Ausente na campanha, Marçal foi lembrado por Nunes e Boulos no 2º turno e só voltou na reta final


Postulantes incorporaram propostas do ex-coach para atrair base eleitoral do ex-adversário; empresário iria viajar pelo Brasil para ajudar nomes que concorriam contra o ‘PT e o comunismo’, mas fez viagens apenas para ‘breve descanso’ antes de retornar propondo sabatina com candidatos

Por Pedro Lima

Após um primeiro turno acirrado em São Paulo, com apenas 100 mil votos separando o primeiro do terceiro colocado, a disputa entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno ficou ainda mais intensa. No próximo domingo, 27, os dois candidatos disputam novamente mais de 9 milhões de eleitores. Desconsiderando os votos que receberam, restam cerca de 6 milhões de votantes em jogo, sendo 1,7 milhão de eleitores de Pablo Marçal (PRTB). Assim, estes tornaram-se o alvo principal dos dois candidatos à Prefeitura.

Logo no início da campanha do segundo turno, os dois candidatos anunciaram a incorporação de propostas de Marçal em seus planos de governo. Os adversários do PSOL e do MDB passaram a abordar mais firmemente algumas ideias voltadas para os empreendedores de São Paulo em debates e sabatinas. Enquanto isso, o ex-coach garante que não esteve atento à campanha. “Não tenho acompanhado o que eles estão fazendo.”, disse ao Estadão.

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Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL): candidatos que avançaram ao segundo turno brigam pelo eleitor do ex-coach, que viaja para 'descansar' em Portugal e Jericoacoara durante o segundo turno. Foto: Werther Santana/Estadão, Tiago Queiroz/Estadão

Caso reeleito, Ricardo Nunes pretende, por exemplo, implementar a digitalização de serviços públicos e pequenos negócios, mapear as vocações de cada região da capital e incorporar nas escolas o projeto das escolas olímpicas, para formação de atletas de alto rendimento. Todas essas propostas faziam parte do plano de governo de Marçal.

Anteriormente, o atual prefeito já havia declarado que os eleitores do influenciador eram “bem-vindos”, mas reforçou que não queria o ex-coach em seu palanque. “Não quero conversar com ele. Preciso dos eleitores do Pablo Marçal. Preciso que os eleitores dele entendam que estamos em uma batalha contra a extrema esquerda”, declarou o emedebista.

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Nunes também destacou “pontos em comum” dele com Marçal por serem candidatos que “reúnem o centro e a direita”, na visão do candidato do MDB. A afirmação foi feita em entrevista à Rádio Bandeirantes. Na ocasião, o emedebista reforçou que os dois possuem ideias semelhantes sobre desestatização, parcerias público-privadas (PPP), e também “prezam pela ordem”.

A única conversa direta entre o atual prefeito e o ex-candidato, porém, foi uma mensagem enviada por Marçal em que parabenizava Nunes pela vitória no primeiro turno, logo após a divulgação dos resultados da apuração.

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O termo “prosperar”, inclusive, muito usado pelo ex-coach durante a campanha, também foi adotado por Boulos e Nunes. Os dois passaram a usar a palavra nas propagandas eleitorais em rádio e TV e no material divulgado nas redes sociais dos candidatos, por exemplo.

O psolista também prometeu incorporar propostas do antigo adversário em seu plano de governo. Assim como Nunes, uma delas é a implementação do modelo de “escola olímpica” nas instituições de ensino de São Paulo. Outra diz respeito ao incentivo do empreendedorismo de pequenos empresários, especialmente aqueles que moram nas periferias paulistanas.

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Boulos também tenta se firmar como o candidato da “mudança”, praticamente imitando o discurso “antissistema” que Marçal empregou na campanha. E tem adotado um tom mais agressivo contra Nunes em debates e sabatinas. O deputado já se referiu ao adversário pelas alcunhas de “covarde”, “fujão”, “fraco” e de “tio Paulo do Tarcísio”.

Na última quarta-feira, 23, Boulos divulgou um vídeo em suas redes sociais no qual eleitores que haviam votado no influenciador na primeira fase da eleição agora declaram apoio ao candidato do PSOL. Ao final da peça publicitária, os mesmos ex-apoiadores de Marçal trocam o boné azul com a letra ‘M’ que marcou a campanha do ex-coach por um com a letra B, da mesma cor.

Boulos, contudo, também fez uso de outra estratégia para tentar atrair aqueles eleitores que votaram em Tabata Amaral (PSB) no primeiro turno. O psolista incorporou três propostas apresentadas pela deputada em seu plano de governo. A primeira é o Jovem Empreendedor, que pretende oferecer crédito para quem deseja empreender e abrir seu próprio negócio. A segunda é o Rampa, que visa fornecer suporte para mães de crianças autistas e com deficiência. A terceira é a criação de um Polo Tecnológico na zona leste, com o objetivo de ser um centro de inovação na periferia da cidade. Mesmo anunciando apoio a Boulos, Tabata não participou de agendas de rua e nem gravou vídeos para a campanha.

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Marçal propõe mediar sabatina com Boulos e Nunes e faz viagens para ‘descanso’ no 2º turno

Fora da disputa, o ex-coach decidiu não colaborar com nenhum de seus dois ex-adversários na corrida eleitoral. Logo após a apuração do primeiro turno, vestindo uma camisa da seleção brasileira, o empresário declarou que não apoiaria nem Nunes, nem Boulos — a quem voltou a chamar de “marginal”. O filiado ao PRTB afirmou que seus eleitores estariam livres para escolher o candidato preferido por conta própria.

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“Eu prometo ser combativo na política brasileira nos próximos 12 anos”, também comentou Marçal na ocasião. Esse é o tempo pelo qual o ex-candidato pretende “servir à política”. Já na reta final do segundo turno, o ex-coach “desafiou” Boulos e Nunes a participarem de uma sabatina conduzida por ele para ajudar seus eleitores a decidirem qual seria o melhor nome para comandar a cidade de São Paulo pelos próximos quatro anos.

Minutos após a publicação, o candidato aceitou participar da entrevista: “Nunca fugi de dialogar com ninguém”. Na resposta, o psolista também alfinetou o emedebista ao questionar se o atual prefeito iria “fugir” desta vez. O vice de Nunes, o coronel Mello Araújo (PL), retrucou o influenciador. “Está desempregado? Procurando emprego de jornalista? Vai terminar suas obras na África”, comentou na postagem. O candidato do MDB não respondeu, mas sua equipe rejeitou a participação no evento. A expectativa é de que a sabatina com Boulos aconteça nesta sexta-feira, às 12h.

O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e o vice de Ricardo Nunes (MDB), coronel Mello Araújo (PL), responderam a publicação de Pablo Marçal (PRTB) 'desafiando' o psolista e o emedebista para sabatina mediada pelo ex-coach Foto: Reprodução/Instagram: @pablomarcalporsp

Político do PRTB viajou pelo mundo após o primeiro turno

Marçal também externou a intenção de rodar o País apoiando qualquer um que estivesse concorrendo contra nomes do PT e comunistas neste segundo turno. O influenciador, no entanto, não realizou nenhuma viagem – ao menos com esse objetivo. Na primeira semana após o primeiro turno, o ex-coach viajou para Jericoacoara (CE) com integrantes de sua equipe. Entre eles estava o cinegrafista Nahuel Medina, que agrediu o marqueteiro de Nunes, Duda Lima, durante um dos 11 debates realizados na primeira etapa da eleição.

Segundo pessoas próximas, Marçal foi ao litoral cearense para um “breve descanso” depois de uma agenda intensa de campanha, especialmente nos dias que antecederam a votação, quando promoveu uma “corrida pelo povo” em São Paulo, caminhando por diversos pontos da cidade acompanhado de apoiadores.

Em Jericoacoara, o ex-coach aproveitou para intensificar sua presença nas redes sociais, gravando o primeiro de uma série de vídeos intitulada “Marçal Vlogs” para seu canal no YouTube. No início do vídeo, ele afirma que, se tivesse sido eleito prefeito, analisaria “linha por linha” os pagamentos da Prefeitura de São Paulo. Em seguida, insinua planos maiores, dizendo que “vai olhar depois os gastos do Brasil”, sugerindo uma possível candidatura à presidência em 2026, caso não se torne inelegível.

O empresário já havia dito que não disputaria mais nenhuma prefeitura. Agora, seu foco seria uma candidatura ao Executivo estadual ou federal, embora não tenha especificado qual.

Sua outra viagem foi para um destino ainda mais longe da capital paulista: Portugal. O ex-candidato foi para lá acompanhado de seus quatro filhos e de sua esposa, Carol Marçal.

Em Cascais, cidade portuguesa a cerca de 30 km de Lisboa, o ex-coach participou no sábado, 19, da competição Ironman – prova que exige do atleta nadar 3,8 km, pedalar 180 km e correr mais 42 km para completar o circuito, que, em média, leva 12 horas para ser finalizado.

De acordo com a plataforma que monitora os competidores, Marçal foi desclassificado por não cumprir uma penalidade que o obrigava a realizar uma parada obrigatória durante o trecho de corrida. Naquele momento, ele já havia concluído as etapas de natação e ciclismo e estava a apenas 2 km de completar a prova. Contudo, conseguiu reverter a eliminação e terminou o Ironman após 16 horas de atividade. Na noite de quarta, 23, o empresário e sua família saíram de Portugal e foram para a Itália.

Além disso, Marçal retomou a venda de cursos e palestras, semelhantes às que promovia quando atuava como coach. Hoje, o autodenominado “ex-coach” oferece aulas online intituladas “Plano Família Rica”, que custam cerca de R$ 430 e prometem ensinar aos alunos como “viver da internet” por meio de encontros semanais e acompanhamento individual de um mês.

O influenciador também tem realizado lives gratuitas e organizado palestras presenciais, tanto em Alphaville quanto em Portugal, com ingressos a R$ 97. Um dos temas abordados nestes eventos é sobre como garantir a prosperidade em qualquer governo.

Futuro no partido atual é incerto

Ainda não está claro se Marçal continuará no PRTB. O presidente do partido, Leonardo Avalanche, já expressou interesse em manter o empresário entre os filiados. No entanto, a decisão final caberá ao próprio ex-coach, que, apesar de ter sinalizado a intenção de permanecer na legenda, já afirmou estar aberto a conversas com outras siglas.

De acordo com aliados, um dos fatores que poderia motivar a saída de Marçal é a investigação sobre o suposto envolvimento de Avalanche e outros integrantes do PRTB com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Marçal também confirmou que, se o candidato à prefeitura de Barueri, Gil Arantes (União), for eleito, aceitará o convite feito por ele para assumir a Secretaria de Empreendedorismo da cidade localizada na Região Metropolitana de São Paulo. Gil Arantes disputa o segundo turno contra Beto Piteri (Republicanos) no município.

“Eu defini que servirei por 12 anos na política e já se foram 2. Preciso servir o povo e aprender para amadurecer para o cargo de Executivo que vou disputar em 2026. Tô pronto para começar de baixo”, escreveu Marçal em uma publicação temporária em um de seus perfis no Instagram.

Após um primeiro turno acirrado em São Paulo, com apenas 100 mil votos separando o primeiro do terceiro colocado, a disputa entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno ficou ainda mais intensa. No próximo domingo, 27, os dois candidatos disputam novamente mais de 9 milhões de eleitores. Desconsiderando os votos que receberam, restam cerca de 6 milhões de votantes em jogo, sendo 1,7 milhão de eleitores de Pablo Marçal (PRTB). Assim, estes tornaram-se o alvo principal dos dois candidatos à Prefeitura.

Logo no início da campanha do segundo turno, os dois candidatos anunciaram a incorporação de propostas de Marçal em seus planos de governo. Os adversários do PSOL e do MDB passaram a abordar mais firmemente algumas ideias voltadas para os empreendedores de São Paulo em debates e sabatinas. Enquanto isso, o ex-coach garante que não esteve atento à campanha. “Não tenho acompanhado o que eles estão fazendo.”, disse ao Estadão.

Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL): candidatos que avançaram ao segundo turno brigam pelo eleitor do ex-coach, que viaja para 'descansar' em Portugal e Jericoacoara durante o segundo turno. Foto: Werther Santana/Estadão, Tiago Queiroz/Estadão

Caso reeleito, Ricardo Nunes pretende, por exemplo, implementar a digitalização de serviços públicos e pequenos negócios, mapear as vocações de cada região da capital e incorporar nas escolas o projeto das escolas olímpicas, para formação de atletas de alto rendimento. Todas essas propostas faziam parte do plano de governo de Marçal.

Anteriormente, o atual prefeito já havia declarado que os eleitores do influenciador eram “bem-vindos”, mas reforçou que não queria o ex-coach em seu palanque. “Não quero conversar com ele. Preciso dos eleitores do Pablo Marçal. Preciso que os eleitores dele entendam que estamos em uma batalha contra a extrema esquerda”, declarou o emedebista.

Nunes também destacou “pontos em comum” dele com Marçal por serem candidatos que “reúnem o centro e a direita”, na visão do candidato do MDB. A afirmação foi feita em entrevista à Rádio Bandeirantes. Na ocasião, o emedebista reforçou que os dois possuem ideias semelhantes sobre desestatização, parcerias público-privadas (PPP), e também “prezam pela ordem”.

A única conversa direta entre o atual prefeito e o ex-candidato, porém, foi uma mensagem enviada por Marçal em que parabenizava Nunes pela vitória no primeiro turno, logo após a divulgação dos resultados da apuração.

O termo “prosperar”, inclusive, muito usado pelo ex-coach durante a campanha, também foi adotado por Boulos e Nunes. Os dois passaram a usar a palavra nas propagandas eleitorais em rádio e TV e no material divulgado nas redes sociais dos candidatos, por exemplo.

O psolista também prometeu incorporar propostas do antigo adversário em seu plano de governo. Assim como Nunes, uma delas é a implementação do modelo de “escola olímpica” nas instituições de ensino de São Paulo. Outra diz respeito ao incentivo do empreendedorismo de pequenos empresários, especialmente aqueles que moram nas periferias paulistanas.

Boulos também tenta se firmar como o candidato da “mudança”, praticamente imitando o discurso “antissistema” que Marçal empregou na campanha. E tem adotado um tom mais agressivo contra Nunes em debates e sabatinas. O deputado já se referiu ao adversário pelas alcunhas de “covarde”, “fujão”, “fraco” e de “tio Paulo do Tarcísio”.

Na última quarta-feira, 23, Boulos divulgou um vídeo em suas redes sociais no qual eleitores que haviam votado no influenciador na primeira fase da eleição agora declaram apoio ao candidato do PSOL. Ao final da peça publicitária, os mesmos ex-apoiadores de Marçal trocam o boné azul com a letra ‘M’ que marcou a campanha do ex-coach por um com a letra B, da mesma cor.

Boulos, contudo, também fez uso de outra estratégia para tentar atrair aqueles eleitores que votaram em Tabata Amaral (PSB) no primeiro turno. O psolista incorporou três propostas apresentadas pela deputada em seu plano de governo. A primeira é o Jovem Empreendedor, que pretende oferecer crédito para quem deseja empreender e abrir seu próprio negócio. A segunda é o Rampa, que visa fornecer suporte para mães de crianças autistas e com deficiência. A terceira é a criação de um Polo Tecnológico na zona leste, com o objetivo de ser um centro de inovação na periferia da cidade. Mesmo anunciando apoio a Boulos, Tabata não participou de agendas de rua e nem gravou vídeos para a campanha.

Marçal propõe mediar sabatina com Boulos e Nunes e faz viagens para ‘descanso’ no 2º turno

Fora da disputa, o ex-coach decidiu não colaborar com nenhum de seus dois ex-adversários na corrida eleitoral. Logo após a apuração do primeiro turno, vestindo uma camisa da seleção brasileira, o empresário declarou que não apoiaria nem Nunes, nem Boulos — a quem voltou a chamar de “marginal”. O filiado ao PRTB afirmou que seus eleitores estariam livres para escolher o candidato preferido por conta própria.

“Eu prometo ser combativo na política brasileira nos próximos 12 anos”, também comentou Marçal na ocasião. Esse é o tempo pelo qual o ex-candidato pretende “servir à política”. Já na reta final do segundo turno, o ex-coach “desafiou” Boulos e Nunes a participarem de uma sabatina conduzida por ele para ajudar seus eleitores a decidirem qual seria o melhor nome para comandar a cidade de São Paulo pelos próximos quatro anos.

Minutos após a publicação, o candidato aceitou participar da entrevista: “Nunca fugi de dialogar com ninguém”. Na resposta, o psolista também alfinetou o emedebista ao questionar se o atual prefeito iria “fugir” desta vez. O vice de Nunes, o coronel Mello Araújo (PL), retrucou o influenciador. “Está desempregado? Procurando emprego de jornalista? Vai terminar suas obras na África”, comentou na postagem. O candidato do MDB não respondeu, mas sua equipe rejeitou a participação no evento. A expectativa é de que a sabatina com Boulos aconteça nesta sexta-feira, às 12h.

O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e o vice de Ricardo Nunes (MDB), coronel Mello Araújo (PL), responderam a publicação de Pablo Marçal (PRTB) 'desafiando' o psolista e o emedebista para sabatina mediada pelo ex-coach Foto: Reprodução/Instagram: @pablomarcalporsp

Político do PRTB viajou pelo mundo após o primeiro turno

Marçal também externou a intenção de rodar o País apoiando qualquer um que estivesse concorrendo contra nomes do PT e comunistas neste segundo turno. O influenciador, no entanto, não realizou nenhuma viagem – ao menos com esse objetivo. Na primeira semana após o primeiro turno, o ex-coach viajou para Jericoacoara (CE) com integrantes de sua equipe. Entre eles estava o cinegrafista Nahuel Medina, que agrediu o marqueteiro de Nunes, Duda Lima, durante um dos 11 debates realizados na primeira etapa da eleição.

Segundo pessoas próximas, Marçal foi ao litoral cearense para um “breve descanso” depois de uma agenda intensa de campanha, especialmente nos dias que antecederam a votação, quando promoveu uma “corrida pelo povo” em São Paulo, caminhando por diversos pontos da cidade acompanhado de apoiadores.

Em Jericoacoara, o ex-coach aproveitou para intensificar sua presença nas redes sociais, gravando o primeiro de uma série de vídeos intitulada “Marçal Vlogs” para seu canal no YouTube. No início do vídeo, ele afirma que, se tivesse sido eleito prefeito, analisaria “linha por linha” os pagamentos da Prefeitura de São Paulo. Em seguida, insinua planos maiores, dizendo que “vai olhar depois os gastos do Brasil”, sugerindo uma possível candidatura à presidência em 2026, caso não se torne inelegível.

O empresário já havia dito que não disputaria mais nenhuma prefeitura. Agora, seu foco seria uma candidatura ao Executivo estadual ou federal, embora não tenha especificado qual.

Sua outra viagem foi para um destino ainda mais longe da capital paulista: Portugal. O ex-candidato foi para lá acompanhado de seus quatro filhos e de sua esposa, Carol Marçal.

Em Cascais, cidade portuguesa a cerca de 30 km de Lisboa, o ex-coach participou no sábado, 19, da competição Ironman – prova que exige do atleta nadar 3,8 km, pedalar 180 km e correr mais 42 km para completar o circuito, que, em média, leva 12 horas para ser finalizado.

De acordo com a plataforma que monitora os competidores, Marçal foi desclassificado por não cumprir uma penalidade que o obrigava a realizar uma parada obrigatória durante o trecho de corrida. Naquele momento, ele já havia concluído as etapas de natação e ciclismo e estava a apenas 2 km de completar a prova. Contudo, conseguiu reverter a eliminação e terminou o Ironman após 16 horas de atividade. Na noite de quarta, 23, o empresário e sua família saíram de Portugal e foram para a Itália.

Além disso, Marçal retomou a venda de cursos e palestras, semelhantes às que promovia quando atuava como coach. Hoje, o autodenominado “ex-coach” oferece aulas online intituladas “Plano Família Rica”, que custam cerca de R$ 430 e prometem ensinar aos alunos como “viver da internet” por meio de encontros semanais e acompanhamento individual de um mês.

O influenciador também tem realizado lives gratuitas e organizado palestras presenciais, tanto em Alphaville quanto em Portugal, com ingressos a R$ 97. Um dos temas abordados nestes eventos é sobre como garantir a prosperidade em qualquer governo.

Futuro no partido atual é incerto

Ainda não está claro se Marçal continuará no PRTB. O presidente do partido, Leonardo Avalanche, já expressou interesse em manter o empresário entre os filiados. No entanto, a decisão final caberá ao próprio ex-coach, que, apesar de ter sinalizado a intenção de permanecer na legenda, já afirmou estar aberto a conversas com outras siglas.

De acordo com aliados, um dos fatores que poderia motivar a saída de Marçal é a investigação sobre o suposto envolvimento de Avalanche e outros integrantes do PRTB com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Marçal também confirmou que, se o candidato à prefeitura de Barueri, Gil Arantes (União), for eleito, aceitará o convite feito por ele para assumir a Secretaria de Empreendedorismo da cidade localizada na Região Metropolitana de São Paulo. Gil Arantes disputa o segundo turno contra Beto Piteri (Republicanos) no município.

“Eu defini que servirei por 12 anos na política e já se foram 2. Preciso servir o povo e aprender para amadurecer para o cargo de Executivo que vou disputar em 2026. Tô pronto para começar de baixo”, escreveu Marçal em uma publicação temporária em um de seus perfis no Instagram.

Após um primeiro turno acirrado em São Paulo, com apenas 100 mil votos separando o primeiro do terceiro colocado, a disputa entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno ficou ainda mais intensa. No próximo domingo, 27, os dois candidatos disputam novamente mais de 9 milhões de eleitores. Desconsiderando os votos que receberam, restam cerca de 6 milhões de votantes em jogo, sendo 1,7 milhão de eleitores de Pablo Marçal (PRTB). Assim, estes tornaram-se o alvo principal dos dois candidatos à Prefeitura.

Logo no início da campanha do segundo turno, os dois candidatos anunciaram a incorporação de propostas de Marçal em seus planos de governo. Os adversários do PSOL e do MDB passaram a abordar mais firmemente algumas ideias voltadas para os empreendedores de São Paulo em debates e sabatinas. Enquanto isso, o ex-coach garante que não esteve atento à campanha. “Não tenho acompanhado o que eles estão fazendo.”, disse ao Estadão.

Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL): candidatos que avançaram ao segundo turno brigam pelo eleitor do ex-coach, que viaja para 'descansar' em Portugal e Jericoacoara durante o segundo turno. Foto: Werther Santana/Estadão, Tiago Queiroz/Estadão

Caso reeleito, Ricardo Nunes pretende, por exemplo, implementar a digitalização de serviços públicos e pequenos negócios, mapear as vocações de cada região da capital e incorporar nas escolas o projeto das escolas olímpicas, para formação de atletas de alto rendimento. Todas essas propostas faziam parte do plano de governo de Marçal.

Anteriormente, o atual prefeito já havia declarado que os eleitores do influenciador eram “bem-vindos”, mas reforçou que não queria o ex-coach em seu palanque. “Não quero conversar com ele. Preciso dos eleitores do Pablo Marçal. Preciso que os eleitores dele entendam que estamos em uma batalha contra a extrema esquerda”, declarou o emedebista.

Nunes também destacou “pontos em comum” dele com Marçal por serem candidatos que “reúnem o centro e a direita”, na visão do candidato do MDB. A afirmação foi feita em entrevista à Rádio Bandeirantes. Na ocasião, o emedebista reforçou que os dois possuem ideias semelhantes sobre desestatização, parcerias público-privadas (PPP), e também “prezam pela ordem”.

A única conversa direta entre o atual prefeito e o ex-candidato, porém, foi uma mensagem enviada por Marçal em que parabenizava Nunes pela vitória no primeiro turno, logo após a divulgação dos resultados da apuração.

O termo “prosperar”, inclusive, muito usado pelo ex-coach durante a campanha, também foi adotado por Boulos e Nunes. Os dois passaram a usar a palavra nas propagandas eleitorais em rádio e TV e no material divulgado nas redes sociais dos candidatos, por exemplo.

O psolista também prometeu incorporar propostas do antigo adversário em seu plano de governo. Assim como Nunes, uma delas é a implementação do modelo de “escola olímpica” nas instituições de ensino de São Paulo. Outra diz respeito ao incentivo do empreendedorismo de pequenos empresários, especialmente aqueles que moram nas periferias paulistanas.

Boulos também tenta se firmar como o candidato da “mudança”, praticamente imitando o discurso “antissistema” que Marçal empregou na campanha. E tem adotado um tom mais agressivo contra Nunes em debates e sabatinas. O deputado já se referiu ao adversário pelas alcunhas de “covarde”, “fujão”, “fraco” e de “tio Paulo do Tarcísio”.

Na última quarta-feira, 23, Boulos divulgou um vídeo em suas redes sociais no qual eleitores que haviam votado no influenciador na primeira fase da eleição agora declaram apoio ao candidato do PSOL. Ao final da peça publicitária, os mesmos ex-apoiadores de Marçal trocam o boné azul com a letra ‘M’ que marcou a campanha do ex-coach por um com a letra B, da mesma cor.

Boulos, contudo, também fez uso de outra estratégia para tentar atrair aqueles eleitores que votaram em Tabata Amaral (PSB) no primeiro turno. O psolista incorporou três propostas apresentadas pela deputada em seu plano de governo. A primeira é o Jovem Empreendedor, que pretende oferecer crédito para quem deseja empreender e abrir seu próprio negócio. A segunda é o Rampa, que visa fornecer suporte para mães de crianças autistas e com deficiência. A terceira é a criação de um Polo Tecnológico na zona leste, com o objetivo de ser um centro de inovação na periferia da cidade. Mesmo anunciando apoio a Boulos, Tabata não participou de agendas de rua e nem gravou vídeos para a campanha.

Marçal propõe mediar sabatina com Boulos e Nunes e faz viagens para ‘descanso’ no 2º turno

Fora da disputa, o ex-coach decidiu não colaborar com nenhum de seus dois ex-adversários na corrida eleitoral. Logo após a apuração do primeiro turno, vestindo uma camisa da seleção brasileira, o empresário declarou que não apoiaria nem Nunes, nem Boulos — a quem voltou a chamar de “marginal”. O filiado ao PRTB afirmou que seus eleitores estariam livres para escolher o candidato preferido por conta própria.

“Eu prometo ser combativo na política brasileira nos próximos 12 anos”, também comentou Marçal na ocasião. Esse é o tempo pelo qual o ex-candidato pretende “servir à política”. Já na reta final do segundo turno, o ex-coach “desafiou” Boulos e Nunes a participarem de uma sabatina conduzida por ele para ajudar seus eleitores a decidirem qual seria o melhor nome para comandar a cidade de São Paulo pelos próximos quatro anos.

Minutos após a publicação, o candidato aceitou participar da entrevista: “Nunca fugi de dialogar com ninguém”. Na resposta, o psolista também alfinetou o emedebista ao questionar se o atual prefeito iria “fugir” desta vez. O vice de Nunes, o coronel Mello Araújo (PL), retrucou o influenciador. “Está desempregado? Procurando emprego de jornalista? Vai terminar suas obras na África”, comentou na postagem. O candidato do MDB não respondeu, mas sua equipe rejeitou a participação no evento. A expectativa é de que a sabatina com Boulos aconteça nesta sexta-feira, às 12h.

O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) e o vice de Ricardo Nunes (MDB), coronel Mello Araújo (PL), responderam a publicação de Pablo Marçal (PRTB) 'desafiando' o psolista e o emedebista para sabatina mediada pelo ex-coach Foto: Reprodução/Instagram: @pablomarcalporsp

Político do PRTB viajou pelo mundo após o primeiro turno

Marçal também externou a intenção de rodar o País apoiando qualquer um que estivesse concorrendo contra nomes do PT e comunistas neste segundo turno. O influenciador, no entanto, não realizou nenhuma viagem – ao menos com esse objetivo. Na primeira semana após o primeiro turno, o ex-coach viajou para Jericoacoara (CE) com integrantes de sua equipe. Entre eles estava o cinegrafista Nahuel Medina, que agrediu o marqueteiro de Nunes, Duda Lima, durante um dos 11 debates realizados na primeira etapa da eleição.

Segundo pessoas próximas, Marçal foi ao litoral cearense para um “breve descanso” depois de uma agenda intensa de campanha, especialmente nos dias que antecederam a votação, quando promoveu uma “corrida pelo povo” em São Paulo, caminhando por diversos pontos da cidade acompanhado de apoiadores.

Em Jericoacoara, o ex-coach aproveitou para intensificar sua presença nas redes sociais, gravando o primeiro de uma série de vídeos intitulada “Marçal Vlogs” para seu canal no YouTube. No início do vídeo, ele afirma que, se tivesse sido eleito prefeito, analisaria “linha por linha” os pagamentos da Prefeitura de São Paulo. Em seguida, insinua planos maiores, dizendo que “vai olhar depois os gastos do Brasil”, sugerindo uma possível candidatura à presidência em 2026, caso não se torne inelegível.

O empresário já havia dito que não disputaria mais nenhuma prefeitura. Agora, seu foco seria uma candidatura ao Executivo estadual ou federal, embora não tenha especificado qual.

Sua outra viagem foi para um destino ainda mais longe da capital paulista: Portugal. O ex-candidato foi para lá acompanhado de seus quatro filhos e de sua esposa, Carol Marçal.

Em Cascais, cidade portuguesa a cerca de 30 km de Lisboa, o ex-coach participou no sábado, 19, da competição Ironman – prova que exige do atleta nadar 3,8 km, pedalar 180 km e correr mais 42 km para completar o circuito, que, em média, leva 12 horas para ser finalizado.

De acordo com a plataforma que monitora os competidores, Marçal foi desclassificado por não cumprir uma penalidade que o obrigava a realizar uma parada obrigatória durante o trecho de corrida. Naquele momento, ele já havia concluído as etapas de natação e ciclismo e estava a apenas 2 km de completar a prova. Contudo, conseguiu reverter a eliminação e terminou o Ironman após 16 horas de atividade. Na noite de quarta, 23, o empresário e sua família saíram de Portugal e foram para a Itália.

Além disso, Marçal retomou a venda de cursos e palestras, semelhantes às que promovia quando atuava como coach. Hoje, o autodenominado “ex-coach” oferece aulas online intituladas “Plano Família Rica”, que custam cerca de R$ 430 e prometem ensinar aos alunos como “viver da internet” por meio de encontros semanais e acompanhamento individual de um mês.

O influenciador também tem realizado lives gratuitas e organizado palestras presenciais, tanto em Alphaville quanto em Portugal, com ingressos a R$ 97. Um dos temas abordados nestes eventos é sobre como garantir a prosperidade em qualquer governo.

Futuro no partido atual é incerto

Ainda não está claro se Marçal continuará no PRTB. O presidente do partido, Leonardo Avalanche, já expressou interesse em manter o empresário entre os filiados. No entanto, a decisão final caberá ao próprio ex-coach, que, apesar de ter sinalizado a intenção de permanecer na legenda, já afirmou estar aberto a conversas com outras siglas.

De acordo com aliados, um dos fatores que poderia motivar a saída de Marçal é a investigação sobre o suposto envolvimento de Avalanche e outros integrantes do PRTB com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Marçal também confirmou que, se o candidato à prefeitura de Barueri, Gil Arantes (União), for eleito, aceitará o convite feito por ele para assumir a Secretaria de Empreendedorismo da cidade localizada na Região Metropolitana de São Paulo. Gil Arantes disputa o segundo turno contra Beto Piteri (Republicanos) no município.

“Eu defini que servirei por 12 anos na política e já se foram 2. Preciso servir o povo e aprender para amadurecer para o cargo de Executivo que vou disputar em 2026. Tô pronto para começar de baixo”, escreveu Marçal em uma publicação temporária em um de seus perfis no Instagram.

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