Arthur Lira x Renan Calheiros: entenda a rixa que afetou o governo Lula e relembre principais brigas


Deputado e senador, respectivamente presidente da Câmara e ex-presidente do Congresso, são desafetos antigos e disputam poder em Brasília e em Alagoas

Por Isabella Alonso Panho
Atualização:

Nos bastidores de Brasília, Arthur Lira (PP-AL) está pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demitir o ministro dos Transportes, Renan Filho, por causa de uma rixa acirrada entre o presidente da Câmara e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Nesta semana, o emedebista chamou o deputado de “caloteiro” e disse que Lira “desvia dinheiro público” e “bate em mulher”. Como mostrou o Estadão, além de Lira “pedir a cabeça” do filho de seu desafeto, a pasta que ele comanda foi uma das mais afetadas pelos recentes cortes de orçamento, com R$ 600 milhões contingenciados.

A rivalidade entre o deputado e o senador tem raízes na política alagoana; ambas as famílias estão entre as mais poderosas do Estado, sendo que o round local mais recente deu vantagem aos Calheiros: o governador reeleito Paulo Dantas (MDB) é aliado do ministro dos Transportes e de Renan “pai”, e chegou ao poder derrotando o candidato dos Lira, Rodrigo Cunha (União Brasil).

No contexto nacional, uma conjuntura importante que reforça a rivalidade entre os dois alagoanos é que Renan é mais próximo de Lula, enquanto Lira possui vínculos mais estreitos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), embora tenha calibrado o discurso para garantir o apoio de aliados de Lula na corrida para se reeleger presidente da Câmara. Apesar da gestão passada também ter enfrentado desafios para conseguir se articular no Congresso, a gestão petista já acumula recorde de CPIs em início de mandato e duras derrotas no Parlamento, em especial entre os deputados.

continua após a publicidade
Arthur Lira negou que tenha pedido a demissão de Renan Filho Foto: WILTON JUNIOR

Na noite desta terça-feira, 30, Lira negou ter “pedido a cabeça” de Renan Filho e disse que foi desrespeitado gratuitamente. “Tenho uma trajetória política de mais de 20 anos dedicados a Alagoas e ao Brasil, sempre em defesa da liberdade e da democracia”, disse. Na mesma linha, o próprio ministro minimizou o bloqueio preventivo de recursos de sua pasta e procurou desvincular o contingenciamento da rivalidade entre seu pai e o presidente da Câmara.

Aliados de Lira amanheceram na mira da Polícia Federal nesta quinta-feira, 1, com agentes da PF cumprindo mandados da Operação Hefesto, que investiga um esquema de fraudes em licitações de 43 cidades de Alagoas. O prejuízo estimado até o momento é de R$ 8,1 milhões, mas os investigadores desconfiam que o rombo aos cofres públicos pode ser maior, talvez até o dobro. O presidente da Câmara não é alvo da ação.

continua após a publicidade

Relembre outros embates entre Arthur Lira e Renan Calheiros:

1. Nesta semana, no Twitter

Na segunda-feira, 29, Renan usou as redes sociais para atacar Lira. Ele compartilhou uma reportagem e disse que o presidente da Câmara é “caloteiro, não costuma pagar o que deve” e “desvia dinheiro público e bate em mulher”. O senador também o acusa de “dar uma surra” na ex-mulher Jullyene Lins, com quem Lira enfrenta disputas na Justiça.

continua após a publicidade

Na terça-feira, 30, Renan voltou ao assunto, compartilhando um comentário que teria sido feito pela própria Jullyene.

continua após a publicidade

Como mostrou o Estadão, a troca de farpas desta semana teria sido o estopim para que Lira pedisse a Lula que o ministro dos Transportes, Renan Filho, fosse destituído do cargo. O gesto pode funcionar como uma “chantagem”, por causa da recente derrota do governo na votação do marco temporal e a dificuldade de aprovação da MP dos Ministérios. O presidente da Câmara negou relação entre os fatos, mas esteve reunido com Lula a portas fechadas nesta quarta-feira, 31.

2. Disputa do governo em Alagoas

Em abril de 2022, a Assembleia Legislativa de Alagoas precisou escolher um novo governador, por causa da renúncia de Renan Filho ao cargo para disputar uma cadeira no Senado. Lira e Calheiros tentaram emplacar seus candidatos – Rodrigo Cunha (União Brasil) e Paulo Dantas (MDB), respectivamente. Além da troca de farpas nas redes sociais, a disputa foi parar na Justiça.

continua após a publicidade

Inicialmente, Paulo Dantas foi afastado do cargo, mas uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) o reconduziu à cadeira. Em outubro, ele venceu as eleições, mas a disputa foi acirrada: Dantas, candidato de Calheiros, teve 52,49% dos votos, enquanto seu adversário, Cunha, 47,62%.

A eleição de Paulo Dantas no governo do Alagoas também repercutiu a disputa entre Lira e Renan (Foto: Divulgação/Governo de AL) 

Nas redes, Calheiros disse: “Quarteladas, afrontas aos Poderes e desacato às decisões judiciais são condutas de tiranos em qualquer lugar. O TJ-AL acaba de incinerar o golpe de Arthur Lira para impedir a eleição para o governo de Alagoas na forma da Constituição”.

continua após a publicidade

Lira rebateu: “Sobre dar golpes, o senador Renan Calheiros entende bem. Foi assim que ele tentou conduzir o Congresso Nacional e, várias vezes, desrespeitou decisões judiciais. Em Alagoas, achaca e interfere nos Poderes, desrespeita a vontade popular e quer fazer do Estado a extensão do seu latifúndio. Não conseguirá!”.

3. Respingo na Esplanada

A disputa entre os dois políticos também teve reflexos na distribuição dos ministérios de Lula. O desejo de ambos era o mesmo: a pasta de Minas e Energia. De um lado, Lira advogou pelo nome de Elmar Nascimento (União Brasil-BA), líder da sigla no Congresso e relator da PEC da Transição. De outro, Renan almejou a pasta para seu próprio filho.

Embora nenhum dos dois tenha conseguido emplacar seus favoritos no ministério – que ficou com Alexandre Silveira (PSD-MG), indicado por Rodrigo Pacheco, do mesmo partido e Estado –, na prática Renan obteve mais vantagens. Renan Filho foi nomeado para o Ministério dos Transportes, pasta que também abarca o setor de infraestrutura.

4. Rito das Medidas Provisórias

O rito de apreciação das medidas provisórias pelo Congresso também foi assunto de um dos bate-bocas entre os dois políticos alagoanos. Em março, quando foi aprovada a volta das comissões mistas de análise, Renan usou o episódio para atacar o adversário: “Sou defensor das diretas, desde as Diretas-Já!, ao contrário dos meus adversários em Alagoas que gostam de indiretas”.

O senador aproveitou a oportunidade para lembrar a vitória nas eleições para o governo de Alagoas. “Aliás, os derroto em eleições diretas e, por isso, Arthur delira sem compreender o tamanho do cargo que ocupa.”

A volta das comissões mistas para apreciação de MPs foi uma disputa acirrada entre Lira e Pacheco, presidente do Senado. Na época, o presidente da Câmara divulgou uma nota à imprensa falando sobre “não retroagir a um modelo superado”. Menos ativo nas redes sociais, Lira não rebateu os comentários de Renan.

5. Na Justiça

Comentários de Renan sobre o conflito em torno da eleição de Paulo Dantas fizeram com que ele se tornasse alvo de uma ação criminal movida por Lira. Na ocasião, o senador disse que pediu a troca do comando da Polícia Federal de Alagoas porque o superintendente da época era “cabo eleitoral” do presidente da Câmara. Renan também disse que Lira “sonha com a Gestapo”, antiga polícia do regime nazista.

A Justiça do Distrito Federal aceitou a denúncia em janeiro deste ano. A ação apura a prática dos crimes de calúnia, injúria e difamação. Nesta quarta, 31, o Supremo suspendeu o trâmite da ação.

Nos bastidores de Brasília, Arthur Lira (PP-AL) está pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demitir o ministro dos Transportes, Renan Filho, por causa de uma rixa acirrada entre o presidente da Câmara e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Nesta semana, o emedebista chamou o deputado de “caloteiro” e disse que Lira “desvia dinheiro público” e “bate em mulher”. Como mostrou o Estadão, além de Lira “pedir a cabeça” do filho de seu desafeto, a pasta que ele comanda foi uma das mais afetadas pelos recentes cortes de orçamento, com R$ 600 milhões contingenciados.

A rivalidade entre o deputado e o senador tem raízes na política alagoana; ambas as famílias estão entre as mais poderosas do Estado, sendo que o round local mais recente deu vantagem aos Calheiros: o governador reeleito Paulo Dantas (MDB) é aliado do ministro dos Transportes e de Renan “pai”, e chegou ao poder derrotando o candidato dos Lira, Rodrigo Cunha (União Brasil).

No contexto nacional, uma conjuntura importante que reforça a rivalidade entre os dois alagoanos é que Renan é mais próximo de Lula, enquanto Lira possui vínculos mais estreitos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), embora tenha calibrado o discurso para garantir o apoio de aliados de Lula na corrida para se reeleger presidente da Câmara. Apesar da gestão passada também ter enfrentado desafios para conseguir se articular no Congresso, a gestão petista já acumula recorde de CPIs em início de mandato e duras derrotas no Parlamento, em especial entre os deputados.

Arthur Lira negou que tenha pedido a demissão de Renan Filho Foto: WILTON JUNIOR

Na noite desta terça-feira, 30, Lira negou ter “pedido a cabeça” de Renan Filho e disse que foi desrespeitado gratuitamente. “Tenho uma trajetória política de mais de 20 anos dedicados a Alagoas e ao Brasil, sempre em defesa da liberdade e da democracia”, disse. Na mesma linha, o próprio ministro minimizou o bloqueio preventivo de recursos de sua pasta e procurou desvincular o contingenciamento da rivalidade entre seu pai e o presidente da Câmara.

Aliados de Lira amanheceram na mira da Polícia Federal nesta quinta-feira, 1, com agentes da PF cumprindo mandados da Operação Hefesto, que investiga um esquema de fraudes em licitações de 43 cidades de Alagoas. O prejuízo estimado até o momento é de R$ 8,1 milhões, mas os investigadores desconfiam que o rombo aos cofres públicos pode ser maior, talvez até o dobro. O presidente da Câmara não é alvo da ação.

Relembre outros embates entre Arthur Lira e Renan Calheiros:

1. Nesta semana, no Twitter

Na segunda-feira, 29, Renan usou as redes sociais para atacar Lira. Ele compartilhou uma reportagem e disse que o presidente da Câmara é “caloteiro, não costuma pagar o que deve” e “desvia dinheiro público e bate em mulher”. O senador também o acusa de “dar uma surra” na ex-mulher Jullyene Lins, com quem Lira enfrenta disputas na Justiça.

Na terça-feira, 30, Renan voltou ao assunto, compartilhando um comentário que teria sido feito pela própria Jullyene.

Como mostrou o Estadão, a troca de farpas desta semana teria sido o estopim para que Lira pedisse a Lula que o ministro dos Transportes, Renan Filho, fosse destituído do cargo. O gesto pode funcionar como uma “chantagem”, por causa da recente derrota do governo na votação do marco temporal e a dificuldade de aprovação da MP dos Ministérios. O presidente da Câmara negou relação entre os fatos, mas esteve reunido com Lula a portas fechadas nesta quarta-feira, 31.

2. Disputa do governo em Alagoas

Em abril de 2022, a Assembleia Legislativa de Alagoas precisou escolher um novo governador, por causa da renúncia de Renan Filho ao cargo para disputar uma cadeira no Senado. Lira e Calheiros tentaram emplacar seus candidatos – Rodrigo Cunha (União Brasil) e Paulo Dantas (MDB), respectivamente. Além da troca de farpas nas redes sociais, a disputa foi parar na Justiça.

Inicialmente, Paulo Dantas foi afastado do cargo, mas uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) o reconduziu à cadeira. Em outubro, ele venceu as eleições, mas a disputa foi acirrada: Dantas, candidato de Calheiros, teve 52,49% dos votos, enquanto seu adversário, Cunha, 47,62%.

A eleição de Paulo Dantas no governo do Alagoas também repercutiu a disputa entre Lira e Renan (Foto: Divulgação/Governo de AL) 

Nas redes, Calheiros disse: “Quarteladas, afrontas aos Poderes e desacato às decisões judiciais são condutas de tiranos em qualquer lugar. O TJ-AL acaba de incinerar o golpe de Arthur Lira para impedir a eleição para o governo de Alagoas na forma da Constituição”.

Lira rebateu: “Sobre dar golpes, o senador Renan Calheiros entende bem. Foi assim que ele tentou conduzir o Congresso Nacional e, várias vezes, desrespeitou decisões judiciais. Em Alagoas, achaca e interfere nos Poderes, desrespeita a vontade popular e quer fazer do Estado a extensão do seu latifúndio. Não conseguirá!”.

3. Respingo na Esplanada

A disputa entre os dois políticos também teve reflexos na distribuição dos ministérios de Lula. O desejo de ambos era o mesmo: a pasta de Minas e Energia. De um lado, Lira advogou pelo nome de Elmar Nascimento (União Brasil-BA), líder da sigla no Congresso e relator da PEC da Transição. De outro, Renan almejou a pasta para seu próprio filho.

Embora nenhum dos dois tenha conseguido emplacar seus favoritos no ministério – que ficou com Alexandre Silveira (PSD-MG), indicado por Rodrigo Pacheco, do mesmo partido e Estado –, na prática Renan obteve mais vantagens. Renan Filho foi nomeado para o Ministério dos Transportes, pasta que também abarca o setor de infraestrutura.

4. Rito das Medidas Provisórias

O rito de apreciação das medidas provisórias pelo Congresso também foi assunto de um dos bate-bocas entre os dois políticos alagoanos. Em março, quando foi aprovada a volta das comissões mistas de análise, Renan usou o episódio para atacar o adversário: “Sou defensor das diretas, desde as Diretas-Já!, ao contrário dos meus adversários em Alagoas que gostam de indiretas”.

O senador aproveitou a oportunidade para lembrar a vitória nas eleições para o governo de Alagoas. “Aliás, os derroto em eleições diretas e, por isso, Arthur delira sem compreender o tamanho do cargo que ocupa.”

A volta das comissões mistas para apreciação de MPs foi uma disputa acirrada entre Lira e Pacheco, presidente do Senado. Na época, o presidente da Câmara divulgou uma nota à imprensa falando sobre “não retroagir a um modelo superado”. Menos ativo nas redes sociais, Lira não rebateu os comentários de Renan.

5. Na Justiça

Comentários de Renan sobre o conflito em torno da eleição de Paulo Dantas fizeram com que ele se tornasse alvo de uma ação criminal movida por Lira. Na ocasião, o senador disse que pediu a troca do comando da Polícia Federal de Alagoas porque o superintendente da época era “cabo eleitoral” do presidente da Câmara. Renan também disse que Lira “sonha com a Gestapo”, antiga polícia do regime nazista.

A Justiça do Distrito Federal aceitou a denúncia em janeiro deste ano. A ação apura a prática dos crimes de calúnia, injúria e difamação. Nesta quarta, 31, o Supremo suspendeu o trâmite da ação.

Nos bastidores de Brasília, Arthur Lira (PP-AL) está pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demitir o ministro dos Transportes, Renan Filho, por causa de uma rixa acirrada entre o presidente da Câmara e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Nesta semana, o emedebista chamou o deputado de “caloteiro” e disse que Lira “desvia dinheiro público” e “bate em mulher”. Como mostrou o Estadão, além de Lira “pedir a cabeça” do filho de seu desafeto, a pasta que ele comanda foi uma das mais afetadas pelos recentes cortes de orçamento, com R$ 600 milhões contingenciados.

A rivalidade entre o deputado e o senador tem raízes na política alagoana; ambas as famílias estão entre as mais poderosas do Estado, sendo que o round local mais recente deu vantagem aos Calheiros: o governador reeleito Paulo Dantas (MDB) é aliado do ministro dos Transportes e de Renan “pai”, e chegou ao poder derrotando o candidato dos Lira, Rodrigo Cunha (União Brasil).

No contexto nacional, uma conjuntura importante que reforça a rivalidade entre os dois alagoanos é que Renan é mais próximo de Lula, enquanto Lira possui vínculos mais estreitos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), embora tenha calibrado o discurso para garantir o apoio de aliados de Lula na corrida para se reeleger presidente da Câmara. Apesar da gestão passada também ter enfrentado desafios para conseguir se articular no Congresso, a gestão petista já acumula recorde de CPIs em início de mandato e duras derrotas no Parlamento, em especial entre os deputados.

Arthur Lira negou que tenha pedido a demissão de Renan Filho Foto: WILTON JUNIOR

Na noite desta terça-feira, 30, Lira negou ter “pedido a cabeça” de Renan Filho e disse que foi desrespeitado gratuitamente. “Tenho uma trajetória política de mais de 20 anos dedicados a Alagoas e ao Brasil, sempre em defesa da liberdade e da democracia”, disse. Na mesma linha, o próprio ministro minimizou o bloqueio preventivo de recursos de sua pasta e procurou desvincular o contingenciamento da rivalidade entre seu pai e o presidente da Câmara.

Aliados de Lira amanheceram na mira da Polícia Federal nesta quinta-feira, 1, com agentes da PF cumprindo mandados da Operação Hefesto, que investiga um esquema de fraudes em licitações de 43 cidades de Alagoas. O prejuízo estimado até o momento é de R$ 8,1 milhões, mas os investigadores desconfiam que o rombo aos cofres públicos pode ser maior, talvez até o dobro. O presidente da Câmara não é alvo da ação.

Relembre outros embates entre Arthur Lira e Renan Calheiros:

1. Nesta semana, no Twitter

Na segunda-feira, 29, Renan usou as redes sociais para atacar Lira. Ele compartilhou uma reportagem e disse que o presidente da Câmara é “caloteiro, não costuma pagar o que deve” e “desvia dinheiro público e bate em mulher”. O senador também o acusa de “dar uma surra” na ex-mulher Jullyene Lins, com quem Lira enfrenta disputas na Justiça.

Na terça-feira, 30, Renan voltou ao assunto, compartilhando um comentário que teria sido feito pela própria Jullyene.

Como mostrou o Estadão, a troca de farpas desta semana teria sido o estopim para que Lira pedisse a Lula que o ministro dos Transportes, Renan Filho, fosse destituído do cargo. O gesto pode funcionar como uma “chantagem”, por causa da recente derrota do governo na votação do marco temporal e a dificuldade de aprovação da MP dos Ministérios. O presidente da Câmara negou relação entre os fatos, mas esteve reunido com Lula a portas fechadas nesta quarta-feira, 31.

2. Disputa do governo em Alagoas

Em abril de 2022, a Assembleia Legislativa de Alagoas precisou escolher um novo governador, por causa da renúncia de Renan Filho ao cargo para disputar uma cadeira no Senado. Lira e Calheiros tentaram emplacar seus candidatos – Rodrigo Cunha (União Brasil) e Paulo Dantas (MDB), respectivamente. Além da troca de farpas nas redes sociais, a disputa foi parar na Justiça.

Inicialmente, Paulo Dantas foi afastado do cargo, mas uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) o reconduziu à cadeira. Em outubro, ele venceu as eleições, mas a disputa foi acirrada: Dantas, candidato de Calheiros, teve 52,49% dos votos, enquanto seu adversário, Cunha, 47,62%.

A eleição de Paulo Dantas no governo do Alagoas também repercutiu a disputa entre Lira e Renan (Foto: Divulgação/Governo de AL) 

Nas redes, Calheiros disse: “Quarteladas, afrontas aos Poderes e desacato às decisões judiciais são condutas de tiranos em qualquer lugar. O TJ-AL acaba de incinerar o golpe de Arthur Lira para impedir a eleição para o governo de Alagoas na forma da Constituição”.

Lira rebateu: “Sobre dar golpes, o senador Renan Calheiros entende bem. Foi assim que ele tentou conduzir o Congresso Nacional e, várias vezes, desrespeitou decisões judiciais. Em Alagoas, achaca e interfere nos Poderes, desrespeita a vontade popular e quer fazer do Estado a extensão do seu latifúndio. Não conseguirá!”.

3. Respingo na Esplanada

A disputa entre os dois políticos também teve reflexos na distribuição dos ministérios de Lula. O desejo de ambos era o mesmo: a pasta de Minas e Energia. De um lado, Lira advogou pelo nome de Elmar Nascimento (União Brasil-BA), líder da sigla no Congresso e relator da PEC da Transição. De outro, Renan almejou a pasta para seu próprio filho.

Embora nenhum dos dois tenha conseguido emplacar seus favoritos no ministério – que ficou com Alexandre Silveira (PSD-MG), indicado por Rodrigo Pacheco, do mesmo partido e Estado –, na prática Renan obteve mais vantagens. Renan Filho foi nomeado para o Ministério dos Transportes, pasta que também abarca o setor de infraestrutura.

4. Rito das Medidas Provisórias

O rito de apreciação das medidas provisórias pelo Congresso também foi assunto de um dos bate-bocas entre os dois políticos alagoanos. Em março, quando foi aprovada a volta das comissões mistas de análise, Renan usou o episódio para atacar o adversário: “Sou defensor das diretas, desde as Diretas-Já!, ao contrário dos meus adversários em Alagoas que gostam de indiretas”.

O senador aproveitou a oportunidade para lembrar a vitória nas eleições para o governo de Alagoas. “Aliás, os derroto em eleições diretas e, por isso, Arthur delira sem compreender o tamanho do cargo que ocupa.”

A volta das comissões mistas para apreciação de MPs foi uma disputa acirrada entre Lira e Pacheco, presidente do Senado. Na época, o presidente da Câmara divulgou uma nota à imprensa falando sobre “não retroagir a um modelo superado”. Menos ativo nas redes sociais, Lira não rebateu os comentários de Renan.

5. Na Justiça

Comentários de Renan sobre o conflito em torno da eleição de Paulo Dantas fizeram com que ele se tornasse alvo de uma ação criminal movida por Lira. Na ocasião, o senador disse que pediu a troca do comando da Polícia Federal de Alagoas porque o superintendente da época era “cabo eleitoral” do presidente da Câmara. Renan também disse que Lira “sonha com a Gestapo”, antiga polícia do regime nazista.

A Justiça do Distrito Federal aceitou a denúncia em janeiro deste ano. A ação apura a prática dos crimes de calúnia, injúria e difamação. Nesta quarta, 31, o Supremo suspendeu o trâmite da ação.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.