Abin de Lula estava acéfala durante preparação de ataques bolsonaristas em Brasília


Cargos foram retirados da agência na transição e responsável pelo GSI não havia nomeado os novos diretores do órgão que devia fornecer informações ao governo ao Lula

Por Marcelo Godoy
Atualização:

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estava acéfala na semana em que os bolsonaristas prepararam a chamada “tomada do poder”, a ação para a tomada dos prédios dos três Poderes a fim de provocar um golpe de Estado para a derrubada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme mostram as mensagens divulgadas pelos organizadores do movimento. A agência estava sem diretor-geral e sem os novos diretores de áreas importantes, como contrainteligência.

É que a área de inteligência no governo federal foi a última a contar com um grupo nomeado para a transição. Deles faziam parte o delegado da Polícia Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues e o agente da corporação e pesquisador Vladimir de Paula Brito, um especialista em banco de dados e inteligência estatal. Além dele, três agentes da agência compunham o grupo: Saulo Moura da Cunha, que foi adido no Japão, além de Bruno Marques e Rinaldo Sandro Teixeira. Teixeira era coordenador da agência em Minas Gerais e seria próximo do delegado Rodrigues.

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Imagem mostra Palácio do PLanalto na noite de domingo. Foto: Mauro Pimentel/AFP Foto: MAURO PIMENTEL

Marques foi coordenador-geral da Abin durante os governos de Michel Temer (MDB) e no de Bolsonaro, até 2020. Quando deixou o cargo para disputar uma aditância, Marques teve a indicação barrada por razões políticas. É que dentro da política de “despetização” promovida por Bolsonaro, o nome de Marques foi barrado porque encontraram uma doação dele para um candidato do PT, em 2018. Na época, outros dois agentes foram barrados porque foram filiados ao PT e ao PCO antes de entrarem na Abin. Os três disputavam os cargos de adido policial em Nova Déli, Pequim e Berlim

No fim, a agência foi mantida sob o guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para o qual foi nomeado o general de divisão da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, que coordenou a segurança do petista na campanha eleitoral. G. Dias então apontou Saulo como o futuro diretor da Abin, mas seu nome ainda não foi sabatinado – assim, ele foi nomeado como diretor administrativo. As outras diretorias permaneceram como estavam. Quase ninguém foi trocado na semana em que tudo foi planejado.

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É que, segundo apurou a reportagem, o novo governo não tinha uma equipe. À exceção de Saulo, as outras diretorias não foram nomeadas e para que não ficassem vagas, os diretores que ocupavam as funções não puderam ser exonerados. Durante a semana, a situação na agência foi descrita como de caos. O novo governo teria ainda retirado 84 cargos da agência e os funcionários do órgão souberam da nomeação de Saulo pelo Diário Oficial, em vez de um anúncio ministerial.

Ações de terroristas próximas ao parlatório. Foto: Wilton Junior/Estadão Foto: WILTON JUNIOR

O GSI foi ampliado. No relato dos agentes, a situação na Abin só não seria pior do que a da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde a perda de cargos chegou a 101. Para os agentes, essa situação criada desde a transição teve importância e pode ter influenciado o que aconteceu no domingo em Brasília, pois com a agência acéfala, os bolsonaristas teriam pegado o governo no contrapé, sem ter equipes formadas para poder dimensionar o tamanho do ´perigo representado pelos extremistas que se aproximavam de Brasília.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estava acéfala na semana em que os bolsonaristas prepararam a chamada “tomada do poder”, a ação para a tomada dos prédios dos três Poderes a fim de provocar um golpe de Estado para a derrubada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme mostram as mensagens divulgadas pelos organizadores do movimento. A agência estava sem diretor-geral e sem os novos diretores de áreas importantes, como contrainteligência.

É que a área de inteligência no governo federal foi a última a contar com um grupo nomeado para a transição. Deles faziam parte o delegado da Polícia Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues e o agente da corporação e pesquisador Vladimir de Paula Brito, um especialista em banco de dados e inteligência estatal. Além dele, três agentes da agência compunham o grupo: Saulo Moura da Cunha, que foi adido no Japão, além de Bruno Marques e Rinaldo Sandro Teixeira. Teixeira era coordenador da agência em Minas Gerais e seria próximo do delegado Rodrigues.

Imagem mostra Palácio do PLanalto na noite de domingo. Foto: Mauro Pimentel/AFP Foto: MAURO PIMENTEL

Marques foi coordenador-geral da Abin durante os governos de Michel Temer (MDB) e no de Bolsonaro, até 2020. Quando deixou o cargo para disputar uma aditância, Marques teve a indicação barrada por razões políticas. É que dentro da política de “despetização” promovida por Bolsonaro, o nome de Marques foi barrado porque encontraram uma doação dele para um candidato do PT, em 2018. Na época, outros dois agentes foram barrados porque foram filiados ao PT e ao PCO antes de entrarem na Abin. Os três disputavam os cargos de adido policial em Nova Déli, Pequim e Berlim

No fim, a agência foi mantida sob o guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para o qual foi nomeado o general de divisão da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, que coordenou a segurança do petista na campanha eleitoral. G. Dias então apontou Saulo como o futuro diretor da Abin, mas seu nome ainda não foi sabatinado – assim, ele foi nomeado como diretor administrativo. As outras diretorias permaneceram como estavam. Quase ninguém foi trocado na semana em que tudo foi planejado.

É que, segundo apurou a reportagem, o novo governo não tinha uma equipe. À exceção de Saulo, as outras diretorias não foram nomeadas e para que não ficassem vagas, os diretores que ocupavam as funções não puderam ser exonerados. Durante a semana, a situação na agência foi descrita como de caos. O novo governo teria ainda retirado 84 cargos da agência e os funcionários do órgão souberam da nomeação de Saulo pelo Diário Oficial, em vez de um anúncio ministerial.

Ações de terroristas próximas ao parlatório. Foto: Wilton Junior/Estadão Foto: WILTON JUNIOR

O GSI foi ampliado. No relato dos agentes, a situação na Abin só não seria pior do que a da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde a perda de cargos chegou a 101. Para os agentes, essa situação criada desde a transição teve importância e pode ter influenciado o que aconteceu no domingo em Brasília, pois com a agência acéfala, os bolsonaristas teriam pegado o governo no contrapé, sem ter equipes formadas para poder dimensionar o tamanho do ´perigo representado pelos extremistas que se aproximavam de Brasília.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estava acéfala na semana em que os bolsonaristas prepararam a chamada “tomada do poder”, a ação para a tomada dos prédios dos três Poderes a fim de provocar um golpe de Estado para a derrubada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme mostram as mensagens divulgadas pelos organizadores do movimento. A agência estava sem diretor-geral e sem os novos diretores de áreas importantes, como contrainteligência.

É que a área de inteligência no governo federal foi a última a contar com um grupo nomeado para a transição. Deles faziam parte o delegado da Polícia Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues e o agente da corporação e pesquisador Vladimir de Paula Brito, um especialista em banco de dados e inteligência estatal. Além dele, três agentes da agência compunham o grupo: Saulo Moura da Cunha, que foi adido no Japão, além de Bruno Marques e Rinaldo Sandro Teixeira. Teixeira era coordenador da agência em Minas Gerais e seria próximo do delegado Rodrigues.

Imagem mostra Palácio do PLanalto na noite de domingo. Foto: Mauro Pimentel/AFP Foto: MAURO PIMENTEL

Marques foi coordenador-geral da Abin durante os governos de Michel Temer (MDB) e no de Bolsonaro, até 2020. Quando deixou o cargo para disputar uma aditância, Marques teve a indicação barrada por razões políticas. É que dentro da política de “despetização” promovida por Bolsonaro, o nome de Marques foi barrado porque encontraram uma doação dele para um candidato do PT, em 2018. Na época, outros dois agentes foram barrados porque foram filiados ao PT e ao PCO antes de entrarem na Abin. Os três disputavam os cargos de adido policial em Nova Déli, Pequim e Berlim

No fim, a agência foi mantida sob o guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para o qual foi nomeado o general de divisão da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, o G. Dias, que coordenou a segurança do petista na campanha eleitoral. G. Dias então apontou Saulo como o futuro diretor da Abin, mas seu nome ainda não foi sabatinado – assim, ele foi nomeado como diretor administrativo. As outras diretorias permaneceram como estavam. Quase ninguém foi trocado na semana em que tudo foi planejado.

É que, segundo apurou a reportagem, o novo governo não tinha uma equipe. À exceção de Saulo, as outras diretorias não foram nomeadas e para que não ficassem vagas, os diretores que ocupavam as funções não puderam ser exonerados. Durante a semana, a situação na agência foi descrita como de caos. O novo governo teria ainda retirado 84 cargos da agência e os funcionários do órgão souberam da nomeação de Saulo pelo Diário Oficial, em vez de um anúncio ministerial.

Ações de terroristas próximas ao parlatório. Foto: Wilton Junior/Estadão Foto: WILTON JUNIOR

O GSI foi ampliado. No relato dos agentes, a situação na Abin só não seria pior do que a da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde a perda de cargos chegou a 101. Para os agentes, essa situação criada desde a transição teve importância e pode ter influenciado o que aconteceu no domingo em Brasília, pois com a agência acéfala, os bolsonaristas teriam pegado o governo no contrapé, sem ter equipes formadas para poder dimensionar o tamanho do ´perigo representado pelos extremistas que se aproximavam de Brasília.

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