Janones e apoiadores de Lula fazem ataques homofóbicos nas redes; PT silencia


Publicações tiveram aliado do presidente Bolsonaro e pastor como alvos; assessoria de petista diz que campanha não é responsável

Por Leon Ferrari e Natália Santos
Atualização:

Publicações do deputado federal André Janones (Avante-MG), principal cabo eleitoral do petista Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais, e de apoiadores do ex-presidente espalharam ataques homofóbicos nas plataformas digitais. Insinuações sobre a sexualidade do recém-eleito deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e do pastor André Valadão foram usadas como arma contra o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição ao Palácio do Planalto pelo PL.

Na fase do vale-tudo da campanha no segundo turno – impulsionada por apoiadores do PT –, uma imagem de uma cena de sexo oral entre dois homens viralizou na internet nesta terça-feira, 11. Nikolas foi apontado como um dos participantes do vídeo, o que ele negou. De acordo com o deputado mais votado do Brasil nesta eleição, Janones ficou “pesquisando pornô gay” para encontrar um ator que se parecesse com ele.

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Especialistas temem que "pânico moral" sobre gênero, causado por comentários do tipo, possam levar a aumento da violência contra a população LGBT Foto: Nelson Almeida/AFP

Desde então até esta quarta-feira, 12, Janones e apoiadores de Lula usam expressões pejorativas para atacar os adversários. “Mete a boca”, escreveu Janones ao comentar uma postagem no Twitter na qual Nikolas anunciou participação em um debate com o deputado eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP). Janones afirmou que Nikolas “é bocudo demais”, além de dizer que o deputado bolsonarista “não fecha a boca um segundo”.

Na esteira, a jornalista Patrícia Lélis, agora apoiadora de Lula, usou termos como “viadão” e “chupetinha”. Nos stories do Instagram, ela compartilhou uma montagem de dois homens abraçados sem camisa, com os rostos de Nikolas e Valadão no lugar. No Twitter, o pastor, que já foi alvo de Janones, afirmou que as ilações são “mentiras da esquerda manipuladora”.

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Procurado, o PT, que historicamente diz defender a diversidade sexual, não respondeu aos questionamentos da reportagem. A assessoria de imprensa de Lula afirmou que as publicações de Janones são de responsabilidade do deputado. O Estadão mostrou, no entanto, que o parlamentar participa de reuniões estratégicas e integra a coordenação de campanha do petista. Janones, Patrícia e o Avante não responderam.

Especialistas ouvidos pelo Estadão criticaram a conduta dos aliados de Lula. De acordo com eles, há uma acentuação do “pânico moral” em relação às questões de orientação sexual e gênero, o que pode desencadear consequências negativas para a comunidade LGBTQIA+, com processos de desqualificação e de violência.

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Doutor em Ciências Humanas, especialista em Estudos de Gênero e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Eduardo Steindorf Saraiva afirmou ter preocupação com as investidas nas redes sociais. “As questões sobre gênero já vêm sendo, no governo Bolsonaro, extremamente distorcidas”, disse. “Se a esquerda entrar na onda do pânico moral, reitera a desqualificação dos estudos de gênero e de sexualidade”, afirmou.

“Essa ideia de desvio é muito antiga e serviu a alguns propósitos que nós já sabemos quais são. Ao trabalhar na mesma lógica de trazer a diversidade para o campo do desvio, da aberração, do amoral, estamos retrocedendo em tantos e tantos anos de avanços que tivemos, inclusive, pautados na própria concepção de direitos humanos”, disse Saraiva.

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Para o cientista político e ativista LGBT Thiago Coacci, estratégia apenas beneficia valores conservadores. Ele também ponderou que é ingênuo acreditar que esse tipo de discurso reduza a força política de Nikolas ou tire votos de Bolsonaro, por exemplo. “A lógica que se está corroborando é muito grave na nossa sociedade, que hierarquiza vidas e hierarquiza formas de existir, falando que certas pessoas, certos corpos, certas formas de amor são menos legítimas do que outras, e que tem como consequência última, inclusive, a morte”, disse.

Já o ativista e presidente da organização Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, afirmou, em nota, que “usar inferências de orientação sexual ou identidade de gênero para expor, difamar ou prejudicar qualquer pessoa é uma prática não aceitável, não ética e reprovável”. Tanto a homofobia como a transfobia foram enquadradas como crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2019.

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Nas redes sociais, internautas – inclusive apoiadores de Lula – se opuseram à atitude de Janones e Patrícia, acusando-os de homofobia. A reportagem entrou em contato com o deputado e a jornalista, além do Avante e PT, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto.

O deputado saiu em autodefesa na internet. Ele chegou a reclamar de “uma pequena parte do campo progressista” – a quem chamou de “elitista” e “preconceituosa” – que faz críticas a ele. “Nenhuma dessas pessoas sofreram qualquer ameaça ou intimidações por suas opiniões e críticas, nem da minha parte, nem por parte dos meus seguidores”, escreveu. “Estou lutando para que vocês tenham o direito de me chamarem de homofóbico, sensacionalista, mentiroso, baixo, ou o escambau, sem temerem pela própria vida por isso.”

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Janones comparou a campanha a uma “guerra”. “Em um confronto bélico, quem é contra as armas de fogo só tem uma duas opções: usar a arma de fogo ou ser morto por ela! Eu escolho a primeira opção!”. Já Patrícia disse no Instagram que vai “jogar o jogo dos bolsonaristas”.

Publicações do deputado federal André Janones (Avante-MG), principal cabo eleitoral do petista Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais, e de apoiadores do ex-presidente espalharam ataques homofóbicos nas plataformas digitais. Insinuações sobre a sexualidade do recém-eleito deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e do pastor André Valadão foram usadas como arma contra o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição ao Palácio do Planalto pelo PL.

Na fase do vale-tudo da campanha no segundo turno – impulsionada por apoiadores do PT –, uma imagem de uma cena de sexo oral entre dois homens viralizou na internet nesta terça-feira, 11. Nikolas foi apontado como um dos participantes do vídeo, o que ele negou. De acordo com o deputado mais votado do Brasil nesta eleição, Janones ficou “pesquisando pornô gay” para encontrar um ator que se parecesse com ele.

Especialistas temem que "pânico moral" sobre gênero, causado por comentários do tipo, possam levar a aumento da violência contra a população LGBT Foto: Nelson Almeida/AFP

Desde então até esta quarta-feira, 12, Janones e apoiadores de Lula usam expressões pejorativas para atacar os adversários. “Mete a boca”, escreveu Janones ao comentar uma postagem no Twitter na qual Nikolas anunciou participação em um debate com o deputado eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP). Janones afirmou que Nikolas “é bocudo demais”, além de dizer que o deputado bolsonarista “não fecha a boca um segundo”.

Na esteira, a jornalista Patrícia Lélis, agora apoiadora de Lula, usou termos como “viadão” e “chupetinha”. Nos stories do Instagram, ela compartilhou uma montagem de dois homens abraçados sem camisa, com os rostos de Nikolas e Valadão no lugar. No Twitter, o pastor, que já foi alvo de Janones, afirmou que as ilações são “mentiras da esquerda manipuladora”.

Procurado, o PT, que historicamente diz defender a diversidade sexual, não respondeu aos questionamentos da reportagem. A assessoria de imprensa de Lula afirmou que as publicações de Janones são de responsabilidade do deputado. O Estadão mostrou, no entanto, que o parlamentar participa de reuniões estratégicas e integra a coordenação de campanha do petista. Janones, Patrícia e o Avante não responderam.

Especialistas ouvidos pelo Estadão criticaram a conduta dos aliados de Lula. De acordo com eles, há uma acentuação do “pânico moral” em relação às questões de orientação sexual e gênero, o que pode desencadear consequências negativas para a comunidade LGBTQIA+, com processos de desqualificação e de violência.

Doutor em Ciências Humanas, especialista em Estudos de Gênero e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Eduardo Steindorf Saraiva afirmou ter preocupação com as investidas nas redes sociais. “As questões sobre gênero já vêm sendo, no governo Bolsonaro, extremamente distorcidas”, disse. “Se a esquerda entrar na onda do pânico moral, reitera a desqualificação dos estudos de gênero e de sexualidade”, afirmou.

“Essa ideia de desvio é muito antiga e serviu a alguns propósitos que nós já sabemos quais são. Ao trabalhar na mesma lógica de trazer a diversidade para o campo do desvio, da aberração, do amoral, estamos retrocedendo em tantos e tantos anos de avanços que tivemos, inclusive, pautados na própria concepção de direitos humanos”, disse Saraiva.

Para o cientista político e ativista LGBT Thiago Coacci, estratégia apenas beneficia valores conservadores. Ele também ponderou que é ingênuo acreditar que esse tipo de discurso reduza a força política de Nikolas ou tire votos de Bolsonaro, por exemplo. “A lógica que se está corroborando é muito grave na nossa sociedade, que hierarquiza vidas e hierarquiza formas de existir, falando que certas pessoas, certos corpos, certas formas de amor são menos legítimas do que outras, e que tem como consequência última, inclusive, a morte”, disse.

Já o ativista e presidente da organização Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, afirmou, em nota, que “usar inferências de orientação sexual ou identidade de gênero para expor, difamar ou prejudicar qualquer pessoa é uma prática não aceitável, não ética e reprovável”. Tanto a homofobia como a transfobia foram enquadradas como crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2019.

Nas redes sociais, internautas – inclusive apoiadores de Lula – se opuseram à atitude de Janones e Patrícia, acusando-os de homofobia. A reportagem entrou em contato com o deputado e a jornalista, além do Avante e PT, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto.

O deputado saiu em autodefesa na internet. Ele chegou a reclamar de “uma pequena parte do campo progressista” – a quem chamou de “elitista” e “preconceituosa” – que faz críticas a ele. “Nenhuma dessas pessoas sofreram qualquer ameaça ou intimidações por suas opiniões e críticas, nem da minha parte, nem por parte dos meus seguidores”, escreveu. “Estou lutando para que vocês tenham o direito de me chamarem de homofóbico, sensacionalista, mentiroso, baixo, ou o escambau, sem temerem pela própria vida por isso.”

Janones comparou a campanha a uma “guerra”. “Em um confronto bélico, quem é contra as armas de fogo só tem uma duas opções: usar a arma de fogo ou ser morto por ela! Eu escolho a primeira opção!”. Já Patrícia disse no Instagram que vai “jogar o jogo dos bolsonaristas”.

Publicações do deputado federal André Janones (Avante-MG), principal cabo eleitoral do petista Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais, e de apoiadores do ex-presidente espalharam ataques homofóbicos nas plataformas digitais. Insinuações sobre a sexualidade do recém-eleito deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e do pastor André Valadão foram usadas como arma contra o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição ao Palácio do Planalto pelo PL.

Na fase do vale-tudo da campanha no segundo turno – impulsionada por apoiadores do PT –, uma imagem de uma cena de sexo oral entre dois homens viralizou na internet nesta terça-feira, 11. Nikolas foi apontado como um dos participantes do vídeo, o que ele negou. De acordo com o deputado mais votado do Brasil nesta eleição, Janones ficou “pesquisando pornô gay” para encontrar um ator que se parecesse com ele.

Especialistas temem que "pânico moral" sobre gênero, causado por comentários do tipo, possam levar a aumento da violência contra a população LGBT Foto: Nelson Almeida/AFP

Desde então até esta quarta-feira, 12, Janones e apoiadores de Lula usam expressões pejorativas para atacar os adversários. “Mete a boca”, escreveu Janones ao comentar uma postagem no Twitter na qual Nikolas anunciou participação em um debate com o deputado eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP). Janones afirmou que Nikolas “é bocudo demais”, além de dizer que o deputado bolsonarista “não fecha a boca um segundo”.

Na esteira, a jornalista Patrícia Lélis, agora apoiadora de Lula, usou termos como “viadão” e “chupetinha”. Nos stories do Instagram, ela compartilhou uma montagem de dois homens abraçados sem camisa, com os rostos de Nikolas e Valadão no lugar. No Twitter, o pastor, que já foi alvo de Janones, afirmou que as ilações são “mentiras da esquerda manipuladora”.

Procurado, o PT, que historicamente diz defender a diversidade sexual, não respondeu aos questionamentos da reportagem. A assessoria de imprensa de Lula afirmou que as publicações de Janones são de responsabilidade do deputado. O Estadão mostrou, no entanto, que o parlamentar participa de reuniões estratégicas e integra a coordenação de campanha do petista. Janones, Patrícia e o Avante não responderam.

Especialistas ouvidos pelo Estadão criticaram a conduta dos aliados de Lula. De acordo com eles, há uma acentuação do “pânico moral” em relação às questões de orientação sexual e gênero, o que pode desencadear consequências negativas para a comunidade LGBTQIA+, com processos de desqualificação e de violência.

Doutor em Ciências Humanas, especialista em Estudos de Gênero e professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Eduardo Steindorf Saraiva afirmou ter preocupação com as investidas nas redes sociais. “As questões sobre gênero já vêm sendo, no governo Bolsonaro, extremamente distorcidas”, disse. “Se a esquerda entrar na onda do pânico moral, reitera a desqualificação dos estudos de gênero e de sexualidade”, afirmou.

“Essa ideia de desvio é muito antiga e serviu a alguns propósitos que nós já sabemos quais são. Ao trabalhar na mesma lógica de trazer a diversidade para o campo do desvio, da aberração, do amoral, estamos retrocedendo em tantos e tantos anos de avanços que tivemos, inclusive, pautados na própria concepção de direitos humanos”, disse Saraiva.

Para o cientista político e ativista LGBT Thiago Coacci, estratégia apenas beneficia valores conservadores. Ele também ponderou que é ingênuo acreditar que esse tipo de discurso reduza a força política de Nikolas ou tire votos de Bolsonaro, por exemplo. “A lógica que se está corroborando é muito grave na nossa sociedade, que hierarquiza vidas e hierarquiza formas de existir, falando que certas pessoas, certos corpos, certas formas de amor são menos legítimas do que outras, e que tem como consequência última, inclusive, a morte”, disse.

Já o ativista e presidente da organização Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, afirmou, em nota, que “usar inferências de orientação sexual ou identidade de gênero para expor, difamar ou prejudicar qualquer pessoa é uma prática não aceitável, não ética e reprovável”. Tanto a homofobia como a transfobia foram enquadradas como crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2019.

Nas redes sociais, internautas – inclusive apoiadores de Lula – se opuseram à atitude de Janones e Patrícia, acusando-os de homofobia. A reportagem entrou em contato com o deputado e a jornalista, além do Avante e PT, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto.

O deputado saiu em autodefesa na internet. Ele chegou a reclamar de “uma pequena parte do campo progressista” – a quem chamou de “elitista” e “preconceituosa” – que faz críticas a ele. “Nenhuma dessas pessoas sofreram qualquer ameaça ou intimidações por suas opiniões e críticas, nem da minha parte, nem por parte dos meus seguidores”, escreveu. “Estou lutando para que vocês tenham o direito de me chamarem de homofóbico, sensacionalista, mentiroso, baixo, ou o escambau, sem temerem pela própria vida por isso.”

Janones comparou a campanha a uma “guerra”. “Em um confronto bélico, quem é contra as armas de fogo só tem uma duas opções: usar a arma de fogo ou ser morto por ela! Eu escolho a primeira opção!”. Já Patrícia disse no Instagram que vai “jogar o jogo dos bolsonaristas”.

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