Após quase 30 anos em lados opostos do tabuleiro político, o médico e ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), 70, será o novo ministro da Indústria e Comércio de seu antigo adversário político, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A pasta derivada do ministério da Economia foi recriada pelo petista e vai englobar também a estrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento.
Alckmin assume o ministério após empresários de renome recusarem o convite ao cargo. Um deles foi o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, que é é alvo de críticas por parte d um grupo de empresários que querem destituí-lo da Fiesp.
Estudioso de assuntos como reforma tributária, Alckmin tem bom trânsito no setor produtivo e, na avaliação de Lula, pode atuar como um facilitador do diálogo do governo com o setor industrial. O ex-tucano tem discutido em reuniões internas a respeito do novo arcabouço fiscal do País, a reforma tributária e as parcerias público-privadas. Nesta função, ele vai cuidar da política industrial do novo governo, e terá sob seu guarda-chuva de atuação a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Lula x Alckmin
Alckmin e Lula têm divergências históricas em temas como a privatização e a reforma trabalhista, mas o ex-governador parece disposto a dar uma guinada no discurso. Em anúncio no começo de dezembro, prometeu lealdade “absoluta” ao presidente eleito. Ele é criticado por alas do PT por posições defendidas no passado.
Mesmo assim, aliados e opositores reconhecem que o embarque de Alckmin na candidatura petista, gesto sacramentado em jantar no final de dezembro de 2021, foi um dos movimentos que marcou o jogo político antes do início oficial da campanha eleitoral. Alckmin ganhou status de “fiador da frente ampla”
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Vereador em ‘Pinda’
Alckmin foi vereador e prefeito de Pindamonhangaba (SP), além de deputado estadual, federal e vice-governador. Também comandou o Palácio dos Bandeirantes por quatro vezes em São Paulo, sendo o político que chefiou o Executivo paulista por mais tempo.
Com perfil de centro, sua chegada no ministério sacramentou a promessa de Lula de não isolar o ex-governador do processo decisório. Ele também foi o escolhido pelo petista para coordenar o gabinete da transição, à revelia dos petistas.
Sua saída do PSDB, partido em que concorreu contra Lula nas eleições de 2018 e que marcava a polarização nacional até a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL), indicou um declínio da legenda, que acabou não concorrendo nesta eleição. A sigla tucana se dividiu no cenário nacional.
A equipe econômica de Lula também contará com Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin no Ministério de Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior e com Esther Dweck no Ministério de Gestão e Inovação.