BRASÍLIA– O presidente nacional do DEM, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, foi hostilizado na tarde deste domingo, 31, em Brasília, onde esteve para discutir com a bancada de seu partido qual seria, afinal, o posicionamento em relação às candidatura para a presidência da Câmara.
Rodeado por assessores, ACM Neto foi perseguido por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro enquanto circulava pelo aeroporto de Brasília, às 16h15. Pessoas gritavam palavras de ordem contra o ex-prefeito. Em vídeo, é possível ver ACM Neto se dirigindo até o seu carro, enquanto pessoas seguem atrás, proferindo insultos contra o presidente nacional do DEM.
“Fora ACM, fora nanico, bandido comunista. Vai pra Cuba, capacho socialista”, gritava uma das pessoas mais exaltadas do grupo. O DEM, que inicialmente sinalizava que seguiria em apoio à candidatura de Baleia Rossi, apoiado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acabou por ver parte de sua base pular para o outro lado, passando a apoiar Arthur Lira (PP-AL), candidato de Jair Bolsonaro.
Neste domingo, depois que ACM Neto não conseguiu segurar o partido e manter apoio para Baleia Rossi, como queria Rodrigo Maia, foi decidido que o DEM adotará uma “postura de neutralidade”, ou seja, cada parlamentar vota como quiser.
Reportagem do Estadão revelou que parte dos deputados que passaram a apoiar a campanha de Arthur Lira faz parte de uma planilha informal de distribuição de recursos. No total, 285 parlamentares puderam indicar o destino de R$ 3 bilhões para seus redutos eleitorais. Todas as autorizações e repasses da planilha foram feitas em dezembro, mês em que o governo intensificou as articulações para eleger seus candidatos.
Entre os dissidentes do DEM pró-Lira listados na planilha do governo estão os deputados Elmar Nascimento, Arthur Maia e Leur Lomanto Júnior, todos da Bahia. Além deles, Carlos Henrique Gaguim (TO), Pedro Lupion (PR) e David Soares (DEM-SP) e Alan Rick (DEM-AC). A liderança do DEM foi procurada, mas não se manifestou.
O deputado Alan Rick (DEM-AC) disse que os recursos haviam sido negociados há tempo, sem qualquer relação com a disputa interna da Câmara. De acordo com ele, sua opção contra Baleia explica-se pelo incômodo com a adesão dos partidos de esquerda ao candidato.
O deputado Pedro Lupion (DEM-PR) também rechaçou a relação entra o apoio ao candidato do governo e a liberação de verbas. Segundo ele, o voto pró-Lira é coerente com a postura que adota no Parlamento. “Sou vice líder do governo no Congresso. Apoiei Bolsonaro na eleição e continuo apoiando. Sigo com Arthur Lira desde o lançamento de sua candidatura”, declarou. Procurados, Elmar Nascimento (DEM-BA) e David Soares (DEM-SP) não quiseram comentar.