Aliança com Bolsonaro reacende planos de Moro no STF e até candidatura à Presidência


Bolsonaro convidou o ex-juiz e ex-ministro da Justiça para o debate de domingo por meio de um telefonema na semana passada; senador eleito passou a apoiar ostensivamente a reeleição do presidente contra o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva

Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - A reaproximação do senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) reacendeu as pretensões do ex-juiz da Lava Jato de conquistar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com interlocutores de ambos, ouvidos pelo Estadão. Moro nega que tenha negociado qualquer cargo para o apoio, mas aliados admitem que o movimento político poderá trazer dividendos ao ex-ministro da Justiça e não descartam nem mesmo a retomada de seu plano de disputar a Presidência da República, em 2026.

“Conhecendo um pouco do Moro, acho que ele não descartou a possibilidade do Supremo e, se fizer tudo direitinho, tem tudo para ser um grande nome para a Presidência”, disse o empresário Pablo Marçal (PROS), que se juntou à campanha de Bolsonaro. Marçal pode assumir uma cadeira de deputado federal, em 2023, após decisão da Justiça Eleitoral, à qual ainda cabe apreciação de recurso apresentado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que perdeu a vaga.

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Depois de pedir demissão do Ministério da Justiça e acusar Bolsonaro de interferir na Polícia Federal, Moro saiu do papel de crítico para o de apoiador da reeleição do presidente, sob o pretexto de evitar a volta do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Palácio do Planalto. O maior gesto foi concretizado no domingo, 16, com a ida de Moro ao debate realizado pela Band TV. O senador eleito auxiliou Bolsonaro no programa e foi reapresentado como linha auxiliar do atual governo no combate à corrupção.

O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro voltaram a se aproximar na disputa do segundo turno da corrida presidencial; ainda no fim do primeiro turno, ex-juiz se manifestou em apoio à reeleição.  Foto: Adriano Machado/Reuters

O convite para Moro ir ao debate foi feito pelo próprio presidente em um telefonema, na semana passada. O ex-juiz havia sido convidado para uma reunião com senadores eleitos no Planalto, no último dia 5, mas optou por não comparecer ao encontro. Desta vez, porém, ele aceitou o convite para ir ao confronto com Lula e municiou o chefe do Executivo com perguntas sobre os esquemas de corrupção do PT e a transferência de líderes do crime organizado para presídios federais.

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A conversa entre Bolsonaro e Moro ocorreu após intermediação do ex-secretário de Comunicação Social do governo Fabio Wajngarten, que coordena a comunicação da campanha de Bolsonaro. A deputada federal eleita Rosangela Moro (União Brasil-SP), mulher do ex-ministro da Justiça, também foi entusiasta da reaproximação, com o discurso de unir forças para derrotar Lula no segundo turno.

De acordo com interlocutores, o gesto de Moro serviu para reaproximar o senador eleito do núcleo bolsonarista. Agora, ele poderá realimentar expectativas de ser nomeado para Supremo Tribunal Federal (STF), se Bolsonaro for reeleito. No próximo ano, duas vagas serão abertas na Corte. A indicação é feita pelo presidente da República e precisa ser aprovada no Senado.

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As pretensões de Moro vão além e podem até render uma candidatura ao Planalto, em 2026. Com a reaproximação, o senador eleito tenta consolidar um papel de liderança na direita e reforçar seu próprio nome nesse campo. “Para o Moro, foi uma tacada de mestre”, afirmou o deputado federal Junior Bozzella (SP), vice-presidente do União Brasil em São Paulo e responsável pela filiação do ex-ministro ao partido.

Na opinião de Bozzella, a aliança traz ganhos para o senador eleito, mesmo que não atraia novos votos para Bolsonaro.

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E se Lula ganhar?

Interlocutores afirmam que uma vitória de Lula nas urnas dificultaria a vida de Moro no Congresso. O ex-ministro teme ser alvo de tentativas de cassação do mandato no Senado e de uma nova onda de questionamentos de sua atuação como magistrado da Lava Jato.

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Moro foi convencido de que fazer campanha para Bolsonaro reforça a posição de que ele sempre foi contra o PT e o recoloca como nome da direita no cenário nacional. “Isso é para mostrar que o inimigo do meu inimigo é o meu amigo”, disse Pablo Marçal, um dos que incentivaram o presidente a fazer a reaproximação, após ter contatos com o senador eleito.

A aliança com Moro também é vista na campanha de Bolsonaro como uma forma de mostrar que críticos do PT devem estar juntos para derrotar Lula no segundo turno e foi considerada como contraponto ao apoio dado pelo fundador do Novo, João Amoêdo – que em 2018 disputou a Presidência – ao petista.

Ex-integrantes da Lava Jato, por outro lado, manifestaram preocupação com o posicionamento de Moro e afirmam não ter entendido o gesto. O orçamento secreto, mecanismo de pagamento de emendas parlamentares criado no governo Bolsonaro, é um dos esquemas mais criticados por investigadores no momento.

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Ainda no primeiro turno, Moro colou sua imagem na campanha de Bolsonaro e venceu a eleição para o Senado no Paraná, derrotando o deputado federal Paulo Martins (PL), outro aliado do atual presidente, e o veterano Álvaro Dias (Podemos), que perdeu a cadeira na Casa.

Após o debate na Band TV, Bolsonaro e Moro justificaram a reconciliação como uma nova fase do “casamento”. “Você nunca brigou em casa, não, com o marido? De vez em quando, um pouquinho, uma briguinha acontece. Divergências tivemos algumas, mas nossas convergências são muito maiores”, disse Bolsonaro, ao lado do ex-ministro.

O senador eleito negou ter negociado algum cargo no Executivo, sem responder a uma pergunta sobre indicação ao STF. “Meu plano é representar a população paranaense no Senado. Não tenho intenção de integrar o Poder Executivo. Não fui convidado e nem me convidei para isso”, afirmou Moro.

BRASÍLIA - A reaproximação do senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) reacendeu as pretensões do ex-juiz da Lava Jato de conquistar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com interlocutores de ambos, ouvidos pelo Estadão. Moro nega que tenha negociado qualquer cargo para o apoio, mas aliados admitem que o movimento político poderá trazer dividendos ao ex-ministro da Justiça e não descartam nem mesmo a retomada de seu plano de disputar a Presidência da República, em 2026.

“Conhecendo um pouco do Moro, acho que ele não descartou a possibilidade do Supremo e, se fizer tudo direitinho, tem tudo para ser um grande nome para a Presidência”, disse o empresário Pablo Marçal (PROS), que se juntou à campanha de Bolsonaro. Marçal pode assumir uma cadeira de deputado federal, em 2023, após decisão da Justiça Eleitoral, à qual ainda cabe apreciação de recurso apresentado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que perdeu a vaga.

Depois de pedir demissão do Ministério da Justiça e acusar Bolsonaro de interferir na Polícia Federal, Moro saiu do papel de crítico para o de apoiador da reeleição do presidente, sob o pretexto de evitar a volta do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Palácio do Planalto. O maior gesto foi concretizado no domingo, 16, com a ida de Moro ao debate realizado pela Band TV. O senador eleito auxiliou Bolsonaro no programa e foi reapresentado como linha auxiliar do atual governo no combate à corrupção.

O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro voltaram a se aproximar na disputa do segundo turno da corrida presidencial; ainda no fim do primeiro turno, ex-juiz se manifestou em apoio à reeleição.  Foto: Adriano Machado/Reuters

O convite para Moro ir ao debate foi feito pelo próprio presidente em um telefonema, na semana passada. O ex-juiz havia sido convidado para uma reunião com senadores eleitos no Planalto, no último dia 5, mas optou por não comparecer ao encontro. Desta vez, porém, ele aceitou o convite para ir ao confronto com Lula e municiou o chefe do Executivo com perguntas sobre os esquemas de corrupção do PT e a transferência de líderes do crime organizado para presídios federais.

A conversa entre Bolsonaro e Moro ocorreu após intermediação do ex-secretário de Comunicação Social do governo Fabio Wajngarten, que coordena a comunicação da campanha de Bolsonaro. A deputada federal eleita Rosangela Moro (União Brasil-SP), mulher do ex-ministro da Justiça, também foi entusiasta da reaproximação, com o discurso de unir forças para derrotar Lula no segundo turno.

De acordo com interlocutores, o gesto de Moro serviu para reaproximar o senador eleito do núcleo bolsonarista. Agora, ele poderá realimentar expectativas de ser nomeado para Supremo Tribunal Federal (STF), se Bolsonaro for reeleito. No próximo ano, duas vagas serão abertas na Corte. A indicação é feita pelo presidente da República e precisa ser aprovada no Senado.

As pretensões de Moro vão além e podem até render uma candidatura ao Planalto, em 2026. Com a reaproximação, o senador eleito tenta consolidar um papel de liderança na direita e reforçar seu próprio nome nesse campo. “Para o Moro, foi uma tacada de mestre”, afirmou o deputado federal Junior Bozzella (SP), vice-presidente do União Brasil em São Paulo e responsável pela filiação do ex-ministro ao partido.

Na opinião de Bozzella, a aliança traz ganhos para o senador eleito, mesmo que não atraia novos votos para Bolsonaro.

E se Lula ganhar?

Interlocutores afirmam que uma vitória de Lula nas urnas dificultaria a vida de Moro no Congresso. O ex-ministro teme ser alvo de tentativas de cassação do mandato no Senado e de uma nova onda de questionamentos de sua atuação como magistrado da Lava Jato.

Moro foi convencido de que fazer campanha para Bolsonaro reforça a posição de que ele sempre foi contra o PT e o recoloca como nome da direita no cenário nacional. “Isso é para mostrar que o inimigo do meu inimigo é o meu amigo”, disse Pablo Marçal, um dos que incentivaram o presidente a fazer a reaproximação, após ter contatos com o senador eleito.

A aliança com Moro também é vista na campanha de Bolsonaro como uma forma de mostrar que críticos do PT devem estar juntos para derrotar Lula no segundo turno e foi considerada como contraponto ao apoio dado pelo fundador do Novo, João Amoêdo – que em 2018 disputou a Presidência – ao petista.

Ex-integrantes da Lava Jato, por outro lado, manifestaram preocupação com o posicionamento de Moro e afirmam não ter entendido o gesto. O orçamento secreto, mecanismo de pagamento de emendas parlamentares criado no governo Bolsonaro, é um dos esquemas mais criticados por investigadores no momento.

Ainda no primeiro turno, Moro colou sua imagem na campanha de Bolsonaro e venceu a eleição para o Senado no Paraná, derrotando o deputado federal Paulo Martins (PL), outro aliado do atual presidente, e o veterano Álvaro Dias (Podemos), que perdeu a cadeira na Casa.

Após o debate na Band TV, Bolsonaro e Moro justificaram a reconciliação como uma nova fase do “casamento”. “Você nunca brigou em casa, não, com o marido? De vez em quando, um pouquinho, uma briguinha acontece. Divergências tivemos algumas, mas nossas convergências são muito maiores”, disse Bolsonaro, ao lado do ex-ministro.

O senador eleito negou ter negociado algum cargo no Executivo, sem responder a uma pergunta sobre indicação ao STF. “Meu plano é representar a população paranaense no Senado. Não tenho intenção de integrar o Poder Executivo. Não fui convidado e nem me convidei para isso”, afirmou Moro.

BRASÍLIA - A reaproximação do senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) reacendeu as pretensões do ex-juiz da Lava Jato de conquistar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com interlocutores de ambos, ouvidos pelo Estadão. Moro nega que tenha negociado qualquer cargo para o apoio, mas aliados admitem que o movimento político poderá trazer dividendos ao ex-ministro da Justiça e não descartam nem mesmo a retomada de seu plano de disputar a Presidência da República, em 2026.

“Conhecendo um pouco do Moro, acho que ele não descartou a possibilidade do Supremo e, se fizer tudo direitinho, tem tudo para ser um grande nome para a Presidência”, disse o empresário Pablo Marçal (PROS), que se juntou à campanha de Bolsonaro. Marçal pode assumir uma cadeira de deputado federal, em 2023, após decisão da Justiça Eleitoral, à qual ainda cabe apreciação de recurso apresentado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que perdeu a vaga.

Depois de pedir demissão do Ministério da Justiça e acusar Bolsonaro de interferir na Polícia Federal, Moro saiu do papel de crítico para o de apoiador da reeleição do presidente, sob o pretexto de evitar a volta do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Palácio do Planalto. O maior gesto foi concretizado no domingo, 16, com a ida de Moro ao debate realizado pela Band TV. O senador eleito auxiliou Bolsonaro no programa e foi reapresentado como linha auxiliar do atual governo no combate à corrupção.

O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro voltaram a se aproximar na disputa do segundo turno da corrida presidencial; ainda no fim do primeiro turno, ex-juiz se manifestou em apoio à reeleição.  Foto: Adriano Machado/Reuters

O convite para Moro ir ao debate foi feito pelo próprio presidente em um telefonema, na semana passada. O ex-juiz havia sido convidado para uma reunião com senadores eleitos no Planalto, no último dia 5, mas optou por não comparecer ao encontro. Desta vez, porém, ele aceitou o convite para ir ao confronto com Lula e municiou o chefe do Executivo com perguntas sobre os esquemas de corrupção do PT e a transferência de líderes do crime organizado para presídios federais.

A conversa entre Bolsonaro e Moro ocorreu após intermediação do ex-secretário de Comunicação Social do governo Fabio Wajngarten, que coordena a comunicação da campanha de Bolsonaro. A deputada federal eleita Rosangela Moro (União Brasil-SP), mulher do ex-ministro da Justiça, também foi entusiasta da reaproximação, com o discurso de unir forças para derrotar Lula no segundo turno.

De acordo com interlocutores, o gesto de Moro serviu para reaproximar o senador eleito do núcleo bolsonarista. Agora, ele poderá realimentar expectativas de ser nomeado para Supremo Tribunal Federal (STF), se Bolsonaro for reeleito. No próximo ano, duas vagas serão abertas na Corte. A indicação é feita pelo presidente da República e precisa ser aprovada no Senado.

As pretensões de Moro vão além e podem até render uma candidatura ao Planalto, em 2026. Com a reaproximação, o senador eleito tenta consolidar um papel de liderança na direita e reforçar seu próprio nome nesse campo. “Para o Moro, foi uma tacada de mestre”, afirmou o deputado federal Junior Bozzella (SP), vice-presidente do União Brasil em São Paulo e responsável pela filiação do ex-ministro ao partido.

Na opinião de Bozzella, a aliança traz ganhos para o senador eleito, mesmo que não atraia novos votos para Bolsonaro.

E se Lula ganhar?

Interlocutores afirmam que uma vitória de Lula nas urnas dificultaria a vida de Moro no Congresso. O ex-ministro teme ser alvo de tentativas de cassação do mandato no Senado e de uma nova onda de questionamentos de sua atuação como magistrado da Lava Jato.

Moro foi convencido de que fazer campanha para Bolsonaro reforça a posição de que ele sempre foi contra o PT e o recoloca como nome da direita no cenário nacional. “Isso é para mostrar que o inimigo do meu inimigo é o meu amigo”, disse Pablo Marçal, um dos que incentivaram o presidente a fazer a reaproximação, após ter contatos com o senador eleito.

A aliança com Moro também é vista na campanha de Bolsonaro como uma forma de mostrar que críticos do PT devem estar juntos para derrotar Lula no segundo turno e foi considerada como contraponto ao apoio dado pelo fundador do Novo, João Amoêdo – que em 2018 disputou a Presidência – ao petista.

Ex-integrantes da Lava Jato, por outro lado, manifestaram preocupação com o posicionamento de Moro e afirmam não ter entendido o gesto. O orçamento secreto, mecanismo de pagamento de emendas parlamentares criado no governo Bolsonaro, é um dos esquemas mais criticados por investigadores no momento.

Ainda no primeiro turno, Moro colou sua imagem na campanha de Bolsonaro e venceu a eleição para o Senado no Paraná, derrotando o deputado federal Paulo Martins (PL), outro aliado do atual presidente, e o veterano Álvaro Dias (Podemos), que perdeu a cadeira na Casa.

Após o debate na Band TV, Bolsonaro e Moro justificaram a reconciliação como uma nova fase do “casamento”. “Você nunca brigou em casa, não, com o marido? De vez em quando, um pouquinho, uma briguinha acontece. Divergências tivemos algumas, mas nossas convergências são muito maiores”, disse Bolsonaro, ao lado do ex-ministro.

O senador eleito negou ter negociado algum cargo no Executivo, sem responder a uma pergunta sobre indicação ao STF. “Meu plano é representar a população paranaense no Senado. Não tenho intenção de integrar o Poder Executivo. Não fui convidado e nem me convidei para isso”, afirmou Moro.

BRASÍLIA - A reaproximação do senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) reacendeu as pretensões do ex-juiz da Lava Jato de conquistar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com interlocutores de ambos, ouvidos pelo Estadão. Moro nega que tenha negociado qualquer cargo para o apoio, mas aliados admitem que o movimento político poderá trazer dividendos ao ex-ministro da Justiça e não descartam nem mesmo a retomada de seu plano de disputar a Presidência da República, em 2026.

“Conhecendo um pouco do Moro, acho que ele não descartou a possibilidade do Supremo e, se fizer tudo direitinho, tem tudo para ser um grande nome para a Presidência”, disse o empresário Pablo Marçal (PROS), que se juntou à campanha de Bolsonaro. Marçal pode assumir uma cadeira de deputado federal, em 2023, após decisão da Justiça Eleitoral, à qual ainda cabe apreciação de recurso apresentado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que perdeu a vaga.

Depois de pedir demissão do Ministério da Justiça e acusar Bolsonaro de interferir na Polícia Federal, Moro saiu do papel de crítico para o de apoiador da reeleição do presidente, sob o pretexto de evitar a volta do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Palácio do Planalto. O maior gesto foi concretizado no domingo, 16, com a ida de Moro ao debate realizado pela Band TV. O senador eleito auxiliou Bolsonaro no programa e foi reapresentado como linha auxiliar do atual governo no combate à corrupção.

O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro voltaram a se aproximar na disputa do segundo turno da corrida presidencial; ainda no fim do primeiro turno, ex-juiz se manifestou em apoio à reeleição.  Foto: Adriano Machado/Reuters

O convite para Moro ir ao debate foi feito pelo próprio presidente em um telefonema, na semana passada. O ex-juiz havia sido convidado para uma reunião com senadores eleitos no Planalto, no último dia 5, mas optou por não comparecer ao encontro. Desta vez, porém, ele aceitou o convite para ir ao confronto com Lula e municiou o chefe do Executivo com perguntas sobre os esquemas de corrupção do PT e a transferência de líderes do crime organizado para presídios federais.

A conversa entre Bolsonaro e Moro ocorreu após intermediação do ex-secretário de Comunicação Social do governo Fabio Wajngarten, que coordena a comunicação da campanha de Bolsonaro. A deputada federal eleita Rosangela Moro (União Brasil-SP), mulher do ex-ministro da Justiça, também foi entusiasta da reaproximação, com o discurso de unir forças para derrotar Lula no segundo turno.

De acordo com interlocutores, o gesto de Moro serviu para reaproximar o senador eleito do núcleo bolsonarista. Agora, ele poderá realimentar expectativas de ser nomeado para Supremo Tribunal Federal (STF), se Bolsonaro for reeleito. No próximo ano, duas vagas serão abertas na Corte. A indicação é feita pelo presidente da República e precisa ser aprovada no Senado.

As pretensões de Moro vão além e podem até render uma candidatura ao Planalto, em 2026. Com a reaproximação, o senador eleito tenta consolidar um papel de liderança na direita e reforçar seu próprio nome nesse campo. “Para o Moro, foi uma tacada de mestre”, afirmou o deputado federal Junior Bozzella (SP), vice-presidente do União Brasil em São Paulo e responsável pela filiação do ex-ministro ao partido.

Na opinião de Bozzella, a aliança traz ganhos para o senador eleito, mesmo que não atraia novos votos para Bolsonaro.

E se Lula ganhar?

Interlocutores afirmam que uma vitória de Lula nas urnas dificultaria a vida de Moro no Congresso. O ex-ministro teme ser alvo de tentativas de cassação do mandato no Senado e de uma nova onda de questionamentos de sua atuação como magistrado da Lava Jato.

Moro foi convencido de que fazer campanha para Bolsonaro reforça a posição de que ele sempre foi contra o PT e o recoloca como nome da direita no cenário nacional. “Isso é para mostrar que o inimigo do meu inimigo é o meu amigo”, disse Pablo Marçal, um dos que incentivaram o presidente a fazer a reaproximação, após ter contatos com o senador eleito.

A aliança com Moro também é vista na campanha de Bolsonaro como uma forma de mostrar que críticos do PT devem estar juntos para derrotar Lula no segundo turno e foi considerada como contraponto ao apoio dado pelo fundador do Novo, João Amoêdo – que em 2018 disputou a Presidência – ao petista.

Ex-integrantes da Lava Jato, por outro lado, manifestaram preocupação com o posicionamento de Moro e afirmam não ter entendido o gesto. O orçamento secreto, mecanismo de pagamento de emendas parlamentares criado no governo Bolsonaro, é um dos esquemas mais criticados por investigadores no momento.

Ainda no primeiro turno, Moro colou sua imagem na campanha de Bolsonaro e venceu a eleição para o Senado no Paraná, derrotando o deputado federal Paulo Martins (PL), outro aliado do atual presidente, e o veterano Álvaro Dias (Podemos), que perdeu a cadeira na Casa.

Após o debate na Band TV, Bolsonaro e Moro justificaram a reconciliação como uma nova fase do “casamento”. “Você nunca brigou em casa, não, com o marido? De vez em quando, um pouquinho, uma briguinha acontece. Divergências tivemos algumas, mas nossas convergências são muito maiores”, disse Bolsonaro, ao lado do ex-ministro.

O senador eleito negou ter negociado algum cargo no Executivo, sem responder a uma pergunta sobre indicação ao STF. “Meu plano é representar a população paranaense no Senado. Não tenho intenção de integrar o Poder Executivo. Não fui convidado e nem me convidei para isso”, afirmou Moro.

BRASÍLIA - A reaproximação do senador eleito Sérgio Moro (União Brasil-PR) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) reacendeu as pretensões do ex-juiz da Lava Jato de conquistar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com interlocutores de ambos, ouvidos pelo Estadão. Moro nega que tenha negociado qualquer cargo para o apoio, mas aliados admitem que o movimento político poderá trazer dividendos ao ex-ministro da Justiça e não descartam nem mesmo a retomada de seu plano de disputar a Presidência da República, em 2026.

“Conhecendo um pouco do Moro, acho que ele não descartou a possibilidade do Supremo e, se fizer tudo direitinho, tem tudo para ser um grande nome para a Presidência”, disse o empresário Pablo Marçal (PROS), que se juntou à campanha de Bolsonaro. Marçal pode assumir uma cadeira de deputado federal, em 2023, após decisão da Justiça Eleitoral, à qual ainda cabe apreciação de recurso apresentado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que perdeu a vaga.

Depois de pedir demissão do Ministério da Justiça e acusar Bolsonaro de interferir na Polícia Federal, Moro saiu do papel de crítico para o de apoiador da reeleição do presidente, sob o pretexto de evitar a volta do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Palácio do Planalto. O maior gesto foi concretizado no domingo, 16, com a ida de Moro ao debate realizado pela Band TV. O senador eleito auxiliou Bolsonaro no programa e foi reapresentado como linha auxiliar do atual governo no combate à corrupção.

O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro voltaram a se aproximar na disputa do segundo turno da corrida presidencial; ainda no fim do primeiro turno, ex-juiz se manifestou em apoio à reeleição.  Foto: Adriano Machado/Reuters

O convite para Moro ir ao debate foi feito pelo próprio presidente em um telefonema, na semana passada. O ex-juiz havia sido convidado para uma reunião com senadores eleitos no Planalto, no último dia 5, mas optou por não comparecer ao encontro. Desta vez, porém, ele aceitou o convite para ir ao confronto com Lula e municiou o chefe do Executivo com perguntas sobre os esquemas de corrupção do PT e a transferência de líderes do crime organizado para presídios federais.

A conversa entre Bolsonaro e Moro ocorreu após intermediação do ex-secretário de Comunicação Social do governo Fabio Wajngarten, que coordena a comunicação da campanha de Bolsonaro. A deputada federal eleita Rosangela Moro (União Brasil-SP), mulher do ex-ministro da Justiça, também foi entusiasta da reaproximação, com o discurso de unir forças para derrotar Lula no segundo turno.

De acordo com interlocutores, o gesto de Moro serviu para reaproximar o senador eleito do núcleo bolsonarista. Agora, ele poderá realimentar expectativas de ser nomeado para Supremo Tribunal Federal (STF), se Bolsonaro for reeleito. No próximo ano, duas vagas serão abertas na Corte. A indicação é feita pelo presidente da República e precisa ser aprovada no Senado.

As pretensões de Moro vão além e podem até render uma candidatura ao Planalto, em 2026. Com a reaproximação, o senador eleito tenta consolidar um papel de liderança na direita e reforçar seu próprio nome nesse campo. “Para o Moro, foi uma tacada de mestre”, afirmou o deputado federal Junior Bozzella (SP), vice-presidente do União Brasil em São Paulo e responsável pela filiação do ex-ministro ao partido.

Na opinião de Bozzella, a aliança traz ganhos para o senador eleito, mesmo que não atraia novos votos para Bolsonaro.

E se Lula ganhar?

Interlocutores afirmam que uma vitória de Lula nas urnas dificultaria a vida de Moro no Congresso. O ex-ministro teme ser alvo de tentativas de cassação do mandato no Senado e de uma nova onda de questionamentos de sua atuação como magistrado da Lava Jato.

Moro foi convencido de que fazer campanha para Bolsonaro reforça a posição de que ele sempre foi contra o PT e o recoloca como nome da direita no cenário nacional. “Isso é para mostrar que o inimigo do meu inimigo é o meu amigo”, disse Pablo Marçal, um dos que incentivaram o presidente a fazer a reaproximação, após ter contatos com o senador eleito.

A aliança com Moro também é vista na campanha de Bolsonaro como uma forma de mostrar que críticos do PT devem estar juntos para derrotar Lula no segundo turno e foi considerada como contraponto ao apoio dado pelo fundador do Novo, João Amoêdo – que em 2018 disputou a Presidência – ao petista.

Ex-integrantes da Lava Jato, por outro lado, manifestaram preocupação com o posicionamento de Moro e afirmam não ter entendido o gesto. O orçamento secreto, mecanismo de pagamento de emendas parlamentares criado no governo Bolsonaro, é um dos esquemas mais criticados por investigadores no momento.

Ainda no primeiro turno, Moro colou sua imagem na campanha de Bolsonaro e venceu a eleição para o Senado no Paraná, derrotando o deputado federal Paulo Martins (PL), outro aliado do atual presidente, e o veterano Álvaro Dias (Podemos), que perdeu a cadeira na Casa.

Após o debate na Band TV, Bolsonaro e Moro justificaram a reconciliação como uma nova fase do “casamento”. “Você nunca brigou em casa, não, com o marido? De vez em quando, um pouquinho, uma briguinha acontece. Divergências tivemos algumas, mas nossas convergências são muito maiores”, disse Bolsonaro, ao lado do ex-ministro.

O senador eleito negou ter negociado algum cargo no Executivo, sem responder a uma pergunta sobre indicação ao STF. “Meu plano é representar a população paranaense no Senado. Não tenho intenção de integrar o Poder Executivo. Não fui convidado e nem me convidei para isso”, afirmou Moro.

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