O presidente Jair Bolsonaro mudou a inserção internacional do Brasil. Admirador de Trump e amante dos Estados Unidos, cantou louvores aos ditadores que sangraram nossa região. Falou em guerra para destituir o presidente Maduro e foi contido pelo vice, general Mourão, e generais do círculo central do poder.
Colocou dezenas de militares no governo numa espécie de partido militar de tonalidade verde-oliva. As Forças Armadas ganham (Previdência militar) e poderão perder prestígio ao se associarem ao desmonte de estruturas de educação, ciência, tecnologia, graduação, pós-graduação, pesquisa, cooperação entre instituições militares e universidades; ao desconectarem-se da sua história nacionalista. Se o Exército é tão associado ao governo, em que situação se encontram a Marinha e a Aeronáutica? A propósito, mal se fala em Defesa Nacional e em soberania.
O dedo no gatilho da Presidência aponta para a sociedade (os conflitos sociais que se resolvam à bala), ao passo que a violência simbólica se enraizou no coração do governo. De maneira deseducada e extremamente grosseira, o mentor ideológico do presidente atacou o general Villas Bôas. Este respondeu moderada e institucionalmente, recebendo novos golpes da mesma fonte. Mas não obteve a solidariedade de Bolsonaro. A fonte, sim, foi chancelada.
Ex-comandante da Amazônia e do Exército, assessor do general Heleno, sua influência funda-se na sua personalidade e na carreira de funcionário fardado. Estaremos diante de uma liderança carismática ao lado dos comandos institucionais?
Em suma: o presidente pretende desvincular-se da tutela dos generais, mas a estabilidade do governo depende deles em boa medida. O general Villas Bôas e o presidente Bolsonaro devem ao Brasil o conteúdo de uma conversa aludida na posse do ministro da Defesa.* CIENTISTA POLÍTICO