A aliança que não deu certo: Tabata e Datena vão de fãs a adversários em São Paulo


PSDB homologou candidatura de apresentador a prefeito e PSB realiza convenções neste sábado para oficializar a deputada federal como candidata

Por Pedro Augusto Figueiredo
Atualização:

Era 25 de janeiro quando a deputada federal Tabata Amaral (PSB) chamou aliados e jornalistas para se lançar como pré-candidata a prefeita de São Paulo. O local escolhido foi simbólico: a laje da casa de sua mãe, onde morou até os 16 anos, na Vila Missionária, zona sul da capital paulista.

Dona Reni fez cuscuz, comida preferida da filha, bolo e café para receber os convidados. Entre eles, se destacava José Luiz Datena. Embora o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), estivesse presente, coube ao apresentador ocupar o lugar de honra ao lado direito de Tabata e discursar logo após a anfitriã.

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Deputada Tabata Amaral abraça José Luiz Datena em evento na casa onde cresceu, na zona Sul da capital paulista Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Datena se emocionou ao dizer que Reni lembrava a mãe dele, já falecida, relatou ter sido transportado para a casa que morou no início da vida, citou a música “Cidadão”, que depois descobriu ser a favorita do pai de Tabata, também falecido, e afirmou que conversar com a parlamentar era como falar com uma neta. “Cada vez que eu conheço mais a Tabata, fico mais fã dela”, disse. “Ela está profundamente habilitada a dirigir, não só São Paulo, como qualquer cidade”, continuou.

Minutos depois, a pré-candidata a prefeita revelou que havia convidado Datena para ser seu companheiro de chapa, mas ressaltou que, independentemente do cargo ocupado pelo apresentador, o importante é que eles estavam juntos no projeto. “O papel que ele vai desempenhar é uma decisão dele e do coletivo nos próximos meses”, afirmou Tabata.

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Dois meses depois, ambos voltaram a aparecer juntos publicamente. Em um hotel na região central de São Paulo no início de abril, Datena se filiava ao PSDB após articulação da deputada. A jogada de Tabata era clara: infiltrar um aliado com o peso do apresentador no ninho tucano convenceria o partido a apoiar sua pré-candidatura e a aliança seria selada com a indicação de Datena como seu vice.

Dessa forma, Tabata teria mais tempo de propaganda eleitoral, mas, principalmente, se vacinaria contra críticas de que sua pretensão eleitoral era um voo solo. Ela não tinha — e ainda não tem — apoio de outra sigla.

Tabata Amaral participa da filiação de José Luiz Datena ao PSDB em São Paulo Foto: Fábio Vieira/Estadão
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Datena embarcou na articulação: disse que sua vontade era estar ao lado de Tabata, confirmou que trocou de partido a pedido dela e declarou tê-la no “fundo do coração”. O jornalista, contudo, novamente não cravou que seria vice.

No mesmo hotel, mas dois meses depois, em junho, ele se lançaria como pré-candidato a prefeito pelo PSDB ao lado de Aécio Neves (PSDB) e Marconi Perillo (PSDB), presidente nacional da legenda.

Separação explícita

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A separação ficará mais explícita neste sábado, 27. O PSB confirmará Tabata Amaral como candidata a prefeita na convenção que será realizada a partir das 9h, na quadra da escola de samba Rosas de Ouro. A 15 quilômetros dali, uma hora depois, os tucanos pretendem festejar a candidatura de Datena, já homologada pela federação PSDB-Cidadania em uma reunião fechada nesta sexta-feira — Fernando Alfredo, ex-presidente do PSDB em São Paulo que trabalha para a sigla apoiar Ricardo Nunes (MDB), pediu à Justiça eleitoral que suspenda a convenção.

A pré-candidata do PSB ainda evita usar a palavra “traição” para classificar o que ocorreu. “Adjetivar não ajuda agora, o que existe são os fatos”, disse ela em entrevista ao Estadão/Broadcast publicada também nesta sexta-feira, antes da homologação da candidatura tucana.

“Foi firmado um acordo a nível nacional com o presidente do PSB e o presidente do PSDB, com o Datena, com os envolvidos, em que o PSDB indicaria o vice ao nosso projeto. E desde então as sinalizações têm sido confusas”, acrescentou ela.

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Tabata ainda manteve a porta aberta para uma aliança com os tucanos, mas deixou claro que uma eventual aliança não incluiria mais Datena. “A gente topa sentar para conversar sobre um novo nome”, disse. Os mais cotados seriam o presidente municipal do PSDB, José Aníbal, e Mario Covas Neto, presidente da federação PSDB-Cidadania na capital paulista. Os dois também são apontados como prováveis vices de Datena.

Como mostrou o Estadão, Tabata também estuda soluções caseiras: a segunda dama Lu Alckmin, Lúcia França, esposa de Márcio França, e Floriano Pesaro, ex-tucano que foi secretário da administração Geraldo Alckmin em São Paulo.

Datena nega veementemente ter traído Tabata. Ele diz que nunca concordou em ser vice da ex-aliada e que preferia ter continuado no PSB, mas relata ter sido “empurrado” por ela para o PSDB. “Eu disse a ela várias vezes que não queria ir. Ela facilitou minha decisão. Me trocaram por 40 segundos, e eu não sou relógio. Não é arriscado você pegar um ativo importante da sua campanha e botar em outro lugar?”, disse ele em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início da semana.

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Ele também demonstrou incômodo por Tabata ter declarado que ele é “grandinho” para tomar as próprias decisões. “Ou ela me chamou de gordo, e eu tenho horror a preconceito, porque sou gordinho com muito prazer, ou ela me chamou de velho, e eu tenho honra em ser idoso”, rebateu.

Mais do que mero adversários, Datena e Tabata disputarão o mesmo espaço na dinâmica da eleitoral: pregando contra os males da polarização, eles se apresentam como uma opção de terceira via e alternativas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tem o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No momento, o apresentador está numericamente a frente, com 11% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, contra 7% da pré-candidata do PSB. Na prática, eles estão empatados tecnicamente em terceiro lugar, junto com Pablo Marçal (PRTB), com 10%, e Marina Helena (Novo), com 5%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Convenções

PSB

Data: 27/07, às 9h

Local: Ginásio da Escola de Samba Rosas de Ouro. Rua Coronel Euclides Machado, 1066, Jardim das Graças, São Paulo

PSDB

Data: 27/07, às 10h

Local: Auditório Paulo Kobayashi na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) - Avenida Pedro Alvares Cabral, 201, Moema, São Paulo

Era 25 de janeiro quando a deputada federal Tabata Amaral (PSB) chamou aliados e jornalistas para se lançar como pré-candidata a prefeita de São Paulo. O local escolhido foi simbólico: a laje da casa de sua mãe, onde morou até os 16 anos, na Vila Missionária, zona sul da capital paulista.

Dona Reni fez cuscuz, comida preferida da filha, bolo e café para receber os convidados. Entre eles, se destacava José Luiz Datena. Embora o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), estivesse presente, coube ao apresentador ocupar o lugar de honra ao lado direito de Tabata e discursar logo após a anfitriã.

Deputada Tabata Amaral abraça José Luiz Datena em evento na casa onde cresceu, na zona Sul da capital paulista Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Datena se emocionou ao dizer que Reni lembrava a mãe dele, já falecida, relatou ter sido transportado para a casa que morou no início da vida, citou a música “Cidadão”, que depois descobriu ser a favorita do pai de Tabata, também falecido, e afirmou que conversar com a parlamentar era como falar com uma neta. “Cada vez que eu conheço mais a Tabata, fico mais fã dela”, disse. “Ela está profundamente habilitada a dirigir, não só São Paulo, como qualquer cidade”, continuou.

Minutos depois, a pré-candidata a prefeita revelou que havia convidado Datena para ser seu companheiro de chapa, mas ressaltou que, independentemente do cargo ocupado pelo apresentador, o importante é que eles estavam juntos no projeto. “O papel que ele vai desempenhar é uma decisão dele e do coletivo nos próximos meses”, afirmou Tabata.

Dois meses depois, ambos voltaram a aparecer juntos publicamente. Em um hotel na região central de São Paulo no início de abril, Datena se filiava ao PSDB após articulação da deputada. A jogada de Tabata era clara: infiltrar um aliado com o peso do apresentador no ninho tucano convenceria o partido a apoiar sua pré-candidatura e a aliança seria selada com a indicação de Datena como seu vice.

Dessa forma, Tabata teria mais tempo de propaganda eleitoral, mas, principalmente, se vacinaria contra críticas de que sua pretensão eleitoral era um voo solo. Ela não tinha — e ainda não tem — apoio de outra sigla.

Tabata Amaral participa da filiação de José Luiz Datena ao PSDB em São Paulo Foto: Fábio Vieira/Estadão

Datena embarcou na articulação: disse que sua vontade era estar ao lado de Tabata, confirmou que trocou de partido a pedido dela e declarou tê-la no “fundo do coração”. O jornalista, contudo, novamente não cravou que seria vice.

No mesmo hotel, mas dois meses depois, em junho, ele se lançaria como pré-candidato a prefeito pelo PSDB ao lado de Aécio Neves (PSDB) e Marconi Perillo (PSDB), presidente nacional da legenda.

Separação explícita

A separação ficará mais explícita neste sábado, 27. O PSB confirmará Tabata Amaral como candidata a prefeita na convenção que será realizada a partir das 9h, na quadra da escola de samba Rosas de Ouro. A 15 quilômetros dali, uma hora depois, os tucanos pretendem festejar a candidatura de Datena, já homologada pela federação PSDB-Cidadania em uma reunião fechada nesta sexta-feira — Fernando Alfredo, ex-presidente do PSDB em São Paulo que trabalha para a sigla apoiar Ricardo Nunes (MDB), pediu à Justiça eleitoral que suspenda a convenção.

A pré-candidata do PSB ainda evita usar a palavra “traição” para classificar o que ocorreu. “Adjetivar não ajuda agora, o que existe são os fatos”, disse ela em entrevista ao Estadão/Broadcast publicada também nesta sexta-feira, antes da homologação da candidatura tucana.

“Foi firmado um acordo a nível nacional com o presidente do PSB e o presidente do PSDB, com o Datena, com os envolvidos, em que o PSDB indicaria o vice ao nosso projeto. E desde então as sinalizações têm sido confusas”, acrescentou ela.

Tabata ainda manteve a porta aberta para uma aliança com os tucanos, mas deixou claro que uma eventual aliança não incluiria mais Datena. “A gente topa sentar para conversar sobre um novo nome”, disse. Os mais cotados seriam o presidente municipal do PSDB, José Aníbal, e Mario Covas Neto, presidente da federação PSDB-Cidadania na capital paulista. Os dois também são apontados como prováveis vices de Datena.

Como mostrou o Estadão, Tabata também estuda soluções caseiras: a segunda dama Lu Alckmin, Lúcia França, esposa de Márcio França, e Floriano Pesaro, ex-tucano que foi secretário da administração Geraldo Alckmin em São Paulo.

Datena nega veementemente ter traído Tabata. Ele diz que nunca concordou em ser vice da ex-aliada e que preferia ter continuado no PSB, mas relata ter sido “empurrado” por ela para o PSDB. “Eu disse a ela várias vezes que não queria ir. Ela facilitou minha decisão. Me trocaram por 40 segundos, e eu não sou relógio. Não é arriscado você pegar um ativo importante da sua campanha e botar em outro lugar?”, disse ele em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início da semana.

Ele também demonstrou incômodo por Tabata ter declarado que ele é “grandinho” para tomar as próprias decisões. “Ou ela me chamou de gordo, e eu tenho horror a preconceito, porque sou gordinho com muito prazer, ou ela me chamou de velho, e eu tenho honra em ser idoso”, rebateu.

Mais do que mero adversários, Datena e Tabata disputarão o mesmo espaço na dinâmica da eleitoral: pregando contra os males da polarização, eles se apresentam como uma opção de terceira via e alternativas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tem o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No momento, o apresentador está numericamente a frente, com 11% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, contra 7% da pré-candidata do PSB. Na prática, eles estão empatados tecnicamente em terceiro lugar, junto com Pablo Marçal (PRTB), com 10%, e Marina Helena (Novo), com 5%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Convenções

PSB

Data: 27/07, às 9h

Local: Ginásio da Escola de Samba Rosas de Ouro. Rua Coronel Euclides Machado, 1066, Jardim das Graças, São Paulo

PSDB

Data: 27/07, às 10h

Local: Auditório Paulo Kobayashi na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) - Avenida Pedro Alvares Cabral, 201, Moema, São Paulo

Era 25 de janeiro quando a deputada federal Tabata Amaral (PSB) chamou aliados e jornalistas para se lançar como pré-candidata a prefeita de São Paulo. O local escolhido foi simbólico: a laje da casa de sua mãe, onde morou até os 16 anos, na Vila Missionária, zona sul da capital paulista.

Dona Reni fez cuscuz, comida preferida da filha, bolo e café para receber os convidados. Entre eles, se destacava José Luiz Datena. Embora o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), estivesse presente, coube ao apresentador ocupar o lugar de honra ao lado direito de Tabata e discursar logo após a anfitriã.

Deputada Tabata Amaral abraça José Luiz Datena em evento na casa onde cresceu, na zona Sul da capital paulista Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Datena se emocionou ao dizer que Reni lembrava a mãe dele, já falecida, relatou ter sido transportado para a casa que morou no início da vida, citou a música “Cidadão”, que depois descobriu ser a favorita do pai de Tabata, também falecido, e afirmou que conversar com a parlamentar era como falar com uma neta. “Cada vez que eu conheço mais a Tabata, fico mais fã dela”, disse. “Ela está profundamente habilitada a dirigir, não só São Paulo, como qualquer cidade”, continuou.

Minutos depois, a pré-candidata a prefeita revelou que havia convidado Datena para ser seu companheiro de chapa, mas ressaltou que, independentemente do cargo ocupado pelo apresentador, o importante é que eles estavam juntos no projeto. “O papel que ele vai desempenhar é uma decisão dele e do coletivo nos próximos meses”, afirmou Tabata.

Dois meses depois, ambos voltaram a aparecer juntos publicamente. Em um hotel na região central de São Paulo no início de abril, Datena se filiava ao PSDB após articulação da deputada. A jogada de Tabata era clara: infiltrar um aliado com o peso do apresentador no ninho tucano convenceria o partido a apoiar sua pré-candidatura e a aliança seria selada com a indicação de Datena como seu vice.

Dessa forma, Tabata teria mais tempo de propaganda eleitoral, mas, principalmente, se vacinaria contra críticas de que sua pretensão eleitoral era um voo solo. Ela não tinha — e ainda não tem — apoio de outra sigla.

Tabata Amaral participa da filiação de José Luiz Datena ao PSDB em São Paulo Foto: Fábio Vieira/Estadão

Datena embarcou na articulação: disse que sua vontade era estar ao lado de Tabata, confirmou que trocou de partido a pedido dela e declarou tê-la no “fundo do coração”. O jornalista, contudo, novamente não cravou que seria vice.

No mesmo hotel, mas dois meses depois, em junho, ele se lançaria como pré-candidato a prefeito pelo PSDB ao lado de Aécio Neves (PSDB) e Marconi Perillo (PSDB), presidente nacional da legenda.

Separação explícita

A separação ficará mais explícita neste sábado, 27. O PSB confirmará Tabata Amaral como candidata a prefeita na convenção que será realizada a partir das 9h, na quadra da escola de samba Rosas de Ouro. A 15 quilômetros dali, uma hora depois, os tucanos pretendem festejar a candidatura de Datena, já homologada pela federação PSDB-Cidadania em uma reunião fechada nesta sexta-feira — Fernando Alfredo, ex-presidente do PSDB em São Paulo que trabalha para a sigla apoiar Ricardo Nunes (MDB), pediu à Justiça eleitoral que suspenda a convenção.

A pré-candidata do PSB ainda evita usar a palavra “traição” para classificar o que ocorreu. “Adjetivar não ajuda agora, o que existe são os fatos”, disse ela em entrevista ao Estadão/Broadcast publicada também nesta sexta-feira, antes da homologação da candidatura tucana.

“Foi firmado um acordo a nível nacional com o presidente do PSB e o presidente do PSDB, com o Datena, com os envolvidos, em que o PSDB indicaria o vice ao nosso projeto. E desde então as sinalizações têm sido confusas”, acrescentou ela.

Tabata ainda manteve a porta aberta para uma aliança com os tucanos, mas deixou claro que uma eventual aliança não incluiria mais Datena. “A gente topa sentar para conversar sobre um novo nome”, disse. Os mais cotados seriam o presidente municipal do PSDB, José Aníbal, e Mario Covas Neto, presidente da federação PSDB-Cidadania na capital paulista. Os dois também são apontados como prováveis vices de Datena.

Como mostrou o Estadão, Tabata também estuda soluções caseiras: a segunda dama Lu Alckmin, Lúcia França, esposa de Márcio França, e Floriano Pesaro, ex-tucano que foi secretário da administração Geraldo Alckmin em São Paulo.

Datena nega veementemente ter traído Tabata. Ele diz que nunca concordou em ser vice da ex-aliada e que preferia ter continuado no PSB, mas relata ter sido “empurrado” por ela para o PSDB. “Eu disse a ela várias vezes que não queria ir. Ela facilitou minha decisão. Me trocaram por 40 segundos, e eu não sou relógio. Não é arriscado você pegar um ativo importante da sua campanha e botar em outro lugar?”, disse ele em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início da semana.

Ele também demonstrou incômodo por Tabata ter declarado que ele é “grandinho” para tomar as próprias decisões. “Ou ela me chamou de gordo, e eu tenho horror a preconceito, porque sou gordinho com muito prazer, ou ela me chamou de velho, e eu tenho honra em ser idoso”, rebateu.

Mais do que mero adversários, Datena e Tabata disputarão o mesmo espaço na dinâmica da eleitoral: pregando contra os males da polarização, eles se apresentam como uma opção de terceira via e alternativas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tem o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No momento, o apresentador está numericamente a frente, com 11% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, contra 7% da pré-candidata do PSB. Na prática, eles estão empatados tecnicamente em terceiro lugar, junto com Pablo Marçal (PRTB), com 10%, e Marina Helena (Novo), com 5%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Convenções

PSB

Data: 27/07, às 9h

Local: Ginásio da Escola de Samba Rosas de Ouro. Rua Coronel Euclides Machado, 1066, Jardim das Graças, São Paulo

PSDB

Data: 27/07, às 10h

Local: Auditório Paulo Kobayashi na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) - Avenida Pedro Alvares Cabral, 201, Moema, São Paulo

Era 25 de janeiro quando a deputada federal Tabata Amaral (PSB) chamou aliados e jornalistas para se lançar como pré-candidata a prefeita de São Paulo. O local escolhido foi simbólico: a laje da casa de sua mãe, onde morou até os 16 anos, na Vila Missionária, zona sul da capital paulista.

Dona Reni fez cuscuz, comida preferida da filha, bolo e café para receber os convidados. Entre eles, se destacava José Luiz Datena. Embora o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), estivesse presente, coube ao apresentador ocupar o lugar de honra ao lado direito de Tabata e discursar logo após a anfitriã.

Deputada Tabata Amaral abraça José Luiz Datena em evento na casa onde cresceu, na zona Sul da capital paulista Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Datena se emocionou ao dizer que Reni lembrava a mãe dele, já falecida, relatou ter sido transportado para a casa que morou no início da vida, citou a música “Cidadão”, que depois descobriu ser a favorita do pai de Tabata, também falecido, e afirmou que conversar com a parlamentar era como falar com uma neta. “Cada vez que eu conheço mais a Tabata, fico mais fã dela”, disse. “Ela está profundamente habilitada a dirigir, não só São Paulo, como qualquer cidade”, continuou.

Minutos depois, a pré-candidata a prefeita revelou que havia convidado Datena para ser seu companheiro de chapa, mas ressaltou que, independentemente do cargo ocupado pelo apresentador, o importante é que eles estavam juntos no projeto. “O papel que ele vai desempenhar é uma decisão dele e do coletivo nos próximos meses”, afirmou Tabata.

Dois meses depois, ambos voltaram a aparecer juntos publicamente. Em um hotel na região central de São Paulo no início de abril, Datena se filiava ao PSDB após articulação da deputada. A jogada de Tabata era clara: infiltrar um aliado com o peso do apresentador no ninho tucano convenceria o partido a apoiar sua pré-candidatura e a aliança seria selada com a indicação de Datena como seu vice.

Dessa forma, Tabata teria mais tempo de propaganda eleitoral, mas, principalmente, se vacinaria contra críticas de que sua pretensão eleitoral era um voo solo. Ela não tinha — e ainda não tem — apoio de outra sigla.

Tabata Amaral participa da filiação de José Luiz Datena ao PSDB em São Paulo Foto: Fábio Vieira/Estadão

Datena embarcou na articulação: disse que sua vontade era estar ao lado de Tabata, confirmou que trocou de partido a pedido dela e declarou tê-la no “fundo do coração”. O jornalista, contudo, novamente não cravou que seria vice.

No mesmo hotel, mas dois meses depois, em junho, ele se lançaria como pré-candidato a prefeito pelo PSDB ao lado de Aécio Neves (PSDB) e Marconi Perillo (PSDB), presidente nacional da legenda.

Separação explícita

A separação ficará mais explícita neste sábado, 27. O PSB confirmará Tabata Amaral como candidata a prefeita na convenção que será realizada a partir das 9h, na quadra da escola de samba Rosas de Ouro. A 15 quilômetros dali, uma hora depois, os tucanos pretendem festejar a candidatura de Datena, já homologada pela federação PSDB-Cidadania em uma reunião fechada nesta sexta-feira — Fernando Alfredo, ex-presidente do PSDB em São Paulo que trabalha para a sigla apoiar Ricardo Nunes (MDB), pediu à Justiça eleitoral que suspenda a convenção.

A pré-candidata do PSB ainda evita usar a palavra “traição” para classificar o que ocorreu. “Adjetivar não ajuda agora, o que existe são os fatos”, disse ela em entrevista ao Estadão/Broadcast publicada também nesta sexta-feira, antes da homologação da candidatura tucana.

“Foi firmado um acordo a nível nacional com o presidente do PSB e o presidente do PSDB, com o Datena, com os envolvidos, em que o PSDB indicaria o vice ao nosso projeto. E desde então as sinalizações têm sido confusas”, acrescentou ela.

Tabata ainda manteve a porta aberta para uma aliança com os tucanos, mas deixou claro que uma eventual aliança não incluiria mais Datena. “A gente topa sentar para conversar sobre um novo nome”, disse. Os mais cotados seriam o presidente municipal do PSDB, José Aníbal, e Mario Covas Neto, presidente da federação PSDB-Cidadania na capital paulista. Os dois também são apontados como prováveis vices de Datena.

Como mostrou o Estadão, Tabata também estuda soluções caseiras: a segunda dama Lu Alckmin, Lúcia França, esposa de Márcio França, e Floriano Pesaro, ex-tucano que foi secretário da administração Geraldo Alckmin em São Paulo.

Datena nega veementemente ter traído Tabata. Ele diz que nunca concordou em ser vice da ex-aliada e que preferia ter continuado no PSB, mas relata ter sido “empurrado” por ela para o PSDB. “Eu disse a ela várias vezes que não queria ir. Ela facilitou minha decisão. Me trocaram por 40 segundos, e eu não sou relógio. Não é arriscado você pegar um ativo importante da sua campanha e botar em outro lugar?”, disse ele em uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início da semana.

Ele também demonstrou incômodo por Tabata ter declarado que ele é “grandinho” para tomar as próprias decisões. “Ou ela me chamou de gordo, e eu tenho horror a preconceito, porque sou gordinho com muito prazer, ou ela me chamou de velho, e eu tenho honra em ser idoso”, rebateu.

Mais do que mero adversários, Datena e Tabata disputarão o mesmo espaço na dinâmica da eleitoral: pregando contra os males da polarização, eles se apresentam como uma opção de terceira via e alternativas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que tem o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No momento, o apresentador está numericamente a frente, com 11% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, contra 7% da pré-candidata do PSB. Na prática, eles estão empatados tecnicamente em terceiro lugar, junto com Pablo Marçal (PRTB), com 10%, e Marina Helena (Novo), com 5%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Convenções

PSB

Data: 27/07, às 9h

Local: Ginásio da Escola de Samba Rosas de Ouro. Rua Coronel Euclides Machado, 1066, Jardim das Graças, São Paulo

PSDB

Data: 27/07, às 10h

Local: Auditório Paulo Kobayashi na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) - Avenida Pedro Alvares Cabral, 201, Moema, São Paulo

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