BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo, 5, em sua conta no Twitter, que vai manter um governo sem qualquer tipo de regulamentação da mídia, inclusive as mídias sociais. "Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluídas as sociais. Quem achar o contrário, recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba", escreveu o presidente.
A manifestação ocorreu após uma série de ataques de bolsonaristas e seguidores do escritor Olavo de Carvalho ao ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz,que em entrevista ao Estado e à Rádio Jovem Pan no mês passado citou a necessidade de se aprimorar a legislação que trata das redes sociais.
“(O uso das redes sociais) Tem de ser disciplinado, até a legislação tem de ser aprimorada, e as pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar”, disse na ocasião. No fim da tarde, o general se reuniu com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Santos Cruz passou a ser alvo de Olavo de Carvalho, considerado guru bolsonarista, nesta semana. Em postagem neste sábado, 4, Carvalho comparou o ministro a Ciro Gomes (PDT), candidato derrotado à Presidência, e disse que Santos Cruz "fofoca e difama pelas costas". O ministro respondeu as acusações em entrevista ao site Poder 360, acusando Olavo de ser "um desocupado esquizofrênico".
A hashtag #ForaSantosCruz, em referência ao ministro da Secretaria de Governo, é um dos assuntos mais comentados no neste domingo, 5. Mais cedo, dois filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), repercutiram nas redes sociais o tema regulamentação das mídas.
O "zero dois" afirmou pelo Twitter que a "a internet livre foi o que trouxe Bolsonaro até à Presidência". "Numa democracia, respeitar as liberdades não significa ficar de quatro para a imprensa, mas sempre permitir que exista a liberdade das mídias!", escreveu Carlos.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, citou um tweet do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a proposta petista de regulamentação da mídia e comparou com o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e o atual mandatário, Nicolás Maduro. "Toda ditadura controla os meios de comunicação sob o pretexto de 'melhorá-los', 'democratizá-los' ou de barrar fake news e crimes de ódio", afirmou.
No sábado, 4, o deputado escreveu em seu Twitter que "tradicionais veículos de comunicação que a todo momento espalham fake news não são banidos das redes". No entanto, segundo ele, perfis de pessoas comuns, conservadoras ou de direita, a todo momento "sofrem perseguição".
O parlamentar chegou a fazer uma enquete e questionou seguidores: "você apoiaria uma lei que impedisse Facebook, Twitter, Instagram e YouTube de banir perfis?". Até o momento, 65% das respostas indicavam "não" à pergunta de Eduardo Bolsonaro.
Moro. Em entrevista aos veículos Folha de S. Paulo e El País, o ex-presidente Lula, condenado e preso na Operação Lava Jato, disse que cometeu um “erro grave” ao não fazer a regulamentação da mídia durante seus mandatos.
Na sequência de Bolsonaro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, também foi ao Twitter atacar o “controle social” da mídia.
“No ponto, bom lembrar que não fosse a vitória eleitoral do Pr Jair Bolsonaro, estaríamos hoje sob ‘controle social’ da mídia e do Judiciário e que estava expresso no programa da oposição "democrática”. Aliás, @jairbolsonaro reafirmou hoje o compromisso com a liberdade da palavra”, disse, e referência ao tuíte de Bolsonaro.
Em uma série de mensagens, Moro disse ser favorável à liberdade de imprensa e de expressão. Em seguida, ele explica que se refere a mensagens sugerindo providências sobre declarações ofensivas contra ele por um “suposto comediante” em evento a favor do ex-presidente Lula.
No mês passado, o humorista Gregório Duvivier fez ataques a Moro em ato que lembrou um ano da prisão do ex-presidente, condenado por Moro na Lava Jato. “Bem, penso que as declarações de baixo nível falam mais sobre o ofensor do que sobre mim”, disse Moro no Twitter.