Aliado fiel a Alckmin, ex-tucano Floriano Pesaro entra na transição de governo com aval dos petistas


Secretário nacional do Bolsa-Escola no governo de Fernando Henrique Cardoso, sociólogo é homem de confiança do vice-presidente eleito

Por André Shalders e Adriana Ferraz
Atualização:

Fora do ninho tucano há menos de um ano e ainda novato na cúpula petista, o futuro vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) escolheu um aliado fiel, o sociólogo Floriano Pesaro (PSB), de 54 anos, para ter a seu lado na coordenação do processo de transição. Com pouca projeção nacional, o ex-deputado federal, ex-vereador da capital paulista, ex-secretário estadual e municipal de São Paulo e ex-tucano nunca fez parte da ala vip do PSDB paulista, mas sempre se mostrou leal ao grupo alckmista.

Nos últimos quatro anos, sem mandato, cultivou ainda mais a relação com o ex-governador, seguindo seu caminho partidário e pedindo votos até mesmo para o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a quem chamava de ‘maldade’ nos tempos da Câmara Municipal. O empenho demonstrado na campanha fez com que Pesaro, tido como antipetista, furasse a bolha e ganhasse aval do partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para participar da equipe de transição.

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Como coordenador-executivo da transição, Pesaro será uma espécie de braço-direito de Alckmin, que atuará como coordenador-geral do grupo. Sob a alçada do aliado, estarão cinco assessorias: Administração, Orçamento, Comunicação, Segurança Institucional e Cerimonial.

A construção para chegar ao posto foi progressiva e cautelosa. Representante da comunidade judaica paulistana, o sociólogo colou sua imagem em Alckmin - e não em Lula. Desde a filiação ao PSB, Pesaro segue como uma espécie de escudeiro do ex-governador, fazendo-lhe companhia em eventos públicos e privados e ajudando a abrir o leque de apoiadores de centro.

Floriano Pesaro, à direita do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, acompanha anúncio da equipe de transição do governo  Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO
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A experiência parlamentar ajudou na costura e no processo de aceitação. Na semana anterior ao segundo turno da eleição, Pesaro já transitava com facilidade entre ex-adversários políticos. No evento realizado na PUC, em São Paulo, no dia 24 de outubro, o ex-secretário até brincava ao lado de petistas da capital com a falta de coordenação de Alckmin ao bater palmas.

Pesaro conquistou a confiança definitiva de Alckmin em 2018, ao fazer parte do pequeno núcleo tucano que resistiu ao movimento comandado por João Doria de levar o partido para a direita e aderir ao Bolsodoria. Meses depois, no entanto, chegou a ser convidado para assumir a Secretaria Especial de Assistência Social na gestão Jair Bolsonaro, mas teve seu nome vetado pela ala bolsonarista mais radical, que o criticava por defender os direitos da população LGBTQIA+.

O veto hoje é comemorado. Ao não participar da gestão Bolsonaro, Pesaro tem mais liberdade para assumir o discurso da necessidade de se criar uma frente ampla pela democracia que atue dentro e fora do governo de forma permanente.

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“Quem conhece sua trajetória sabe que faz todo sentido ele estar onde está agora. É coerente com a sua trajetória. Floriano participou do governo FHC, trabalhou com o então ministro da educação Paulo Renato e também com Ruth Cardoso na criação do Bolsa-Escola. Ele tem uma visão real da social-democracia. Não poderia estar de outro lado”, afirmou o vereador Daniel Annenberg, que também deixou o PSDB e se filiou ao PSB.

Passado antipetista

A atual lua de mel com os petistas, no entanto, difere do passado recente do ex-deputado. Em posts nas redes sociais e em artigos assinados, Pesaro já acusou o PT de protagonizar uma “lama da corrupção” e de lotear cargos em estatais. “A lama da corrupção que o PT protagonizou, a falta de posicionamento do PSDB para se tornar uma oposição decisiva e o fisiologismo histórico do MDB estavam minando as esperanças do povo”, diz um trecho do texto, publicado logo depois do primeiro turno das eleições de 2018 no jornal Tribuna Judaica. A coluna era sobre “o ocaso da política tradicional”.

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Na época em que foi deputado federal, Pesaro votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e nunca poupou críticas diretas a Lula, especialmente do que diz respeito ao caso do “tríplex do Guarujá”, que foi anulado pela Justiça Federal do Distrito Federal em janeiro deste ano.

“Todos acompanharam (...), o julgamento — um dos, o primeiro deles — do presidente Lula. Outros ainda virão. Provavelmente, o presidente Lula será condenado por outros crimes que ainda estão em processo de julgamento”, disse Pesaro na tribuna da Câmara em abril de 2018, conforme registrado nas notas taquigráficas da Casa. “No caso do tríplex do Guarujá, isso me impressiona, porque o próprio zelador do prédio, talvez a pessoa mais simples, mais humilde em todo esse processo, quando perguntado por um jornalista se o apartamento era do presidente Lula, disse: ‘Mas quem é que tem dúvida de que o apartamento é do presidente Lula?’”, disse ele.

O ex-deputado também já criticou o PT por supostamente lotear as empresas estatais. Em outro texto reproduzido em seu blog, de 2012, Pesaro disse que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) praticava “populismo” e com a ajuda de seu partido atual, o PSB.

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“Sabe o que a presidente Dilma deveria fazer para baixar juros? Cortar gastos. E qualquer estudante de primeiro ano de Economia sabe disso. Mas o que o PT faz, com o apoio do PSB, PCdoB, e de outros partidos? Incha a máquina, leva os “companheiros” para o governo, emprega todo mundo – e não vou nem falar da corrupção -, e, para subsidiar esse inchaço na máquina pública, diminui e achata salários”, diz um trecho da publicação, que reproduz discurso de Pesaro na época em que ele era vereador em São Paulo.

A relação de Pesaro com Alckmin se estreitou entre 2015 e 2018, quando ele foi secretário de Desenvolvimento Social no governo do médico. Quando o então prefeito de São Paulo João Doria rompeu com Alckmin, seu antigo padrinho político, Pesaro ficou do lado de Alckmin, o que contribuiu para aproximar os dois ainda mais. Pesaro deixou o PSDB em março deste ano – ele era um dos fundadores da legenda e filiado ao partido desde 1988. Procurado pela reportagem do Estadão, Pesaro não respondeu.

Fora do ninho tucano há menos de um ano e ainda novato na cúpula petista, o futuro vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) escolheu um aliado fiel, o sociólogo Floriano Pesaro (PSB), de 54 anos, para ter a seu lado na coordenação do processo de transição. Com pouca projeção nacional, o ex-deputado federal, ex-vereador da capital paulista, ex-secretário estadual e municipal de São Paulo e ex-tucano nunca fez parte da ala vip do PSDB paulista, mas sempre se mostrou leal ao grupo alckmista.

Nos últimos quatro anos, sem mandato, cultivou ainda mais a relação com o ex-governador, seguindo seu caminho partidário e pedindo votos até mesmo para o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a quem chamava de ‘maldade’ nos tempos da Câmara Municipal. O empenho demonstrado na campanha fez com que Pesaro, tido como antipetista, furasse a bolha e ganhasse aval do partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para participar da equipe de transição.

Como coordenador-executivo da transição, Pesaro será uma espécie de braço-direito de Alckmin, que atuará como coordenador-geral do grupo. Sob a alçada do aliado, estarão cinco assessorias: Administração, Orçamento, Comunicação, Segurança Institucional e Cerimonial.

A construção para chegar ao posto foi progressiva e cautelosa. Representante da comunidade judaica paulistana, o sociólogo colou sua imagem em Alckmin - e não em Lula. Desde a filiação ao PSB, Pesaro segue como uma espécie de escudeiro do ex-governador, fazendo-lhe companhia em eventos públicos e privados e ajudando a abrir o leque de apoiadores de centro.

Floriano Pesaro, à direita do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, acompanha anúncio da equipe de transição do governo  Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A experiência parlamentar ajudou na costura e no processo de aceitação. Na semana anterior ao segundo turno da eleição, Pesaro já transitava com facilidade entre ex-adversários políticos. No evento realizado na PUC, em São Paulo, no dia 24 de outubro, o ex-secretário até brincava ao lado de petistas da capital com a falta de coordenação de Alckmin ao bater palmas.

Pesaro conquistou a confiança definitiva de Alckmin em 2018, ao fazer parte do pequeno núcleo tucano que resistiu ao movimento comandado por João Doria de levar o partido para a direita e aderir ao Bolsodoria. Meses depois, no entanto, chegou a ser convidado para assumir a Secretaria Especial de Assistência Social na gestão Jair Bolsonaro, mas teve seu nome vetado pela ala bolsonarista mais radical, que o criticava por defender os direitos da população LGBTQIA+.

O veto hoje é comemorado. Ao não participar da gestão Bolsonaro, Pesaro tem mais liberdade para assumir o discurso da necessidade de se criar uma frente ampla pela democracia que atue dentro e fora do governo de forma permanente.

“Quem conhece sua trajetória sabe que faz todo sentido ele estar onde está agora. É coerente com a sua trajetória. Floriano participou do governo FHC, trabalhou com o então ministro da educação Paulo Renato e também com Ruth Cardoso na criação do Bolsa-Escola. Ele tem uma visão real da social-democracia. Não poderia estar de outro lado”, afirmou o vereador Daniel Annenberg, que também deixou o PSDB e se filiou ao PSB.

Passado antipetista

A atual lua de mel com os petistas, no entanto, difere do passado recente do ex-deputado. Em posts nas redes sociais e em artigos assinados, Pesaro já acusou o PT de protagonizar uma “lama da corrupção” e de lotear cargos em estatais. “A lama da corrupção que o PT protagonizou, a falta de posicionamento do PSDB para se tornar uma oposição decisiva e o fisiologismo histórico do MDB estavam minando as esperanças do povo”, diz um trecho do texto, publicado logo depois do primeiro turno das eleições de 2018 no jornal Tribuna Judaica. A coluna era sobre “o ocaso da política tradicional”.

Na época em que foi deputado federal, Pesaro votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e nunca poupou críticas diretas a Lula, especialmente do que diz respeito ao caso do “tríplex do Guarujá”, que foi anulado pela Justiça Federal do Distrito Federal em janeiro deste ano.

“Todos acompanharam (...), o julgamento — um dos, o primeiro deles — do presidente Lula. Outros ainda virão. Provavelmente, o presidente Lula será condenado por outros crimes que ainda estão em processo de julgamento”, disse Pesaro na tribuna da Câmara em abril de 2018, conforme registrado nas notas taquigráficas da Casa. “No caso do tríplex do Guarujá, isso me impressiona, porque o próprio zelador do prédio, talvez a pessoa mais simples, mais humilde em todo esse processo, quando perguntado por um jornalista se o apartamento era do presidente Lula, disse: ‘Mas quem é que tem dúvida de que o apartamento é do presidente Lula?’”, disse ele.

O ex-deputado também já criticou o PT por supostamente lotear as empresas estatais. Em outro texto reproduzido em seu blog, de 2012, Pesaro disse que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) praticava “populismo” e com a ajuda de seu partido atual, o PSB.

“Sabe o que a presidente Dilma deveria fazer para baixar juros? Cortar gastos. E qualquer estudante de primeiro ano de Economia sabe disso. Mas o que o PT faz, com o apoio do PSB, PCdoB, e de outros partidos? Incha a máquina, leva os “companheiros” para o governo, emprega todo mundo – e não vou nem falar da corrupção -, e, para subsidiar esse inchaço na máquina pública, diminui e achata salários”, diz um trecho da publicação, que reproduz discurso de Pesaro na época em que ele era vereador em São Paulo.

A relação de Pesaro com Alckmin se estreitou entre 2015 e 2018, quando ele foi secretário de Desenvolvimento Social no governo do médico. Quando o então prefeito de São Paulo João Doria rompeu com Alckmin, seu antigo padrinho político, Pesaro ficou do lado de Alckmin, o que contribuiu para aproximar os dois ainda mais. Pesaro deixou o PSDB em março deste ano – ele era um dos fundadores da legenda e filiado ao partido desde 1988. Procurado pela reportagem do Estadão, Pesaro não respondeu.

Fora do ninho tucano há menos de um ano e ainda novato na cúpula petista, o futuro vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) escolheu um aliado fiel, o sociólogo Floriano Pesaro (PSB), de 54 anos, para ter a seu lado na coordenação do processo de transição. Com pouca projeção nacional, o ex-deputado federal, ex-vereador da capital paulista, ex-secretário estadual e municipal de São Paulo e ex-tucano nunca fez parte da ala vip do PSDB paulista, mas sempre se mostrou leal ao grupo alckmista.

Nos últimos quatro anos, sem mandato, cultivou ainda mais a relação com o ex-governador, seguindo seu caminho partidário e pedindo votos até mesmo para o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a quem chamava de ‘maldade’ nos tempos da Câmara Municipal. O empenho demonstrado na campanha fez com que Pesaro, tido como antipetista, furasse a bolha e ganhasse aval do partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para participar da equipe de transição.

Como coordenador-executivo da transição, Pesaro será uma espécie de braço-direito de Alckmin, que atuará como coordenador-geral do grupo. Sob a alçada do aliado, estarão cinco assessorias: Administração, Orçamento, Comunicação, Segurança Institucional e Cerimonial.

A construção para chegar ao posto foi progressiva e cautelosa. Representante da comunidade judaica paulistana, o sociólogo colou sua imagem em Alckmin - e não em Lula. Desde a filiação ao PSB, Pesaro segue como uma espécie de escudeiro do ex-governador, fazendo-lhe companhia em eventos públicos e privados e ajudando a abrir o leque de apoiadores de centro.

Floriano Pesaro, à direita do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, acompanha anúncio da equipe de transição do governo  Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A experiência parlamentar ajudou na costura e no processo de aceitação. Na semana anterior ao segundo turno da eleição, Pesaro já transitava com facilidade entre ex-adversários políticos. No evento realizado na PUC, em São Paulo, no dia 24 de outubro, o ex-secretário até brincava ao lado de petistas da capital com a falta de coordenação de Alckmin ao bater palmas.

Pesaro conquistou a confiança definitiva de Alckmin em 2018, ao fazer parte do pequeno núcleo tucano que resistiu ao movimento comandado por João Doria de levar o partido para a direita e aderir ao Bolsodoria. Meses depois, no entanto, chegou a ser convidado para assumir a Secretaria Especial de Assistência Social na gestão Jair Bolsonaro, mas teve seu nome vetado pela ala bolsonarista mais radical, que o criticava por defender os direitos da população LGBTQIA+.

O veto hoje é comemorado. Ao não participar da gestão Bolsonaro, Pesaro tem mais liberdade para assumir o discurso da necessidade de se criar uma frente ampla pela democracia que atue dentro e fora do governo de forma permanente.

“Quem conhece sua trajetória sabe que faz todo sentido ele estar onde está agora. É coerente com a sua trajetória. Floriano participou do governo FHC, trabalhou com o então ministro da educação Paulo Renato e também com Ruth Cardoso na criação do Bolsa-Escola. Ele tem uma visão real da social-democracia. Não poderia estar de outro lado”, afirmou o vereador Daniel Annenberg, que também deixou o PSDB e se filiou ao PSB.

Passado antipetista

A atual lua de mel com os petistas, no entanto, difere do passado recente do ex-deputado. Em posts nas redes sociais e em artigos assinados, Pesaro já acusou o PT de protagonizar uma “lama da corrupção” e de lotear cargos em estatais. “A lama da corrupção que o PT protagonizou, a falta de posicionamento do PSDB para se tornar uma oposição decisiva e o fisiologismo histórico do MDB estavam minando as esperanças do povo”, diz um trecho do texto, publicado logo depois do primeiro turno das eleições de 2018 no jornal Tribuna Judaica. A coluna era sobre “o ocaso da política tradicional”.

Na época em que foi deputado federal, Pesaro votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e nunca poupou críticas diretas a Lula, especialmente do que diz respeito ao caso do “tríplex do Guarujá”, que foi anulado pela Justiça Federal do Distrito Federal em janeiro deste ano.

“Todos acompanharam (...), o julgamento — um dos, o primeiro deles — do presidente Lula. Outros ainda virão. Provavelmente, o presidente Lula será condenado por outros crimes que ainda estão em processo de julgamento”, disse Pesaro na tribuna da Câmara em abril de 2018, conforme registrado nas notas taquigráficas da Casa. “No caso do tríplex do Guarujá, isso me impressiona, porque o próprio zelador do prédio, talvez a pessoa mais simples, mais humilde em todo esse processo, quando perguntado por um jornalista se o apartamento era do presidente Lula, disse: ‘Mas quem é que tem dúvida de que o apartamento é do presidente Lula?’”, disse ele.

O ex-deputado também já criticou o PT por supostamente lotear as empresas estatais. Em outro texto reproduzido em seu blog, de 2012, Pesaro disse que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) praticava “populismo” e com a ajuda de seu partido atual, o PSB.

“Sabe o que a presidente Dilma deveria fazer para baixar juros? Cortar gastos. E qualquer estudante de primeiro ano de Economia sabe disso. Mas o que o PT faz, com o apoio do PSB, PCdoB, e de outros partidos? Incha a máquina, leva os “companheiros” para o governo, emprega todo mundo – e não vou nem falar da corrupção -, e, para subsidiar esse inchaço na máquina pública, diminui e achata salários”, diz um trecho da publicação, que reproduz discurso de Pesaro na época em que ele era vereador em São Paulo.

A relação de Pesaro com Alckmin se estreitou entre 2015 e 2018, quando ele foi secretário de Desenvolvimento Social no governo do médico. Quando o então prefeito de São Paulo João Doria rompeu com Alckmin, seu antigo padrinho político, Pesaro ficou do lado de Alckmin, o que contribuiu para aproximar os dois ainda mais. Pesaro deixou o PSDB em março deste ano – ele era um dos fundadores da legenda e filiado ao partido desde 1988. Procurado pela reportagem do Estadão, Pesaro não respondeu.

Fora do ninho tucano há menos de um ano e ainda novato na cúpula petista, o futuro vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) escolheu um aliado fiel, o sociólogo Floriano Pesaro (PSB), de 54 anos, para ter a seu lado na coordenação do processo de transição. Com pouca projeção nacional, o ex-deputado federal, ex-vereador da capital paulista, ex-secretário estadual e municipal de São Paulo e ex-tucano nunca fez parte da ala vip do PSDB paulista, mas sempre se mostrou leal ao grupo alckmista.

Nos últimos quatro anos, sem mandato, cultivou ainda mais a relação com o ex-governador, seguindo seu caminho partidário e pedindo votos até mesmo para o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a quem chamava de ‘maldade’ nos tempos da Câmara Municipal. O empenho demonstrado na campanha fez com que Pesaro, tido como antipetista, furasse a bolha e ganhasse aval do partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para participar da equipe de transição.

Como coordenador-executivo da transição, Pesaro será uma espécie de braço-direito de Alckmin, que atuará como coordenador-geral do grupo. Sob a alçada do aliado, estarão cinco assessorias: Administração, Orçamento, Comunicação, Segurança Institucional e Cerimonial.

A construção para chegar ao posto foi progressiva e cautelosa. Representante da comunidade judaica paulistana, o sociólogo colou sua imagem em Alckmin - e não em Lula. Desde a filiação ao PSB, Pesaro segue como uma espécie de escudeiro do ex-governador, fazendo-lhe companhia em eventos públicos e privados e ajudando a abrir o leque de apoiadores de centro.

Floriano Pesaro, à direita do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, acompanha anúncio da equipe de transição do governo  Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A experiência parlamentar ajudou na costura e no processo de aceitação. Na semana anterior ao segundo turno da eleição, Pesaro já transitava com facilidade entre ex-adversários políticos. No evento realizado na PUC, em São Paulo, no dia 24 de outubro, o ex-secretário até brincava ao lado de petistas da capital com a falta de coordenação de Alckmin ao bater palmas.

Pesaro conquistou a confiança definitiva de Alckmin em 2018, ao fazer parte do pequeno núcleo tucano que resistiu ao movimento comandado por João Doria de levar o partido para a direita e aderir ao Bolsodoria. Meses depois, no entanto, chegou a ser convidado para assumir a Secretaria Especial de Assistência Social na gestão Jair Bolsonaro, mas teve seu nome vetado pela ala bolsonarista mais radical, que o criticava por defender os direitos da população LGBTQIA+.

O veto hoje é comemorado. Ao não participar da gestão Bolsonaro, Pesaro tem mais liberdade para assumir o discurso da necessidade de se criar uma frente ampla pela democracia que atue dentro e fora do governo de forma permanente.

“Quem conhece sua trajetória sabe que faz todo sentido ele estar onde está agora. É coerente com a sua trajetória. Floriano participou do governo FHC, trabalhou com o então ministro da educação Paulo Renato e também com Ruth Cardoso na criação do Bolsa-Escola. Ele tem uma visão real da social-democracia. Não poderia estar de outro lado”, afirmou o vereador Daniel Annenberg, que também deixou o PSDB e se filiou ao PSB.

Passado antipetista

A atual lua de mel com os petistas, no entanto, difere do passado recente do ex-deputado. Em posts nas redes sociais e em artigos assinados, Pesaro já acusou o PT de protagonizar uma “lama da corrupção” e de lotear cargos em estatais. “A lama da corrupção que o PT protagonizou, a falta de posicionamento do PSDB para se tornar uma oposição decisiva e o fisiologismo histórico do MDB estavam minando as esperanças do povo”, diz um trecho do texto, publicado logo depois do primeiro turno das eleições de 2018 no jornal Tribuna Judaica. A coluna era sobre “o ocaso da política tradicional”.

Na época em que foi deputado federal, Pesaro votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e nunca poupou críticas diretas a Lula, especialmente do que diz respeito ao caso do “tríplex do Guarujá”, que foi anulado pela Justiça Federal do Distrito Federal em janeiro deste ano.

“Todos acompanharam (...), o julgamento — um dos, o primeiro deles — do presidente Lula. Outros ainda virão. Provavelmente, o presidente Lula será condenado por outros crimes que ainda estão em processo de julgamento”, disse Pesaro na tribuna da Câmara em abril de 2018, conforme registrado nas notas taquigráficas da Casa. “No caso do tríplex do Guarujá, isso me impressiona, porque o próprio zelador do prédio, talvez a pessoa mais simples, mais humilde em todo esse processo, quando perguntado por um jornalista se o apartamento era do presidente Lula, disse: ‘Mas quem é que tem dúvida de que o apartamento é do presidente Lula?’”, disse ele.

O ex-deputado também já criticou o PT por supostamente lotear as empresas estatais. Em outro texto reproduzido em seu blog, de 2012, Pesaro disse que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) praticava “populismo” e com a ajuda de seu partido atual, o PSB.

“Sabe o que a presidente Dilma deveria fazer para baixar juros? Cortar gastos. E qualquer estudante de primeiro ano de Economia sabe disso. Mas o que o PT faz, com o apoio do PSB, PCdoB, e de outros partidos? Incha a máquina, leva os “companheiros” para o governo, emprega todo mundo – e não vou nem falar da corrupção -, e, para subsidiar esse inchaço na máquina pública, diminui e achata salários”, diz um trecho da publicação, que reproduz discurso de Pesaro na época em que ele era vereador em São Paulo.

A relação de Pesaro com Alckmin se estreitou entre 2015 e 2018, quando ele foi secretário de Desenvolvimento Social no governo do médico. Quando o então prefeito de São Paulo João Doria rompeu com Alckmin, seu antigo padrinho político, Pesaro ficou do lado de Alckmin, o que contribuiu para aproximar os dois ainda mais. Pesaro deixou o PSDB em março deste ano – ele era um dos fundadores da legenda e filiado ao partido desde 1988. Procurado pela reportagem do Estadão, Pesaro não respondeu.

Fora do ninho tucano há menos de um ano e ainda novato na cúpula petista, o futuro vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) escolheu um aliado fiel, o sociólogo Floriano Pesaro (PSB), de 54 anos, para ter a seu lado na coordenação do processo de transição. Com pouca projeção nacional, o ex-deputado federal, ex-vereador da capital paulista, ex-secretário estadual e municipal de São Paulo e ex-tucano nunca fez parte da ala vip do PSDB paulista, mas sempre se mostrou leal ao grupo alckmista.

Nos últimos quatro anos, sem mandato, cultivou ainda mais a relação com o ex-governador, seguindo seu caminho partidário e pedindo votos até mesmo para o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a quem chamava de ‘maldade’ nos tempos da Câmara Municipal. O empenho demonstrado na campanha fez com que Pesaro, tido como antipetista, furasse a bolha e ganhasse aval do partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para participar da equipe de transição.

Como coordenador-executivo da transição, Pesaro será uma espécie de braço-direito de Alckmin, que atuará como coordenador-geral do grupo. Sob a alçada do aliado, estarão cinco assessorias: Administração, Orçamento, Comunicação, Segurança Institucional e Cerimonial.

A construção para chegar ao posto foi progressiva e cautelosa. Representante da comunidade judaica paulistana, o sociólogo colou sua imagem em Alckmin - e não em Lula. Desde a filiação ao PSB, Pesaro segue como uma espécie de escudeiro do ex-governador, fazendo-lhe companhia em eventos públicos e privados e ajudando a abrir o leque de apoiadores de centro.

Floriano Pesaro, à direita do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, acompanha anúncio da equipe de transição do governo  Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

A experiência parlamentar ajudou na costura e no processo de aceitação. Na semana anterior ao segundo turno da eleição, Pesaro já transitava com facilidade entre ex-adversários políticos. No evento realizado na PUC, em São Paulo, no dia 24 de outubro, o ex-secretário até brincava ao lado de petistas da capital com a falta de coordenação de Alckmin ao bater palmas.

Pesaro conquistou a confiança definitiva de Alckmin em 2018, ao fazer parte do pequeno núcleo tucano que resistiu ao movimento comandado por João Doria de levar o partido para a direita e aderir ao Bolsodoria. Meses depois, no entanto, chegou a ser convidado para assumir a Secretaria Especial de Assistência Social na gestão Jair Bolsonaro, mas teve seu nome vetado pela ala bolsonarista mais radical, que o criticava por defender os direitos da população LGBTQIA+.

O veto hoje é comemorado. Ao não participar da gestão Bolsonaro, Pesaro tem mais liberdade para assumir o discurso da necessidade de se criar uma frente ampla pela democracia que atue dentro e fora do governo de forma permanente.

“Quem conhece sua trajetória sabe que faz todo sentido ele estar onde está agora. É coerente com a sua trajetória. Floriano participou do governo FHC, trabalhou com o então ministro da educação Paulo Renato e também com Ruth Cardoso na criação do Bolsa-Escola. Ele tem uma visão real da social-democracia. Não poderia estar de outro lado”, afirmou o vereador Daniel Annenberg, que também deixou o PSDB e se filiou ao PSB.

Passado antipetista

A atual lua de mel com os petistas, no entanto, difere do passado recente do ex-deputado. Em posts nas redes sociais e em artigos assinados, Pesaro já acusou o PT de protagonizar uma “lama da corrupção” e de lotear cargos em estatais. “A lama da corrupção que o PT protagonizou, a falta de posicionamento do PSDB para se tornar uma oposição decisiva e o fisiologismo histórico do MDB estavam minando as esperanças do povo”, diz um trecho do texto, publicado logo depois do primeiro turno das eleições de 2018 no jornal Tribuna Judaica. A coluna era sobre “o ocaso da política tradicional”.

Na época em que foi deputado federal, Pesaro votou a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e nunca poupou críticas diretas a Lula, especialmente do que diz respeito ao caso do “tríplex do Guarujá”, que foi anulado pela Justiça Federal do Distrito Federal em janeiro deste ano.

“Todos acompanharam (...), o julgamento — um dos, o primeiro deles — do presidente Lula. Outros ainda virão. Provavelmente, o presidente Lula será condenado por outros crimes que ainda estão em processo de julgamento”, disse Pesaro na tribuna da Câmara em abril de 2018, conforme registrado nas notas taquigráficas da Casa. “No caso do tríplex do Guarujá, isso me impressiona, porque o próprio zelador do prédio, talvez a pessoa mais simples, mais humilde em todo esse processo, quando perguntado por um jornalista se o apartamento era do presidente Lula, disse: ‘Mas quem é que tem dúvida de que o apartamento é do presidente Lula?’”, disse ele.

O ex-deputado também já criticou o PT por supostamente lotear as empresas estatais. Em outro texto reproduzido em seu blog, de 2012, Pesaro disse que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) praticava “populismo” e com a ajuda de seu partido atual, o PSB.

“Sabe o que a presidente Dilma deveria fazer para baixar juros? Cortar gastos. E qualquer estudante de primeiro ano de Economia sabe disso. Mas o que o PT faz, com o apoio do PSB, PCdoB, e de outros partidos? Incha a máquina, leva os “companheiros” para o governo, emprega todo mundo – e não vou nem falar da corrupção -, e, para subsidiar esse inchaço na máquina pública, diminui e achata salários”, diz um trecho da publicação, que reproduz discurso de Pesaro na época em que ele era vereador em São Paulo.

A relação de Pesaro com Alckmin se estreitou entre 2015 e 2018, quando ele foi secretário de Desenvolvimento Social no governo do médico. Quando o então prefeito de São Paulo João Doria rompeu com Alckmin, seu antigo padrinho político, Pesaro ficou do lado de Alckmin, o que contribuiu para aproximar os dois ainda mais. Pesaro deixou o PSDB em março deste ano – ele era um dos fundadores da legenda e filiado ao partido desde 1988. Procurado pela reportagem do Estadão, Pesaro não respondeu.

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