Gari usa garrafas PET para fazer vassouras, tem 1 milhão de seguidores e fatura R$ 7,5 mil/mês


Giorggio Abrantes teve o primeiro contato com a ideia em uma clínica de reabilitação contra o alcoolismo, mas negócio começou a dar lucro depois de viralizar na internet; ele tem 1 milhão de inscritos no YouTube

Por Geovanna Hora
Atualização:

Há dez anos, o gari Giorggio Abrantes, de 41 anos, enfrentava a maior luta da sua vida: o alcoolismo. Na época, ele estava internado em uma clínica de reabilitação e teve o primeiro contato com vassouras feitas de garrafa PET.

De uma clínica de reabilitação para um negócio de sucesso

Em 2020, o paraibano publicou vídeos da produção da peça no Youtube para esvaziar a memória do celular, mas viralizou e atraiu clientes até dos Estados Unidos.

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Com a ajuda de uma vaquinha online, ele arrecadou R$ 12 mil para construir seu ateliê em Aparecida (PB), cidade com menos de oito mil habitantes. Atualmente, o gari fatura em média R$ 7,5 mil por mês com a venda de vassouras e máquinas para reciclagem de embalagens plásticas.

O gari Giorggio Abrantes, da Paraíba, viralizou com reciclagem de garrafas PET, tem 1 milhão de inscritos no YouTube e passou a viver com esse micronegócio. Foto: Arquivo pessoal

Um novo começo: a reciclagem como terapia

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Abrantes não cursou o ensino médio, porque precisou trabalhar desde a adolescência. Ele aceitava qualquer emprego que aparecesse e, por quatro anos, foi vendedor de redes em um caminhão que passava quatro meses na estrada entre Aparecida e Campinas (SP).

Em 2014, o empreendedor trabalhava como gari na Prefeitura de Aparecida, mas precisou se afastar do cargo para tratar o vício em álcool. Após a esposa pedir o divórcio, ele decidiu ficar seis meses internado em uma clínica de reabilitação.

O local tinha uma área destinada à produção de vassouras com garrafas PET e, para se distrair, ele aprendeu a fabricar o item.

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“Depois que tive alta, retomei o meu casamento e decidi manter o hábito, já que, além de me ajudar a relaxar, era uma forma de aproveitar as embalagens que encontrava na rua”, conta.

O sucesso viral e a expansão do negócio

Seis anos depois, Abrantes decidiu postar conteúdos no Youtube para ensinar a fabricar objetos com plástico reciclável.

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No início, a ideia era salvar os vídeos sem precisar ocupar a memória do celular, mas ele viu que os materiais sobre vassouras de garrafa PET viralizavam com facilidade e decidiu monetizar o perfil para ganhar uma renda extra.

Neste ano, o “gari ecológico” - apelido que o paraibano ganhou na internet - bateu a marca de 1 milhão de inscritos no YouTube e 389 mil seguidores no TikTok. Os vídeos mais populares já acumulam mais de 2,5 milhões de visualizações cada um.

Abrantes diz que os clientes também demonstravam interesse em comprar a máquina utilizada na produção, então ele decidiu aprender a soldar para conseguir atender a demanda.

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“Eu não tinha experiência nenhuma com metal, mas procurei por soldadores da região e nenhum deles acreditava que daria certo. O jeito foi colocar a mão na massa e aprender tudo do zero para aproveitar a chance”, afirma o empreendedor.

Vassouras já atraíram compradores de México e Estados Unidos

Para fabricar as vassouras, Abrantes gasta entre R$ 5,50 e R$ 7 por unidade. A versão doméstica é vendida por R$ 20 e o modelo feito para a limpeza de calçadas sai por R$ 35. Ele consegue produzir até seis peças por dia.

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Apesar de encontrar algumas garrafas plásticas na rua, o empreendedor compra a maior parte do material de cooperativas que trabalham com coleta de recicláveis.

Além de vendas para pessoas físicas, ele já fechou negócio com as prefeituras de Aparecida e Socorro (SP). O sucesso também atravessou fronteiras internacionais: segundo o paraibano, as peças já foram enviadas para os Estados Unidos, México e Moçambique.

“O pessoal vê os meus vídeos, mas tem medo de cair em um golpe, já que a maioria não me conhece pessoalmente. Eu gosto de mostrar o dia a dia nas redes sociais para passar mais segurança, converso com cada cliente até garantir a venda”, conta.

Abrantes afirma que o lado negativo é o valor do frete para áreas distantes da Paraíba. O foco dele é vender as máquinas usadas para a fabricação, que custam R$ 1,5 mil, para permitir que empreendedores de outros estados entrem no negócio.

“A ferramenta permite que as pessoas atendam a demanda da sua região. Não vejo quem compra os meus aparelhos como um concorrente, mas sim como um aliado na luta para limpar o planeta. Também é satisfatório saber que a minha criação pode ajudar alguém a ter uma renda extra”, destaca.

Ateliê foi construído com apoio de vaquinha online

A fama na internet levou Abrantes até o Razões para Acreditar, projeto que realiza vaquinhas online para ajudar pessoas com histórias de superação. Ele conseguiu arrecadar R$ 12 mil e investiu o valor na montagem de um ateliê, em 2021.

“Eu precisava garantir a sustentabilidade do negócio, então comprei uma estação de energia solar, que produz o suficiente para manter o funcionamento da oficina”, explica.

Ele também ganhou um carro de um empresário de São Paulo, para coletar e transportar as garrafas. Mas, no ano passado, a esposa de Abrantes engravidou do terceiro filho e ele trocou o veículo por um modelo mais simples.

O empreendedor recebeu R$ 20 mil para compensar a diferença de valor entre os automóveis e investiu o dinheiro na compra de um terreno. Para financiar os custos da obra, ele participou de um concurso da Expo Favela Paraíba, que ofereceu R$ 40 mil aos dez projetos selecionados para a etapa nacional do evento.

“Consegui montar toda a estrutura da oficina, dos blocos à tinta, com a premiação, além de usar uma parte para comprar maquinários novos. A minha meta é utilizar o espaço que sobrou para construir a minha casa própria e sair do aluguel”, conclui.

A importância da reciclagem para o empreendedorismo

A analista de competitividade do Sebrae Nacional Juliana Borges afirma que o principal ponto positivo de investir em negócios que utilizem matéria-prima reciclável é a economia na aquisição de insumos, já que o preço é mais acessível.

“Reciclagem é um bom negócio para o meio ambiente, mas também é uma ótima oportunidade para quem quer empreender em uma área com custos menores”, diz.

Segundo a especialista, ter um compromisso com a sustentabilidade e o reaproveitamento de resíduos é um diferencial cada vez mais procurado pelos clientes em todos os setores e pode ser determinante para o sucesso de pequenas e médias empresas.

Contudo, Juliana indica que também há dificuldades. A principal delas é avaliar quais serão as etapas necessárias para a reciclagem do material, já que o processo pode depender de um sistema maior, que esteja fora do alcance do empreendedor.

Outro ponto importante é a distância entre os fornecedores e a empresa. Ela explica que se os insumos vierem de regiões distantes, três problemas podem surgir: custos elevados com o frete, um impacto ambiental maior e um envolvimento da comunidade menor, o que prejudica a construção de marca.

“O grande desafio é criar algo que seja inovador, para dar uma nova vida a algo que seria descartado. É importante estimular esse mercado, porque uma garrafa PET leva até 600 anos para se decompor, mas os produtos têm que fazer sentido”, avalia a especialista.

Reciclagem da matéria-prima pode ser parcial ou integral

Juliana afirma que o primeiro passo é determinar o conceito do negócio e entender como a reciclagem pode ser inserida no ciclo de produção, seja com o reprocessamento parcial ou integral da matéria-prima.

Ela recomenda que seja feita uma comparação entre as necessidades do negócio, os principais problemas ambientais e os resíduos gerados na região para analisar quais são as melhores oportunidades.

Registrar e publicar o processo nas redes sociais é uma estratégia válida para gerar uma conexão com consumidores, especialmente se o foco for a venda direta para o cliente final.

O futuro da reciclagem e as oportunidades de negócio

“O engajamento na internet é um diferencial em qualquer setor, o público quer se sentir próximo da marca e entender qual o propósito trabalhado. O empreendedor pode contar sua história e mostrar quais os ganhos que a sociedade tem com o seu negócio”, explica.

Há dez anos, o gari Giorggio Abrantes, de 41 anos, enfrentava a maior luta da sua vida: o alcoolismo. Na época, ele estava internado em uma clínica de reabilitação e teve o primeiro contato com vassouras feitas de garrafa PET.

De uma clínica de reabilitação para um negócio de sucesso

Em 2020, o paraibano publicou vídeos da produção da peça no Youtube para esvaziar a memória do celular, mas viralizou e atraiu clientes até dos Estados Unidos.

Com a ajuda de uma vaquinha online, ele arrecadou R$ 12 mil para construir seu ateliê em Aparecida (PB), cidade com menos de oito mil habitantes. Atualmente, o gari fatura em média R$ 7,5 mil por mês com a venda de vassouras e máquinas para reciclagem de embalagens plásticas.

O gari Giorggio Abrantes, da Paraíba, viralizou com reciclagem de garrafas PET, tem 1 milhão de inscritos no YouTube e passou a viver com esse micronegócio. Foto: Arquivo pessoal

Um novo começo: a reciclagem como terapia

Abrantes não cursou o ensino médio, porque precisou trabalhar desde a adolescência. Ele aceitava qualquer emprego que aparecesse e, por quatro anos, foi vendedor de redes em um caminhão que passava quatro meses na estrada entre Aparecida e Campinas (SP).

Em 2014, o empreendedor trabalhava como gari na Prefeitura de Aparecida, mas precisou se afastar do cargo para tratar o vício em álcool. Após a esposa pedir o divórcio, ele decidiu ficar seis meses internado em uma clínica de reabilitação.

O local tinha uma área destinada à produção de vassouras com garrafas PET e, para se distrair, ele aprendeu a fabricar o item.

“Depois que tive alta, retomei o meu casamento e decidi manter o hábito, já que, além de me ajudar a relaxar, era uma forma de aproveitar as embalagens que encontrava na rua”, conta.

O sucesso viral e a expansão do negócio

Seis anos depois, Abrantes decidiu postar conteúdos no Youtube para ensinar a fabricar objetos com plástico reciclável.

No início, a ideia era salvar os vídeos sem precisar ocupar a memória do celular, mas ele viu que os materiais sobre vassouras de garrafa PET viralizavam com facilidade e decidiu monetizar o perfil para ganhar uma renda extra.

Neste ano, o “gari ecológico” - apelido que o paraibano ganhou na internet - bateu a marca de 1 milhão de inscritos no YouTube e 389 mil seguidores no TikTok. Os vídeos mais populares já acumulam mais de 2,5 milhões de visualizações cada um.

Abrantes diz que os clientes também demonstravam interesse em comprar a máquina utilizada na produção, então ele decidiu aprender a soldar para conseguir atender a demanda.

“Eu não tinha experiência nenhuma com metal, mas procurei por soldadores da região e nenhum deles acreditava que daria certo. O jeito foi colocar a mão na massa e aprender tudo do zero para aproveitar a chance”, afirma o empreendedor.

Vassouras já atraíram compradores de México e Estados Unidos

Para fabricar as vassouras, Abrantes gasta entre R$ 5,50 e R$ 7 por unidade. A versão doméstica é vendida por R$ 20 e o modelo feito para a limpeza de calçadas sai por R$ 35. Ele consegue produzir até seis peças por dia.

Apesar de encontrar algumas garrafas plásticas na rua, o empreendedor compra a maior parte do material de cooperativas que trabalham com coleta de recicláveis.

Além de vendas para pessoas físicas, ele já fechou negócio com as prefeituras de Aparecida e Socorro (SP). O sucesso também atravessou fronteiras internacionais: segundo o paraibano, as peças já foram enviadas para os Estados Unidos, México e Moçambique.

“O pessoal vê os meus vídeos, mas tem medo de cair em um golpe, já que a maioria não me conhece pessoalmente. Eu gosto de mostrar o dia a dia nas redes sociais para passar mais segurança, converso com cada cliente até garantir a venda”, conta.

Abrantes afirma que o lado negativo é o valor do frete para áreas distantes da Paraíba. O foco dele é vender as máquinas usadas para a fabricação, que custam R$ 1,5 mil, para permitir que empreendedores de outros estados entrem no negócio.

“A ferramenta permite que as pessoas atendam a demanda da sua região. Não vejo quem compra os meus aparelhos como um concorrente, mas sim como um aliado na luta para limpar o planeta. Também é satisfatório saber que a minha criação pode ajudar alguém a ter uma renda extra”, destaca.

Ateliê foi construído com apoio de vaquinha online

A fama na internet levou Abrantes até o Razões para Acreditar, projeto que realiza vaquinhas online para ajudar pessoas com histórias de superação. Ele conseguiu arrecadar R$ 12 mil e investiu o valor na montagem de um ateliê, em 2021.

“Eu precisava garantir a sustentabilidade do negócio, então comprei uma estação de energia solar, que produz o suficiente para manter o funcionamento da oficina”, explica.

Ele também ganhou um carro de um empresário de São Paulo, para coletar e transportar as garrafas. Mas, no ano passado, a esposa de Abrantes engravidou do terceiro filho e ele trocou o veículo por um modelo mais simples.

O empreendedor recebeu R$ 20 mil para compensar a diferença de valor entre os automóveis e investiu o dinheiro na compra de um terreno. Para financiar os custos da obra, ele participou de um concurso da Expo Favela Paraíba, que ofereceu R$ 40 mil aos dez projetos selecionados para a etapa nacional do evento.

“Consegui montar toda a estrutura da oficina, dos blocos à tinta, com a premiação, além de usar uma parte para comprar maquinários novos. A minha meta é utilizar o espaço que sobrou para construir a minha casa própria e sair do aluguel”, conclui.

A importância da reciclagem para o empreendedorismo

A analista de competitividade do Sebrae Nacional Juliana Borges afirma que o principal ponto positivo de investir em negócios que utilizem matéria-prima reciclável é a economia na aquisição de insumos, já que o preço é mais acessível.

“Reciclagem é um bom negócio para o meio ambiente, mas também é uma ótima oportunidade para quem quer empreender em uma área com custos menores”, diz.

Segundo a especialista, ter um compromisso com a sustentabilidade e o reaproveitamento de resíduos é um diferencial cada vez mais procurado pelos clientes em todos os setores e pode ser determinante para o sucesso de pequenas e médias empresas.

Contudo, Juliana indica que também há dificuldades. A principal delas é avaliar quais serão as etapas necessárias para a reciclagem do material, já que o processo pode depender de um sistema maior, que esteja fora do alcance do empreendedor.

Outro ponto importante é a distância entre os fornecedores e a empresa. Ela explica que se os insumos vierem de regiões distantes, três problemas podem surgir: custos elevados com o frete, um impacto ambiental maior e um envolvimento da comunidade menor, o que prejudica a construção de marca.

“O grande desafio é criar algo que seja inovador, para dar uma nova vida a algo que seria descartado. É importante estimular esse mercado, porque uma garrafa PET leva até 600 anos para se decompor, mas os produtos têm que fazer sentido”, avalia a especialista.

Reciclagem da matéria-prima pode ser parcial ou integral

Juliana afirma que o primeiro passo é determinar o conceito do negócio e entender como a reciclagem pode ser inserida no ciclo de produção, seja com o reprocessamento parcial ou integral da matéria-prima.

Ela recomenda que seja feita uma comparação entre as necessidades do negócio, os principais problemas ambientais e os resíduos gerados na região para analisar quais são as melhores oportunidades.

Registrar e publicar o processo nas redes sociais é uma estratégia válida para gerar uma conexão com consumidores, especialmente se o foco for a venda direta para o cliente final.

O futuro da reciclagem e as oportunidades de negócio

“O engajamento na internet é um diferencial em qualquer setor, o público quer se sentir próximo da marca e entender qual o propósito trabalhado. O empreendedor pode contar sua história e mostrar quais os ganhos que a sociedade tem com o seu negócio”, explica.

Há dez anos, o gari Giorggio Abrantes, de 41 anos, enfrentava a maior luta da sua vida: o alcoolismo. Na época, ele estava internado em uma clínica de reabilitação e teve o primeiro contato com vassouras feitas de garrafa PET.

De uma clínica de reabilitação para um negócio de sucesso

Em 2020, o paraibano publicou vídeos da produção da peça no Youtube para esvaziar a memória do celular, mas viralizou e atraiu clientes até dos Estados Unidos.

Com a ajuda de uma vaquinha online, ele arrecadou R$ 12 mil para construir seu ateliê em Aparecida (PB), cidade com menos de oito mil habitantes. Atualmente, o gari fatura em média R$ 7,5 mil por mês com a venda de vassouras e máquinas para reciclagem de embalagens plásticas.

O gari Giorggio Abrantes, da Paraíba, viralizou com reciclagem de garrafas PET, tem 1 milhão de inscritos no YouTube e passou a viver com esse micronegócio. Foto: Arquivo pessoal

Um novo começo: a reciclagem como terapia

Abrantes não cursou o ensino médio, porque precisou trabalhar desde a adolescência. Ele aceitava qualquer emprego que aparecesse e, por quatro anos, foi vendedor de redes em um caminhão que passava quatro meses na estrada entre Aparecida e Campinas (SP).

Em 2014, o empreendedor trabalhava como gari na Prefeitura de Aparecida, mas precisou se afastar do cargo para tratar o vício em álcool. Após a esposa pedir o divórcio, ele decidiu ficar seis meses internado em uma clínica de reabilitação.

O local tinha uma área destinada à produção de vassouras com garrafas PET e, para se distrair, ele aprendeu a fabricar o item.

“Depois que tive alta, retomei o meu casamento e decidi manter o hábito, já que, além de me ajudar a relaxar, era uma forma de aproveitar as embalagens que encontrava na rua”, conta.

O sucesso viral e a expansão do negócio

Seis anos depois, Abrantes decidiu postar conteúdos no Youtube para ensinar a fabricar objetos com plástico reciclável.

No início, a ideia era salvar os vídeos sem precisar ocupar a memória do celular, mas ele viu que os materiais sobre vassouras de garrafa PET viralizavam com facilidade e decidiu monetizar o perfil para ganhar uma renda extra.

Neste ano, o “gari ecológico” - apelido que o paraibano ganhou na internet - bateu a marca de 1 milhão de inscritos no YouTube e 389 mil seguidores no TikTok. Os vídeos mais populares já acumulam mais de 2,5 milhões de visualizações cada um.

Abrantes diz que os clientes também demonstravam interesse em comprar a máquina utilizada na produção, então ele decidiu aprender a soldar para conseguir atender a demanda.

“Eu não tinha experiência nenhuma com metal, mas procurei por soldadores da região e nenhum deles acreditava que daria certo. O jeito foi colocar a mão na massa e aprender tudo do zero para aproveitar a chance”, afirma o empreendedor.

Vassouras já atraíram compradores de México e Estados Unidos

Para fabricar as vassouras, Abrantes gasta entre R$ 5,50 e R$ 7 por unidade. A versão doméstica é vendida por R$ 20 e o modelo feito para a limpeza de calçadas sai por R$ 35. Ele consegue produzir até seis peças por dia.

Apesar de encontrar algumas garrafas plásticas na rua, o empreendedor compra a maior parte do material de cooperativas que trabalham com coleta de recicláveis.

Além de vendas para pessoas físicas, ele já fechou negócio com as prefeituras de Aparecida e Socorro (SP). O sucesso também atravessou fronteiras internacionais: segundo o paraibano, as peças já foram enviadas para os Estados Unidos, México e Moçambique.

“O pessoal vê os meus vídeos, mas tem medo de cair em um golpe, já que a maioria não me conhece pessoalmente. Eu gosto de mostrar o dia a dia nas redes sociais para passar mais segurança, converso com cada cliente até garantir a venda”, conta.

Abrantes afirma que o lado negativo é o valor do frete para áreas distantes da Paraíba. O foco dele é vender as máquinas usadas para a fabricação, que custam R$ 1,5 mil, para permitir que empreendedores de outros estados entrem no negócio.

“A ferramenta permite que as pessoas atendam a demanda da sua região. Não vejo quem compra os meus aparelhos como um concorrente, mas sim como um aliado na luta para limpar o planeta. Também é satisfatório saber que a minha criação pode ajudar alguém a ter uma renda extra”, destaca.

Ateliê foi construído com apoio de vaquinha online

A fama na internet levou Abrantes até o Razões para Acreditar, projeto que realiza vaquinhas online para ajudar pessoas com histórias de superação. Ele conseguiu arrecadar R$ 12 mil e investiu o valor na montagem de um ateliê, em 2021.

“Eu precisava garantir a sustentabilidade do negócio, então comprei uma estação de energia solar, que produz o suficiente para manter o funcionamento da oficina”, explica.

Ele também ganhou um carro de um empresário de São Paulo, para coletar e transportar as garrafas. Mas, no ano passado, a esposa de Abrantes engravidou do terceiro filho e ele trocou o veículo por um modelo mais simples.

O empreendedor recebeu R$ 20 mil para compensar a diferença de valor entre os automóveis e investiu o dinheiro na compra de um terreno. Para financiar os custos da obra, ele participou de um concurso da Expo Favela Paraíba, que ofereceu R$ 40 mil aos dez projetos selecionados para a etapa nacional do evento.

“Consegui montar toda a estrutura da oficina, dos blocos à tinta, com a premiação, além de usar uma parte para comprar maquinários novos. A minha meta é utilizar o espaço que sobrou para construir a minha casa própria e sair do aluguel”, conclui.

A importância da reciclagem para o empreendedorismo

A analista de competitividade do Sebrae Nacional Juliana Borges afirma que o principal ponto positivo de investir em negócios que utilizem matéria-prima reciclável é a economia na aquisição de insumos, já que o preço é mais acessível.

“Reciclagem é um bom negócio para o meio ambiente, mas também é uma ótima oportunidade para quem quer empreender em uma área com custos menores”, diz.

Segundo a especialista, ter um compromisso com a sustentabilidade e o reaproveitamento de resíduos é um diferencial cada vez mais procurado pelos clientes em todos os setores e pode ser determinante para o sucesso de pequenas e médias empresas.

Contudo, Juliana indica que também há dificuldades. A principal delas é avaliar quais serão as etapas necessárias para a reciclagem do material, já que o processo pode depender de um sistema maior, que esteja fora do alcance do empreendedor.

Outro ponto importante é a distância entre os fornecedores e a empresa. Ela explica que se os insumos vierem de regiões distantes, três problemas podem surgir: custos elevados com o frete, um impacto ambiental maior e um envolvimento da comunidade menor, o que prejudica a construção de marca.

“O grande desafio é criar algo que seja inovador, para dar uma nova vida a algo que seria descartado. É importante estimular esse mercado, porque uma garrafa PET leva até 600 anos para se decompor, mas os produtos têm que fazer sentido”, avalia a especialista.

Reciclagem da matéria-prima pode ser parcial ou integral

Juliana afirma que o primeiro passo é determinar o conceito do negócio e entender como a reciclagem pode ser inserida no ciclo de produção, seja com o reprocessamento parcial ou integral da matéria-prima.

Ela recomenda que seja feita uma comparação entre as necessidades do negócio, os principais problemas ambientais e os resíduos gerados na região para analisar quais são as melhores oportunidades.

Registrar e publicar o processo nas redes sociais é uma estratégia válida para gerar uma conexão com consumidores, especialmente se o foco for a venda direta para o cliente final.

O futuro da reciclagem e as oportunidades de negócio

“O engajamento na internet é um diferencial em qualquer setor, o público quer se sentir próximo da marca e entender qual o propósito trabalhado. O empreendedor pode contar sua história e mostrar quais os ganhos que a sociedade tem com o seu negócio”, explica.

Há dez anos, o gari Giorggio Abrantes, de 41 anos, enfrentava a maior luta da sua vida: o alcoolismo. Na época, ele estava internado em uma clínica de reabilitação e teve o primeiro contato com vassouras feitas de garrafa PET.

De uma clínica de reabilitação para um negócio de sucesso

Em 2020, o paraibano publicou vídeos da produção da peça no Youtube para esvaziar a memória do celular, mas viralizou e atraiu clientes até dos Estados Unidos.

Com a ajuda de uma vaquinha online, ele arrecadou R$ 12 mil para construir seu ateliê em Aparecida (PB), cidade com menos de oito mil habitantes. Atualmente, o gari fatura em média R$ 7,5 mil por mês com a venda de vassouras e máquinas para reciclagem de embalagens plásticas.

O gari Giorggio Abrantes, da Paraíba, viralizou com reciclagem de garrafas PET, tem 1 milhão de inscritos no YouTube e passou a viver com esse micronegócio. Foto: Arquivo pessoal

Um novo começo: a reciclagem como terapia

Abrantes não cursou o ensino médio, porque precisou trabalhar desde a adolescência. Ele aceitava qualquer emprego que aparecesse e, por quatro anos, foi vendedor de redes em um caminhão que passava quatro meses na estrada entre Aparecida e Campinas (SP).

Em 2014, o empreendedor trabalhava como gari na Prefeitura de Aparecida, mas precisou se afastar do cargo para tratar o vício em álcool. Após a esposa pedir o divórcio, ele decidiu ficar seis meses internado em uma clínica de reabilitação.

O local tinha uma área destinada à produção de vassouras com garrafas PET e, para se distrair, ele aprendeu a fabricar o item.

“Depois que tive alta, retomei o meu casamento e decidi manter o hábito, já que, além de me ajudar a relaxar, era uma forma de aproveitar as embalagens que encontrava na rua”, conta.

O sucesso viral e a expansão do negócio

Seis anos depois, Abrantes decidiu postar conteúdos no Youtube para ensinar a fabricar objetos com plástico reciclável.

No início, a ideia era salvar os vídeos sem precisar ocupar a memória do celular, mas ele viu que os materiais sobre vassouras de garrafa PET viralizavam com facilidade e decidiu monetizar o perfil para ganhar uma renda extra.

Neste ano, o “gari ecológico” - apelido que o paraibano ganhou na internet - bateu a marca de 1 milhão de inscritos no YouTube e 389 mil seguidores no TikTok. Os vídeos mais populares já acumulam mais de 2,5 milhões de visualizações cada um.

Abrantes diz que os clientes também demonstravam interesse em comprar a máquina utilizada na produção, então ele decidiu aprender a soldar para conseguir atender a demanda.

“Eu não tinha experiência nenhuma com metal, mas procurei por soldadores da região e nenhum deles acreditava que daria certo. O jeito foi colocar a mão na massa e aprender tudo do zero para aproveitar a chance”, afirma o empreendedor.

Vassouras já atraíram compradores de México e Estados Unidos

Para fabricar as vassouras, Abrantes gasta entre R$ 5,50 e R$ 7 por unidade. A versão doméstica é vendida por R$ 20 e o modelo feito para a limpeza de calçadas sai por R$ 35. Ele consegue produzir até seis peças por dia.

Apesar de encontrar algumas garrafas plásticas na rua, o empreendedor compra a maior parte do material de cooperativas que trabalham com coleta de recicláveis.

Além de vendas para pessoas físicas, ele já fechou negócio com as prefeituras de Aparecida e Socorro (SP). O sucesso também atravessou fronteiras internacionais: segundo o paraibano, as peças já foram enviadas para os Estados Unidos, México e Moçambique.

“O pessoal vê os meus vídeos, mas tem medo de cair em um golpe, já que a maioria não me conhece pessoalmente. Eu gosto de mostrar o dia a dia nas redes sociais para passar mais segurança, converso com cada cliente até garantir a venda”, conta.

Abrantes afirma que o lado negativo é o valor do frete para áreas distantes da Paraíba. O foco dele é vender as máquinas usadas para a fabricação, que custam R$ 1,5 mil, para permitir que empreendedores de outros estados entrem no negócio.

“A ferramenta permite que as pessoas atendam a demanda da sua região. Não vejo quem compra os meus aparelhos como um concorrente, mas sim como um aliado na luta para limpar o planeta. Também é satisfatório saber que a minha criação pode ajudar alguém a ter uma renda extra”, destaca.

Ateliê foi construído com apoio de vaquinha online

A fama na internet levou Abrantes até o Razões para Acreditar, projeto que realiza vaquinhas online para ajudar pessoas com histórias de superação. Ele conseguiu arrecadar R$ 12 mil e investiu o valor na montagem de um ateliê, em 2021.

“Eu precisava garantir a sustentabilidade do negócio, então comprei uma estação de energia solar, que produz o suficiente para manter o funcionamento da oficina”, explica.

Ele também ganhou um carro de um empresário de São Paulo, para coletar e transportar as garrafas. Mas, no ano passado, a esposa de Abrantes engravidou do terceiro filho e ele trocou o veículo por um modelo mais simples.

O empreendedor recebeu R$ 20 mil para compensar a diferença de valor entre os automóveis e investiu o dinheiro na compra de um terreno. Para financiar os custos da obra, ele participou de um concurso da Expo Favela Paraíba, que ofereceu R$ 40 mil aos dez projetos selecionados para a etapa nacional do evento.

“Consegui montar toda a estrutura da oficina, dos blocos à tinta, com a premiação, além de usar uma parte para comprar maquinários novos. A minha meta é utilizar o espaço que sobrou para construir a minha casa própria e sair do aluguel”, conclui.

A importância da reciclagem para o empreendedorismo

A analista de competitividade do Sebrae Nacional Juliana Borges afirma que o principal ponto positivo de investir em negócios que utilizem matéria-prima reciclável é a economia na aquisição de insumos, já que o preço é mais acessível.

“Reciclagem é um bom negócio para o meio ambiente, mas também é uma ótima oportunidade para quem quer empreender em uma área com custos menores”, diz.

Segundo a especialista, ter um compromisso com a sustentabilidade e o reaproveitamento de resíduos é um diferencial cada vez mais procurado pelos clientes em todos os setores e pode ser determinante para o sucesso de pequenas e médias empresas.

Contudo, Juliana indica que também há dificuldades. A principal delas é avaliar quais serão as etapas necessárias para a reciclagem do material, já que o processo pode depender de um sistema maior, que esteja fora do alcance do empreendedor.

Outro ponto importante é a distância entre os fornecedores e a empresa. Ela explica que se os insumos vierem de regiões distantes, três problemas podem surgir: custos elevados com o frete, um impacto ambiental maior e um envolvimento da comunidade menor, o que prejudica a construção de marca.

“O grande desafio é criar algo que seja inovador, para dar uma nova vida a algo que seria descartado. É importante estimular esse mercado, porque uma garrafa PET leva até 600 anos para se decompor, mas os produtos têm que fazer sentido”, avalia a especialista.

Reciclagem da matéria-prima pode ser parcial ou integral

Juliana afirma que o primeiro passo é determinar o conceito do negócio e entender como a reciclagem pode ser inserida no ciclo de produção, seja com o reprocessamento parcial ou integral da matéria-prima.

Ela recomenda que seja feita uma comparação entre as necessidades do negócio, os principais problemas ambientais e os resíduos gerados na região para analisar quais são as melhores oportunidades.

Registrar e publicar o processo nas redes sociais é uma estratégia válida para gerar uma conexão com consumidores, especialmente se o foco for a venda direta para o cliente final.

O futuro da reciclagem e as oportunidades de negócio

“O engajamento na internet é um diferencial em qualquer setor, o público quer se sentir próximo da marca e entender qual o propósito trabalhado. O empreendedor pode contar sua história e mostrar quais os ganhos que a sociedade tem com o seu negócio”, explica.

Há dez anos, o gari Giorggio Abrantes, de 41 anos, enfrentava a maior luta da sua vida: o alcoolismo. Na época, ele estava internado em uma clínica de reabilitação e teve o primeiro contato com vassouras feitas de garrafa PET.

De uma clínica de reabilitação para um negócio de sucesso

Em 2020, o paraibano publicou vídeos da produção da peça no Youtube para esvaziar a memória do celular, mas viralizou e atraiu clientes até dos Estados Unidos.

Com a ajuda de uma vaquinha online, ele arrecadou R$ 12 mil para construir seu ateliê em Aparecida (PB), cidade com menos de oito mil habitantes. Atualmente, o gari fatura em média R$ 7,5 mil por mês com a venda de vassouras e máquinas para reciclagem de embalagens plásticas.

O gari Giorggio Abrantes, da Paraíba, viralizou com reciclagem de garrafas PET, tem 1 milhão de inscritos no YouTube e passou a viver com esse micronegócio. Foto: Arquivo pessoal

Um novo começo: a reciclagem como terapia

Abrantes não cursou o ensino médio, porque precisou trabalhar desde a adolescência. Ele aceitava qualquer emprego que aparecesse e, por quatro anos, foi vendedor de redes em um caminhão que passava quatro meses na estrada entre Aparecida e Campinas (SP).

Em 2014, o empreendedor trabalhava como gari na Prefeitura de Aparecida, mas precisou se afastar do cargo para tratar o vício em álcool. Após a esposa pedir o divórcio, ele decidiu ficar seis meses internado em uma clínica de reabilitação.

O local tinha uma área destinada à produção de vassouras com garrafas PET e, para se distrair, ele aprendeu a fabricar o item.

“Depois que tive alta, retomei o meu casamento e decidi manter o hábito, já que, além de me ajudar a relaxar, era uma forma de aproveitar as embalagens que encontrava na rua”, conta.

O sucesso viral e a expansão do negócio

Seis anos depois, Abrantes decidiu postar conteúdos no Youtube para ensinar a fabricar objetos com plástico reciclável.

No início, a ideia era salvar os vídeos sem precisar ocupar a memória do celular, mas ele viu que os materiais sobre vassouras de garrafa PET viralizavam com facilidade e decidiu monetizar o perfil para ganhar uma renda extra.

Neste ano, o “gari ecológico” - apelido que o paraibano ganhou na internet - bateu a marca de 1 milhão de inscritos no YouTube e 389 mil seguidores no TikTok. Os vídeos mais populares já acumulam mais de 2,5 milhões de visualizações cada um.

Abrantes diz que os clientes também demonstravam interesse em comprar a máquina utilizada na produção, então ele decidiu aprender a soldar para conseguir atender a demanda.

“Eu não tinha experiência nenhuma com metal, mas procurei por soldadores da região e nenhum deles acreditava que daria certo. O jeito foi colocar a mão na massa e aprender tudo do zero para aproveitar a chance”, afirma o empreendedor.

Vassouras já atraíram compradores de México e Estados Unidos

Para fabricar as vassouras, Abrantes gasta entre R$ 5,50 e R$ 7 por unidade. A versão doméstica é vendida por R$ 20 e o modelo feito para a limpeza de calçadas sai por R$ 35. Ele consegue produzir até seis peças por dia.

Apesar de encontrar algumas garrafas plásticas na rua, o empreendedor compra a maior parte do material de cooperativas que trabalham com coleta de recicláveis.

Além de vendas para pessoas físicas, ele já fechou negócio com as prefeituras de Aparecida e Socorro (SP). O sucesso também atravessou fronteiras internacionais: segundo o paraibano, as peças já foram enviadas para os Estados Unidos, México e Moçambique.

“O pessoal vê os meus vídeos, mas tem medo de cair em um golpe, já que a maioria não me conhece pessoalmente. Eu gosto de mostrar o dia a dia nas redes sociais para passar mais segurança, converso com cada cliente até garantir a venda”, conta.

Abrantes afirma que o lado negativo é o valor do frete para áreas distantes da Paraíba. O foco dele é vender as máquinas usadas para a fabricação, que custam R$ 1,5 mil, para permitir que empreendedores de outros estados entrem no negócio.

“A ferramenta permite que as pessoas atendam a demanda da sua região. Não vejo quem compra os meus aparelhos como um concorrente, mas sim como um aliado na luta para limpar o planeta. Também é satisfatório saber que a minha criação pode ajudar alguém a ter uma renda extra”, destaca.

Ateliê foi construído com apoio de vaquinha online

A fama na internet levou Abrantes até o Razões para Acreditar, projeto que realiza vaquinhas online para ajudar pessoas com histórias de superação. Ele conseguiu arrecadar R$ 12 mil e investiu o valor na montagem de um ateliê, em 2021.

“Eu precisava garantir a sustentabilidade do negócio, então comprei uma estação de energia solar, que produz o suficiente para manter o funcionamento da oficina”, explica.

Ele também ganhou um carro de um empresário de São Paulo, para coletar e transportar as garrafas. Mas, no ano passado, a esposa de Abrantes engravidou do terceiro filho e ele trocou o veículo por um modelo mais simples.

O empreendedor recebeu R$ 20 mil para compensar a diferença de valor entre os automóveis e investiu o dinheiro na compra de um terreno. Para financiar os custos da obra, ele participou de um concurso da Expo Favela Paraíba, que ofereceu R$ 40 mil aos dez projetos selecionados para a etapa nacional do evento.

“Consegui montar toda a estrutura da oficina, dos blocos à tinta, com a premiação, além de usar uma parte para comprar maquinários novos. A minha meta é utilizar o espaço que sobrou para construir a minha casa própria e sair do aluguel”, conclui.

A importância da reciclagem para o empreendedorismo

A analista de competitividade do Sebrae Nacional Juliana Borges afirma que o principal ponto positivo de investir em negócios que utilizem matéria-prima reciclável é a economia na aquisição de insumos, já que o preço é mais acessível.

“Reciclagem é um bom negócio para o meio ambiente, mas também é uma ótima oportunidade para quem quer empreender em uma área com custos menores”, diz.

Segundo a especialista, ter um compromisso com a sustentabilidade e o reaproveitamento de resíduos é um diferencial cada vez mais procurado pelos clientes em todos os setores e pode ser determinante para o sucesso de pequenas e médias empresas.

Contudo, Juliana indica que também há dificuldades. A principal delas é avaliar quais serão as etapas necessárias para a reciclagem do material, já que o processo pode depender de um sistema maior, que esteja fora do alcance do empreendedor.

Outro ponto importante é a distância entre os fornecedores e a empresa. Ela explica que se os insumos vierem de regiões distantes, três problemas podem surgir: custos elevados com o frete, um impacto ambiental maior e um envolvimento da comunidade menor, o que prejudica a construção de marca.

“O grande desafio é criar algo que seja inovador, para dar uma nova vida a algo que seria descartado. É importante estimular esse mercado, porque uma garrafa PET leva até 600 anos para se decompor, mas os produtos têm que fazer sentido”, avalia a especialista.

Reciclagem da matéria-prima pode ser parcial ou integral

Juliana afirma que o primeiro passo é determinar o conceito do negócio e entender como a reciclagem pode ser inserida no ciclo de produção, seja com o reprocessamento parcial ou integral da matéria-prima.

Ela recomenda que seja feita uma comparação entre as necessidades do negócio, os principais problemas ambientais e os resíduos gerados na região para analisar quais são as melhores oportunidades.

Registrar e publicar o processo nas redes sociais é uma estratégia válida para gerar uma conexão com consumidores, especialmente se o foco for a venda direta para o cliente final.

O futuro da reciclagem e as oportunidades de negócio

“O engajamento na internet é um diferencial em qualquer setor, o público quer se sentir próximo da marca e entender qual o propósito trabalhado. O empreendedor pode contar sua história e mostrar quais os ganhos que a sociedade tem com o seu negócio”, explica.

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