Todos os anos, 20 milhões de pessoas passam pelos 124 zoológicos do Brasil. Por semana, são 38.461 visitantes, número 2,3 vezes acima da média de público do campeonato brasileiro de futebol, o Brasileirão, que fechou o ano com 16.512 pagantes por rodada, segundo dados da CBF.
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Embora sugira muita coisa, o número da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB), de fato, revela pouco. Isso porque, enquanto modalidade de negócio, a realidade é que ela ainda representa um campo a ser explorado no País.
Diferente da Europa e da América do Norte, onde a iniciativa privada predomina nas empreitadas da área (a Alemanha, que é mais ou menos do tamanho de Minas Gerais, tem 700 zoológicos, quase todos particulares), no Brasil apenas um em cada quatro zoos visa lucro.
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O número de estrangeiros envolvidos com o setor no Brasil também é alto. Mais um sinal de que o brasileiro ainda não se atentou para as oportunidades desse nicho, acredita o holandês Robert Frank Kooij. Ele administra o Zooparque Itatiba, idealizado por Wolfgang Artmann, austríaco que passa apenas seis semanas do ano no Brasil, quando inspeciona de perto seu negócio.
“Eu vejo que, quando a gente fala em zoológico, é tudo muito novo no Brasil. Lá na Europa a gente está mais preparado, tanto do ponto de vista empreendedor quanto de legislação”, afirma Kooij, que no passado tocou com o pai um parque de pássaros na Holanda e, há dois anos, chegou ao Brasil atrás das oportunidades da terra emergente. “Tem muito o que se conquistar por aqui, acho que é só o começo”, define.
O zoológico de Itatiba, a 80 quilômetros de São Paulo, está entre os maiores particulares do Pais – são 500 metros quadrados e cerca de mil animais de 180 espécies. Por ano, o local recebe mais de 100 mil visitantes e deve fechar o ano no azul, com faturamento de R$ 1,6 milhão.
“Estamos crescendo a uma margem de 20% ao ano. Acho que é um crescimento natural, que reflete nosso esforço de marketing”, conta o executivo holandês. “Há três anos mais ou menos, o dono precisava enviar dinheiro para fechar o caixa. Mas isso já não é mais necessário, dá para pagar todas as contas e ainda sobra um pouco, que reinvestimos”, destaca Robert Kooij.
A realidade econômica do zoológico particular de Itatiba é bastante similar ao Parque das Aves de Foz de Iguaçu (PR). Fundado em 1993 por Dennis e Anna Croukamp, da Namíbia, o negócio vive hoje sua melhor fase e o comando agora é da filha do casal, Carmel, que há duas semanas assumiu a gestão do parque ao deixar para trás uma carreira de professora universitária em Oxford, na Inglaterra. “Hoje a gente se paga. Acho que o Brasil está muito mais preparado para esse tipo de negócio do que quando meus pais vieram se aventurar por aqui”, conta Carmel.
Nascida na Namíbia e criada na Inglaterra, a empresária conta que o início do negócio, motivado pela paixão do pai por papagaios, foi difícil, chegando a consumir todos os recursos da família. “Meu pai tinha minas de zinco, prata e chumbo na Namíbia e vendeu para se mudar com a família para a Inglaterra. Estava aposentado quando ele ouviu falar de Foz de Iguaçu e da carência de opções para turistas nessa cidade”, lembra. “Assim que montou o parque, meu pai faleceu e minha mãe veio para tocar o parque. Gastamos todas as nossas economias com esse projeto porque no início ninguém vinha nos visitar, só a população de Foz mesmo”, diz Carmel.
A empreendedora conta que, neste ano, recebeu em seu zoológico mais visitantes que a Usina Hidrelétrica de Itaipu. “Devemos chegar a 520 mil visitantes por ano. É um número inédito, que acontece justamente porque a gente tem tentado, nesses anos, absorver o turista das cataratas. Temos um trabalho com hotéis, operadores de turismo e participamos de quase todas as feira da área, tanto aqui quando no exterior”, explica a empresária.
Carmel projeta expandir o negócio em três ou cinco anos. “Vamos trazer mais pássaros, hoje são mais de 800 animais de 200 espécies. E a gente começa agora a estudar uma estratégia de termos mamíferos. Falamos muito em elefantes e onças. São animais que nos fascinam e têm muito apelo de público”, diz Carmel, que adota a estratégia de reinvestir o lucro no negócio. “É uma opção moral”, diz.