A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa da Bahia aprovou por unanimidade a candidatura da mulher do ministro da Casa Civil Rui Costa, a enfermeira Aline Peixoto, para o cargo de conselheira no Tribunal de Contas dos Municípios do Estado. O salário é de R$ 41 mil e o escolhido ficará no cargo até a aposentadoria compulsória aos 75 anos. A indicação deve ser votada em plenário nesta quarta-feria, 8.
A ex-primeira-dama foi sabatinada pela comissão na manhã desta segunda-feira, 6, e disputa a vaga no TCM-BA com o ex-deputado estadual Tom Araújo. Ambos concorrem à cadeira que foi aberta devido a aposentadoria do ex-conselheiro Raimundo Moreira (União Brasil).
‘Série de ataques’
Durante arguição pelos membros da CCJ, a ex-primeira-dama chegou a chorar por causa da “série de ataques” que disse ter recebido após divulgação de sua indicação como conselheira do Tribunal. “O problema maior é que muitas dessas críticas foram de cunho pessoal, agressões a uma mulher”, declarou. Aline enfatizou ainda que tentaram “diminuí-la” ao fato de ser casada com o ministro Rui Costa.
Exceto pelo momento de emoção da candidata, a sabatina correu sem grandes questionamentos sobre o fato de ela não ter experiência no parlamento ou no controle de contas públicas. Ao final da sessão, o deputado Júnior Nascimento (União Brasil), criticou o relatório da colega Ivana Bastos (PSD) favorável à ex-primeira dama do Estado. Segundo ele, tratava-se de uma “campanha explícita”, enquanto deveria se ater à análise da “legalidade e constitucionalidade” da indicação.
A disputa pela vaga opõe as duas principais forças políticas do Estado. De um lado, o ex-governador Rui Costa, de outro o ex-prefeito de Salvador e secretário-geral do União Brasil, ACM Neto. A indicação de Aline Peixoto causou desconforto também na cúpula petista baiana; o senador Jaques Wagner (PT) defendeu a nomeação de alguém com histórico de atuação no Legislativo, o que não é o caso de Aline.
A indicação da enfermeira foi formalizada pelo líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Rosemberg Pinto (PT), que negou qualquer intervenção do ministro da Casa Civil.
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Críticas
A sabatina do ex-deputado Tom Araújo (União Brasil), realizada na tarde desta segunda-feira, 6, foi recheada de críticas ao preparo de Aline para exercer o cargo de conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia. Os discursos mais críticos foram proferidos pelos deputados Diego Castro e Leandro de Jesus, ambos membros da comissão e do PL.
Durante sua fala, Castro afirmou “repúdio ao que aconteceu nesta manhã”, enquanto Jesus disse que Tom Araújo era um “candidato que visa resguardar a moralidade (...) (e que) tem demonstrado o preparo técnico e a capacidade” para exercer o cargo. O parlamentar enfatizou ainda que a fala não era pessoal e que a ex-primeira-dama estaria “tirando o lugar de outra mulher que cumpre os requisitos”.
Em resposta, a deputada Fabíola Mansur (PSB) ressaltou não concordar com a fala do deputado Leandro de Jesus e disse que é necessário naturalizar os espaços de poder para as mulheres.
Logo no início da sessão, Tom Araújo pontuou que a comissão trataria a sabatina de forma “madura”, sem “politizar”. Ao falar sobre a candidatura da ex-primeira-dama, o ex-deputado afirmou que a imprensa o abordou diversas vezes para “tentar tirar falas que desabonasse a figura de Aline Peixoto”, e ressaltou que a esposa de Rui Costa conquistou assinaturas que a tornaram apta para a candidatura. A candidatura de Araújo foi aprovada pela comissão e também segue para o plenário da Assembleia Legislativa.