Antes cotado para a presidência da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Rubinho Nunes (União) passou para o baixo clero da Casa após trair o prefeito eleito Ricardo Nunes (MDB) e dar apoio a Pablo Marçal (PRTB) durante a disputa para a Prefeitura da capital paulista. Integrantes do Legislativo avaliam nos bastidores que a postura do parlamentar tirou qualquer chance de aprovação entre seus pares.
Em entrevista ao Estadão, o prefeito reeleito vetou o nome do vereador para presidir a Casa, afirmando que o cargo exige uma pessoa com “caráter”. “Não será o Rubinho Nunes”, enfatizou. Ainda assim, o parlamentar do União disse ter respeito pelo chefe do Executivo municipal e sinalizou que pretende tentar uma reconciliação com o emedebista.
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“Eu tenho respeito pelo prefeito. Entendo que suas falas sejam colocadas em um momento conturbado. Ele deve estar pautado em informações que não correspondem à realidade e, em razão disso, tem feito algumas manifestações — (com) as quais eu não concordo. Todavia, espero oportunamente conversar com ele a respeito”, disse o vereador ao Estadão.
Apesar da ruptura, o parlamentar do União não se arrepende de ter apoiado o ex-coach: “Marçal é meu amigo, tem meu respeito e era a melhor opção para São Paulo”. A percepção entre os integrantes do Legislativo se opõe às declarações do vereador. Na avaliação deles, Rubinho Nunes não precisava se vincular ao ex-coach para alcançar os votos pleiteados. Em 2020, o vereador alcançou a marca de 33.038 votos; neste ano, se reelegeu com 101.549.
Para uma ala dos vereadores, o filiado ao União colocou todas suas fichas na vitória de Marçal e, com a derrota do influenciador nas urnas, acabou perdendo a presidência da Câmara Municipal, bem como sua capacidade de circular entre os pares. “O nome do Rubinho não passa mais”, pondera um deles, sob anonimato.
A participação do União Brasil na coligação de Ricardo Nunes foi condicionada à presidência da Câmara Municipal, hoje comandada por Milton Leite (União). O líder da Casa pleiteava a candidatura a vice-prefeito na chapa de Nunes, mas foi escanteado após a indicação do coronel Ricardo Mello Araújo (PL) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Diante dos acenos do União, presidido por Antônio Rueda, a Pablo Marçal, a coligação do prefeito firmou um acordo com Leite para apoiar o nome assinalado por ele para o comando da Câmara.
Rubinho Nunes foi o primeiro nome a ser ventilado pelo atual presidente da Casa. O vereador, considerado um bom articulador por integrantes da Casa, era orientado por seus pares a adotar um tom mais “moderado” para evitar atritos internos. No entanto, o parlamentar contrariou a posição de seu partido ao apostar na vitória de Marçal. Com a desmobilização em torno de seu nome, outros vereadores passaram a pleitear o cargo — mesmo diante do acordo.
Nos bastidores, parlamentares como o líder do MDB na Câmara, Fábio Riva, João Jorge (MDB), a liderança do PL na Casa, Isac Félix, e André Santos (Republicanos) foram cotados para a presidência. Apesar do interesse, Milton Leite enfatizou o acordo prévio feito entre as legendas para que o nome seja indicado pelo União. “Eu acho que não estou vendo mais ambiente para alguém se lançar, mas não posso impedir alguém de se lançar. O que eu posso garantir é que nós temos um acordo entre os partidos. Consolidado isso, se algum nome se fizer, estará descumprindo”, declarou.
Entre os nomes do União, foram eleitos Silvão Leite, Silvinho, Amanda Vettorazzo, Adrilles Jorge, Pastora Sandra Alves, além de Rubinho e Ricardo Teixeira, que não estão em seu mandato inicial na Câmara. Na avaliação de integrantes do parlamento, a inexperiência dos vereadores eleitos pela primeira vez, somada à “facada nas costas de Nunes” por parte de Rubinho, deixa somente Ricardo Teixeira como opção para Milton Leite.