Além de Taxad: veja apelidos dados a políticos que entraram para história do País


Presidente Lula, ex-presidente Jair Bolsonaro e vice-presidente Geraldo Alckmin, entre outros políticos, ganharam apelidos de adversários e críticos; relembre quais foram e o contexto de cada um

Por Gabriel de Sousa
Atualização:

BRASÍLIA – Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por memes que deram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o apelido de “Taxad”. A alcunha começou a ser compartilhada por adversários do governo federal, após a aprovação da “taxa das blusinhas” e a regulamentação da reforma tributária. A estratégia de criação de nomes jocosos não é nova e faz parte de um movimento de adversários e críticos para mostrar desaprovação a características ou atuações de políticos ao longo da história do País.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Wilton Junior/Estadão

Com a veiculação dos memes com Haddad, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se movimentou para defender o chefe da Fazenda. Nesta quinta-feira, 18, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) usou uma notícia de 2017 para sugerir que a economia estaria registrando números positivos. A publicação foi apagada em menos de uma hora.

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Na história do País, outros políticos ganharam apelidos, em geral, depreciativos, dados por opositores e críticos. Recentemente, nas últimas eleições presidenciais, a disputa de alcunhas teve destaque, quando Lula foi chamado de “Luladrão” por adversários do PT, enquanto o então presidente Jair Bolsonaro (PL) virou “Bozonaro”, “Bozo” ou “Genocida” para rivais do agora ex-chefe do Executivo.

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‘Sapo barbudo’

Com mais de 40 anos de trajetória política, o presidente Lula já recebeu diversos apelidos de opositores e críticos. O primeiro foi dado pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola.

Nas eleições de 1989, quando Lula foi ao segundo turno, Brizola, que disputava com o petista o voto da esquerda, disse ao declarar apoio no então líder operário: “Não seria fascinante fazer, agora, a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva  Foto: Wilton Junior/Estadão

Após a prisão do petista em abril de 2018 pela Operação Lava Jato, a alcunha de “Luladrão” (aglutinação de Lula mais “ladrão”) começou a ser adotada por adversários do político nas redes sociais.

Em julho de 2017, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2021, após a Corte considerar que a Justiça Federal em Curitiba não era competente para julgar o petista.

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O apelido foi massificado durante as eleições presidenciais de 2022, quando Lula e Bolsonaro se enfrentaram nas urnas. Camisas com a alcunha “Luladrão” ainda são vendidas por militantes de direita na internet.

‘Bozonaro’

Nas eleições de 2018, opositores de Jair Bolsonaro passaram a chamar o então candidato do PSL à Presidência de “Bozonaro”. O apelido vem da semelhança entre as cinco primeiras letras do sobrenome do ex-presidente e o nome do palhaço americano “Bozo”. A versão abreviada também acabou sendo bastante utilizada.

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Em maio de 2020, Bolsonaro citou o apelido que recebeu quando respondia a jornalistas sobre a existência de um “gabinete do ódio”, relevado pelo Estadão, que funcionava dentro do Palácio do Planalto e cuidava das redes sociais do então chefe do Executivo. Na ocasião, ele afirmou que encarava a alcunha com bom humor.

O ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Wilton Junior/Estadão

“Que gabinete de ódio é esse? Isso não existe. O que existe são os memes. Esses todo mundo faz. Me chamam de Bozo o tempo todo. Eu dou risada”, disse o então presidente.

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Em setembro de 2022, durante a campanha eleitoral, o então vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), usou o termo para atacar Bolsonaro durante um evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “Eleição é comparação. Nós tivemos cinco ministros da Educação nesse período aí do Bozo. Andou para trás a educação”, disse.

Ao longo do mandato, Bolsonaro também passou a ser chamado pelos adversários de “Genocida”, em razão do alto número de mortes registrados no Brasil na pandemia da covid-19 e pela demora para a compra de vacinas contra o coronavírus.

‘Martaxa’

Vinte anos antes da onda de memes com Haddad, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) já havia tido o seu nome satirizado com o termo “taxa”. Nas eleições de 2004, quando ela perdeu a reeleição à Prefeitura para o tucano José Serra, o apelido “Martaxa” foi massificado por adversários do petismo.

O criador do termo foi o ex-vereador Dalton Silvano, que na época estava no PSDB e era um dos principais opositores da então prefeita. Em 2013, ele ocupou um cargo estratégico na gestão de Haddad na Prefeitura.

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy Foto: Iara Morselli/Estadão

O apelido de Marta surgiu após a prefeita criar taxas de lixo e de luz para conter o déficit nas contas da capital paulista. Em 2008, durante uma sabatina feita ao Estadão, a petista admitiu que “errou a mão” com a criação dos tributos.

‘Picolé de chuchu’

Em 2002, o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin recebeu do colunista José Simão o apelido de “picolé de chuchu”. O termo se refere à personalidade do vice-presidente que, segundo críticos, é “sem gosto” e “insossa”, assim como o legume. Em 2008, ele disse que levava a alcunha “na esportiva”.

O apelido foi usado em tom pejorativo por Lula durante a reta final das eleições de 2014. “Não é à toa que esse governador tem apelido de picolé de chuchu, porque é uma coisa insossa, como comida sem sal. Ele nunca fala nada grave do Estado. Se tem problema, é com o governo federal ou com a prefeitura”, provocou Lula.

O vice-presidente Geraldo Alckmin Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Durante a campanha de 2022, o atual vice-presidente decidiu assumir o apelido. Durante a cerimônia de lançamento da chapa Lula-Alckmin, ele disse que “lula é um prato que cai bem com chuchu”.

‘Viajando Henrique Cardoso’

No final da década de 1990, o programa humorístico da Casseta & Planeta, da TV Globo, estreou um quadro onde satirizava Fernando Henrique Cardoso (PSDB) devido à quantidade de viagens internacionais que ele fez durante os oito anos que esteve na Presidência, entre 1995 e 2002.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Jonne Roriz/Estadão

Durante os dois mandatos de FHC, ele fez 108 viagens internacionais, visitando uma média de 14 países ao ano. O número foi o dobro do que fizeram os seus antecessores José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. Opositores do ex-presidente também usavam a alcunha para criticá-lo, afirmando que ele se ausentava dos problemas do País para participar das comitivas presidenciais.

‘Devagar Franco’

Outro apelido criado pelo humorístico Casseta & Planeta foi o “Devagar Franco”, dado ao ex-presidente Itamar Franco, que governou o País entre 1992 e 1994. O personagem satirizava o sotaque “mineirês” de Itamar e a demora dele para responder a perguntas feitas por jornalistas.

O ex-presidente Itamar Franco  Foto: Acervo Estadão

O personagem jocoso de Itamar também nunca sabia como havia chegado aos lugares. A ironia têm relação ao fato de ele ter sido empossado na Presidência após o impeachment de Fernando Collor de Melo, um período turbulento na história republicana. O sucesso da alcunha criada pelo programa de TV acompanhou o ex-presidente mesmo após ele deixar o Planalto.

‘Vampiro’

Às vésperas da votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT) por pedaladas fiscais, o perfil oficial do PT na Câmara dos Deputados publicou uma montagem de Michel Temer (MDB), em que ele era chamado de “golpista e vampiro”. Temer era vice de Dilma e assumiu o governo com o afastamento da então presidente em 2016.

O apelido de Temer foi entoado pelos críticos ao impeachment de Dilma. No desfile das escolas de samba do Rio de 2018, a Paraíso do Tuiuti colocou para desfilar um dançarino vestido de vampiro e usando a cópia de uma faixa presidencial, numa referência a Temer.

A associação do emedebista com figuras góticas teve início anteriormente ao episódio do impedimento da petista. Em 1999, Temer, na época presidente da Câmara, se envolveu em um embate com o então presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães durante a reforma do Judiciário. Na ocasião, ACM disse “(Temer) não me assusta com a sua pose de mordomo de filme de terror”. Em 2015, outro presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB) sugeriu que o vice-presidente deveria deixar o cargo e pensar em outro emprego, como “mordomo de filme de terror”.

‘Calça apertada’

Outro que recebeu o apelido dado por adversários, e acabou adotando nome jocoso, foi o ex-governador de São Paulo João Doria. Por conta do visual usado durante agendas oficiais, Doria foi chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de “calça apertada” em 2020.

O ex-prefeito de São Paulo João Doria Foto: Alex Silva/Estadão

Na época, os dois travaram um embate devido a diferentes conduções da pandemia de covid-19. Enquanto Doria iniciou uma corrida de vacinação no Estado de São Paulo, Bolsonaro adotou uma postura negacionista e divulgou métodos paralelos para o combate da doença.

Em resposta a alcunha dada por Bolsonaro, Doria começou a utilizar o termo em seu favor durante as prévias do PSDB para as eleições presidenciais de 2022. Em uma provocação a Bolsonaro, o ex-governador disse que ele tinha “obsessão pela calça apertada”.

‘Toninho Malvadeza’

Ex-presidente do Senado e homem forte da ditadura militar (1964-1985) e dos primeiros governos da redemocratização, o baiano Antônio Carlos Magalhães era criticado pelos opositores por ter um temperamento forte e por acumular conflitos no Congresso Nacional. Por causa disto, ele recebeu o apelido de “Toninho Malvadeza”.

O ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em contraponto à alcunha dada por adversários, ACM, como era mais conhecido, criou uma nova versão do apelido que era dito pelos aliados próximos dele: “Toninho Ternura”.

‘O homem da capa preta’

Nas décadas de 1950 e 1960, um deputado andava pelo Congresso Nacional portando uma metralhadora, chamada por ele de “Lurdinha”, que era utilizada por nazistas na Segunda Guerra Mundial. O parlamentar era Tenório Cavalcanti que, ligado a conflitos fundiários na Baixada Fluminense, era chamado por seus adversários de “deputado pistoleiro” e o “homem da capa preta”.

O ex-deputado federal Tenorio Cavalcanti (ao centro) Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

O último apelido fazia referência a uma capa de cetim que ele trajava durante as sessões do Legislativo. A alcunha e a atuação de Tenório se tornou famosa a ponto de inspirar o clássico do cinema brasileiro “O Homem da Capa Preta”, de 1986, estrelado por José Wilker e dirigido por Sérgio Rezende.

‘Seu Mé'

Há mais de 100 anos, nas eleições de 1922, o candidato do Partido Republicano Mineiro (PRM) Artur Bernardes foi ridicularizado por uma marchinha carnavalesca. A música, que era uma forma da época para satirizar políticos, chamava Bernardes de “Seu Mé”, sugerindo que a aparência dele era semelhante à de uma cabra.

O ex-presidente Artur Bernardes Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

Quando foi eleito presidente, Bernardes mandou prender um dos compositores da marchinha. Apesar da tentativa de censura, o apelido continuou sendo utilizado por adversários.

BRASÍLIA – Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por memes que deram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o apelido de “Taxad”. A alcunha começou a ser compartilhada por adversários do governo federal, após a aprovação da “taxa das blusinhas” e a regulamentação da reforma tributária. A estratégia de criação de nomes jocosos não é nova e faz parte de um movimento de adversários e críticos para mostrar desaprovação a características ou atuações de políticos ao longo da história do País.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Wilton Junior/Estadão

Com a veiculação dos memes com Haddad, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se movimentou para defender o chefe da Fazenda. Nesta quinta-feira, 18, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) usou uma notícia de 2017 para sugerir que a economia estaria registrando números positivos. A publicação foi apagada em menos de uma hora.

Na história do País, outros políticos ganharam apelidos, em geral, depreciativos, dados por opositores e críticos. Recentemente, nas últimas eleições presidenciais, a disputa de alcunhas teve destaque, quando Lula foi chamado de “Luladrão” por adversários do PT, enquanto o então presidente Jair Bolsonaro (PL) virou “Bozonaro”, “Bozo” ou “Genocida” para rivais do agora ex-chefe do Executivo.

‘Sapo barbudo’

Com mais de 40 anos de trajetória política, o presidente Lula já recebeu diversos apelidos de opositores e críticos. O primeiro foi dado pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola.

Nas eleições de 1989, quando Lula foi ao segundo turno, Brizola, que disputava com o petista o voto da esquerda, disse ao declarar apoio no então líder operário: “Não seria fascinante fazer, agora, a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva  Foto: Wilton Junior/Estadão

Após a prisão do petista em abril de 2018 pela Operação Lava Jato, a alcunha de “Luladrão” (aglutinação de Lula mais “ladrão”) começou a ser adotada por adversários do político nas redes sociais.

Em julho de 2017, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2021, após a Corte considerar que a Justiça Federal em Curitiba não era competente para julgar o petista.

O apelido foi massificado durante as eleições presidenciais de 2022, quando Lula e Bolsonaro se enfrentaram nas urnas. Camisas com a alcunha “Luladrão” ainda são vendidas por militantes de direita na internet.

‘Bozonaro’

Nas eleições de 2018, opositores de Jair Bolsonaro passaram a chamar o então candidato do PSL à Presidência de “Bozonaro”. O apelido vem da semelhança entre as cinco primeiras letras do sobrenome do ex-presidente e o nome do palhaço americano “Bozo”. A versão abreviada também acabou sendo bastante utilizada.

Em maio de 2020, Bolsonaro citou o apelido que recebeu quando respondia a jornalistas sobre a existência de um “gabinete do ódio”, relevado pelo Estadão, que funcionava dentro do Palácio do Planalto e cuidava das redes sociais do então chefe do Executivo. Na ocasião, ele afirmou que encarava a alcunha com bom humor.

O ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Wilton Junior/Estadão

“Que gabinete de ódio é esse? Isso não existe. O que existe são os memes. Esses todo mundo faz. Me chamam de Bozo o tempo todo. Eu dou risada”, disse o então presidente.

Em setembro de 2022, durante a campanha eleitoral, o então vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), usou o termo para atacar Bolsonaro durante um evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “Eleição é comparação. Nós tivemos cinco ministros da Educação nesse período aí do Bozo. Andou para trás a educação”, disse.

Ao longo do mandato, Bolsonaro também passou a ser chamado pelos adversários de “Genocida”, em razão do alto número de mortes registrados no Brasil na pandemia da covid-19 e pela demora para a compra de vacinas contra o coronavírus.

‘Martaxa’

Vinte anos antes da onda de memes com Haddad, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) já havia tido o seu nome satirizado com o termo “taxa”. Nas eleições de 2004, quando ela perdeu a reeleição à Prefeitura para o tucano José Serra, o apelido “Martaxa” foi massificado por adversários do petismo.

O criador do termo foi o ex-vereador Dalton Silvano, que na época estava no PSDB e era um dos principais opositores da então prefeita. Em 2013, ele ocupou um cargo estratégico na gestão de Haddad na Prefeitura.

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy Foto: Iara Morselli/Estadão

O apelido de Marta surgiu após a prefeita criar taxas de lixo e de luz para conter o déficit nas contas da capital paulista. Em 2008, durante uma sabatina feita ao Estadão, a petista admitiu que “errou a mão” com a criação dos tributos.

‘Picolé de chuchu’

Em 2002, o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin recebeu do colunista José Simão o apelido de “picolé de chuchu”. O termo se refere à personalidade do vice-presidente que, segundo críticos, é “sem gosto” e “insossa”, assim como o legume. Em 2008, ele disse que levava a alcunha “na esportiva”.

O apelido foi usado em tom pejorativo por Lula durante a reta final das eleições de 2014. “Não é à toa que esse governador tem apelido de picolé de chuchu, porque é uma coisa insossa, como comida sem sal. Ele nunca fala nada grave do Estado. Se tem problema, é com o governo federal ou com a prefeitura”, provocou Lula.

O vice-presidente Geraldo Alckmin Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Durante a campanha de 2022, o atual vice-presidente decidiu assumir o apelido. Durante a cerimônia de lançamento da chapa Lula-Alckmin, ele disse que “lula é um prato que cai bem com chuchu”.

‘Viajando Henrique Cardoso’

No final da década de 1990, o programa humorístico da Casseta & Planeta, da TV Globo, estreou um quadro onde satirizava Fernando Henrique Cardoso (PSDB) devido à quantidade de viagens internacionais que ele fez durante os oito anos que esteve na Presidência, entre 1995 e 2002.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Jonne Roriz/Estadão

Durante os dois mandatos de FHC, ele fez 108 viagens internacionais, visitando uma média de 14 países ao ano. O número foi o dobro do que fizeram os seus antecessores José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. Opositores do ex-presidente também usavam a alcunha para criticá-lo, afirmando que ele se ausentava dos problemas do País para participar das comitivas presidenciais.

‘Devagar Franco’

Outro apelido criado pelo humorístico Casseta & Planeta foi o “Devagar Franco”, dado ao ex-presidente Itamar Franco, que governou o País entre 1992 e 1994. O personagem satirizava o sotaque “mineirês” de Itamar e a demora dele para responder a perguntas feitas por jornalistas.

O ex-presidente Itamar Franco  Foto: Acervo Estadão

O personagem jocoso de Itamar também nunca sabia como havia chegado aos lugares. A ironia têm relação ao fato de ele ter sido empossado na Presidência após o impeachment de Fernando Collor de Melo, um período turbulento na história republicana. O sucesso da alcunha criada pelo programa de TV acompanhou o ex-presidente mesmo após ele deixar o Planalto.

‘Vampiro’

Às vésperas da votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT) por pedaladas fiscais, o perfil oficial do PT na Câmara dos Deputados publicou uma montagem de Michel Temer (MDB), em que ele era chamado de “golpista e vampiro”. Temer era vice de Dilma e assumiu o governo com o afastamento da então presidente em 2016.

O apelido de Temer foi entoado pelos críticos ao impeachment de Dilma. No desfile das escolas de samba do Rio de 2018, a Paraíso do Tuiuti colocou para desfilar um dançarino vestido de vampiro e usando a cópia de uma faixa presidencial, numa referência a Temer.

A associação do emedebista com figuras góticas teve início anteriormente ao episódio do impedimento da petista. Em 1999, Temer, na época presidente da Câmara, se envolveu em um embate com o então presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães durante a reforma do Judiciário. Na ocasião, ACM disse “(Temer) não me assusta com a sua pose de mordomo de filme de terror”. Em 2015, outro presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB) sugeriu que o vice-presidente deveria deixar o cargo e pensar em outro emprego, como “mordomo de filme de terror”.

‘Calça apertada’

Outro que recebeu o apelido dado por adversários, e acabou adotando nome jocoso, foi o ex-governador de São Paulo João Doria. Por conta do visual usado durante agendas oficiais, Doria foi chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de “calça apertada” em 2020.

O ex-prefeito de São Paulo João Doria Foto: Alex Silva/Estadão

Na época, os dois travaram um embate devido a diferentes conduções da pandemia de covid-19. Enquanto Doria iniciou uma corrida de vacinação no Estado de São Paulo, Bolsonaro adotou uma postura negacionista e divulgou métodos paralelos para o combate da doença.

Em resposta a alcunha dada por Bolsonaro, Doria começou a utilizar o termo em seu favor durante as prévias do PSDB para as eleições presidenciais de 2022. Em uma provocação a Bolsonaro, o ex-governador disse que ele tinha “obsessão pela calça apertada”.

‘Toninho Malvadeza’

Ex-presidente do Senado e homem forte da ditadura militar (1964-1985) e dos primeiros governos da redemocratização, o baiano Antônio Carlos Magalhães era criticado pelos opositores por ter um temperamento forte e por acumular conflitos no Congresso Nacional. Por causa disto, ele recebeu o apelido de “Toninho Malvadeza”.

O ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em contraponto à alcunha dada por adversários, ACM, como era mais conhecido, criou uma nova versão do apelido que era dito pelos aliados próximos dele: “Toninho Ternura”.

‘O homem da capa preta’

Nas décadas de 1950 e 1960, um deputado andava pelo Congresso Nacional portando uma metralhadora, chamada por ele de “Lurdinha”, que era utilizada por nazistas na Segunda Guerra Mundial. O parlamentar era Tenório Cavalcanti que, ligado a conflitos fundiários na Baixada Fluminense, era chamado por seus adversários de “deputado pistoleiro” e o “homem da capa preta”.

O ex-deputado federal Tenorio Cavalcanti (ao centro) Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

O último apelido fazia referência a uma capa de cetim que ele trajava durante as sessões do Legislativo. A alcunha e a atuação de Tenório se tornou famosa a ponto de inspirar o clássico do cinema brasileiro “O Homem da Capa Preta”, de 1986, estrelado por José Wilker e dirigido por Sérgio Rezende.

‘Seu Mé'

Há mais de 100 anos, nas eleições de 1922, o candidato do Partido Republicano Mineiro (PRM) Artur Bernardes foi ridicularizado por uma marchinha carnavalesca. A música, que era uma forma da época para satirizar políticos, chamava Bernardes de “Seu Mé”, sugerindo que a aparência dele era semelhante à de uma cabra.

O ex-presidente Artur Bernardes Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

Quando foi eleito presidente, Bernardes mandou prender um dos compositores da marchinha. Apesar da tentativa de censura, o apelido continuou sendo utilizado por adversários.

BRASÍLIA – Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por memes que deram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o apelido de “Taxad”. A alcunha começou a ser compartilhada por adversários do governo federal, após a aprovação da “taxa das blusinhas” e a regulamentação da reforma tributária. A estratégia de criação de nomes jocosos não é nova e faz parte de um movimento de adversários e críticos para mostrar desaprovação a características ou atuações de políticos ao longo da história do País.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Wilton Junior/Estadão

Com a veiculação dos memes com Haddad, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se movimentou para defender o chefe da Fazenda. Nesta quinta-feira, 18, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) usou uma notícia de 2017 para sugerir que a economia estaria registrando números positivos. A publicação foi apagada em menos de uma hora.

Na história do País, outros políticos ganharam apelidos, em geral, depreciativos, dados por opositores e críticos. Recentemente, nas últimas eleições presidenciais, a disputa de alcunhas teve destaque, quando Lula foi chamado de “Luladrão” por adversários do PT, enquanto o então presidente Jair Bolsonaro (PL) virou “Bozonaro”, “Bozo” ou “Genocida” para rivais do agora ex-chefe do Executivo.

‘Sapo barbudo’

Com mais de 40 anos de trajetória política, o presidente Lula já recebeu diversos apelidos de opositores e críticos. O primeiro foi dado pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola.

Nas eleições de 1989, quando Lula foi ao segundo turno, Brizola, que disputava com o petista o voto da esquerda, disse ao declarar apoio no então líder operário: “Não seria fascinante fazer, agora, a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva  Foto: Wilton Junior/Estadão

Após a prisão do petista em abril de 2018 pela Operação Lava Jato, a alcunha de “Luladrão” (aglutinação de Lula mais “ladrão”) começou a ser adotada por adversários do político nas redes sociais.

Em julho de 2017, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2021, após a Corte considerar que a Justiça Federal em Curitiba não era competente para julgar o petista.

O apelido foi massificado durante as eleições presidenciais de 2022, quando Lula e Bolsonaro se enfrentaram nas urnas. Camisas com a alcunha “Luladrão” ainda são vendidas por militantes de direita na internet.

‘Bozonaro’

Nas eleições de 2018, opositores de Jair Bolsonaro passaram a chamar o então candidato do PSL à Presidência de “Bozonaro”. O apelido vem da semelhança entre as cinco primeiras letras do sobrenome do ex-presidente e o nome do palhaço americano “Bozo”. A versão abreviada também acabou sendo bastante utilizada.

Em maio de 2020, Bolsonaro citou o apelido que recebeu quando respondia a jornalistas sobre a existência de um “gabinete do ódio”, relevado pelo Estadão, que funcionava dentro do Palácio do Planalto e cuidava das redes sociais do então chefe do Executivo. Na ocasião, ele afirmou que encarava a alcunha com bom humor.

O ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Wilton Junior/Estadão

“Que gabinete de ódio é esse? Isso não existe. O que existe são os memes. Esses todo mundo faz. Me chamam de Bozo o tempo todo. Eu dou risada”, disse o então presidente.

Em setembro de 2022, durante a campanha eleitoral, o então vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), usou o termo para atacar Bolsonaro durante um evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “Eleição é comparação. Nós tivemos cinco ministros da Educação nesse período aí do Bozo. Andou para trás a educação”, disse.

Ao longo do mandato, Bolsonaro também passou a ser chamado pelos adversários de “Genocida”, em razão do alto número de mortes registrados no Brasil na pandemia da covid-19 e pela demora para a compra de vacinas contra o coronavírus.

‘Martaxa’

Vinte anos antes da onda de memes com Haddad, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) já havia tido o seu nome satirizado com o termo “taxa”. Nas eleições de 2004, quando ela perdeu a reeleição à Prefeitura para o tucano José Serra, o apelido “Martaxa” foi massificado por adversários do petismo.

O criador do termo foi o ex-vereador Dalton Silvano, que na época estava no PSDB e era um dos principais opositores da então prefeita. Em 2013, ele ocupou um cargo estratégico na gestão de Haddad na Prefeitura.

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy Foto: Iara Morselli/Estadão

O apelido de Marta surgiu após a prefeita criar taxas de lixo e de luz para conter o déficit nas contas da capital paulista. Em 2008, durante uma sabatina feita ao Estadão, a petista admitiu que “errou a mão” com a criação dos tributos.

‘Picolé de chuchu’

Em 2002, o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin recebeu do colunista José Simão o apelido de “picolé de chuchu”. O termo se refere à personalidade do vice-presidente que, segundo críticos, é “sem gosto” e “insossa”, assim como o legume. Em 2008, ele disse que levava a alcunha “na esportiva”.

O apelido foi usado em tom pejorativo por Lula durante a reta final das eleições de 2014. “Não é à toa que esse governador tem apelido de picolé de chuchu, porque é uma coisa insossa, como comida sem sal. Ele nunca fala nada grave do Estado. Se tem problema, é com o governo federal ou com a prefeitura”, provocou Lula.

O vice-presidente Geraldo Alckmin Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Durante a campanha de 2022, o atual vice-presidente decidiu assumir o apelido. Durante a cerimônia de lançamento da chapa Lula-Alckmin, ele disse que “lula é um prato que cai bem com chuchu”.

‘Viajando Henrique Cardoso’

No final da década de 1990, o programa humorístico da Casseta & Planeta, da TV Globo, estreou um quadro onde satirizava Fernando Henrique Cardoso (PSDB) devido à quantidade de viagens internacionais que ele fez durante os oito anos que esteve na Presidência, entre 1995 e 2002.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Jonne Roriz/Estadão

Durante os dois mandatos de FHC, ele fez 108 viagens internacionais, visitando uma média de 14 países ao ano. O número foi o dobro do que fizeram os seus antecessores José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. Opositores do ex-presidente também usavam a alcunha para criticá-lo, afirmando que ele se ausentava dos problemas do País para participar das comitivas presidenciais.

‘Devagar Franco’

Outro apelido criado pelo humorístico Casseta & Planeta foi o “Devagar Franco”, dado ao ex-presidente Itamar Franco, que governou o País entre 1992 e 1994. O personagem satirizava o sotaque “mineirês” de Itamar e a demora dele para responder a perguntas feitas por jornalistas.

O ex-presidente Itamar Franco  Foto: Acervo Estadão

O personagem jocoso de Itamar também nunca sabia como havia chegado aos lugares. A ironia têm relação ao fato de ele ter sido empossado na Presidência após o impeachment de Fernando Collor de Melo, um período turbulento na história republicana. O sucesso da alcunha criada pelo programa de TV acompanhou o ex-presidente mesmo após ele deixar o Planalto.

‘Vampiro’

Às vésperas da votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT) por pedaladas fiscais, o perfil oficial do PT na Câmara dos Deputados publicou uma montagem de Michel Temer (MDB), em que ele era chamado de “golpista e vampiro”. Temer era vice de Dilma e assumiu o governo com o afastamento da então presidente em 2016.

O apelido de Temer foi entoado pelos críticos ao impeachment de Dilma. No desfile das escolas de samba do Rio de 2018, a Paraíso do Tuiuti colocou para desfilar um dançarino vestido de vampiro e usando a cópia de uma faixa presidencial, numa referência a Temer.

A associação do emedebista com figuras góticas teve início anteriormente ao episódio do impedimento da petista. Em 1999, Temer, na época presidente da Câmara, se envolveu em um embate com o então presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães durante a reforma do Judiciário. Na ocasião, ACM disse “(Temer) não me assusta com a sua pose de mordomo de filme de terror”. Em 2015, outro presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB) sugeriu que o vice-presidente deveria deixar o cargo e pensar em outro emprego, como “mordomo de filme de terror”.

‘Calça apertada’

Outro que recebeu o apelido dado por adversários, e acabou adotando nome jocoso, foi o ex-governador de São Paulo João Doria. Por conta do visual usado durante agendas oficiais, Doria foi chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de “calça apertada” em 2020.

O ex-prefeito de São Paulo João Doria Foto: Alex Silva/Estadão

Na época, os dois travaram um embate devido a diferentes conduções da pandemia de covid-19. Enquanto Doria iniciou uma corrida de vacinação no Estado de São Paulo, Bolsonaro adotou uma postura negacionista e divulgou métodos paralelos para o combate da doença.

Em resposta a alcunha dada por Bolsonaro, Doria começou a utilizar o termo em seu favor durante as prévias do PSDB para as eleições presidenciais de 2022. Em uma provocação a Bolsonaro, o ex-governador disse que ele tinha “obsessão pela calça apertada”.

‘Toninho Malvadeza’

Ex-presidente do Senado e homem forte da ditadura militar (1964-1985) e dos primeiros governos da redemocratização, o baiano Antônio Carlos Magalhães era criticado pelos opositores por ter um temperamento forte e por acumular conflitos no Congresso Nacional. Por causa disto, ele recebeu o apelido de “Toninho Malvadeza”.

O ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em contraponto à alcunha dada por adversários, ACM, como era mais conhecido, criou uma nova versão do apelido que era dito pelos aliados próximos dele: “Toninho Ternura”.

‘O homem da capa preta’

Nas décadas de 1950 e 1960, um deputado andava pelo Congresso Nacional portando uma metralhadora, chamada por ele de “Lurdinha”, que era utilizada por nazistas na Segunda Guerra Mundial. O parlamentar era Tenório Cavalcanti que, ligado a conflitos fundiários na Baixada Fluminense, era chamado por seus adversários de “deputado pistoleiro” e o “homem da capa preta”.

O ex-deputado federal Tenorio Cavalcanti (ao centro) Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

O último apelido fazia referência a uma capa de cetim que ele trajava durante as sessões do Legislativo. A alcunha e a atuação de Tenório se tornou famosa a ponto de inspirar o clássico do cinema brasileiro “O Homem da Capa Preta”, de 1986, estrelado por José Wilker e dirigido por Sérgio Rezende.

‘Seu Mé'

Há mais de 100 anos, nas eleições de 1922, o candidato do Partido Republicano Mineiro (PRM) Artur Bernardes foi ridicularizado por uma marchinha carnavalesca. A música, que era uma forma da época para satirizar políticos, chamava Bernardes de “Seu Mé”, sugerindo que a aparência dele era semelhante à de uma cabra.

O ex-presidente Artur Bernardes Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

Quando foi eleito presidente, Bernardes mandou prender um dos compositores da marchinha. Apesar da tentativa de censura, o apelido continuou sendo utilizado por adversários.

BRASÍLIA – Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por memes que deram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o apelido de “Taxad”. A alcunha começou a ser compartilhada por adversários do governo federal, após a aprovação da “taxa das blusinhas” e a regulamentação da reforma tributária. A estratégia de criação de nomes jocosos não é nova e faz parte de um movimento de adversários e críticos para mostrar desaprovação a características ou atuações de políticos ao longo da história do País.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Wilton Junior/Estadão

Com a veiculação dos memes com Haddad, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se movimentou para defender o chefe da Fazenda. Nesta quinta-feira, 18, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) usou uma notícia de 2017 para sugerir que a economia estaria registrando números positivos. A publicação foi apagada em menos de uma hora.

Na história do País, outros políticos ganharam apelidos, em geral, depreciativos, dados por opositores e críticos. Recentemente, nas últimas eleições presidenciais, a disputa de alcunhas teve destaque, quando Lula foi chamado de “Luladrão” por adversários do PT, enquanto o então presidente Jair Bolsonaro (PL) virou “Bozonaro”, “Bozo” ou “Genocida” para rivais do agora ex-chefe do Executivo.

‘Sapo barbudo’

Com mais de 40 anos de trajetória política, o presidente Lula já recebeu diversos apelidos de opositores e críticos. O primeiro foi dado pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola.

Nas eleições de 1989, quando Lula foi ao segundo turno, Brizola, que disputava com o petista o voto da esquerda, disse ao declarar apoio no então líder operário: “Não seria fascinante fazer, agora, a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva  Foto: Wilton Junior/Estadão

Após a prisão do petista em abril de 2018 pela Operação Lava Jato, a alcunha de “Luladrão” (aglutinação de Lula mais “ladrão”) começou a ser adotada por adversários do político nas redes sociais.

Em julho de 2017, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2021, após a Corte considerar que a Justiça Federal em Curitiba não era competente para julgar o petista.

O apelido foi massificado durante as eleições presidenciais de 2022, quando Lula e Bolsonaro se enfrentaram nas urnas. Camisas com a alcunha “Luladrão” ainda são vendidas por militantes de direita na internet.

‘Bozonaro’

Nas eleições de 2018, opositores de Jair Bolsonaro passaram a chamar o então candidato do PSL à Presidência de “Bozonaro”. O apelido vem da semelhança entre as cinco primeiras letras do sobrenome do ex-presidente e o nome do palhaço americano “Bozo”. A versão abreviada também acabou sendo bastante utilizada.

Em maio de 2020, Bolsonaro citou o apelido que recebeu quando respondia a jornalistas sobre a existência de um “gabinete do ódio”, relevado pelo Estadão, que funcionava dentro do Palácio do Planalto e cuidava das redes sociais do então chefe do Executivo. Na ocasião, ele afirmou que encarava a alcunha com bom humor.

O ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Wilton Junior/Estadão

“Que gabinete de ódio é esse? Isso não existe. O que existe são os memes. Esses todo mundo faz. Me chamam de Bozo o tempo todo. Eu dou risada”, disse o então presidente.

Em setembro de 2022, durante a campanha eleitoral, o então vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), usou o termo para atacar Bolsonaro durante um evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “Eleição é comparação. Nós tivemos cinco ministros da Educação nesse período aí do Bozo. Andou para trás a educação”, disse.

Ao longo do mandato, Bolsonaro também passou a ser chamado pelos adversários de “Genocida”, em razão do alto número de mortes registrados no Brasil na pandemia da covid-19 e pela demora para a compra de vacinas contra o coronavírus.

‘Martaxa’

Vinte anos antes da onda de memes com Haddad, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) já havia tido o seu nome satirizado com o termo “taxa”. Nas eleições de 2004, quando ela perdeu a reeleição à Prefeitura para o tucano José Serra, o apelido “Martaxa” foi massificado por adversários do petismo.

O criador do termo foi o ex-vereador Dalton Silvano, que na época estava no PSDB e era um dos principais opositores da então prefeita. Em 2013, ele ocupou um cargo estratégico na gestão de Haddad na Prefeitura.

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy Foto: Iara Morselli/Estadão

O apelido de Marta surgiu após a prefeita criar taxas de lixo e de luz para conter o déficit nas contas da capital paulista. Em 2008, durante uma sabatina feita ao Estadão, a petista admitiu que “errou a mão” com a criação dos tributos.

‘Picolé de chuchu’

Em 2002, o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin recebeu do colunista José Simão o apelido de “picolé de chuchu”. O termo se refere à personalidade do vice-presidente que, segundo críticos, é “sem gosto” e “insossa”, assim como o legume. Em 2008, ele disse que levava a alcunha “na esportiva”.

O apelido foi usado em tom pejorativo por Lula durante a reta final das eleições de 2014. “Não é à toa que esse governador tem apelido de picolé de chuchu, porque é uma coisa insossa, como comida sem sal. Ele nunca fala nada grave do Estado. Se tem problema, é com o governo federal ou com a prefeitura”, provocou Lula.

O vice-presidente Geraldo Alckmin Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Durante a campanha de 2022, o atual vice-presidente decidiu assumir o apelido. Durante a cerimônia de lançamento da chapa Lula-Alckmin, ele disse que “lula é um prato que cai bem com chuchu”.

‘Viajando Henrique Cardoso’

No final da década de 1990, o programa humorístico da Casseta & Planeta, da TV Globo, estreou um quadro onde satirizava Fernando Henrique Cardoso (PSDB) devido à quantidade de viagens internacionais que ele fez durante os oito anos que esteve na Presidência, entre 1995 e 2002.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Jonne Roriz/Estadão

Durante os dois mandatos de FHC, ele fez 108 viagens internacionais, visitando uma média de 14 países ao ano. O número foi o dobro do que fizeram os seus antecessores José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. Opositores do ex-presidente também usavam a alcunha para criticá-lo, afirmando que ele se ausentava dos problemas do País para participar das comitivas presidenciais.

‘Devagar Franco’

Outro apelido criado pelo humorístico Casseta & Planeta foi o “Devagar Franco”, dado ao ex-presidente Itamar Franco, que governou o País entre 1992 e 1994. O personagem satirizava o sotaque “mineirês” de Itamar e a demora dele para responder a perguntas feitas por jornalistas.

O ex-presidente Itamar Franco  Foto: Acervo Estadão

O personagem jocoso de Itamar também nunca sabia como havia chegado aos lugares. A ironia têm relação ao fato de ele ter sido empossado na Presidência após o impeachment de Fernando Collor de Melo, um período turbulento na história republicana. O sucesso da alcunha criada pelo programa de TV acompanhou o ex-presidente mesmo após ele deixar o Planalto.

‘Vampiro’

Às vésperas da votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT) por pedaladas fiscais, o perfil oficial do PT na Câmara dos Deputados publicou uma montagem de Michel Temer (MDB), em que ele era chamado de “golpista e vampiro”. Temer era vice de Dilma e assumiu o governo com o afastamento da então presidente em 2016.

O apelido de Temer foi entoado pelos críticos ao impeachment de Dilma. No desfile das escolas de samba do Rio de 2018, a Paraíso do Tuiuti colocou para desfilar um dançarino vestido de vampiro e usando a cópia de uma faixa presidencial, numa referência a Temer.

A associação do emedebista com figuras góticas teve início anteriormente ao episódio do impedimento da petista. Em 1999, Temer, na época presidente da Câmara, se envolveu em um embate com o então presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães durante a reforma do Judiciário. Na ocasião, ACM disse “(Temer) não me assusta com a sua pose de mordomo de filme de terror”. Em 2015, outro presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB) sugeriu que o vice-presidente deveria deixar o cargo e pensar em outro emprego, como “mordomo de filme de terror”.

‘Calça apertada’

Outro que recebeu o apelido dado por adversários, e acabou adotando nome jocoso, foi o ex-governador de São Paulo João Doria. Por conta do visual usado durante agendas oficiais, Doria foi chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de “calça apertada” em 2020.

O ex-prefeito de São Paulo João Doria Foto: Alex Silva/Estadão

Na época, os dois travaram um embate devido a diferentes conduções da pandemia de covid-19. Enquanto Doria iniciou uma corrida de vacinação no Estado de São Paulo, Bolsonaro adotou uma postura negacionista e divulgou métodos paralelos para o combate da doença.

Em resposta a alcunha dada por Bolsonaro, Doria começou a utilizar o termo em seu favor durante as prévias do PSDB para as eleições presidenciais de 2022. Em uma provocação a Bolsonaro, o ex-governador disse que ele tinha “obsessão pela calça apertada”.

‘Toninho Malvadeza’

Ex-presidente do Senado e homem forte da ditadura militar (1964-1985) e dos primeiros governos da redemocratização, o baiano Antônio Carlos Magalhães era criticado pelos opositores por ter um temperamento forte e por acumular conflitos no Congresso Nacional. Por causa disto, ele recebeu o apelido de “Toninho Malvadeza”.

O ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em contraponto à alcunha dada por adversários, ACM, como era mais conhecido, criou uma nova versão do apelido que era dito pelos aliados próximos dele: “Toninho Ternura”.

‘O homem da capa preta’

Nas décadas de 1950 e 1960, um deputado andava pelo Congresso Nacional portando uma metralhadora, chamada por ele de “Lurdinha”, que era utilizada por nazistas na Segunda Guerra Mundial. O parlamentar era Tenório Cavalcanti que, ligado a conflitos fundiários na Baixada Fluminense, era chamado por seus adversários de “deputado pistoleiro” e o “homem da capa preta”.

O ex-deputado federal Tenorio Cavalcanti (ao centro) Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

O último apelido fazia referência a uma capa de cetim que ele trajava durante as sessões do Legislativo. A alcunha e a atuação de Tenório se tornou famosa a ponto de inspirar o clássico do cinema brasileiro “O Homem da Capa Preta”, de 1986, estrelado por José Wilker e dirigido por Sérgio Rezende.

‘Seu Mé'

Há mais de 100 anos, nas eleições de 1922, o candidato do Partido Republicano Mineiro (PRM) Artur Bernardes foi ridicularizado por uma marchinha carnavalesca. A música, que era uma forma da época para satirizar políticos, chamava Bernardes de “Seu Mé”, sugerindo que a aparência dele era semelhante à de uma cabra.

O ex-presidente Artur Bernardes Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

Quando foi eleito presidente, Bernardes mandou prender um dos compositores da marchinha. Apesar da tentativa de censura, o apelido continuou sendo utilizado por adversários.

BRASÍLIA – Nos últimos dias, as redes sociais foram inundadas por memes que deram ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o apelido de “Taxad”. A alcunha começou a ser compartilhada por adversários do governo federal, após a aprovação da “taxa das blusinhas” e a regulamentação da reforma tributária. A estratégia de criação de nomes jocosos não é nova e faz parte de um movimento de adversários e críticos para mostrar desaprovação a características ou atuações de políticos ao longo da história do País.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: Wilton Junior/Estadão

Com a veiculação dos memes com Haddad, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se movimentou para defender o chefe da Fazenda. Nesta quinta-feira, 18, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) usou uma notícia de 2017 para sugerir que a economia estaria registrando números positivos. A publicação foi apagada em menos de uma hora.

Na história do País, outros políticos ganharam apelidos, em geral, depreciativos, dados por opositores e críticos. Recentemente, nas últimas eleições presidenciais, a disputa de alcunhas teve destaque, quando Lula foi chamado de “Luladrão” por adversários do PT, enquanto o então presidente Jair Bolsonaro (PL) virou “Bozonaro”, “Bozo” ou “Genocida” para rivais do agora ex-chefe do Executivo.

‘Sapo barbudo’

Com mais de 40 anos de trajetória política, o presidente Lula já recebeu diversos apelidos de opositores e críticos. O primeiro foi dado pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola.

Nas eleições de 1989, quando Lula foi ao segundo turno, Brizola, que disputava com o petista o voto da esquerda, disse ao declarar apoio no então líder operário: “Não seria fascinante fazer, agora, a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva  Foto: Wilton Junior/Estadão

Após a prisão do petista em abril de 2018 pela Operação Lava Jato, a alcunha de “Luladrão” (aglutinação de Lula mais “ladrão”) começou a ser adotada por adversários do político nas redes sociais.

Em julho de 2017, Lula foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em abril de 2021, após a Corte considerar que a Justiça Federal em Curitiba não era competente para julgar o petista.

O apelido foi massificado durante as eleições presidenciais de 2022, quando Lula e Bolsonaro se enfrentaram nas urnas. Camisas com a alcunha “Luladrão” ainda são vendidas por militantes de direita na internet.

‘Bozonaro’

Nas eleições de 2018, opositores de Jair Bolsonaro passaram a chamar o então candidato do PSL à Presidência de “Bozonaro”. O apelido vem da semelhança entre as cinco primeiras letras do sobrenome do ex-presidente e o nome do palhaço americano “Bozo”. A versão abreviada também acabou sendo bastante utilizada.

Em maio de 2020, Bolsonaro citou o apelido que recebeu quando respondia a jornalistas sobre a existência de um “gabinete do ódio”, relevado pelo Estadão, que funcionava dentro do Palácio do Planalto e cuidava das redes sociais do então chefe do Executivo. Na ocasião, ele afirmou que encarava a alcunha com bom humor.

O ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: Wilton Junior/Estadão

“Que gabinete de ódio é esse? Isso não existe. O que existe são os memes. Esses todo mundo faz. Me chamam de Bozo o tempo todo. Eu dou risada”, disse o então presidente.

Em setembro de 2022, durante a campanha eleitoral, o então vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), usou o termo para atacar Bolsonaro durante um evento no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “Eleição é comparação. Nós tivemos cinco ministros da Educação nesse período aí do Bozo. Andou para trás a educação”, disse.

Ao longo do mandato, Bolsonaro também passou a ser chamado pelos adversários de “Genocida”, em razão do alto número de mortes registrados no Brasil na pandemia da covid-19 e pela demora para a compra de vacinas contra o coronavírus.

‘Martaxa’

Vinte anos antes da onda de memes com Haddad, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) já havia tido o seu nome satirizado com o termo “taxa”. Nas eleições de 2004, quando ela perdeu a reeleição à Prefeitura para o tucano José Serra, o apelido “Martaxa” foi massificado por adversários do petismo.

O criador do termo foi o ex-vereador Dalton Silvano, que na época estava no PSDB e era um dos principais opositores da então prefeita. Em 2013, ele ocupou um cargo estratégico na gestão de Haddad na Prefeitura.

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy Foto: Iara Morselli/Estadão

O apelido de Marta surgiu após a prefeita criar taxas de lixo e de luz para conter o déficit nas contas da capital paulista. Em 2008, durante uma sabatina feita ao Estadão, a petista admitiu que “errou a mão” com a criação dos tributos.

‘Picolé de chuchu’

Em 2002, o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin recebeu do colunista José Simão o apelido de “picolé de chuchu”. O termo se refere à personalidade do vice-presidente que, segundo críticos, é “sem gosto” e “insossa”, assim como o legume. Em 2008, ele disse que levava a alcunha “na esportiva”.

O apelido foi usado em tom pejorativo por Lula durante a reta final das eleições de 2014. “Não é à toa que esse governador tem apelido de picolé de chuchu, porque é uma coisa insossa, como comida sem sal. Ele nunca fala nada grave do Estado. Se tem problema, é com o governo federal ou com a prefeitura”, provocou Lula.

O vice-presidente Geraldo Alckmin Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Durante a campanha de 2022, o atual vice-presidente decidiu assumir o apelido. Durante a cerimônia de lançamento da chapa Lula-Alckmin, ele disse que “lula é um prato que cai bem com chuchu”.

‘Viajando Henrique Cardoso’

No final da década de 1990, o programa humorístico da Casseta & Planeta, da TV Globo, estreou um quadro onde satirizava Fernando Henrique Cardoso (PSDB) devido à quantidade de viagens internacionais que ele fez durante os oito anos que esteve na Presidência, entre 1995 e 2002.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Foto: Jonne Roriz/Estadão

Durante os dois mandatos de FHC, ele fez 108 viagens internacionais, visitando uma média de 14 países ao ano. O número foi o dobro do que fizeram os seus antecessores José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. Opositores do ex-presidente também usavam a alcunha para criticá-lo, afirmando que ele se ausentava dos problemas do País para participar das comitivas presidenciais.

‘Devagar Franco’

Outro apelido criado pelo humorístico Casseta & Planeta foi o “Devagar Franco”, dado ao ex-presidente Itamar Franco, que governou o País entre 1992 e 1994. O personagem satirizava o sotaque “mineirês” de Itamar e a demora dele para responder a perguntas feitas por jornalistas.

O ex-presidente Itamar Franco  Foto: Acervo Estadão

O personagem jocoso de Itamar também nunca sabia como havia chegado aos lugares. A ironia têm relação ao fato de ele ter sido empossado na Presidência após o impeachment de Fernando Collor de Melo, um período turbulento na história republicana. O sucesso da alcunha criada pelo programa de TV acompanhou o ex-presidente mesmo após ele deixar o Planalto.

‘Vampiro’

Às vésperas da votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT) por pedaladas fiscais, o perfil oficial do PT na Câmara dos Deputados publicou uma montagem de Michel Temer (MDB), em que ele era chamado de “golpista e vampiro”. Temer era vice de Dilma e assumiu o governo com o afastamento da então presidente em 2016.

O apelido de Temer foi entoado pelos críticos ao impeachment de Dilma. No desfile das escolas de samba do Rio de 2018, a Paraíso do Tuiuti colocou para desfilar um dançarino vestido de vampiro e usando a cópia de uma faixa presidencial, numa referência a Temer.

A associação do emedebista com figuras góticas teve início anteriormente ao episódio do impedimento da petista. Em 1999, Temer, na época presidente da Câmara, se envolveu em um embate com o então presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães durante a reforma do Judiciário. Na ocasião, ACM disse “(Temer) não me assusta com a sua pose de mordomo de filme de terror”. Em 2015, outro presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB) sugeriu que o vice-presidente deveria deixar o cargo e pensar em outro emprego, como “mordomo de filme de terror”.

‘Calça apertada’

Outro que recebeu o apelido dado por adversários, e acabou adotando nome jocoso, foi o ex-governador de São Paulo João Doria. Por conta do visual usado durante agendas oficiais, Doria foi chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de “calça apertada” em 2020.

O ex-prefeito de São Paulo João Doria Foto: Alex Silva/Estadão

Na época, os dois travaram um embate devido a diferentes conduções da pandemia de covid-19. Enquanto Doria iniciou uma corrida de vacinação no Estado de São Paulo, Bolsonaro adotou uma postura negacionista e divulgou métodos paralelos para o combate da doença.

Em resposta a alcunha dada por Bolsonaro, Doria começou a utilizar o termo em seu favor durante as prévias do PSDB para as eleições presidenciais de 2022. Em uma provocação a Bolsonaro, o ex-governador disse que ele tinha “obsessão pela calça apertada”.

‘Toninho Malvadeza’

Ex-presidente do Senado e homem forte da ditadura militar (1964-1985) e dos primeiros governos da redemocratização, o baiano Antônio Carlos Magalhães era criticado pelos opositores por ter um temperamento forte e por acumular conflitos no Congresso Nacional. Por causa disto, ele recebeu o apelido de “Toninho Malvadeza”.

O ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em contraponto à alcunha dada por adversários, ACM, como era mais conhecido, criou uma nova versão do apelido que era dito pelos aliados próximos dele: “Toninho Ternura”.

‘O homem da capa preta’

Nas décadas de 1950 e 1960, um deputado andava pelo Congresso Nacional portando uma metralhadora, chamada por ele de “Lurdinha”, que era utilizada por nazistas na Segunda Guerra Mundial. O parlamentar era Tenório Cavalcanti que, ligado a conflitos fundiários na Baixada Fluminense, era chamado por seus adversários de “deputado pistoleiro” e o “homem da capa preta”.

O ex-deputado federal Tenorio Cavalcanti (ao centro) Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

O último apelido fazia referência a uma capa de cetim que ele trajava durante as sessões do Legislativo. A alcunha e a atuação de Tenório se tornou famosa a ponto de inspirar o clássico do cinema brasileiro “O Homem da Capa Preta”, de 1986, estrelado por José Wilker e dirigido por Sérgio Rezende.

‘Seu Mé'

Há mais de 100 anos, nas eleições de 1922, o candidato do Partido Republicano Mineiro (PRM) Artur Bernardes foi ridicularizado por uma marchinha carnavalesca. A música, que era uma forma da época para satirizar políticos, chamava Bernardes de “Seu Mé”, sugerindo que a aparência dele era semelhante à de uma cabra.

O ex-presidente Artur Bernardes Foto: Reprodução/Arquivo Nacional

Quando foi eleito presidente, Bernardes mandou prender um dos compositores da marchinha. Apesar da tentativa de censura, o apelido continuou sendo utilizado por adversários.

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