O que torna peculiar o PMDB são atributos que o distinguem dos demais partidos de adesão. O menos notável, mas importante, é quantitativo: é o maior partido de adesão em parlamentares no Congresso, além de ser o mais capilarizado, com diretórios, vereadores e prefeitos em montante superior a todos, espalhados pelos municípios brasileiros.
O fator mais notável é qualitativo: o PMDB dispõe de lideranças de maior envergadura que os demais partidos de sua espécie, as quais – mesmo quando dadas a práticas não republicanas – dispõem de habilidades institucionais cruciais, sabendo conduzir os órgãos centrais do sistema político de um modo que ultrapassa o mero manejo fisiológico. Renan é um exemplar desse tipo de liderança, assim como Sarney, Temer, Jucá, Moreira Franco. É isto o que torna tão importantes no jogo político essas lideranças, bem como seu partido. Foi a falta dessa habilidade (substituída pelo puro espírito predatório) que levou à desgraça Eduardo Cunha, um político doutra cepa, nem propriamente um típico líder peemedebista.
Ao tornar-se réu, Renan não deixará de desempenhar esse papel institucional crucial, mas o fará debilmente. A eventual eliminação de políticos como ele não necessariamente deixará o País em melhor situação, já que podem ser substituídos não por próceres tão republicanos quanto institucionalmente talhados, mas por predadores puros e simples, daqueles que povoam os partidos de adesão em geral – Cunhas de menor calibre. *É PROFESSOR DE GESTÃO PÚBLICA DA FGV-EAESP