Partidos da base aliada vão tentar bloquear a criação de uma CPI para investigar o uso de cartões corporativos. A idéia de uma investigação no Congresso ganhou força. Ontem, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) iniciou mobilização para que seja instalada uma CPI mista na Câmara e no Senado. As assinaturas começarão a ser recolhidas na volta dos trabalhos legislativos, a partir da Quarta-Feira de Cinzas. A proposta da CPI será o primeiro embate entre governistas e oposicionistas na volta aos trabalhos. O DEM e o PPS apoiaram a proposta do deputado tucano, enquanto líderes da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontaram interesses políticos na iniciativa. "O PMDB vai cobrar uma investigação rigorosa da Controladoria-Geral da União (CGU) e aguardar as conclusões. CPI é uma conflagração, ganha uma dimensão muito maior do que deveria. Não é o momento de falar em CPI", disse o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). "A CGU e outros órgãos de controle interno dos ministérios são as instâncias para investigar. O Brasil não é uma republiqueta, tem instituições funcionando. Não precisa paralisar o Congresso por causa disso", reagiu o vice-líder do PT, Maurício Rands. Para que a CPI mista seja instalada, são necessárias as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores. Se ficar difícil chegar a esse número, o plano B da oposição será apresentar um novo pedido de CPI somente no Senado, onde a base governista é mais frágil. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), pediu ontem investigação rigorosa e medidas enérgicas, por parte do governo, no caso do uso dos cartões, além de demissão para quem abusou, mas afastou a idéia de criação de uma CPI mista, como deseja a oposição. "A CPI não pode ser uma panacéia que vai resolver todos os problemas", afirmou. Mesmo resistente a uma CPI, Garibaldi disse que "tudo indica que houve abuso".
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