A falta do Censo Demográfico atualizado afeta pesquisas eleitorais?


Pesquisadores não têm acesso a dados oficiais mais recentes sobre a população; para analista, isso não compromete os levantamentos

Por Redação
Atualização:

Para realizar uma pesquisa eleitoral, os institutos devem definir amostras representativas da população do País. A porção de entrevistados pelos levantamentos deve ser fiel, na medida do possível, à proporção real de homens e mulheres, pobres e ricos, adultos e idosos, entre outros. Com dados desatualizados do Censo Demográfico, porém, pesquisadores não têm acesso a informações oficiais importantes da população.

Realizado a cada dez anos, o Censo visita todos os lares brasileiros. A operação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada em decorrência da pandemia e da falta de recursos. A coleta de dados começou em agosto, com dois anos de atraso. O último Censo no País é de 2010.

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Essa defasagem pode afetar as pesquisas eleitorais?

Para o coordenador do Conselho de Opinião Pública da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), João Francisco Meira, a falta de um Censo atualizado não compromete a confiabilidade das pesquisas. “Seria bom se tivesse, mas não se impede de fazer boa pesquisa sem o Censo”, diz.

Na ausência do Censo atualizado, parte dos institutos recorre a dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), também feita pelo IBGE, para obter sobretudo dados de emprego e renda da população. Mas dados como o de religião, por exemplo, carecem de atualização que guiem os pesquisadores.

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Lula e Bolsonaro apresentam desempenhos discrepantes em pesquisas realizadas no Estado de São Paulo.  Foto: Ricardo Stuckert e CNA/Divulgação

“Nós temos acesso aos dados da Pnad, que é uma amostra muito grande e que produz resultados bons a nível dos Estados e das regiões, mas não substitui o Censo”, afirma Meira. “No caso da religião, nós não sabemos como evoluiu nos últimos 12 anos, por exemplo. Mesmo a variável de renda tem algum impacto, porque a Pnad pergunta a renda de uma maneira, a pesquisa pergunta de outra maneira. Então, são aproximações”.

Sem dados oficiais, os institutos têm de estimar informações – e cada um o faz à sua maneira. No início do mês, Quaest e Ipec mediram de forma consideravelmente distinta a distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo.

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Em seu perfil no Twitter, o jornalista Thomas Traumann observou que a diferença da variável de renda na amostra pode favorecer ou prejudicar determinados candidatos. “Cada empresa de pesquisa usa um critério para estimar os mais pobres e, como sabe-se que Lula tem uma vantagem neste grupo, a decisão termina influenciando o resultado final”, publicou.

Como apontado por Traumann, uma das principais diferenças diz respeito à renda. A Quaest, por exemplo, se baseia na Pnad para definir essa variável. O Ipec, não.

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Como resultado, essa variável diverge entre um instituto e outro, como exposto em uma tabela compartilhada por Traumann:

“O Ipec não controla suas amostras por renda por tratar-se de uma variável muito sensível e de difícil aplicação em campo. É impossível replicar a forma como a Pnad levanta a renda familiar em uma pesquisa de opinião, mercado ou eleitoral. O levantamento da renda usado na Pnad é enorme, requer muitas perguntas detalhadas”, afirma Márcia Cavallari, CEO do Ipec.

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Felipe Nunes, CEO da Quaest, argumenta que, apesar das dificuldades, o instituto considera importante ir a campo com esse recorte. “Reconhecemos a dificuldade de medir precisamente a variável renda, mas reconhecemos também a possibilidade de desvios em coletas realizadas sem qualquer controle amostral de renda”, afirma.

“Determinar a renda de indivíduos não é tarefa simples. As pessoas tendem a subestimar sua renda, quando ganham muito, ou tendem a superestimar sua renda, quando ganham muito pouco. Esse comportamento poderia então levar o instituto a errar a análise do comportamento do eleitor, já que a renda estaria mal mensurada”, completa.

O IBGE foi procurado para se manifestar sobre a ausência do Censo 2020, mas ainda não se manifestou até a publicação deste texto.

Para realizar uma pesquisa eleitoral, os institutos devem definir amostras representativas da população do País. A porção de entrevistados pelos levantamentos deve ser fiel, na medida do possível, à proporção real de homens e mulheres, pobres e ricos, adultos e idosos, entre outros. Com dados desatualizados do Censo Demográfico, porém, pesquisadores não têm acesso a informações oficiais importantes da população.

Realizado a cada dez anos, o Censo visita todos os lares brasileiros. A operação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada em decorrência da pandemia e da falta de recursos. A coleta de dados começou em agosto, com dois anos de atraso. O último Censo no País é de 2010.

Essa defasagem pode afetar as pesquisas eleitorais?

Para o coordenador do Conselho de Opinião Pública da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), João Francisco Meira, a falta de um Censo atualizado não compromete a confiabilidade das pesquisas. “Seria bom se tivesse, mas não se impede de fazer boa pesquisa sem o Censo”, diz.

Na ausência do Censo atualizado, parte dos institutos recorre a dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), também feita pelo IBGE, para obter sobretudo dados de emprego e renda da população. Mas dados como o de religião, por exemplo, carecem de atualização que guiem os pesquisadores.

Lula e Bolsonaro apresentam desempenhos discrepantes em pesquisas realizadas no Estado de São Paulo.  Foto: Ricardo Stuckert e CNA/Divulgação

“Nós temos acesso aos dados da Pnad, que é uma amostra muito grande e que produz resultados bons a nível dos Estados e das regiões, mas não substitui o Censo”, afirma Meira. “No caso da religião, nós não sabemos como evoluiu nos últimos 12 anos, por exemplo. Mesmo a variável de renda tem algum impacto, porque a Pnad pergunta a renda de uma maneira, a pesquisa pergunta de outra maneira. Então, são aproximações”.

Sem dados oficiais, os institutos têm de estimar informações – e cada um o faz à sua maneira. No início do mês, Quaest e Ipec mediram de forma consideravelmente distinta a distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo.

Em seu perfil no Twitter, o jornalista Thomas Traumann observou que a diferença da variável de renda na amostra pode favorecer ou prejudicar determinados candidatos. “Cada empresa de pesquisa usa um critério para estimar os mais pobres e, como sabe-se que Lula tem uma vantagem neste grupo, a decisão termina influenciando o resultado final”, publicou.

Como apontado por Traumann, uma das principais diferenças diz respeito à renda. A Quaest, por exemplo, se baseia na Pnad para definir essa variável. O Ipec, não.

Como resultado, essa variável diverge entre um instituto e outro, como exposto em uma tabela compartilhada por Traumann:

“O Ipec não controla suas amostras por renda por tratar-se de uma variável muito sensível e de difícil aplicação em campo. É impossível replicar a forma como a Pnad levanta a renda familiar em uma pesquisa de opinião, mercado ou eleitoral. O levantamento da renda usado na Pnad é enorme, requer muitas perguntas detalhadas”, afirma Márcia Cavallari, CEO do Ipec.

Felipe Nunes, CEO da Quaest, argumenta que, apesar das dificuldades, o instituto considera importante ir a campo com esse recorte. “Reconhecemos a dificuldade de medir precisamente a variável renda, mas reconhecemos também a possibilidade de desvios em coletas realizadas sem qualquer controle amostral de renda”, afirma.

“Determinar a renda de indivíduos não é tarefa simples. As pessoas tendem a subestimar sua renda, quando ganham muito, ou tendem a superestimar sua renda, quando ganham muito pouco. Esse comportamento poderia então levar o instituto a errar a análise do comportamento do eleitor, já que a renda estaria mal mensurada”, completa.

O IBGE foi procurado para se manifestar sobre a ausência do Censo 2020, mas ainda não se manifestou até a publicação deste texto.

Para realizar uma pesquisa eleitoral, os institutos devem definir amostras representativas da população do País. A porção de entrevistados pelos levantamentos deve ser fiel, na medida do possível, à proporção real de homens e mulheres, pobres e ricos, adultos e idosos, entre outros. Com dados desatualizados do Censo Demográfico, porém, pesquisadores não têm acesso a informações oficiais importantes da população.

Realizado a cada dez anos, o Censo visita todos os lares brasileiros. A operação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada em decorrência da pandemia e da falta de recursos. A coleta de dados começou em agosto, com dois anos de atraso. O último Censo no País é de 2010.

Essa defasagem pode afetar as pesquisas eleitorais?

Para o coordenador do Conselho de Opinião Pública da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), João Francisco Meira, a falta de um Censo atualizado não compromete a confiabilidade das pesquisas. “Seria bom se tivesse, mas não se impede de fazer boa pesquisa sem o Censo”, diz.

Na ausência do Censo atualizado, parte dos institutos recorre a dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), também feita pelo IBGE, para obter sobretudo dados de emprego e renda da população. Mas dados como o de religião, por exemplo, carecem de atualização que guiem os pesquisadores.

Lula e Bolsonaro apresentam desempenhos discrepantes em pesquisas realizadas no Estado de São Paulo.  Foto: Ricardo Stuckert e CNA/Divulgação

“Nós temos acesso aos dados da Pnad, que é uma amostra muito grande e que produz resultados bons a nível dos Estados e das regiões, mas não substitui o Censo”, afirma Meira. “No caso da religião, nós não sabemos como evoluiu nos últimos 12 anos, por exemplo. Mesmo a variável de renda tem algum impacto, porque a Pnad pergunta a renda de uma maneira, a pesquisa pergunta de outra maneira. Então, são aproximações”.

Sem dados oficiais, os institutos têm de estimar informações – e cada um o faz à sua maneira. No início do mês, Quaest e Ipec mediram de forma consideravelmente distinta a distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo.

Em seu perfil no Twitter, o jornalista Thomas Traumann observou que a diferença da variável de renda na amostra pode favorecer ou prejudicar determinados candidatos. “Cada empresa de pesquisa usa um critério para estimar os mais pobres e, como sabe-se que Lula tem uma vantagem neste grupo, a decisão termina influenciando o resultado final”, publicou.

Como apontado por Traumann, uma das principais diferenças diz respeito à renda. A Quaest, por exemplo, se baseia na Pnad para definir essa variável. O Ipec, não.

Como resultado, essa variável diverge entre um instituto e outro, como exposto em uma tabela compartilhada por Traumann:

“O Ipec não controla suas amostras por renda por tratar-se de uma variável muito sensível e de difícil aplicação em campo. É impossível replicar a forma como a Pnad levanta a renda familiar em uma pesquisa de opinião, mercado ou eleitoral. O levantamento da renda usado na Pnad é enorme, requer muitas perguntas detalhadas”, afirma Márcia Cavallari, CEO do Ipec.

Felipe Nunes, CEO da Quaest, argumenta que, apesar das dificuldades, o instituto considera importante ir a campo com esse recorte. “Reconhecemos a dificuldade de medir precisamente a variável renda, mas reconhecemos também a possibilidade de desvios em coletas realizadas sem qualquer controle amostral de renda”, afirma.

“Determinar a renda de indivíduos não é tarefa simples. As pessoas tendem a subestimar sua renda, quando ganham muito, ou tendem a superestimar sua renda, quando ganham muito pouco. Esse comportamento poderia então levar o instituto a errar a análise do comportamento do eleitor, já que a renda estaria mal mensurada”, completa.

O IBGE foi procurado para se manifestar sobre a ausência do Censo 2020, mas ainda não se manifestou até a publicação deste texto.

Para realizar uma pesquisa eleitoral, os institutos devem definir amostras representativas da população do País. A porção de entrevistados pelos levantamentos deve ser fiel, na medida do possível, à proporção real de homens e mulheres, pobres e ricos, adultos e idosos, entre outros. Com dados desatualizados do Censo Demográfico, porém, pesquisadores não têm acesso a informações oficiais importantes da população.

Realizado a cada dez anos, o Censo visita todos os lares brasileiros. A operação deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada em decorrência da pandemia e da falta de recursos. A coleta de dados começou em agosto, com dois anos de atraso. O último Censo no País é de 2010.

Essa defasagem pode afetar as pesquisas eleitorais?

Para o coordenador do Conselho de Opinião Pública da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), João Francisco Meira, a falta de um Censo atualizado não compromete a confiabilidade das pesquisas. “Seria bom se tivesse, mas não se impede de fazer boa pesquisa sem o Censo”, diz.

Na ausência do Censo atualizado, parte dos institutos recorre a dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), também feita pelo IBGE, para obter sobretudo dados de emprego e renda da população. Mas dados como o de religião, por exemplo, carecem de atualização que guiem os pesquisadores.

Lula e Bolsonaro apresentam desempenhos discrepantes em pesquisas realizadas no Estado de São Paulo.  Foto: Ricardo Stuckert e CNA/Divulgação

“Nós temos acesso aos dados da Pnad, que é uma amostra muito grande e que produz resultados bons a nível dos Estados e das regiões, mas não substitui o Censo”, afirma Meira. “No caso da religião, nós não sabemos como evoluiu nos últimos 12 anos, por exemplo. Mesmo a variável de renda tem algum impacto, porque a Pnad pergunta a renda de uma maneira, a pesquisa pergunta de outra maneira. Então, são aproximações”.

Sem dados oficiais, os institutos têm de estimar informações – e cada um o faz à sua maneira. No início do mês, Quaest e Ipec mediram de forma consideravelmente distinta a distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo.

Em seu perfil no Twitter, o jornalista Thomas Traumann observou que a diferença da variável de renda na amostra pode favorecer ou prejudicar determinados candidatos. “Cada empresa de pesquisa usa um critério para estimar os mais pobres e, como sabe-se que Lula tem uma vantagem neste grupo, a decisão termina influenciando o resultado final”, publicou.

Como apontado por Traumann, uma das principais diferenças diz respeito à renda. A Quaest, por exemplo, se baseia na Pnad para definir essa variável. O Ipec, não.

Como resultado, essa variável diverge entre um instituto e outro, como exposto em uma tabela compartilhada por Traumann:

“O Ipec não controla suas amostras por renda por tratar-se de uma variável muito sensível e de difícil aplicação em campo. É impossível replicar a forma como a Pnad levanta a renda familiar em uma pesquisa de opinião, mercado ou eleitoral. O levantamento da renda usado na Pnad é enorme, requer muitas perguntas detalhadas”, afirma Márcia Cavallari, CEO do Ipec.

Felipe Nunes, CEO da Quaest, argumenta que, apesar das dificuldades, o instituto considera importante ir a campo com esse recorte. “Reconhecemos a dificuldade de medir precisamente a variável renda, mas reconhecemos também a possibilidade de desvios em coletas realizadas sem qualquer controle amostral de renda”, afirma.

“Determinar a renda de indivíduos não é tarefa simples. As pessoas tendem a subestimar sua renda, quando ganham muito, ou tendem a superestimar sua renda, quando ganham muito pouco. Esse comportamento poderia então levar o instituto a errar a análise do comportamento do eleitor, já que a renda estaria mal mensurada”, completa.

O IBGE foi procurado para se manifestar sobre a ausência do Censo 2020, mas ainda não se manifestou até a publicação deste texto.

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