeiro espaço físico da Luah foi a sala do apartamento de Luana em São Luís. Ela conta que, após três meses de funcionamento, decidiu investir em um escritório, porque achava que um ambiente dedicado apenas à empresa traria mais credibilidade.

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No ano seguinte, a empreendedora voltou com a família para Araguaína, após o falecimento do sogro. Luana afirma que a ideia inicial era voltar para São Luís a cada dois meses para atender as revendedoras, mas, com dois filhos pequenos, a situação ficou insustentável.

Como todas as parceiras eram da capital maranhense, ela contratou uma amiga para cuidar dos negócios na cidade e montou outro escritório no Tocantins.

Segundo Luana, apenas com a atuação das revendedoras, o faturamento chegou a R$ 119 mil em 2015 e R$ 270 mil em 2016.

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Marido virou sócio, vendeu o carro e investiu na primeira loja física

Inaugurada em Araguaína no início de 2017, a primeira loja física marcou a entrada do marido da empreendedora no negócio. Ela conta que ele pediu demissão e vendeu o carro para ajudar a comprar o material necessário para a reforma e montagem da vitrine.

Na época, a responsável pelas revendedoras de São Luís quis investir em um ponto de vendas físico na cidade e sugeriu que a Luah fosse transformada em uma franquia. Luana explica que não tinha domínio sobre o modelo de negócio, então demorou seis meses para finalizar o processo.

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“O crescimento da Luah é orgânico, não colocamos dinheiro em marketing para atrair investidores. As pessoas chegam até a marca por indicação de outros franqueados, e a prioridade é que elas tenham uma identificação verdadeira com o nosso senso de comunidade”, afirma.

O formato home office tem um investimento inicial de R$ 120 mil e permite que o franqueado trabalhe de casa por 12 meses, antes de inaugurar a loja física.

Já o modelo premium custa R$ 198 mil, com o ponto físico em atividade desde o começo. Segundo Luana, o home office já foi popular, mas perdeu espaço para o formato tradicional, que tem um retorno maior e mais rápido.

Em 2024, a Luah chegou a 13 unidades, nos estados dr Amapá, Bahia, Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. A expectativa é fechar o ano com 20 franquias e ampliar o atendimento para estados do Centro-Oeste.

“A expansão foi planejada de uma forma espiral, porque queremos acompanhar os franqueados de perto. A ideia é que eles possam contar com a nossa assistência, então, se as unidades são mais próximas, esse processo é mais fácil”, explica.

Veja os dados da franquia da Luah Semijoias:

  • Investimento inicial: R$ 120 mil no formato home office e R$ 198 mil no modelo premium
  • Faturamento médio mensal: a partir de R$ 90 mil
  • Lucro médio mensal: 22% do faturamento
  • Prazo de retorno: 9 a 15 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties/mês: 10% da compra no mês
  • Número de unidades em operação: 13

Loja online foi planejada para atingir regiões distantes

Apesar da importância das regiões Norte e Nordeste para os resultados da empresa, Luana afirma que sentia a necessidade de atender clientes no varejo em outras áreas, como São Paulo. Para resolver o problema da distância, ela apostou em uma loja online, lançada no início deste ano.

“A gente demorou para investir no mercado digital, era uma demanda antiga. A internet é um canal de vendas, mas o principal diferencial agora é a chance de tornar a Luah mais conhecida”, avalia.

O faturamento da marca em 2023 chegou a R$ 10 milhões, com mais de 200 mil peças vendidas. Segundo Luana, a projeção para a arrecadação em 2024 era de R$ 20 milhões, mas eles devem fechar o ano com um faturamento de R$ 16 milhões. Ela afirma que as revendedoras ainda são responsáveis por 85% das vendas.

Avaliação de clientes

A Luah Semijoias recebeu uma classificação média de 4,9 de 5 estrelas no Google, com 127 avaliações até a publicação desta matéria. Os comentários destacam a qualidade das peças e do atendimento.

Os autores das notas concedidas não podem ser verificados. Eventualmente, comentários positivos ou negativos podem ser uma ação a favor ou contra a empresa.

No site Reclame Aqui, a empresa não tem avaliações.

Especialista dá dicas sobre o setor de semijoias

O consultor de negócios do Sebrae-SP Alexandre Giraldi avalia que os consumidores de semijoias procuram por itens que sejam duráveis e tenham mais qualidade do que as bijuterias, mas com um investimento menor comparado a joias.

Ele afirma que o empreendedor precisa atuar como um curador de peças e orientar os clientes sobre as possíveis formas de uso.

“O ideal é mostrar algumas combinações em vez de deixar a pessoa escolher sozinha. Provar como os produtos podem funcionar de forma independente, mas ficam ainda mais bem acompanhados de outros acessórios”, explica.

Giraldi também aponta que é importante destacar o impacto das semijoias no visual final. Segundo ele, uma boa tática é escolher uma roupa base e apresentar como brincos, colares e pulseiras podem adaptar a vestimenta para diferentes ocasiões.

Para quem quer vender pela internet, a recomendação do especialista é seguir a técnica “produto, modelo, marca e especificação”, conhecida como PMME, na hora de definir o título do item. Já na descrição, ele aponta que uma boa opção é a estratégia “recursos, vantagens e benefícios”, apelidada de RVB.

“O empreendedor deve informar qual cor, tamanho e material do acessório, além de destacar características como resistência e durabilidade. Isso ajuda o consumidor a entender a peça, mas também a deixá-la bem posicionada em ferramentas de pesquisa”, explica.

Parceria com influenciadores é uma tendência

Giraldi aponta que a empresa deve avaliar se terá um público-alvo amplo, com peças de estilos variados, ou segmentado, com foco em produtos góticos, executivos ou infantis, por exemplo. Ele aponta que a primeira opção traz uma cartela maior de clientes, mas a segunda facilita a fidelização.

A escolha do nicho de atuação também interfere nas estratégias de marketing. O especialista recomenda que seja feita uma análise para entender em quais redes sociais os consumidores estão, além de investir em parceiros para produzir e divulgar os conteúdos.

“Os influenciadores são uma tendência e funcionam como agentes de atração para novos clientes. Eles costumam ter uma audiência fiel, o que pode ajudar. Mas também é importante ter bons equipamentos e profissionais para registrar as fotos e os vídeos”, avalia.

Já na etapa de gestão, Giraldi destaca a importância de avaliar o valor disponível para investimento, para definir se será necessário negociar parcelamentos com fornecedores ou recorrer a empréstimos.

Outro ponto técnico a ser avaliado é em qual regime tributário a empresa vai se encaixar. Segundo o especialista, pequenas e microempresas estão no Simples Nacional, com um faturamento de até R$ 4,8 milhões, mas, caso a arrecadação seja superior a esse valor, é necessário se ajustar ao Lucro Presumido (até R$ 78 milhões) ou Lucro Real (acima de R$ 78 milhões).

Uma demissão não é um momento fácil, mas Luana Cabral, 38 anos, usou a decepção com o mercado de trabalho como estímulo para abrir a própria marca, em 2013. Inspirada pela trajetória da mãe, que trabalhou como revendedora de semijoias por 15 anos, ela fundou a Luah Semijoias na sala do seu apartamento, em São Luís (MA), com o dinheiro da rescisão e da venda de um carro. Hoje a empresa tem 13 lojas e faturou R$ 10 milhões com franquias em 2023.

Demissão foi o pontapé inicial para o empreendedorismo

Luana cresceu em Araguaína (TO), mas se mudou para São Luís em 2007, logo após se casar. Ela começou a trabalhar como vendedora de sapatos e chegou a ser promovida a supervisora de vendas. Em 2011, deixou o emprego para assumir o cargo de gerente em uma loja de joias.

Um ano depois, uma demissão repentina caiu como um balde de água fria. Insatisfeita com o mercado de trabalho, Luana decidiu investir no próprio negócio para ter controle sobre a gestão. A mãe dela já trabalhava como revendedora de semijoias e aconselhou a filha a investir no setor.

“A ideia era vender semijoias, mas com a ajuda de uma rede de mulheres que pudessem lucrar com isso. A minha aposta inicial não tinha loja física, nem site, as vendas eram todas por meio das revendedoras”, explica.

Luana Cabral começou na sala do seu apartamento em São Luís (MA) e já tem 13 unidades da Luah Semijoias no Norte e Nordeste. Foto: Divulgação Luah Semijoias

Em 2013, com o dinheiro da rescisão de contrato e da venda de um carro de R$ 26 mil, ela comprou uma passagem de ônibus e foi até Limeira, no interior de São Paulo, conhecida como capital nacional da joia folheada. Além das peças, Luana também investiu em maletas, embalagens e mostruários personalizados.

“As fabricantes só vendiam produtos personalizados a partir de 50 unidades, mas eu não tinha nenhuma revendedora ainda. Decidi correr o risco e investir o dinheiro, porque acreditava que a apresentação dos itens era um diferencial”, conta.

Em seis meses, com a ajuda de conhecidos, ela conseguiu recrutar 40 revendedoras. A empreendedora acredita que as mulheres enxerguem a empresa como uma oportunidade de conquistar uma renda extra paralelamente a um emprego em tempo integral. Em 2024, a Luah chegou a marca de 1,8 mil parceiras ativas.

Perda familiar levou a empreendedora de volta a Tocantins

O primeiro espaço físico da Luah foi a sala do apartamento de Luana em São Luís. Ela conta que, após três meses de funcionamento, decidiu investir em um escritório, porque achava que um ambiente dedicado apenas à empresa traria mais credibilidade.

No ano seguinte, a empreendedora voltou com a família para Araguaína, após o falecimento do sogro. Luana afirma que a ideia inicial era voltar para São Luís a cada dois meses para atender as revendedoras, mas, com dois filhos pequenos, a situação ficou insustentável.

Como todas as parceiras eram da capital maranhense, ela contratou uma amiga para cuidar dos negócios na cidade e montou outro escritório no Tocantins.

Segundo Luana, apenas com a atuação das revendedoras, o faturamento chegou a R$ 119 mil em 2015 e R$ 270 mil em 2016.

Marido virou sócio, vendeu o carro e investiu na primeira loja física

Inaugurada em Araguaína no início de 2017, a primeira loja física marcou a entrada do marido da empreendedora no negócio. Ela conta que ele pediu demissão e vendeu o carro para ajudar a comprar o material necessário para a reforma e montagem da vitrine.

Na época, a responsável pelas revendedoras de São Luís quis investir em um ponto de vendas físico na cidade e sugeriu que a Luah fosse transformada em uma franquia. Luana explica que não tinha domínio sobre o modelo de negócio, então demorou seis meses para finalizar o processo.

“O crescimento da Luah é orgânico, não colocamos dinheiro em marketing para atrair investidores. As pessoas chegam até a marca por indicação de outros franqueados, e a prioridade é que elas tenham uma identificação verdadeira com o nosso senso de comunidade”, afirma.

O formato home office tem um investimento inicial de R$ 120 mil e permite que o franqueado trabalhe de casa por 12 meses, antes de inaugurar a loja física.

Já o modelo premium custa R$ 198 mil, com o ponto físico em atividade desde o começo. Segundo Luana, o home office já foi popular, mas perdeu espaço para o formato tradicional, que tem um retorno maior e mais rápido.

Em 2024, a Luah chegou a 13 unidades, nos estados dr Amapá, Bahia, Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. A expectativa é fechar o ano com 20 franquias e ampliar o atendimento para estados do Centro-Oeste.

“A expansão foi planejada de uma forma espiral, porque queremos acompanhar os franqueados de perto. A ideia é que eles possam contar com a nossa assistência, então, se as unidades são mais próximas, esse processo é mais fácil”, explica.

Veja os dados da franquia da Luah Semijoias:

  • Investimento inicial: R$ 120 mil no formato home office e R$ 198 mil no modelo premium
  • Faturamento médio mensal: a partir de R$ 90 mil
  • Lucro médio mensal: 22% do faturamento
  • Prazo de retorno: 9 a 15 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties/mês: 10% da compra no mês
  • Número de unidades em operação: 13

Loja online foi planejada para atingir regiões distantes

Apesar da importância das regiões Norte e Nordeste para os resultados da empresa, Luana afirma que sentia a necessidade de atender clientes no varejo em outras áreas, como São Paulo. Para resolver o problema da distância, ela apostou em uma loja online, lançada no início deste ano.

“A gente demorou para investir no mercado digital, era uma demanda antiga. A internet é um canal de vendas, mas o principal diferencial agora é a chance de tornar a Luah mais conhecida”, avalia.

O faturamento da marca em 2023 chegou a R$ 10 milhões, com mais de 200 mil peças vendidas. Segundo Luana, a projeção para a arrecadação em 2024 era de R$ 20 milhões, mas eles devem fechar o ano com um faturamento de R$ 16 milhões. Ela afirma que as revendedoras ainda são responsáveis por 85% das vendas.

Avaliação de clientes

A Luah Semijoias recebeu uma classificação média de 4,9 de 5 estrelas no Google, com 127 avaliações até a publicação desta matéria. Os comentários destacam a qualidade das peças e do atendimento.

Os autores das notas concedidas não podem ser verificados. Eventualmente, comentários positivos ou negativos podem ser uma ação a favor ou contra a empresa.

No site Reclame Aqui, a empresa não tem avaliações.

Especialista dá dicas sobre o setor de semijoias

O consultor de negócios do Sebrae-SP Alexandre Giraldi avalia que os consumidores de semijoias procuram por itens que sejam duráveis e tenham mais qualidade do que as bijuterias, mas com um investimento menor comparado a joias.

Ele afirma que o empreendedor precisa atuar como um curador de peças e orientar os clientes sobre as possíveis formas de uso.

“O ideal é mostrar algumas combinações em vez de deixar a pessoa escolher sozinha. Provar como os produtos podem funcionar de forma independente, mas ficam ainda mais bem acompanhados de outros acessórios”, explica.

Giraldi também aponta que é importante destacar o impacto das semijoias no visual final. Segundo ele, uma boa tática é escolher uma roupa base e apresentar como brincos, colares e pulseiras podem adaptar a vestimenta para diferentes ocasiões.

Para quem quer vender pela internet, a recomendação do especialista é seguir a técnica “produto, modelo, marca e especificação”, conhecida como PMME, na hora de definir o título do item. Já na descrição, ele aponta que uma boa opção é a estratégia “recursos, vantagens e benefícios”, apelidada de RVB.

“O empreendedor deve informar qual cor, tamanho e material do acessório, além de destacar características como resistência e durabilidade. Isso ajuda o consumidor a entender a peça, mas também a deixá-la bem posicionada em ferramentas de pesquisa”, explica.

Parceria com influenciadores é uma tendência

Giraldi aponta que a empresa deve avaliar se terá um público-alvo amplo, com peças de estilos variados, ou segmentado, com foco em produtos góticos, executivos ou infantis, por exemplo. Ele aponta que a primeira opção traz uma cartela maior de clientes, mas a segunda facilita a fidelização.

A escolha do nicho de atuação também interfere nas estratégias de marketing. O especialista recomenda que seja feita uma análise para entender em quais redes sociais os consumidores estão, além de investir em parceiros para produzir e divulgar os conteúdos.

“Os influenciadores são uma tendência e funcionam como agentes de atração para novos clientes. Eles costumam ter uma audiência fiel, o que pode ajudar. Mas também é importante ter bons equipamentos e profissionais para registrar as fotos e os vídeos”, avalia.

Já na etapa de gestão, Giraldi destaca a importância de avaliar o valor disponível para investimento, para definir se será necessário negociar parcelamentos com fornecedores ou recorrer a empréstimos.

Outro ponto técnico a ser avaliado é em qual regime tributário a empresa vai se encaixar. Segundo o especialista, pequenas e microempresas estão no Simples Nacional, com um faturamento de até R$ 4,8 milhões, mas, caso a arrecadação seja superior a esse valor, é necessário se ajustar ao Lucro Presumido (até R$ 78 milhões) ou Lucro Real (acima de R$ 78 milhões).

Uma demissão não é um momento fácil, mas Luana Cabral, 38 anos, usou a decepção com o mercado de trabalho como estímulo para abrir a própria marca, em 2013. Inspirada pela trajetória da mãe, que trabalhou como revendedora de semijoias por 15 anos, ela fundou a Luah Semijoias na sala do seu apartamento, em São Luís (MA), com o dinheiro da rescisão e da venda de um carro. Hoje a empresa tem 13 lojas e faturou R$ 10 milhões com franquias em 2023.

Demissão foi o pontapé inicial para o empreendedorismo

Luana cresceu em Araguaína (TO), mas se mudou para São Luís em 2007, logo após se casar. Ela começou a trabalhar como vendedora de sapatos e chegou a ser promovida a supervisora de vendas. Em 2011, deixou o emprego para assumir o cargo de gerente em uma loja de joias.

Um ano depois, uma demissão repentina caiu como um balde de água fria. Insatisfeita com o mercado de trabalho, Luana decidiu investir no próprio negócio para ter controle sobre a gestão. A mãe dela já trabalhava como revendedora de semijoias e aconselhou a filha a investir no setor.

“A ideia era vender semijoias, mas com a ajuda de uma rede de mulheres que pudessem lucrar com isso. A minha aposta inicial não tinha loja física, nem site, as vendas eram todas por meio das revendedoras”, explica.

Luana Cabral começou na sala do seu apartamento em São Luís (MA) e já tem 13 unidades da Luah Semijoias no Norte e Nordeste. Foto: Divulgação Luah Semijoias

Em 2013, com o dinheiro da rescisão de contrato e da venda de um carro de R$ 26 mil, ela comprou uma passagem de ônibus e foi até Limeira, no interior de São Paulo, conhecida como capital nacional da joia folheada. Além das peças, Luana também investiu em maletas, embalagens e mostruários personalizados.

“As fabricantes só vendiam produtos personalizados a partir de 50 unidades, mas eu não tinha nenhuma revendedora ainda. Decidi correr o risco e investir o dinheiro, porque acreditava que a apresentação dos itens era um diferencial”, conta.

Em seis meses, com a ajuda de conhecidos, ela conseguiu recrutar 40 revendedoras. A empreendedora acredita que as mulheres enxerguem a empresa como uma oportunidade de conquistar uma renda extra paralelamente a um emprego em tempo integral. Em 2024, a Luah chegou a marca de 1,8 mil parceiras ativas.

Perda familiar levou a empreendedora de volta a Tocantins

O primeiro espaço físico da Luah foi a sala do apartamento de Luana em São Luís. Ela conta que, após três meses de funcionamento, decidiu investir em um escritório, porque achava que um ambiente dedicado apenas à empresa traria mais credibilidade.

No ano seguinte, a empreendedora voltou com a família para Araguaína, após o falecimento do sogro. Luana afirma que a ideia inicial era voltar para São Luís a cada dois meses para atender as revendedoras, mas, com dois filhos pequenos, a situação ficou insustentável.

Como todas as parceiras eram da capital maranhense, ela contratou uma amiga para cuidar dos negócios na cidade e montou outro escritório no Tocantins.

Segundo Luana, apenas com a atuação das revendedoras, o faturamento chegou a R$ 119 mil em 2015 e R$ 270 mil em 2016.

Marido virou sócio, vendeu o carro e investiu na primeira loja física

Inaugurada em Araguaína no início de 2017, a primeira loja física marcou a entrada do marido da empreendedora no negócio. Ela conta que ele pediu demissão e vendeu o carro para ajudar a comprar o material necessário para a reforma e montagem da vitrine.

Na época, a responsável pelas revendedoras de São Luís quis investir em um ponto de vendas físico na cidade e sugeriu que a Luah fosse transformada em uma franquia. Luana explica que não tinha domínio sobre o modelo de negócio, então demorou seis meses para finalizar o processo.

“O crescimento da Luah é orgânico, não colocamos dinheiro em marketing para atrair investidores. As pessoas chegam até a marca por indicação de outros franqueados, e a prioridade é que elas tenham uma identificação verdadeira com o nosso senso de comunidade”, afirma.

O formato home office tem um investimento inicial de R$ 120 mil e permite que o franqueado trabalhe de casa por 12 meses, antes de inaugurar a loja física.

Já o modelo premium custa R$ 198 mil, com o ponto físico em atividade desde o começo. Segundo Luana, o home office já foi popular, mas perdeu espaço para o formato tradicional, que tem um retorno maior e mais rápido.

Em 2024, a Luah chegou a 13 unidades, nos estados dr Amapá, Bahia, Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins. A expectativa é fechar o ano com 20 franquias e ampliar o atendimento para estados do Centro-Oeste.

“A expansão foi planejada de uma forma espiral, porque queremos acompanhar os franqueados de perto. A ideia é que eles possam contar com a nossa assistência, então, se as unidades são mais próximas, esse processo é mais fácil”, explica.

Veja os dados da franquia da Luah Semijoias:

  • Investimento inicial: R$ 120 mil no formato home office e R$ 198 mil no modelo premium
  • Faturamento médio mensal: a partir de R$ 90 mil
  • Lucro médio mensal: 22% do faturamento
  • Prazo de retorno: 9 a 15 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties/mês: 10% da compra no mês
  • Número de unidades em operação: 13

Loja online foi planejada para atingir regiões distantes

Apesar da importância das regiões Norte e Nordeste para os resultados da empresa, Luana afirma que sentia a necessidade de atender clientes no varejo em outras áreas, como São Paulo. Para resolver o problema da distância, ela apostou em uma loja online, lançada no início deste ano.

“A gente demorou para investir no mercado digital, era uma demanda antiga. A internet é um canal de vendas, mas o principal diferencial agora é a chance de tornar a Luah mais conhecida”, avalia.

O faturamento da marca em 2023 chegou a R$ 10 milhões, com mais de 200 mil peças vendidas. Segundo Luana, a projeção para a arrecadação em 2024 era de R$ 20 milhões, mas eles devem fechar o ano com um faturamento de R$ 16 milhões. Ela afirma que as revendedoras ainda são responsáveis por 85% das vendas.

Avaliação de clientes

A Luah Semijoias recebeu uma classificação média de 4,9 de 5 estrelas no Google, com 127 avaliações até a publicação desta matéria. Os comentários destacam a qualidade das peças e do atendimento.

Os autores das notas concedidas não podem ser verificados. Eventualmente, comentários positivos ou negativos podem ser uma ação a favor ou contra a empresa.

No site Reclame Aqui, a empresa não tem avaliações.

Especialista dá dicas sobre o setor de semijoias

O consultor de negócios do Sebrae-SP Alexandre Giraldi avalia que os consumidores de semijoias procuram por itens que sejam duráveis e tenham mais qualidade do que as bijuterias, mas com um investimento menor comparado a joias.

Ele afirma que o empreendedor precisa atuar como um curador de peças e orientar os clientes sobre as possíveis formas de uso.

“O ideal é mostrar algumas combinações em vez de deixar a pessoa escolher sozinha. Provar como os produtos podem funcionar de forma independente, mas ficam ainda mais bem acompanhados de outros acessórios”, explica.

Giraldi também aponta que é importante destacar o impacto das semijoias no visual final. Segundo ele, uma boa tática é escolher uma roupa base e apresentar como brincos, colares e pulseiras podem adaptar a vestimenta para diferentes ocasiões.

Para quem quer vender pela internet, a recomendação do especialista é seguir a técnica “produto, modelo, marca e especificação”, conhecida como PMME, na hora de definir o título do item. Já na descrição, ele aponta que uma boa opção é a estratégia “recursos, vantagens e benefícios”, apelidada de RVB.

“O empreendedor deve informar qual cor, tamanho e material do acessório, além de destacar características como resistência e durabilidade. Isso ajuda o consumidor a entender a peça, mas também a deixá-la bem posicionada em ferramentas de pesquisa”, explica.

Parceria com influenciadores é uma tendência

Giraldi aponta que a empresa deve avaliar se terá um público-alvo amplo, com peças de estilos variados, ou segmentado, com foco em produtos góticos, executivos ou infantis, por exemplo. Ele aponta que a primeira opção traz uma cartela maior de clientes, mas a segunda facilita a fidelização.

A escolha do nicho de atuação também interfere nas estratégias de marketing. O especialista recomenda que seja feita uma análise para entender em quais redes sociais os consumidores estão, além de investir em parceiros para produzir e divulgar os conteúdos.

“Os influenciadores são uma tendência e funcionam como agentes de atração para novos clientes. Eles costumam ter uma audiência fiel, o que pode ajudar. Mas também é importante ter bons equipamentos e profissionais para registrar as fotos e os vídeos”, avalia.

Já na etapa de gestão, Giraldi destaca a importância de avaliar o valor disponível para investimento, para definir se será necessário negociar parcelamentos com fornecedores ou recorrer a empréstimos.

Outro ponto técnico a ser avaliado é em qual regime tributário a empresa vai se encaixar. Segundo o especialista, pequenas e microempresas estão no Simples Nacional, com um faturamento de até R$ 4,8 milhões, mas, caso a arrecadação seja superior a esse valor, é necessário se ajustar ao Lucro Presumido (até R$ 78 milhões) ou Lucro Real (acima de R$ 78 milhões).

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