Presidente do PSDB em São Paulo, José Anibal disse ao Estadão que oficializará ao partido nesta sexta-feira, 22, que não foi possível estabelecer uma aliança eleitoral com prefeito Ricardo Nunes (MDB) porque o emedebista “sequer quis discutir a hipótese” dos tucanos indicarem o vice em sua chapa. A Executiva municipal do PSDB se reunirá para deliberar sobre o tema.
Anibal afirma que recebeu uma orientação do PSDB para fazer “tudo que fosse possível” para uma aliança com Nunes, mas que agora proporá o debate da estratégia eleitoral com duas opções: candidatura própria ou apoio a outro candidato. O nome mais cotado, neste segundo cenário, é a deputada Tabata Amaral (PSB).
“Vou oficializar: não foi possível fazer nenhum trabalho, atividade, política de apoio ao atual prefeito porque ele sequer quis discutir a hipótese do PSDB indicar o candidato a vice. Já aí ele nos tratou como partido auxiliar”, disse Aníbal sobre a reunião.
Outro argumento utilizado pelo presidente do PSDB paulistano é o protagonismo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem Aníbal chama de “golpista”, na escolha do vice de Nunes. Embora a discussão envolva outros partidos e atores políticos, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), caberá ao ex-presidente dar o aval ao nome escolhido.
Mais cedo nesta quinta-feira, 21, Nunes disse que utilizar o apoio de Bolsonaro a ele como justificativa para não apoiá-lo “não cola” porque Duarte Nogueira (PSDB), presidente da federação PSDB-Cidadania no Estado de São Paulo, declarou apoio ao ex-presidente no segundo turno da eleição presidencial em 2022.
Perguntado se não seria uma incoerência, Aníbal minimiza o fato, diz que ocorreu há 1 ano e 4 meses e que o partido estava à deriva naquele momento. O Estadão tentou contato com Nogueira por meio de ligações e mensagens, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
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Ricardo Nunes afirmou ainda que sua administração é marcada por uma predominância do PSDB no primeiro escalão. Segundo ele, os tucanos comandam as secretarias de Educação, Saúde, Fazenda, Casa Civil, Justiça, entre outros cargos importantes. “Como alguém vai lançar uma candidatura para ser contra o governo que ele mesmo tem maioria? Não tem o menor cabimento”, disse Nunes em entrevista coletiva após uma agenda no bairro Pinheiros, na Zona Oeste.
O chefe do Executivo paulistano disse que tem o apoio da militância tucana e de todos os vereadores, além de deputados estaduais do partido, mas que há um “número pequeno” de integrantes da sigla que não querem apoiá-lo.
Essa ala favorável, que segundo o prefeito representa 99% do PSDB paulistano, promoveu um evento na terça-feira intitulado “Movimento Tucanos com Ricardo Nunes”. Parte dos vereadores devem deixar a sigla para apoiar Nunes.
“Ou seja, as pessoas precisam falar de democracia, mas praticar a democracia. Não adianta só falar e ficar com um discurso com algum interesse que a gente desconhece fora do contexto real. Qual é o contexto real? É a grande maioria, a militância, os parlamentares que foram eleitos, foram votados, serem desrespeitados em detrimento de algo que a gente desconhece ou que tem uma desculpa que realmente, com todo respeito, não cola”, declarou Nunes na entrevista coletiva.
O prefeito tem o apoio de PL, PP, Solidariedade, Republicanos, PSD, Avante e Agir, além de esperar a adesão do União Brasil e do Podemos. Apesar disso, uma aliança com o PSDB seria importante para reforçar a ideia de que Nunes dá continuidade à gestão do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB), de quem foi vice.
O entorno de Nunes pretende adiar a escolha do vice e só bater o martelo próximo do início das convenções partidárias, em julho. Há cinco nomes colocados neste momento: o secretário de Relações Internacionais, Aldo Rebelo, que está licenciado do PDT; o ex-comandante da Rota, coronel Mello Araújo, que é próximo de Bolsonaro; a delegada Raquel Gallinati; o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos), que recusou um convite de Nunes para ser secretário; e Sonaira Fernandes (Republicanos), que é secretária de Políticas para a Mulher no governo Tarcísio.
O PSDB vive uma crise em São Paulo. Aníbal é presidente de uma comissão provisória e foi nomeado pela Executiva nacional no final de fevereiro após o então presidente, Orlando Faria, renunciar ao cargo. Faria está na equipe de Tabata e defende apoiá-la. Já o diretório estadual sofreu nova intervenção do diretório nacional, que anulou a eleição de Marcos Vinholi e colocou o prefeito de Santo André, Paulo Serra, como presidente. Foi a segunda vez que Vinholi foi destituído do cargo em quatro meses.