Ato em apoio a Lula de pais do Colégio Santa Cruz distribui rosas, mas polêmica continua


Grupo esteve novamente nesta sexta na praça em frente à escola. Depois de conflito com empresário que os acusou de ‘doutrinar crianças’, questionamentos continuam

Por Renata Cafardo

O grupo de pais e ex-alunos do Colégio Santa Cruz, que defende voto à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteve nesta sexta-feira, 28, na praça em frente da escola para distribuir rosas e propor debates sobre política. Nesta semana, como mostrou o Estadão, a atuação do movimento, que é permitida nas eleições, levou a bate boca e confusão em grupos de Whats App. Um pai os acusou de “doutrinar crianças” e o vídeo da discussão viralizou nas redes sociais.

Em uma mesa no canteiro central da Avenida Arruda Botelho, em Pinheiros, onde fica a escola, havia botons com dizeres como “Eu voto pela Amazônia” ou “Eu voto pela Democracia” . Posters de designers independentes que faziam referência ao candidato do PT e adesivos da campanha também estavam à disposição. Para ajudar nas conversas, integrantes do movimento usavam cards que diziam, por exemplo: “Colocou em sigilo de 100 anos vários assuntos de interesse público. Isso foi bom ou ruim?” Um saxofonista tocava enquanto mães e pais distribuíam rosas brancas e vermelhas.

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O Santa Cruz é um tradicional reduto da elite paulistana, com um projeto de ensino humanista, reconhecido como um dos melhores do País. A direção não quis se manifestar. A escola não tem ligação com o grupo, do qual também não fazem parte professores.

“A gente não quer a comunidade do Santa Cruz rachada”, disse a advogada Maria Fernanda Alves Pallerosi, que tem dois filhos na escola, faz parte do movimento e esteve no ato nesta sexta-feira . “Mas é importante descriminalizar essa questão, as crianças não podem achar que ficar na praça e expressar em quem vai votar são crimes”, completa.

Pais e estudantes participam de ato em canteiro central na frente do colégio, que distribui botons e adesivos. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO
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Durante o ato, que ocorreu no horário de saída da escola, alguns pais se aproximaram com o celular para gravar o que os integrantes do movimento diziam aos estudantes. Uma caminhonete passou xingando palavrões. Outros questionaram por que o grupo estava na frente do colégio. Alguns adolescentes se recusaram a receber as flores e levantaram a bandeira do Brasil.

“Eles estão expressando da forma deles, a gente acolhe, tenta acalmar, eu acho que faz parte, desde que não tenha violência. A gente quer conversar e não afastar as pessoas”, disse a médica Suzana San Juan, mãe de três alunos do Colégio Vera Cruz, que também fica na zona oeste e organizou o mesmo movimento. Nesta sexta-feira, ela participou do ato no Santa Cruz com a filha de 5 anos.

Adolescentes recusam rosas e levantam bandeira do Brasil em ato no Colégio Santa Cruz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO
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No vídeo que foi compartilhado em redes sociais, o empresário Marcos Pastore se aproxima do grupo, na segunda-feira, 24, e diz “você não vai doutrinar criança aqui, eu vou chamar a polícia”. Especialistas afirmam que não há crime em manifestar opiniões políticas em ambientes públicos, como a praça.

Procurado pelo Estadão, Pastore afirmou que não concorda com um movimento com esse objetivo perto da escola. “O debate sobre política tem que ser trazido para dentro da escola, com tempo dividido entre todos os candidatos, com os mesmos direitos e na idade adequada”, disse. Ele tem um filho de 13 anos na escola, que estava presente quando ele discutiu com o grupo.

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Pai contrário ao movimento de frente ampla discute na porta do colégio

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Depois do incidente, o movimento que se intitula “Frente Ampla pela Democracia, pela Paz e pela Vida, com Lula e Haddad” soltou uma nota em que diz que “longe de querer doutrinar pessoas, o propósito é contribuir com um debate respeitoso, tratando de temas fundamentais para o país”. No mesmo dia, houve panfletagem de adesivos de Jair Bolsonaro (PL) na porta do Santa Cruz, algo que não tinha ocorrido até então.

A professora de Direito da Universidade de São Paulo (USP), especialista em Direito à Educação, Nina Ranieri, diz que “não é crime manifestar sua preferência política em um espaço público”. “O ideal era depois debater com o filho, ouvir argumentos, não impedir as pessoas de se manifestarem”, diz ela, em referência aos pais que discordaram da ação.

Para ela e outros educadores, mesmo dentro da escola, as discussões políticas devem acontecer para estimular a compreensão sobre os processos democráticos e a cidadania. Pesquisa feita pelo projeto Demos (Democratic Efficacy and the Varieties of Populism in Europe), que reúne professores de universidades europeias, analisou currículos de 14 países e demonstrou que é preciso ensinar processos políticos, conceitos da democracia e participação na sociedade civil na escola, até em disciplinas específicas se for possível.

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O resultado desse ensino são jovens com mais interesse por política, menos propensos a ideias populistas e com fortes valores de equidade, tolerância e autonomia, diz a pesquisa. Entre os países analisados estão Bélgica, Finlândia, França e Estônia, cujo desempenho dos alunos é o melhor do mundo no Pisa, a prova da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No Brasil, tentativas de emplacar legislações defendidas por grupos como Escola sem Partido não foram adiante no País porque foram consideradas, segundo Nina, “limitadoras do exercício democrático e da formação de ideias”.

O grupo de pais e ex-alunos do Colégio Santa Cruz, que defende voto à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteve nesta sexta-feira, 28, na praça em frente da escola para distribuir rosas e propor debates sobre política. Nesta semana, como mostrou o Estadão, a atuação do movimento, que é permitida nas eleições, levou a bate boca e confusão em grupos de Whats App. Um pai os acusou de “doutrinar crianças” e o vídeo da discussão viralizou nas redes sociais.

Em uma mesa no canteiro central da Avenida Arruda Botelho, em Pinheiros, onde fica a escola, havia botons com dizeres como “Eu voto pela Amazônia” ou “Eu voto pela Democracia” . Posters de designers independentes que faziam referência ao candidato do PT e adesivos da campanha também estavam à disposição. Para ajudar nas conversas, integrantes do movimento usavam cards que diziam, por exemplo: “Colocou em sigilo de 100 anos vários assuntos de interesse público. Isso foi bom ou ruim?” Um saxofonista tocava enquanto mães e pais distribuíam rosas brancas e vermelhas.

O Santa Cruz é um tradicional reduto da elite paulistana, com um projeto de ensino humanista, reconhecido como um dos melhores do País. A direção não quis se manifestar. A escola não tem ligação com o grupo, do qual também não fazem parte professores.

“A gente não quer a comunidade do Santa Cruz rachada”, disse a advogada Maria Fernanda Alves Pallerosi, que tem dois filhos na escola, faz parte do movimento e esteve no ato nesta sexta-feira . “Mas é importante descriminalizar essa questão, as crianças não podem achar que ficar na praça e expressar em quem vai votar são crimes”, completa.

Pais e estudantes participam de ato em canteiro central na frente do colégio, que distribui botons e adesivos. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO

Durante o ato, que ocorreu no horário de saída da escola, alguns pais se aproximaram com o celular para gravar o que os integrantes do movimento diziam aos estudantes. Uma caminhonete passou xingando palavrões. Outros questionaram por que o grupo estava na frente do colégio. Alguns adolescentes se recusaram a receber as flores e levantaram a bandeira do Brasil.

“Eles estão expressando da forma deles, a gente acolhe, tenta acalmar, eu acho que faz parte, desde que não tenha violência. A gente quer conversar e não afastar as pessoas”, disse a médica Suzana San Juan, mãe de três alunos do Colégio Vera Cruz, que também fica na zona oeste e organizou o mesmo movimento. Nesta sexta-feira, ela participou do ato no Santa Cruz com a filha de 5 anos.

Adolescentes recusam rosas e levantam bandeira do Brasil em ato no Colégio Santa Cruz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO

No vídeo que foi compartilhado em redes sociais, o empresário Marcos Pastore se aproxima do grupo, na segunda-feira, 24, e diz “você não vai doutrinar criança aqui, eu vou chamar a polícia”. Especialistas afirmam que não há crime em manifestar opiniões políticas em ambientes públicos, como a praça.

Procurado pelo Estadão, Pastore afirmou que não concorda com um movimento com esse objetivo perto da escola. “O debate sobre política tem que ser trazido para dentro da escola, com tempo dividido entre todos os candidatos, com os mesmos direitos e na idade adequada”, disse. Ele tem um filho de 13 anos na escola, que estava presente quando ele discutiu com o grupo.

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Pai contrário ao movimento de frente ampla discute na porta do colégio

Depois do incidente, o movimento que se intitula “Frente Ampla pela Democracia, pela Paz e pela Vida, com Lula e Haddad” soltou uma nota em que diz que “longe de querer doutrinar pessoas, o propósito é contribuir com um debate respeitoso, tratando de temas fundamentais para o país”. No mesmo dia, houve panfletagem de adesivos de Jair Bolsonaro (PL) na porta do Santa Cruz, algo que não tinha ocorrido até então.

A professora de Direito da Universidade de São Paulo (USP), especialista em Direito à Educação, Nina Ranieri, diz que “não é crime manifestar sua preferência política em um espaço público”. “O ideal era depois debater com o filho, ouvir argumentos, não impedir as pessoas de se manifestarem”, diz ela, em referência aos pais que discordaram da ação.

Para ela e outros educadores, mesmo dentro da escola, as discussões políticas devem acontecer para estimular a compreensão sobre os processos democráticos e a cidadania. Pesquisa feita pelo projeto Demos (Democratic Efficacy and the Varieties of Populism in Europe), que reúne professores de universidades europeias, analisou currículos de 14 países e demonstrou que é preciso ensinar processos políticos, conceitos da democracia e participação na sociedade civil na escola, até em disciplinas específicas se for possível.

O resultado desse ensino são jovens com mais interesse por política, menos propensos a ideias populistas e com fortes valores de equidade, tolerância e autonomia, diz a pesquisa. Entre os países analisados estão Bélgica, Finlândia, França e Estônia, cujo desempenho dos alunos é o melhor do mundo no Pisa, a prova da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No Brasil, tentativas de emplacar legislações defendidas por grupos como Escola sem Partido não foram adiante no País porque foram consideradas, segundo Nina, “limitadoras do exercício democrático e da formação de ideias”.

O grupo de pais e ex-alunos do Colégio Santa Cruz, que defende voto à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteve nesta sexta-feira, 28, na praça em frente da escola para distribuir rosas e propor debates sobre política. Nesta semana, como mostrou o Estadão, a atuação do movimento, que é permitida nas eleições, levou a bate boca e confusão em grupos de Whats App. Um pai os acusou de “doutrinar crianças” e o vídeo da discussão viralizou nas redes sociais.

Em uma mesa no canteiro central da Avenida Arruda Botelho, em Pinheiros, onde fica a escola, havia botons com dizeres como “Eu voto pela Amazônia” ou “Eu voto pela Democracia” . Posters de designers independentes que faziam referência ao candidato do PT e adesivos da campanha também estavam à disposição. Para ajudar nas conversas, integrantes do movimento usavam cards que diziam, por exemplo: “Colocou em sigilo de 100 anos vários assuntos de interesse público. Isso foi bom ou ruim?” Um saxofonista tocava enquanto mães e pais distribuíam rosas brancas e vermelhas.

O Santa Cruz é um tradicional reduto da elite paulistana, com um projeto de ensino humanista, reconhecido como um dos melhores do País. A direção não quis se manifestar. A escola não tem ligação com o grupo, do qual também não fazem parte professores.

“A gente não quer a comunidade do Santa Cruz rachada”, disse a advogada Maria Fernanda Alves Pallerosi, que tem dois filhos na escola, faz parte do movimento e esteve no ato nesta sexta-feira . “Mas é importante descriminalizar essa questão, as crianças não podem achar que ficar na praça e expressar em quem vai votar são crimes”, completa.

Pais e estudantes participam de ato em canteiro central na frente do colégio, que distribui botons e adesivos. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO

Durante o ato, que ocorreu no horário de saída da escola, alguns pais se aproximaram com o celular para gravar o que os integrantes do movimento diziam aos estudantes. Uma caminhonete passou xingando palavrões. Outros questionaram por que o grupo estava na frente do colégio. Alguns adolescentes se recusaram a receber as flores e levantaram a bandeira do Brasil.

“Eles estão expressando da forma deles, a gente acolhe, tenta acalmar, eu acho que faz parte, desde que não tenha violência. A gente quer conversar e não afastar as pessoas”, disse a médica Suzana San Juan, mãe de três alunos do Colégio Vera Cruz, que também fica na zona oeste e organizou o mesmo movimento. Nesta sexta-feira, ela participou do ato no Santa Cruz com a filha de 5 anos.

Adolescentes recusam rosas e levantam bandeira do Brasil em ato no Colégio Santa Cruz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO

No vídeo que foi compartilhado em redes sociais, o empresário Marcos Pastore se aproxima do grupo, na segunda-feira, 24, e diz “você não vai doutrinar criança aqui, eu vou chamar a polícia”. Especialistas afirmam que não há crime em manifestar opiniões políticas em ambientes públicos, como a praça.

Procurado pelo Estadão, Pastore afirmou que não concorda com um movimento com esse objetivo perto da escola. “O debate sobre política tem que ser trazido para dentro da escola, com tempo dividido entre todos os candidatos, com os mesmos direitos e na idade adequada”, disse. Ele tem um filho de 13 anos na escola, que estava presente quando ele discutiu com o grupo.

Seu navegador não suporta esse video.

Pai contrário ao movimento de frente ampla discute na porta do colégio

Depois do incidente, o movimento que se intitula “Frente Ampla pela Democracia, pela Paz e pela Vida, com Lula e Haddad” soltou uma nota em que diz que “longe de querer doutrinar pessoas, o propósito é contribuir com um debate respeitoso, tratando de temas fundamentais para o país”. No mesmo dia, houve panfletagem de adesivos de Jair Bolsonaro (PL) na porta do Santa Cruz, algo que não tinha ocorrido até então.

A professora de Direito da Universidade de São Paulo (USP), especialista em Direito à Educação, Nina Ranieri, diz que “não é crime manifestar sua preferência política em um espaço público”. “O ideal era depois debater com o filho, ouvir argumentos, não impedir as pessoas de se manifestarem”, diz ela, em referência aos pais que discordaram da ação.

Para ela e outros educadores, mesmo dentro da escola, as discussões políticas devem acontecer para estimular a compreensão sobre os processos democráticos e a cidadania. Pesquisa feita pelo projeto Demos (Democratic Efficacy and the Varieties of Populism in Europe), que reúne professores de universidades europeias, analisou currículos de 14 países e demonstrou que é preciso ensinar processos políticos, conceitos da democracia e participação na sociedade civil na escola, até em disciplinas específicas se for possível.

O resultado desse ensino são jovens com mais interesse por política, menos propensos a ideias populistas e com fortes valores de equidade, tolerância e autonomia, diz a pesquisa. Entre os países analisados estão Bélgica, Finlândia, França e Estônia, cujo desempenho dos alunos é o melhor do mundo no Pisa, a prova da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No Brasil, tentativas de emplacar legislações defendidas por grupos como Escola sem Partido não foram adiante no País porque foram consideradas, segundo Nina, “limitadoras do exercício democrático e da formação de ideias”.

O grupo de pais e ex-alunos do Colégio Santa Cruz, que defende voto à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), esteve nesta sexta-feira, 28, na praça em frente da escola para distribuir rosas e propor debates sobre política. Nesta semana, como mostrou o Estadão, a atuação do movimento, que é permitida nas eleições, levou a bate boca e confusão em grupos de Whats App. Um pai os acusou de “doutrinar crianças” e o vídeo da discussão viralizou nas redes sociais.

Em uma mesa no canteiro central da Avenida Arruda Botelho, em Pinheiros, onde fica a escola, havia botons com dizeres como “Eu voto pela Amazônia” ou “Eu voto pela Democracia” . Posters de designers independentes que faziam referência ao candidato do PT e adesivos da campanha também estavam à disposição. Para ajudar nas conversas, integrantes do movimento usavam cards que diziam, por exemplo: “Colocou em sigilo de 100 anos vários assuntos de interesse público. Isso foi bom ou ruim?” Um saxofonista tocava enquanto mães e pais distribuíam rosas brancas e vermelhas.

O Santa Cruz é um tradicional reduto da elite paulistana, com um projeto de ensino humanista, reconhecido como um dos melhores do País. A direção não quis se manifestar. A escola não tem ligação com o grupo, do qual também não fazem parte professores.

“A gente não quer a comunidade do Santa Cruz rachada”, disse a advogada Maria Fernanda Alves Pallerosi, que tem dois filhos na escola, faz parte do movimento e esteve no ato nesta sexta-feira . “Mas é importante descriminalizar essa questão, as crianças não podem achar que ficar na praça e expressar em quem vai votar são crimes”, completa.

Pais e estudantes participam de ato em canteiro central na frente do colégio, que distribui botons e adesivos. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO

Durante o ato, que ocorreu no horário de saída da escola, alguns pais se aproximaram com o celular para gravar o que os integrantes do movimento diziam aos estudantes. Uma caminhonete passou xingando palavrões. Outros questionaram por que o grupo estava na frente do colégio. Alguns adolescentes se recusaram a receber as flores e levantaram a bandeira do Brasil.

“Eles estão expressando da forma deles, a gente acolhe, tenta acalmar, eu acho que faz parte, desde que não tenha violência. A gente quer conversar e não afastar as pessoas”, disse a médica Suzana San Juan, mãe de três alunos do Colégio Vera Cruz, que também fica na zona oeste e organizou o mesmo movimento. Nesta sexta-feira, ela participou do ato no Santa Cruz com a filha de 5 anos.

Adolescentes recusam rosas e levantam bandeira do Brasil em ato no Colégio Santa Cruz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO  Foto: ESTADÃO CONTEÚDO / ESTADÃO CONTEÚDO

No vídeo que foi compartilhado em redes sociais, o empresário Marcos Pastore se aproxima do grupo, na segunda-feira, 24, e diz “você não vai doutrinar criança aqui, eu vou chamar a polícia”. Especialistas afirmam que não há crime em manifestar opiniões políticas em ambientes públicos, como a praça.

Procurado pelo Estadão, Pastore afirmou que não concorda com um movimento com esse objetivo perto da escola. “O debate sobre política tem que ser trazido para dentro da escola, com tempo dividido entre todos os candidatos, com os mesmos direitos e na idade adequada”, disse. Ele tem um filho de 13 anos na escola, que estava presente quando ele discutiu com o grupo.

Seu navegador não suporta esse video.

Pai contrário ao movimento de frente ampla discute na porta do colégio

Depois do incidente, o movimento que se intitula “Frente Ampla pela Democracia, pela Paz e pela Vida, com Lula e Haddad” soltou uma nota em que diz que “longe de querer doutrinar pessoas, o propósito é contribuir com um debate respeitoso, tratando de temas fundamentais para o país”. No mesmo dia, houve panfletagem de adesivos de Jair Bolsonaro (PL) na porta do Santa Cruz, algo que não tinha ocorrido até então.

A professora de Direito da Universidade de São Paulo (USP), especialista em Direito à Educação, Nina Ranieri, diz que “não é crime manifestar sua preferência política em um espaço público”. “O ideal era depois debater com o filho, ouvir argumentos, não impedir as pessoas de se manifestarem”, diz ela, em referência aos pais que discordaram da ação.

Para ela e outros educadores, mesmo dentro da escola, as discussões políticas devem acontecer para estimular a compreensão sobre os processos democráticos e a cidadania. Pesquisa feita pelo projeto Demos (Democratic Efficacy and the Varieties of Populism in Europe), que reúne professores de universidades europeias, analisou currículos de 14 países e demonstrou que é preciso ensinar processos políticos, conceitos da democracia e participação na sociedade civil na escola, até em disciplinas específicas se for possível.

O resultado desse ensino são jovens com mais interesse por política, menos propensos a ideias populistas e com fortes valores de equidade, tolerância e autonomia, diz a pesquisa. Entre os países analisados estão Bélgica, Finlândia, França e Estônia, cujo desempenho dos alunos é o melhor do mundo no Pisa, a prova da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

No Brasil, tentativas de emplacar legislações defendidas por grupos como Escola sem Partido não foram adiante no País porque foram consideradas, segundo Nina, “limitadoras do exercício democrático e da formação de ideias”.

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