As campanhas dos dois líderes na corrida presidencial, do ex-presidente Lula e o atual ocupante do cargo, Jair Bolsonaro, aguardavam a pesquisa Ipec divulgada nesta segunda-feira com expectativas distintas: os petistas apostavam no bom desempenho de Lula no JN para, no mínimo, manter a distância de 12 pontos divulgada há uma semana pelo instituto. Já os bolsonaristas confiavam na inclusão de perguntas envolvendo a importância da religião do candidato para o eleitor e a regulamentação de crédito consignado para quem recebe auxílio do governo para encurtar a distância.
Para frustração de Bolsonaro e possivelmente alívio de Lula, nada mudou: após ouvir pessoalmente 2.000 pessoas em todas as regiões do País, entre 26 e 28 de agosto, o Ipec anunciou que Lula segue firme na liderança, com 44% das intenções de votos, contra 32% de Bolsonaro, 7% de Ciro Gomes, 3% de Simone Tebet e 1% de Felipe D’Ávila. No segundo turno, Lula seria eleito com 50% conta 37% de Bolsonaro. Vale ressaltar que apenas um grupo menor dos entrevistados acompanhou o debate de ontem, na Bandeirantes, ao contrário da sequência de entrevistas no Jornal Nacional.
Seria açodado afirmar que o resultado é devastador para as pretensões de Bolsonaro se reeleger, mas, a continuar nesse ritmo, será questão de tempo poder fazer essa afirmação.
Se o calcanhar de Aquiles de Lula é o tema corrupção, o de Bolsonaro é a economia. Tanto é assim, e não lhe falta essa clareza, que o presidente foi atrás dos votos dos mais de 20 milhões de brasileiros beneficiados pelo Auxílio Brasil. No início deste mês, tratou de promover o reajuste do benefício em R$ 200 e sua prorrogação até o fim do ano – sem contar o vale-caminhoneiro de R$ 1000 e o aumento do vale-gás para R$ 120.
Fato é que, até o momento, das duas uma: ou bem a percepção da melhora no poder de compra ainda não foi sentida por essa parcela da população, ou a rejeição ao governo (43%) está conseguindo empanar até mesmo o esperado impacto que esse tipo de medida eleitoreira impõe.
Agregador de pesquisa
Na prática, o tempo passa e as cartadas do presidente para buscar votos novos, para além de sua bolha de seguidores, ainda não surtiram o efeito esperado.
Se imaginarmos que as próximas pesquisas devem pegar a repercussão negativa dos recentes ataques de Bolsonaro às mulheres e jornalistas, tudo indica que teremos outro governo em 2023.
MARIO VITOR RODRIGUES É JORNALISTA