Ao lado de Bolsonaro, Nunes é confirmado candidato em SP, chora ao citar Covas e critica Boulos


Prefeito de São Paulo quer reeleição para defender ‘legado democrático’ e confirma candidatura com apoio de Jair Bolsonaro, Michel Temer e Tarcísio de Freitas neste sábado, 3

Por Pedro Augusto Figueiredo e Bianca Gomes
Atualização:

A candidatura do prefeito Ricardo Nunes foi oficializada na manhã deste sábado, 3, na convenção do MDB no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Em discurso, Nunes afirmou que será candidato à reeleição para defender o “legado democrático” do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) contra “aqueles que invadem propriedade e apoiam ditaduras” como na Venezuela, em uma referência ao seu principal adversário no pleito, Guilherme Boulos (PSOL).

O ato, que buscou dar ares de frente ampla à coligação do prefeito chamada “Caminho Seguro para São Paulo”, teve a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), do ex-presidente Michel Temer (MDB) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O vice na chapa, coronel da reserva Mello Araújo (PL), também estava no palco, mas assim como Michelle e Temer, não discursou.

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Nunes se emocionou ao lembrar de Covas, chamou o filho do ex-prefeito, Tomás Covas, ao palco e disse que sua administração é uma continuidade da realizada pelo tucano. O prefeito voltou a se referir a Boulos, sem citar o nome dele expressamente, como “invasor” e “depredador”.

“Vamos dar continuidade ao legado democrático do seu pai, Tomás, e não deixar os que invadem, aqueles que depredam, os que apoiam ditaduras como da Venezuela, tomarem e invadirem a Prefeitura da maior cidade da América Latina. Não vai! Não vai! Eu tenho coragem e eu tenho vocês”, disse Nunes. “O Bruno está aqui agora, o Bruno está em tudo que nós fazemos, e eu tenho certeza que a minha sensação de que nós não podemos nunca acomodar vem dele também.”

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A afirmação de que Nunes representa a continuidade da gestão Covas é uma das estratégias da campanha do candidato à reeleição. Uma ala do PSDB, intitulada “Tucanos com Nunes” esteve presente, embora o partido tenha José Luiz Datena (PSDB) como candidato a prefeito.

Bolsonaro foi crítico à gestão feita por Covas na pandemia de covid-19 em São Paulo. Quando o ex-prefeito já estava morto, o criticou por ter ido à final da Copa Libertadores em 2021. À época, Tomás, que dividiu o palco com o ex-presidente neste sábado, o chamou de “covarde”.

Prefeito Ricardo Nunes tem candidatura lançada pelo MDB neste sábado, 3 Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Nunes também comparou sua coligação à frente de partidos de diferentes espectros ideológicos que se uniu para lutar contra a ditadura e restaurar a democracia no Brasil. Desta vez, segundo o prefeito, o objetivo do que chamou de frente ampla é evitar que o PSOL governe São Paulo.

“O que nos une, acima de qualquer diferença, é a ameaça de ver uma figura como Guilherme Boulos ser prefeito. O mesmo Boulos que até outro dia estava invadindo o Ministério da Fazenda, depredando a Fiesp e boicotando a Copa do Mundo. Nós nos unimos contra isso em uma grande frente ampla para proteger São Paulo das ameaças que o PSOL e que seus satélites na América do Sul são capazes de fazer”, disse.

Alinhamento com governo federal

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O prefeito também se antecipou e rebateu um dos argumentos da campanha de Boulos, que vê no alinhamento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma vantagem para resolver problemas estruturais da capital paulista. O emedebista afirmou que a parceira entre município e União, que ocorreu durante as gestões de Marta Suplicy e Fernando Haddad, não trouxe benefícios para a cidade.

Em contraponto, Nunes afirmou que a aliança funcionou com ele na prefeitura e Bolsonaro como presidente. “Eu viro prefeito e solucionamos, com o presidente Bolsonaro, o problema da dívida de São Paulo”, disse, se referindo ao acordo que cedeu a área do aeroporto Campo de Marte para a União em troca do abatimento da dívida de cerca de R$ 25 bilhões do município.

O prefeito procurou ressaltar sua origem na periferia da zona sul e chamou seus familiares ao palco. Também ganharam holofotes moradores de São Paulo beneficiados por programas sociais da Prefeitura, inclusive entregas de casas próprias.

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A área habitacional é uma das bandeiras de Boulos, que é ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Toda vez que eu entrego uma casa própria, eu choro junto. Eu presenciei e vi que o sonho das pessoas é ter moradia”, disse Nunes.

Nunes lembrou de sua infância e citou uma frase de uma música do grupo de rap “Racionais MC”. “Sempre fui sonhador e é isso que me mantém vivo”, disse. “A quebrada venceu. Não foi fácil para nenhum de nós chegar aqui. Só quem é, é quem sabe. Nós chegamos para ficar”, acrescentou o prefeito.

Destaque para Bolsonaro e Tarcísio no palanque

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Com posição de destaque no palanque, Bolsonaro defendeu Nunes como seu nome para a capital paulista e disse que o prefeito paulistano já provou suas qualidades durante o mandato. “A todos vocês de São Paulo, o momento não é para pedir, pedir vai ser daqui a alguns dias, mas confiem na gente, façam as comparações, vejam o que tem para frente para escolher, não há menor dúvida que o Ricardo Nunes é nome adequado e justo para São Paulo. Vocês com toda certeza terão uma administração aperfeiçoada e obviamente melhorada com ele à frente da Prefeitura.”

Ao lado de Nunes e Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas disse que não é possível fazer a “transformação” da capital paulista se não houver parceria entre o governo estadual e a Prefeitura. “É muito bom trabalhar com um prefeito onde as coisas fluem e andam por música”, disse Tarcísio, acrescentando que Nunes é humilde e tem um “coração gigante”.

Ricardo Nunes, Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Michel Temer e Baleia Rossi na convenção do MDB em SP Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O governador listou uma série de iniciativas realizadas em parceria com a administração municipal, inclusive aquelas que são de responsabilidade exclusiva do Estado, como a expansão das linhas de metrô. “Não tem como a gente fazer metrô se a gente não tiver atuando em parceria”, afirmou.

Ele também mencionou obras de habitação social, contenção de cheias e a promessa de construir um novo hospital na zona sul. “Como tem sido bom trabalhar com Ricardo Nunes.”

Apesar da fala de Tarcísio, adversários do prefeito, como José Luiz Datena e Tabata Amaral (PSB) afirmam que têm bom relacionamento com o governador e, se eleitos, também governariam em parceria com ele. O chefe do Executivo paulista também chamou a coligação de Nunes de “frente ampla”. A estratégia procura passar a mensagem de que Boulos tem apoio somente entre partidos de esquerda.

Também estiveram presentes dirigentes partidários e lideranças dos partidos que apoiam a reeleição do prefeito, como Gilberto Kassab (PSD) e Valdemar Costa Neto (PL).

Enquanto Valdemar fazia um breve discurso no palco, Bolsonaro chegou ao evento e ficou a apenas alguns metros do presidente do seu partido. Os dois não podem manter contato devido a uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Jair Bolsonaro ao lado de Ricardo Nunes na convenção do MDB Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além do MDB, o arco de alianças conta com PL, PSD, Republicanos, União Brasil, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante. O União Brasil, cujo presidente, vereador Milton Leite (União), fez jogo duro para fechar com Nunes, declarará apoio ao chefe do Executivo somente a partir das 14 horas deste sábado em um evento no coração de sua base eleitoral na zona sul da cidade. Apesar disso, faixas do partido em apoio a Nunes já eram vistas na convenção desta manhã.

Coube ao presidente do MDB e coordenador da campanha de Nunes, deputado federal Baleia Rossi (SP), a tarefa de dissipar o apoio de Bolsonaro. Baleia, que descreveu Nunes como um gestor “do diálogo” e “honesto”, iniciou seu discurso afirmando que o palco da convenção era o “mais democrático do Brasil” e agradeceu o apoio de 12 partidos que farão parte da coligação, citando sigla a sigla e seus respectivos presidentes.

“Aqui temos partidos de ideologias diferentes, mas deixamos nossas divergências de lado para defender algo maior, que é o futuro de São Paulo”, afirmou o dirigente partidário, que reforçou a estratégia da campanha de polarizar com Boulos, e não Lula e o PT. “Não queremos que o PSOL estrague São Paulo.”

Assim Nunes costuma fazer, Baleia agradeceu a Bolsonaro pelo acordo do Campo de Marte, feito em sua gestão, que permitiu à cidade extinguir uma dívida de R$ 25 bilhões.

Com a chapa já definida – o vice será o coronel da reserva Ricardo Mello de Araújo (PL) –, o clima na convenção foi de festa. Pela primeira vez foram reproduzidos os jingles da campanha. Em ritmo de samba, as músicas pedem para deixar o “Ricardo lá” e afirmam que o prefeito conhece São Paulo “com a palma da mão”.

Ricardo Nunes governa SP desde 2021

Ricardo Nunes governa São Paulo desde 2021, quando assumiu o cargo após a morte de Covas. Aos 56 anos, ele foi eleito vereador em 2012 e 2016 e disputará a primeira eleição como cabeça de chapa para o Executivo paulistano. Ao longo da semana, viu a Polícia Federal pedir à Justiça autorização para abrir um inquérito específico para investigar a ligação dele com uma empresa suspeita de ser uma das operadoras da Máfia das Creches.

Os policiais pediram o indiciamento de 117 pessoas. O prefeito, que não foi indiciado, nega qualquer ligação com o suposto esquema de desvio de recursos públicos da Prefeitura. Na campanha, Nunes terá o desafio de ser “vidraça”, já que como é tradicional ocorrer em disputas à reeleição, é o principal alvo de crítica de seus adversários Guilherme Boulos, José Luiz Datena e Tabata Amaral.

Ele também precisará se equilibrar para não perder votos no eleitorado de centro ao mesmo tempo que busca garantir o voto dos bolsonaristas. A aliança com Bolsonaro foi providencial, em um primeiro momento, para barrar a candidatura do ex-ministro Ricardo Salles, evitando a concorrência de um bolsonarista raiz à sua direita.

Porém, essa ameaça voltou a surgir quando o influenciador Pablo Marçal (PRTB) anunciou sua pré-candidatura e passou a disputar os eleitores do ex-presidente com Nunes. O movimento pressionou o prefeito a abraçar de vez Bolsonaro e aceitar a indicação do coronel da reserva Mello Araújo como vice.

Até então, aliados costumavam dizer nos bastidores que o ex-presidente era apenas mais um entre os diversos apoiadores do chefe do Executivo paulistano, em uma tentativa de minimizar a rejeição enfrentada por Bolsonaro na capital paulista.

Na última pesquisa Genial/Quaest, o prefeito aparece tecnicamente empatado em primeiro lugar com Guilherme Boulos e José Luiz Datena. Eles têm 20%, 19% e 19%, respectivamente. A boa notícia para a campanha é que o prefeito lidera em todos os cenários de segundo turno testados pelo levantamento. Por outro lado, apenas 20% declararam que votariam em um candidato desconhecido apoiado por Bolsonaro, contra 25% de Tarcísio e 29% de Lula.

A candidatura do prefeito Ricardo Nunes foi oficializada na manhã deste sábado, 3, na convenção do MDB no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Em discurso, Nunes afirmou que será candidato à reeleição para defender o “legado democrático” do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) contra “aqueles que invadem propriedade e apoiam ditaduras” como na Venezuela, em uma referência ao seu principal adversário no pleito, Guilherme Boulos (PSOL).

O ato, que buscou dar ares de frente ampla à coligação do prefeito chamada “Caminho Seguro para São Paulo”, teve a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), do ex-presidente Michel Temer (MDB) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O vice na chapa, coronel da reserva Mello Araújo (PL), também estava no palco, mas assim como Michelle e Temer, não discursou.

Nunes se emocionou ao lembrar de Covas, chamou o filho do ex-prefeito, Tomás Covas, ao palco e disse que sua administração é uma continuidade da realizada pelo tucano. O prefeito voltou a se referir a Boulos, sem citar o nome dele expressamente, como “invasor” e “depredador”.

“Vamos dar continuidade ao legado democrático do seu pai, Tomás, e não deixar os que invadem, aqueles que depredam, os que apoiam ditaduras como da Venezuela, tomarem e invadirem a Prefeitura da maior cidade da América Latina. Não vai! Não vai! Eu tenho coragem e eu tenho vocês”, disse Nunes. “O Bruno está aqui agora, o Bruno está em tudo que nós fazemos, e eu tenho certeza que a minha sensação de que nós não podemos nunca acomodar vem dele também.”

A afirmação de que Nunes representa a continuidade da gestão Covas é uma das estratégias da campanha do candidato à reeleição. Uma ala do PSDB, intitulada “Tucanos com Nunes” esteve presente, embora o partido tenha José Luiz Datena (PSDB) como candidato a prefeito.

Bolsonaro foi crítico à gestão feita por Covas na pandemia de covid-19 em São Paulo. Quando o ex-prefeito já estava morto, o criticou por ter ido à final da Copa Libertadores em 2021. À época, Tomás, que dividiu o palco com o ex-presidente neste sábado, o chamou de “covarde”.

Prefeito Ricardo Nunes tem candidatura lançada pelo MDB neste sábado, 3 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nunes também comparou sua coligação à frente de partidos de diferentes espectros ideológicos que se uniu para lutar contra a ditadura e restaurar a democracia no Brasil. Desta vez, segundo o prefeito, o objetivo do que chamou de frente ampla é evitar que o PSOL governe São Paulo.

“O que nos une, acima de qualquer diferença, é a ameaça de ver uma figura como Guilherme Boulos ser prefeito. O mesmo Boulos que até outro dia estava invadindo o Ministério da Fazenda, depredando a Fiesp e boicotando a Copa do Mundo. Nós nos unimos contra isso em uma grande frente ampla para proteger São Paulo das ameaças que o PSOL e que seus satélites na América do Sul são capazes de fazer”, disse.

Alinhamento com governo federal

O prefeito também se antecipou e rebateu um dos argumentos da campanha de Boulos, que vê no alinhamento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma vantagem para resolver problemas estruturais da capital paulista. O emedebista afirmou que a parceira entre município e União, que ocorreu durante as gestões de Marta Suplicy e Fernando Haddad, não trouxe benefícios para a cidade.

Em contraponto, Nunes afirmou que a aliança funcionou com ele na prefeitura e Bolsonaro como presidente. “Eu viro prefeito e solucionamos, com o presidente Bolsonaro, o problema da dívida de São Paulo”, disse, se referindo ao acordo que cedeu a área do aeroporto Campo de Marte para a União em troca do abatimento da dívida de cerca de R$ 25 bilhões do município.

O prefeito procurou ressaltar sua origem na periferia da zona sul e chamou seus familiares ao palco. Também ganharam holofotes moradores de São Paulo beneficiados por programas sociais da Prefeitura, inclusive entregas de casas próprias.

A área habitacional é uma das bandeiras de Boulos, que é ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Toda vez que eu entrego uma casa própria, eu choro junto. Eu presenciei e vi que o sonho das pessoas é ter moradia”, disse Nunes.

Nunes lembrou de sua infância e citou uma frase de uma música do grupo de rap “Racionais MC”. “Sempre fui sonhador e é isso que me mantém vivo”, disse. “A quebrada venceu. Não foi fácil para nenhum de nós chegar aqui. Só quem é, é quem sabe. Nós chegamos para ficar”, acrescentou o prefeito.

Destaque para Bolsonaro e Tarcísio no palanque

Com posição de destaque no palanque, Bolsonaro defendeu Nunes como seu nome para a capital paulista e disse que o prefeito paulistano já provou suas qualidades durante o mandato. “A todos vocês de São Paulo, o momento não é para pedir, pedir vai ser daqui a alguns dias, mas confiem na gente, façam as comparações, vejam o que tem para frente para escolher, não há menor dúvida que o Ricardo Nunes é nome adequado e justo para São Paulo. Vocês com toda certeza terão uma administração aperfeiçoada e obviamente melhorada com ele à frente da Prefeitura.”

Ao lado de Nunes e Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas disse que não é possível fazer a “transformação” da capital paulista se não houver parceria entre o governo estadual e a Prefeitura. “É muito bom trabalhar com um prefeito onde as coisas fluem e andam por música”, disse Tarcísio, acrescentando que Nunes é humilde e tem um “coração gigante”.

Ricardo Nunes, Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Michel Temer e Baleia Rossi na convenção do MDB em SP Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O governador listou uma série de iniciativas realizadas em parceria com a administração municipal, inclusive aquelas que são de responsabilidade exclusiva do Estado, como a expansão das linhas de metrô. “Não tem como a gente fazer metrô se a gente não tiver atuando em parceria”, afirmou.

Ele também mencionou obras de habitação social, contenção de cheias e a promessa de construir um novo hospital na zona sul. “Como tem sido bom trabalhar com Ricardo Nunes.”

Apesar da fala de Tarcísio, adversários do prefeito, como José Luiz Datena e Tabata Amaral (PSB) afirmam que têm bom relacionamento com o governador e, se eleitos, também governariam em parceria com ele. O chefe do Executivo paulista também chamou a coligação de Nunes de “frente ampla”. A estratégia procura passar a mensagem de que Boulos tem apoio somente entre partidos de esquerda.

Também estiveram presentes dirigentes partidários e lideranças dos partidos que apoiam a reeleição do prefeito, como Gilberto Kassab (PSD) e Valdemar Costa Neto (PL).

Enquanto Valdemar fazia um breve discurso no palco, Bolsonaro chegou ao evento e ficou a apenas alguns metros do presidente do seu partido. Os dois não podem manter contato devido a uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Jair Bolsonaro ao lado de Ricardo Nunes na convenção do MDB Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além do MDB, o arco de alianças conta com PL, PSD, Republicanos, União Brasil, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante. O União Brasil, cujo presidente, vereador Milton Leite (União), fez jogo duro para fechar com Nunes, declarará apoio ao chefe do Executivo somente a partir das 14 horas deste sábado em um evento no coração de sua base eleitoral na zona sul da cidade. Apesar disso, faixas do partido em apoio a Nunes já eram vistas na convenção desta manhã.

Coube ao presidente do MDB e coordenador da campanha de Nunes, deputado federal Baleia Rossi (SP), a tarefa de dissipar o apoio de Bolsonaro. Baleia, que descreveu Nunes como um gestor “do diálogo” e “honesto”, iniciou seu discurso afirmando que o palco da convenção era o “mais democrático do Brasil” e agradeceu o apoio de 12 partidos que farão parte da coligação, citando sigla a sigla e seus respectivos presidentes.

“Aqui temos partidos de ideologias diferentes, mas deixamos nossas divergências de lado para defender algo maior, que é o futuro de São Paulo”, afirmou o dirigente partidário, que reforçou a estratégia da campanha de polarizar com Boulos, e não Lula e o PT. “Não queremos que o PSOL estrague São Paulo.”

Assim Nunes costuma fazer, Baleia agradeceu a Bolsonaro pelo acordo do Campo de Marte, feito em sua gestão, que permitiu à cidade extinguir uma dívida de R$ 25 bilhões.

Com a chapa já definida – o vice será o coronel da reserva Ricardo Mello de Araújo (PL) –, o clima na convenção foi de festa. Pela primeira vez foram reproduzidos os jingles da campanha. Em ritmo de samba, as músicas pedem para deixar o “Ricardo lá” e afirmam que o prefeito conhece São Paulo “com a palma da mão”.

Ricardo Nunes governa SP desde 2021

Ricardo Nunes governa São Paulo desde 2021, quando assumiu o cargo após a morte de Covas. Aos 56 anos, ele foi eleito vereador em 2012 e 2016 e disputará a primeira eleição como cabeça de chapa para o Executivo paulistano. Ao longo da semana, viu a Polícia Federal pedir à Justiça autorização para abrir um inquérito específico para investigar a ligação dele com uma empresa suspeita de ser uma das operadoras da Máfia das Creches.

Os policiais pediram o indiciamento de 117 pessoas. O prefeito, que não foi indiciado, nega qualquer ligação com o suposto esquema de desvio de recursos públicos da Prefeitura. Na campanha, Nunes terá o desafio de ser “vidraça”, já que como é tradicional ocorrer em disputas à reeleição, é o principal alvo de crítica de seus adversários Guilherme Boulos, José Luiz Datena e Tabata Amaral.

Ele também precisará se equilibrar para não perder votos no eleitorado de centro ao mesmo tempo que busca garantir o voto dos bolsonaristas. A aliança com Bolsonaro foi providencial, em um primeiro momento, para barrar a candidatura do ex-ministro Ricardo Salles, evitando a concorrência de um bolsonarista raiz à sua direita.

Porém, essa ameaça voltou a surgir quando o influenciador Pablo Marçal (PRTB) anunciou sua pré-candidatura e passou a disputar os eleitores do ex-presidente com Nunes. O movimento pressionou o prefeito a abraçar de vez Bolsonaro e aceitar a indicação do coronel da reserva Mello Araújo como vice.

Até então, aliados costumavam dizer nos bastidores que o ex-presidente era apenas mais um entre os diversos apoiadores do chefe do Executivo paulistano, em uma tentativa de minimizar a rejeição enfrentada por Bolsonaro na capital paulista.

Na última pesquisa Genial/Quaest, o prefeito aparece tecnicamente empatado em primeiro lugar com Guilherme Boulos e José Luiz Datena. Eles têm 20%, 19% e 19%, respectivamente. A boa notícia para a campanha é que o prefeito lidera em todos os cenários de segundo turno testados pelo levantamento. Por outro lado, apenas 20% declararam que votariam em um candidato desconhecido apoiado por Bolsonaro, contra 25% de Tarcísio e 29% de Lula.

A candidatura do prefeito Ricardo Nunes foi oficializada na manhã deste sábado, 3, na convenção do MDB no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Em discurso, Nunes afirmou que será candidato à reeleição para defender o “legado democrático” do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) contra “aqueles que invadem propriedade e apoiam ditaduras” como na Venezuela, em uma referência ao seu principal adversário no pleito, Guilherme Boulos (PSOL).

O ato, que buscou dar ares de frente ampla à coligação do prefeito chamada “Caminho Seguro para São Paulo”, teve a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), do ex-presidente Michel Temer (MDB) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O vice na chapa, coronel da reserva Mello Araújo (PL), também estava no palco, mas assim como Michelle e Temer, não discursou.

Nunes se emocionou ao lembrar de Covas, chamou o filho do ex-prefeito, Tomás Covas, ao palco e disse que sua administração é uma continuidade da realizada pelo tucano. O prefeito voltou a se referir a Boulos, sem citar o nome dele expressamente, como “invasor” e “depredador”.

“Vamos dar continuidade ao legado democrático do seu pai, Tomás, e não deixar os que invadem, aqueles que depredam, os que apoiam ditaduras como da Venezuela, tomarem e invadirem a Prefeitura da maior cidade da América Latina. Não vai! Não vai! Eu tenho coragem e eu tenho vocês”, disse Nunes. “O Bruno está aqui agora, o Bruno está em tudo que nós fazemos, e eu tenho certeza que a minha sensação de que nós não podemos nunca acomodar vem dele também.”

A afirmação de que Nunes representa a continuidade da gestão Covas é uma das estratégias da campanha do candidato à reeleição. Uma ala do PSDB, intitulada “Tucanos com Nunes” esteve presente, embora o partido tenha José Luiz Datena (PSDB) como candidato a prefeito.

Bolsonaro foi crítico à gestão feita por Covas na pandemia de covid-19 em São Paulo. Quando o ex-prefeito já estava morto, o criticou por ter ido à final da Copa Libertadores em 2021. À época, Tomás, que dividiu o palco com o ex-presidente neste sábado, o chamou de “covarde”.

Prefeito Ricardo Nunes tem candidatura lançada pelo MDB neste sábado, 3 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nunes também comparou sua coligação à frente de partidos de diferentes espectros ideológicos que se uniu para lutar contra a ditadura e restaurar a democracia no Brasil. Desta vez, segundo o prefeito, o objetivo do que chamou de frente ampla é evitar que o PSOL governe São Paulo.

“O que nos une, acima de qualquer diferença, é a ameaça de ver uma figura como Guilherme Boulos ser prefeito. O mesmo Boulos que até outro dia estava invadindo o Ministério da Fazenda, depredando a Fiesp e boicotando a Copa do Mundo. Nós nos unimos contra isso em uma grande frente ampla para proteger São Paulo das ameaças que o PSOL e que seus satélites na América do Sul são capazes de fazer”, disse.

Alinhamento com governo federal

O prefeito também se antecipou e rebateu um dos argumentos da campanha de Boulos, que vê no alinhamento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma vantagem para resolver problemas estruturais da capital paulista. O emedebista afirmou que a parceira entre município e União, que ocorreu durante as gestões de Marta Suplicy e Fernando Haddad, não trouxe benefícios para a cidade.

Em contraponto, Nunes afirmou que a aliança funcionou com ele na prefeitura e Bolsonaro como presidente. “Eu viro prefeito e solucionamos, com o presidente Bolsonaro, o problema da dívida de São Paulo”, disse, se referindo ao acordo que cedeu a área do aeroporto Campo de Marte para a União em troca do abatimento da dívida de cerca de R$ 25 bilhões do município.

O prefeito procurou ressaltar sua origem na periferia da zona sul e chamou seus familiares ao palco. Também ganharam holofotes moradores de São Paulo beneficiados por programas sociais da Prefeitura, inclusive entregas de casas próprias.

A área habitacional é uma das bandeiras de Boulos, que é ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Toda vez que eu entrego uma casa própria, eu choro junto. Eu presenciei e vi que o sonho das pessoas é ter moradia”, disse Nunes.

Nunes lembrou de sua infância e citou uma frase de uma música do grupo de rap “Racionais MC”. “Sempre fui sonhador e é isso que me mantém vivo”, disse. “A quebrada venceu. Não foi fácil para nenhum de nós chegar aqui. Só quem é, é quem sabe. Nós chegamos para ficar”, acrescentou o prefeito.

Destaque para Bolsonaro e Tarcísio no palanque

Com posição de destaque no palanque, Bolsonaro defendeu Nunes como seu nome para a capital paulista e disse que o prefeito paulistano já provou suas qualidades durante o mandato. “A todos vocês de São Paulo, o momento não é para pedir, pedir vai ser daqui a alguns dias, mas confiem na gente, façam as comparações, vejam o que tem para frente para escolher, não há menor dúvida que o Ricardo Nunes é nome adequado e justo para São Paulo. Vocês com toda certeza terão uma administração aperfeiçoada e obviamente melhorada com ele à frente da Prefeitura.”

Ao lado de Nunes e Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas disse que não é possível fazer a “transformação” da capital paulista se não houver parceria entre o governo estadual e a Prefeitura. “É muito bom trabalhar com um prefeito onde as coisas fluem e andam por música”, disse Tarcísio, acrescentando que Nunes é humilde e tem um “coração gigante”.

Ricardo Nunes, Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Michel Temer e Baleia Rossi na convenção do MDB em SP Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O governador listou uma série de iniciativas realizadas em parceria com a administração municipal, inclusive aquelas que são de responsabilidade exclusiva do Estado, como a expansão das linhas de metrô. “Não tem como a gente fazer metrô se a gente não tiver atuando em parceria”, afirmou.

Ele também mencionou obras de habitação social, contenção de cheias e a promessa de construir um novo hospital na zona sul. “Como tem sido bom trabalhar com Ricardo Nunes.”

Apesar da fala de Tarcísio, adversários do prefeito, como José Luiz Datena e Tabata Amaral (PSB) afirmam que têm bom relacionamento com o governador e, se eleitos, também governariam em parceria com ele. O chefe do Executivo paulista também chamou a coligação de Nunes de “frente ampla”. A estratégia procura passar a mensagem de que Boulos tem apoio somente entre partidos de esquerda.

Também estiveram presentes dirigentes partidários e lideranças dos partidos que apoiam a reeleição do prefeito, como Gilberto Kassab (PSD) e Valdemar Costa Neto (PL).

Enquanto Valdemar fazia um breve discurso no palco, Bolsonaro chegou ao evento e ficou a apenas alguns metros do presidente do seu partido. Os dois não podem manter contato devido a uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Jair Bolsonaro ao lado de Ricardo Nunes na convenção do MDB Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além do MDB, o arco de alianças conta com PL, PSD, Republicanos, União Brasil, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante. O União Brasil, cujo presidente, vereador Milton Leite (União), fez jogo duro para fechar com Nunes, declarará apoio ao chefe do Executivo somente a partir das 14 horas deste sábado em um evento no coração de sua base eleitoral na zona sul da cidade. Apesar disso, faixas do partido em apoio a Nunes já eram vistas na convenção desta manhã.

Coube ao presidente do MDB e coordenador da campanha de Nunes, deputado federal Baleia Rossi (SP), a tarefa de dissipar o apoio de Bolsonaro. Baleia, que descreveu Nunes como um gestor “do diálogo” e “honesto”, iniciou seu discurso afirmando que o palco da convenção era o “mais democrático do Brasil” e agradeceu o apoio de 12 partidos que farão parte da coligação, citando sigla a sigla e seus respectivos presidentes.

“Aqui temos partidos de ideologias diferentes, mas deixamos nossas divergências de lado para defender algo maior, que é o futuro de São Paulo”, afirmou o dirigente partidário, que reforçou a estratégia da campanha de polarizar com Boulos, e não Lula e o PT. “Não queremos que o PSOL estrague São Paulo.”

Assim Nunes costuma fazer, Baleia agradeceu a Bolsonaro pelo acordo do Campo de Marte, feito em sua gestão, que permitiu à cidade extinguir uma dívida de R$ 25 bilhões.

Com a chapa já definida – o vice será o coronel da reserva Ricardo Mello de Araújo (PL) –, o clima na convenção foi de festa. Pela primeira vez foram reproduzidos os jingles da campanha. Em ritmo de samba, as músicas pedem para deixar o “Ricardo lá” e afirmam que o prefeito conhece São Paulo “com a palma da mão”.

Ricardo Nunes governa SP desde 2021

Ricardo Nunes governa São Paulo desde 2021, quando assumiu o cargo após a morte de Covas. Aos 56 anos, ele foi eleito vereador em 2012 e 2016 e disputará a primeira eleição como cabeça de chapa para o Executivo paulistano. Ao longo da semana, viu a Polícia Federal pedir à Justiça autorização para abrir um inquérito específico para investigar a ligação dele com uma empresa suspeita de ser uma das operadoras da Máfia das Creches.

Os policiais pediram o indiciamento de 117 pessoas. O prefeito, que não foi indiciado, nega qualquer ligação com o suposto esquema de desvio de recursos públicos da Prefeitura. Na campanha, Nunes terá o desafio de ser “vidraça”, já que como é tradicional ocorrer em disputas à reeleição, é o principal alvo de crítica de seus adversários Guilherme Boulos, José Luiz Datena e Tabata Amaral.

Ele também precisará se equilibrar para não perder votos no eleitorado de centro ao mesmo tempo que busca garantir o voto dos bolsonaristas. A aliança com Bolsonaro foi providencial, em um primeiro momento, para barrar a candidatura do ex-ministro Ricardo Salles, evitando a concorrência de um bolsonarista raiz à sua direita.

Porém, essa ameaça voltou a surgir quando o influenciador Pablo Marçal (PRTB) anunciou sua pré-candidatura e passou a disputar os eleitores do ex-presidente com Nunes. O movimento pressionou o prefeito a abraçar de vez Bolsonaro e aceitar a indicação do coronel da reserva Mello Araújo como vice.

Até então, aliados costumavam dizer nos bastidores que o ex-presidente era apenas mais um entre os diversos apoiadores do chefe do Executivo paulistano, em uma tentativa de minimizar a rejeição enfrentada por Bolsonaro na capital paulista.

Na última pesquisa Genial/Quaest, o prefeito aparece tecnicamente empatado em primeiro lugar com Guilherme Boulos e José Luiz Datena. Eles têm 20%, 19% e 19%, respectivamente. A boa notícia para a campanha é que o prefeito lidera em todos os cenários de segundo turno testados pelo levantamento. Por outro lado, apenas 20% declararam que votariam em um candidato desconhecido apoiado por Bolsonaro, contra 25% de Tarcísio e 29% de Lula.

A candidatura do prefeito Ricardo Nunes foi oficializada na manhã deste sábado, 3, na convenção do MDB no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Em discurso, Nunes afirmou que será candidato à reeleição para defender o “legado democrático” do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB) contra “aqueles que invadem propriedade e apoiam ditaduras” como na Venezuela, em uma referência ao seu principal adversário no pleito, Guilherme Boulos (PSOL).

O ato, que buscou dar ares de frente ampla à coligação do prefeito chamada “Caminho Seguro para São Paulo”, teve a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), do ex-presidente Michel Temer (MDB) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O vice na chapa, coronel da reserva Mello Araújo (PL), também estava no palco, mas assim como Michelle e Temer, não discursou.

Nunes se emocionou ao lembrar de Covas, chamou o filho do ex-prefeito, Tomás Covas, ao palco e disse que sua administração é uma continuidade da realizada pelo tucano. O prefeito voltou a se referir a Boulos, sem citar o nome dele expressamente, como “invasor” e “depredador”.

“Vamos dar continuidade ao legado democrático do seu pai, Tomás, e não deixar os que invadem, aqueles que depredam, os que apoiam ditaduras como da Venezuela, tomarem e invadirem a Prefeitura da maior cidade da América Latina. Não vai! Não vai! Eu tenho coragem e eu tenho vocês”, disse Nunes. “O Bruno está aqui agora, o Bruno está em tudo que nós fazemos, e eu tenho certeza que a minha sensação de que nós não podemos nunca acomodar vem dele também.”

A afirmação de que Nunes representa a continuidade da gestão Covas é uma das estratégias da campanha do candidato à reeleição. Uma ala do PSDB, intitulada “Tucanos com Nunes” esteve presente, embora o partido tenha José Luiz Datena (PSDB) como candidato a prefeito.

Bolsonaro foi crítico à gestão feita por Covas na pandemia de covid-19 em São Paulo. Quando o ex-prefeito já estava morto, o criticou por ter ido à final da Copa Libertadores em 2021. À época, Tomás, que dividiu o palco com o ex-presidente neste sábado, o chamou de “covarde”.

Prefeito Ricardo Nunes tem candidatura lançada pelo MDB neste sábado, 3 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Nunes também comparou sua coligação à frente de partidos de diferentes espectros ideológicos que se uniu para lutar contra a ditadura e restaurar a democracia no Brasil. Desta vez, segundo o prefeito, o objetivo do que chamou de frente ampla é evitar que o PSOL governe São Paulo.

“O que nos une, acima de qualquer diferença, é a ameaça de ver uma figura como Guilherme Boulos ser prefeito. O mesmo Boulos que até outro dia estava invadindo o Ministério da Fazenda, depredando a Fiesp e boicotando a Copa do Mundo. Nós nos unimos contra isso em uma grande frente ampla para proteger São Paulo das ameaças que o PSOL e que seus satélites na América do Sul são capazes de fazer”, disse.

Alinhamento com governo federal

O prefeito também se antecipou e rebateu um dos argumentos da campanha de Boulos, que vê no alinhamento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma vantagem para resolver problemas estruturais da capital paulista. O emedebista afirmou que a parceira entre município e União, que ocorreu durante as gestões de Marta Suplicy e Fernando Haddad, não trouxe benefícios para a cidade.

Em contraponto, Nunes afirmou que a aliança funcionou com ele na prefeitura e Bolsonaro como presidente. “Eu viro prefeito e solucionamos, com o presidente Bolsonaro, o problema da dívida de São Paulo”, disse, se referindo ao acordo que cedeu a área do aeroporto Campo de Marte para a União em troca do abatimento da dívida de cerca de R$ 25 bilhões do município.

O prefeito procurou ressaltar sua origem na periferia da zona sul e chamou seus familiares ao palco. Também ganharam holofotes moradores de São Paulo beneficiados por programas sociais da Prefeitura, inclusive entregas de casas próprias.

A área habitacional é uma das bandeiras de Boulos, que é ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Toda vez que eu entrego uma casa própria, eu choro junto. Eu presenciei e vi que o sonho das pessoas é ter moradia”, disse Nunes.

Nunes lembrou de sua infância e citou uma frase de uma música do grupo de rap “Racionais MC”. “Sempre fui sonhador e é isso que me mantém vivo”, disse. “A quebrada venceu. Não foi fácil para nenhum de nós chegar aqui. Só quem é, é quem sabe. Nós chegamos para ficar”, acrescentou o prefeito.

Destaque para Bolsonaro e Tarcísio no palanque

Com posição de destaque no palanque, Bolsonaro defendeu Nunes como seu nome para a capital paulista e disse que o prefeito paulistano já provou suas qualidades durante o mandato. “A todos vocês de São Paulo, o momento não é para pedir, pedir vai ser daqui a alguns dias, mas confiem na gente, façam as comparações, vejam o que tem para frente para escolher, não há menor dúvida que o Ricardo Nunes é nome adequado e justo para São Paulo. Vocês com toda certeza terão uma administração aperfeiçoada e obviamente melhorada com ele à frente da Prefeitura.”

Ao lado de Nunes e Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas disse que não é possível fazer a “transformação” da capital paulista se não houver parceria entre o governo estadual e a Prefeitura. “É muito bom trabalhar com um prefeito onde as coisas fluem e andam por música”, disse Tarcísio, acrescentando que Nunes é humilde e tem um “coração gigante”.

Ricardo Nunes, Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Michel Temer e Baleia Rossi na convenção do MDB em SP Foto: Tiago Queiroz/Estadão

O governador listou uma série de iniciativas realizadas em parceria com a administração municipal, inclusive aquelas que são de responsabilidade exclusiva do Estado, como a expansão das linhas de metrô. “Não tem como a gente fazer metrô se a gente não tiver atuando em parceria”, afirmou.

Ele também mencionou obras de habitação social, contenção de cheias e a promessa de construir um novo hospital na zona sul. “Como tem sido bom trabalhar com Ricardo Nunes.”

Apesar da fala de Tarcísio, adversários do prefeito, como José Luiz Datena e Tabata Amaral (PSB) afirmam que têm bom relacionamento com o governador e, se eleitos, também governariam em parceria com ele. O chefe do Executivo paulista também chamou a coligação de Nunes de “frente ampla”. A estratégia procura passar a mensagem de que Boulos tem apoio somente entre partidos de esquerda.

Também estiveram presentes dirigentes partidários e lideranças dos partidos que apoiam a reeleição do prefeito, como Gilberto Kassab (PSD) e Valdemar Costa Neto (PL).

Enquanto Valdemar fazia um breve discurso no palco, Bolsonaro chegou ao evento e ficou a apenas alguns metros do presidente do seu partido. Os dois não podem manter contato devido a uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Jair Bolsonaro ao lado de Ricardo Nunes na convenção do MDB Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Além do MDB, o arco de alianças conta com PL, PSD, Republicanos, União Brasil, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante. O União Brasil, cujo presidente, vereador Milton Leite (União), fez jogo duro para fechar com Nunes, declarará apoio ao chefe do Executivo somente a partir das 14 horas deste sábado em um evento no coração de sua base eleitoral na zona sul da cidade. Apesar disso, faixas do partido em apoio a Nunes já eram vistas na convenção desta manhã.

Coube ao presidente do MDB e coordenador da campanha de Nunes, deputado federal Baleia Rossi (SP), a tarefa de dissipar o apoio de Bolsonaro. Baleia, que descreveu Nunes como um gestor “do diálogo” e “honesto”, iniciou seu discurso afirmando que o palco da convenção era o “mais democrático do Brasil” e agradeceu o apoio de 12 partidos que farão parte da coligação, citando sigla a sigla e seus respectivos presidentes.

“Aqui temos partidos de ideologias diferentes, mas deixamos nossas divergências de lado para defender algo maior, que é o futuro de São Paulo”, afirmou o dirigente partidário, que reforçou a estratégia da campanha de polarizar com Boulos, e não Lula e o PT. “Não queremos que o PSOL estrague São Paulo.”

Assim Nunes costuma fazer, Baleia agradeceu a Bolsonaro pelo acordo do Campo de Marte, feito em sua gestão, que permitiu à cidade extinguir uma dívida de R$ 25 bilhões.

Com a chapa já definida – o vice será o coronel da reserva Ricardo Mello de Araújo (PL) –, o clima na convenção foi de festa. Pela primeira vez foram reproduzidos os jingles da campanha. Em ritmo de samba, as músicas pedem para deixar o “Ricardo lá” e afirmam que o prefeito conhece São Paulo “com a palma da mão”.

Ricardo Nunes governa SP desde 2021

Ricardo Nunes governa São Paulo desde 2021, quando assumiu o cargo após a morte de Covas. Aos 56 anos, ele foi eleito vereador em 2012 e 2016 e disputará a primeira eleição como cabeça de chapa para o Executivo paulistano. Ao longo da semana, viu a Polícia Federal pedir à Justiça autorização para abrir um inquérito específico para investigar a ligação dele com uma empresa suspeita de ser uma das operadoras da Máfia das Creches.

Os policiais pediram o indiciamento de 117 pessoas. O prefeito, que não foi indiciado, nega qualquer ligação com o suposto esquema de desvio de recursos públicos da Prefeitura. Na campanha, Nunes terá o desafio de ser “vidraça”, já que como é tradicional ocorrer em disputas à reeleição, é o principal alvo de crítica de seus adversários Guilherme Boulos, José Luiz Datena e Tabata Amaral.

Ele também precisará se equilibrar para não perder votos no eleitorado de centro ao mesmo tempo que busca garantir o voto dos bolsonaristas. A aliança com Bolsonaro foi providencial, em um primeiro momento, para barrar a candidatura do ex-ministro Ricardo Salles, evitando a concorrência de um bolsonarista raiz à sua direita.

Porém, essa ameaça voltou a surgir quando o influenciador Pablo Marçal (PRTB) anunciou sua pré-candidatura e passou a disputar os eleitores do ex-presidente com Nunes. O movimento pressionou o prefeito a abraçar de vez Bolsonaro e aceitar a indicação do coronel da reserva Mello Araújo como vice.

Até então, aliados costumavam dizer nos bastidores que o ex-presidente era apenas mais um entre os diversos apoiadores do chefe do Executivo paulistano, em uma tentativa de minimizar a rejeição enfrentada por Bolsonaro na capital paulista.

Na última pesquisa Genial/Quaest, o prefeito aparece tecnicamente empatado em primeiro lugar com Guilherme Boulos e José Luiz Datena. Eles têm 20%, 19% e 19%, respectivamente. A boa notícia para a campanha é que o prefeito lidera em todos os cenários de segundo turno testados pelo levantamento. Por outro lado, apenas 20% declararam que votariam em um candidato desconhecido apoiado por Bolsonaro, contra 25% de Tarcísio e 29% de Lula.

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