Ainda fiel ao PT, berço do Bolsa Família vê crescimento de Bolsonaro, impulsionado por evangélicos


Eleitorado majoritariamente petista vê religiosos puxarem crescimento de Bolsonaro, apesar de incrementos no Auxílio Brasil

Por João Scheller

Em 2003, primeiro ano de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência, a cidade de Guaribas, no interior do Piauí, foi eleita para receber o piloto do programa Fome Zero, antecessor do Bolsa Família. Com o então pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, a cidade de pouco mais de 4 mil habitantes, a 660 quilômetros de Teresina, viu a chegada da luz elétrica e da água, além da transferência de renda para os moradores acostumados com as secas, que se estendem por mais da metade do ano na região.

Não por acaso, Guaribas se tornou um dos berços do petismo e, especialmente, do lulismo no país. Com votações expressivas para os candidatos do partido, ganhou destaque nacional ao ser a cidade que mais votou em Fernando Haddad (PT) nas últimas eleições presidenciais. Em 2018, o ex-prefeito de São Paulo teve 98% dos votos dos moradores no segundo turno.

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Agora, às vésperas da eleição deste ano, o cenário parece mudar um pouco. “Não vai ser igual a (votação) do Haddad, mas vai ter mudança. Aumentou as igrejas evangélicas, ele tem muito apoiador”, diz o agente de assistência social do município Vinicio Duarte Rocha, em referência aos votos que Jair Bolsonaro (PL) deve converter este ano. Apesar do incremento nos programas de transferência de renda, o candidato do PL vê seu ponto de maior força no eleitorado evangélico. Segundo os moradores da cidade, são eles que devem representar o aumento na quantidade de votos para o candidato. “O PT teve 98% dos votos na eleição passada, esse ano deve ter uns 80, 70%. O Auxílio Brasil ajudou, mas não posso dizer que é lá essas coisas”, afirma o vereador da cidade Bertoldo Correia da Silva (PP), mencionando a chegada de diferentes congregações evangélicas nos últimos anos.

Auxílio atrai menos votos

“A minha opinião é que ele está dando o auxílio de R$ 600, porém as coisas que eles estão aumentando é um absurdo. Então, nem adianta R$ 600″, afirma Domingas Matias, moradora de Guaribas e beneficiária do Bolsa Família, agora Auxílio Brasil, desde 2015. Ela diz que, apesar dos aumentos, irá votar em Lula no próximo domingo. “Nós recebíamos R$ 250, mas naquela época as coisas eram mais baratas, dava para comprar o que a gente precisava”, explica.

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“Ele fez essa coisa aí (aumento no Auxílio) para ver se muda alguma coisa. Pode mudar em outro Estado, mas aqui para nós, não”, diz o agricultor Leonel Brizola da Rocha, também beneficiário do programa. Segundo ele, o aumento de repasses feitos sob a gestão Bolsonaro tem caráter eleitoreiro e não encontra respaldo na maior parte da população da cidade.

Ministro José Graziano entrega caixa do Fome Zero a Carlos Ferreira Salvados, membro do comitê gestor, durante lançamento do programa em Guaribas em fevereiro de 2003 Foto: ED FERREIRA/AE - 03.02.2003

Apesar de ter sido eleito com discurso crítico aos programas de transferência de renda, Bolsonaro mudou de postura após o pagamento do Auxílio Emergencial durante a pandemia. Em 2021, reformulou o Bolsa Família, batizando-o de Auxílio Brasil e aumentando as parcelas para R$ 600. A aposta era avançar sobre o eleitorado historicamente ligado ao petismo, como o do nordeste, o que não aconteceu.

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Voto ligado à política nacional

“Eu até acho que o Bolsonaro pode chegar a uns 300 votos esse ano”, afirma João Abimael, presidente do diretório do PT na cidade, admitindo ser pouco provável uma votação tão expressiva em Lula este ano, como ocorreu com Haddad em 2018. “Mas não por conta do Auxílio Brasil, por conta das igrejas”, completa. Nos últimos anos, houve a chegada de mais congregações evangélicas na cidade, o que se refletiu em um aumento dos eleitores do atual presidente. Moradores de Guaribas dizem que o pedido de votos para Jair Bolsonaro é prática comum entre os pastores da cidade.

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Abimael explica também, que o voto petista por lá está diretamente ligado às figuras do partido nas disputas nacionais, principalmente por conta das mudanças implementadas pelos programas sociais na região. O mesmo apoio não é visto na política local.

Depois do mandato de uma prefeita do partido, logo após a eleição de Lula, o PT se viu na oposição em Guaribas durante mais de quinze anos. Apesar disso, sempre teve representantes do partido na Câmara de Vereadores e, no último pleito municipal, voltou à prefeitura, fazendo parte da coligação do atual prefeito Joércio Matias de Andrade (MDB). /COLABOROU GUSTAVO QUEIROZ

Em 2003, primeiro ano de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência, a cidade de Guaribas, no interior do Piauí, foi eleita para receber o piloto do programa Fome Zero, antecessor do Bolsa Família. Com o então pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, a cidade de pouco mais de 4 mil habitantes, a 660 quilômetros de Teresina, viu a chegada da luz elétrica e da água, além da transferência de renda para os moradores acostumados com as secas, que se estendem por mais da metade do ano na região.

Não por acaso, Guaribas se tornou um dos berços do petismo e, especialmente, do lulismo no país. Com votações expressivas para os candidatos do partido, ganhou destaque nacional ao ser a cidade que mais votou em Fernando Haddad (PT) nas últimas eleições presidenciais. Em 2018, o ex-prefeito de São Paulo teve 98% dos votos dos moradores no segundo turno.

Agora, às vésperas da eleição deste ano, o cenário parece mudar um pouco. “Não vai ser igual a (votação) do Haddad, mas vai ter mudança. Aumentou as igrejas evangélicas, ele tem muito apoiador”, diz o agente de assistência social do município Vinicio Duarte Rocha, em referência aos votos que Jair Bolsonaro (PL) deve converter este ano. Apesar do incremento nos programas de transferência de renda, o candidato do PL vê seu ponto de maior força no eleitorado evangélico. Segundo os moradores da cidade, são eles que devem representar o aumento na quantidade de votos para o candidato. “O PT teve 98% dos votos na eleição passada, esse ano deve ter uns 80, 70%. O Auxílio Brasil ajudou, mas não posso dizer que é lá essas coisas”, afirma o vereador da cidade Bertoldo Correia da Silva (PP), mencionando a chegada de diferentes congregações evangélicas nos últimos anos.

Auxílio atrai menos votos

“A minha opinião é que ele está dando o auxílio de R$ 600, porém as coisas que eles estão aumentando é um absurdo. Então, nem adianta R$ 600″, afirma Domingas Matias, moradora de Guaribas e beneficiária do Bolsa Família, agora Auxílio Brasil, desde 2015. Ela diz que, apesar dos aumentos, irá votar em Lula no próximo domingo. “Nós recebíamos R$ 250, mas naquela época as coisas eram mais baratas, dava para comprar o que a gente precisava”, explica.

“Ele fez essa coisa aí (aumento no Auxílio) para ver se muda alguma coisa. Pode mudar em outro Estado, mas aqui para nós, não”, diz o agricultor Leonel Brizola da Rocha, também beneficiário do programa. Segundo ele, o aumento de repasses feitos sob a gestão Bolsonaro tem caráter eleitoreiro e não encontra respaldo na maior parte da população da cidade.

Ministro José Graziano entrega caixa do Fome Zero a Carlos Ferreira Salvados, membro do comitê gestor, durante lançamento do programa em Guaribas em fevereiro de 2003 Foto: ED FERREIRA/AE - 03.02.2003

Apesar de ter sido eleito com discurso crítico aos programas de transferência de renda, Bolsonaro mudou de postura após o pagamento do Auxílio Emergencial durante a pandemia. Em 2021, reformulou o Bolsa Família, batizando-o de Auxílio Brasil e aumentando as parcelas para R$ 600. A aposta era avançar sobre o eleitorado historicamente ligado ao petismo, como o do nordeste, o que não aconteceu.

Voto ligado à política nacional

“Eu até acho que o Bolsonaro pode chegar a uns 300 votos esse ano”, afirma João Abimael, presidente do diretório do PT na cidade, admitindo ser pouco provável uma votação tão expressiva em Lula este ano, como ocorreu com Haddad em 2018. “Mas não por conta do Auxílio Brasil, por conta das igrejas”, completa. Nos últimos anos, houve a chegada de mais congregações evangélicas na cidade, o que se refletiu em um aumento dos eleitores do atual presidente. Moradores de Guaribas dizem que o pedido de votos para Jair Bolsonaro é prática comum entre os pastores da cidade.

Abimael explica também, que o voto petista por lá está diretamente ligado às figuras do partido nas disputas nacionais, principalmente por conta das mudanças implementadas pelos programas sociais na região. O mesmo apoio não é visto na política local.

Depois do mandato de uma prefeita do partido, logo após a eleição de Lula, o PT se viu na oposição em Guaribas durante mais de quinze anos. Apesar disso, sempre teve representantes do partido na Câmara de Vereadores e, no último pleito municipal, voltou à prefeitura, fazendo parte da coligação do atual prefeito Joércio Matias de Andrade (MDB). /COLABOROU GUSTAVO QUEIROZ

Em 2003, primeiro ano de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência, a cidade de Guaribas, no interior do Piauí, foi eleita para receber o piloto do programa Fome Zero, antecessor do Bolsa Família. Com o então pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, a cidade de pouco mais de 4 mil habitantes, a 660 quilômetros de Teresina, viu a chegada da luz elétrica e da água, além da transferência de renda para os moradores acostumados com as secas, que se estendem por mais da metade do ano na região.

Não por acaso, Guaribas se tornou um dos berços do petismo e, especialmente, do lulismo no país. Com votações expressivas para os candidatos do partido, ganhou destaque nacional ao ser a cidade que mais votou em Fernando Haddad (PT) nas últimas eleições presidenciais. Em 2018, o ex-prefeito de São Paulo teve 98% dos votos dos moradores no segundo turno.

Agora, às vésperas da eleição deste ano, o cenário parece mudar um pouco. “Não vai ser igual a (votação) do Haddad, mas vai ter mudança. Aumentou as igrejas evangélicas, ele tem muito apoiador”, diz o agente de assistência social do município Vinicio Duarte Rocha, em referência aos votos que Jair Bolsonaro (PL) deve converter este ano. Apesar do incremento nos programas de transferência de renda, o candidato do PL vê seu ponto de maior força no eleitorado evangélico. Segundo os moradores da cidade, são eles que devem representar o aumento na quantidade de votos para o candidato. “O PT teve 98% dos votos na eleição passada, esse ano deve ter uns 80, 70%. O Auxílio Brasil ajudou, mas não posso dizer que é lá essas coisas”, afirma o vereador da cidade Bertoldo Correia da Silva (PP), mencionando a chegada de diferentes congregações evangélicas nos últimos anos.

Auxílio atrai menos votos

“A minha opinião é que ele está dando o auxílio de R$ 600, porém as coisas que eles estão aumentando é um absurdo. Então, nem adianta R$ 600″, afirma Domingas Matias, moradora de Guaribas e beneficiária do Bolsa Família, agora Auxílio Brasil, desde 2015. Ela diz que, apesar dos aumentos, irá votar em Lula no próximo domingo. “Nós recebíamos R$ 250, mas naquela época as coisas eram mais baratas, dava para comprar o que a gente precisava”, explica.

“Ele fez essa coisa aí (aumento no Auxílio) para ver se muda alguma coisa. Pode mudar em outro Estado, mas aqui para nós, não”, diz o agricultor Leonel Brizola da Rocha, também beneficiário do programa. Segundo ele, o aumento de repasses feitos sob a gestão Bolsonaro tem caráter eleitoreiro e não encontra respaldo na maior parte da população da cidade.

Ministro José Graziano entrega caixa do Fome Zero a Carlos Ferreira Salvados, membro do comitê gestor, durante lançamento do programa em Guaribas em fevereiro de 2003 Foto: ED FERREIRA/AE - 03.02.2003

Apesar de ter sido eleito com discurso crítico aos programas de transferência de renda, Bolsonaro mudou de postura após o pagamento do Auxílio Emergencial durante a pandemia. Em 2021, reformulou o Bolsa Família, batizando-o de Auxílio Brasil e aumentando as parcelas para R$ 600. A aposta era avançar sobre o eleitorado historicamente ligado ao petismo, como o do nordeste, o que não aconteceu.

Voto ligado à política nacional

“Eu até acho que o Bolsonaro pode chegar a uns 300 votos esse ano”, afirma João Abimael, presidente do diretório do PT na cidade, admitindo ser pouco provável uma votação tão expressiva em Lula este ano, como ocorreu com Haddad em 2018. “Mas não por conta do Auxílio Brasil, por conta das igrejas”, completa. Nos últimos anos, houve a chegada de mais congregações evangélicas na cidade, o que se refletiu em um aumento dos eleitores do atual presidente. Moradores de Guaribas dizem que o pedido de votos para Jair Bolsonaro é prática comum entre os pastores da cidade.

Abimael explica também, que o voto petista por lá está diretamente ligado às figuras do partido nas disputas nacionais, principalmente por conta das mudanças implementadas pelos programas sociais na região. O mesmo apoio não é visto na política local.

Depois do mandato de uma prefeita do partido, logo após a eleição de Lula, o PT se viu na oposição em Guaribas durante mais de quinze anos. Apesar disso, sempre teve representantes do partido na Câmara de Vereadores e, no último pleito municipal, voltou à prefeitura, fazendo parte da coligação do atual prefeito Joércio Matias de Andrade (MDB). /COLABOROU GUSTAVO QUEIROZ

Em 2003, primeiro ano de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência, a cidade de Guaribas, no interior do Piauí, foi eleita para receber o piloto do programa Fome Zero, antecessor do Bolsa Família. Com o então pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, a cidade de pouco mais de 4 mil habitantes, a 660 quilômetros de Teresina, viu a chegada da luz elétrica e da água, além da transferência de renda para os moradores acostumados com as secas, que se estendem por mais da metade do ano na região.

Não por acaso, Guaribas se tornou um dos berços do petismo e, especialmente, do lulismo no país. Com votações expressivas para os candidatos do partido, ganhou destaque nacional ao ser a cidade que mais votou em Fernando Haddad (PT) nas últimas eleições presidenciais. Em 2018, o ex-prefeito de São Paulo teve 98% dos votos dos moradores no segundo turno.

Agora, às vésperas da eleição deste ano, o cenário parece mudar um pouco. “Não vai ser igual a (votação) do Haddad, mas vai ter mudança. Aumentou as igrejas evangélicas, ele tem muito apoiador”, diz o agente de assistência social do município Vinicio Duarte Rocha, em referência aos votos que Jair Bolsonaro (PL) deve converter este ano. Apesar do incremento nos programas de transferência de renda, o candidato do PL vê seu ponto de maior força no eleitorado evangélico. Segundo os moradores da cidade, são eles que devem representar o aumento na quantidade de votos para o candidato. “O PT teve 98% dos votos na eleição passada, esse ano deve ter uns 80, 70%. O Auxílio Brasil ajudou, mas não posso dizer que é lá essas coisas”, afirma o vereador da cidade Bertoldo Correia da Silva (PP), mencionando a chegada de diferentes congregações evangélicas nos últimos anos.

Auxílio atrai menos votos

“A minha opinião é que ele está dando o auxílio de R$ 600, porém as coisas que eles estão aumentando é um absurdo. Então, nem adianta R$ 600″, afirma Domingas Matias, moradora de Guaribas e beneficiária do Bolsa Família, agora Auxílio Brasil, desde 2015. Ela diz que, apesar dos aumentos, irá votar em Lula no próximo domingo. “Nós recebíamos R$ 250, mas naquela época as coisas eram mais baratas, dava para comprar o que a gente precisava”, explica.

“Ele fez essa coisa aí (aumento no Auxílio) para ver se muda alguma coisa. Pode mudar em outro Estado, mas aqui para nós, não”, diz o agricultor Leonel Brizola da Rocha, também beneficiário do programa. Segundo ele, o aumento de repasses feitos sob a gestão Bolsonaro tem caráter eleitoreiro e não encontra respaldo na maior parte da população da cidade.

Ministro José Graziano entrega caixa do Fome Zero a Carlos Ferreira Salvados, membro do comitê gestor, durante lançamento do programa em Guaribas em fevereiro de 2003 Foto: ED FERREIRA/AE - 03.02.2003

Apesar de ter sido eleito com discurso crítico aos programas de transferência de renda, Bolsonaro mudou de postura após o pagamento do Auxílio Emergencial durante a pandemia. Em 2021, reformulou o Bolsa Família, batizando-o de Auxílio Brasil e aumentando as parcelas para R$ 600. A aposta era avançar sobre o eleitorado historicamente ligado ao petismo, como o do nordeste, o que não aconteceu.

Voto ligado à política nacional

“Eu até acho que o Bolsonaro pode chegar a uns 300 votos esse ano”, afirma João Abimael, presidente do diretório do PT na cidade, admitindo ser pouco provável uma votação tão expressiva em Lula este ano, como ocorreu com Haddad em 2018. “Mas não por conta do Auxílio Brasil, por conta das igrejas”, completa. Nos últimos anos, houve a chegada de mais congregações evangélicas na cidade, o que se refletiu em um aumento dos eleitores do atual presidente. Moradores de Guaribas dizem que o pedido de votos para Jair Bolsonaro é prática comum entre os pastores da cidade.

Abimael explica também, que o voto petista por lá está diretamente ligado às figuras do partido nas disputas nacionais, principalmente por conta das mudanças implementadas pelos programas sociais na região. O mesmo apoio não é visto na política local.

Depois do mandato de uma prefeita do partido, logo após a eleição de Lula, o PT se viu na oposição em Guaribas durante mais de quinze anos. Apesar disso, sempre teve representantes do partido na Câmara de Vereadores e, no último pleito municipal, voltou à prefeitura, fazendo parte da coligação do atual prefeito Joércio Matias de Andrade (MDB). /COLABOROU GUSTAVO QUEIROZ

Em 2003, primeiro ano de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência, a cidade de Guaribas, no interior do Piauí, foi eleita para receber o piloto do programa Fome Zero, antecessor do Bolsa Família. Com o então pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, a cidade de pouco mais de 4 mil habitantes, a 660 quilômetros de Teresina, viu a chegada da luz elétrica e da água, além da transferência de renda para os moradores acostumados com as secas, que se estendem por mais da metade do ano na região.

Não por acaso, Guaribas se tornou um dos berços do petismo e, especialmente, do lulismo no país. Com votações expressivas para os candidatos do partido, ganhou destaque nacional ao ser a cidade que mais votou em Fernando Haddad (PT) nas últimas eleições presidenciais. Em 2018, o ex-prefeito de São Paulo teve 98% dos votos dos moradores no segundo turno.

Agora, às vésperas da eleição deste ano, o cenário parece mudar um pouco. “Não vai ser igual a (votação) do Haddad, mas vai ter mudança. Aumentou as igrejas evangélicas, ele tem muito apoiador”, diz o agente de assistência social do município Vinicio Duarte Rocha, em referência aos votos que Jair Bolsonaro (PL) deve converter este ano. Apesar do incremento nos programas de transferência de renda, o candidato do PL vê seu ponto de maior força no eleitorado evangélico. Segundo os moradores da cidade, são eles que devem representar o aumento na quantidade de votos para o candidato. “O PT teve 98% dos votos na eleição passada, esse ano deve ter uns 80, 70%. O Auxílio Brasil ajudou, mas não posso dizer que é lá essas coisas”, afirma o vereador da cidade Bertoldo Correia da Silva (PP), mencionando a chegada de diferentes congregações evangélicas nos últimos anos.

Auxílio atrai menos votos

“A minha opinião é que ele está dando o auxílio de R$ 600, porém as coisas que eles estão aumentando é um absurdo. Então, nem adianta R$ 600″, afirma Domingas Matias, moradora de Guaribas e beneficiária do Bolsa Família, agora Auxílio Brasil, desde 2015. Ela diz que, apesar dos aumentos, irá votar em Lula no próximo domingo. “Nós recebíamos R$ 250, mas naquela época as coisas eram mais baratas, dava para comprar o que a gente precisava”, explica.

“Ele fez essa coisa aí (aumento no Auxílio) para ver se muda alguma coisa. Pode mudar em outro Estado, mas aqui para nós, não”, diz o agricultor Leonel Brizola da Rocha, também beneficiário do programa. Segundo ele, o aumento de repasses feitos sob a gestão Bolsonaro tem caráter eleitoreiro e não encontra respaldo na maior parte da população da cidade.

Ministro José Graziano entrega caixa do Fome Zero a Carlos Ferreira Salvados, membro do comitê gestor, durante lançamento do programa em Guaribas em fevereiro de 2003 Foto: ED FERREIRA/AE - 03.02.2003

Apesar de ter sido eleito com discurso crítico aos programas de transferência de renda, Bolsonaro mudou de postura após o pagamento do Auxílio Emergencial durante a pandemia. Em 2021, reformulou o Bolsa Família, batizando-o de Auxílio Brasil e aumentando as parcelas para R$ 600. A aposta era avançar sobre o eleitorado historicamente ligado ao petismo, como o do nordeste, o que não aconteceu.

Voto ligado à política nacional

“Eu até acho que o Bolsonaro pode chegar a uns 300 votos esse ano”, afirma João Abimael, presidente do diretório do PT na cidade, admitindo ser pouco provável uma votação tão expressiva em Lula este ano, como ocorreu com Haddad em 2018. “Mas não por conta do Auxílio Brasil, por conta das igrejas”, completa. Nos últimos anos, houve a chegada de mais congregações evangélicas na cidade, o que se refletiu em um aumento dos eleitores do atual presidente. Moradores de Guaribas dizem que o pedido de votos para Jair Bolsonaro é prática comum entre os pastores da cidade.

Abimael explica também, que o voto petista por lá está diretamente ligado às figuras do partido nas disputas nacionais, principalmente por conta das mudanças implementadas pelos programas sociais na região. O mesmo apoio não é visto na política local.

Depois do mandato de uma prefeita do partido, logo após a eleição de Lula, o PT se viu na oposição em Guaribas durante mais de quinze anos. Apesar disso, sempre teve representantes do partido na Câmara de Vereadores e, no último pleito municipal, voltou à prefeitura, fazendo parte da coligação do atual prefeito Joércio Matias de Andrade (MDB). /COLABOROU GUSTAVO QUEIROZ

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