Bancadas de Lula e Bolsonaro na Câmara dominam pré-candidaturas a prefeituras no País; veja mapa


Eleições de outubro podem contar com 23 deputados do PL e 19 do PT, que se declaram pré-candidatos no momento; para especialistas, participação de congressistas é estratégica para que os partidos garantam comando de cidades

Por Gabriel de Sousa, Juliano Galisi, Karina Ferreira e Rayanderson Guerra
Atualização:

SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA – Em 2024, eleitores dos municípios brasileiros elegem prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos. Apesar da escolha em nível local, a eleição deste ano deve refletir a polarização nacional entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sete meses do pleito, as bancadas de PL e PT, as maiores da Câmara dos Deputados, também acumulam o maior número de parlamentares que se apresentam como pré-candidatos a prefeituras do País.

Presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro: rivalidade deve ter impacto nas eleições municipais Foto: André Dusek/Estadão e Gabriela Biló/Estadão
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Dos 96 deputados do PL, 23 afirmaram que são pré-candidatos a algum Executivo municipal. Entre os 68 petistas da Câmara, 19 disseram ser pré-candidatos. O Estadão ouviu os 513 deputados e 81 senadores entre os dias 19 de fevereiro e 11 de março. No total, 96 deputados e senadores afirmaram que devem concorrer ao cargo de prefeito.

Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que o pleito municipal desempenha um papel estratégico na articulação política do País. Neste ano, a importância da eleição é ainda maior para os partidos de Lula e Bolsonaro. Aos petistas, o sufrágio pode ser um indicativo da aprovação da gestão federal. Aos bolsonaristas, vale manter o ex-presidente, inelegível até 2030, vivo no debate político. Aos dois interessa a projeção de prefeitos nas principais cidades, que poderão funcionar como cabos eleitorais na disputa presidencial de 2026.

Os deputados federais estão interessados nos pleitos tanto de capitais quanto de colégios eleitorais estratégicos, em municípios com mais de 100 mil habitantes. Ao todo, 66 municípios brasileiros deverão ter um congressista na disputa ao Executivo local, segundo os que afirmaram ser pré-candidatos ao Estadão.

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Todos os números ainda podem ser alterados, pois os nomes precisam ser apresentados e aprovados até agosto, nas convenções partidárias. Negociações políticas e arranjos regionais podem incluir ou retirar candidaturas.

Partidos de olho na disputa

Dos 23 pré-candidatos do PL, nove devem disputar o Executivo de capitais e 14 almejam prefeituras de municípios do interior dos Estados. Dos 19 pré-candidatos do PT, nove podem concorrer em capitais e outros dez pretendem competir no interior. A terceira sigla com mais deputados pré-candidatos é o União Brasil, com dez.

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Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do Partido dos Trabalhadores, o senador Humberto Costa (PE) diz que o partido já tem, até o momento, 88 candidaturas definidas em cidades com mais de 100 mil eleitores, sem considerar somente congressistas. Até o pleito municipal, esse número pode chegar a 128 candidatos, a depender das articulações do PT com outros partidos.

”Entre essas candidaturas, existem muitos parlamentares federais, estaduais ou até mesmo vereadores que estão deixando a vereança para disputar a prefeitura. Nós não estabelecemos nenhuma meta especial com relação a essa questão de deputados estarem disputando o pleito municipal. Geralmente, o deputado é alguém que naquele município teve uma votação expressiva e tem uma presença social e um mandato forte naquela região”, explicou.

Segundo o senador, as candidaturas de parlamentares não fazem parte de uma estratégia do PT, mas podem garantir uma votação mínima para que o partido consiga eleger prefeitos e vereadores. “Para nós, é bom. Garante uma votação boa, mínima, para essas candidaturas e, provavelmente, puxa também a eleição de vereadores. Não é uma estratégia nossa ter os deputados como candidatos. É uma coincidência.”

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O Estadão procurou o PL, mas não obteve retorno.

A eleição de prefeitos e vereadores costuma estar ligada ao contexto local, com pautas mais próximas ao dia a dia do eleitor. Em 2024, porém, segundo analistas, a disputa nacional promete ter um peso nos pleitos municipais, com candidatos ao Executivo replicando a polarização que marcou a eleição geral de 2022.

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No fim de janeiro, Lula não só reconheceu que o País está polarizado como pontuou que, na sua avaliação, isso é “bom” para o debate nas eleições municipais. “Aqui no Brasil vai ter polarização, e eu acho bom que tenha, nós somos uma sociedade viva”, afirmou o presidente à Rádio CBN Recife. “A polarização sempre vai existir. Não tem jeito”, disse o petista sobre a rivalidade com Jair Bolsonaro.

Disputa de 2024 é estratégica para o futuro do PT e do PL, dizem especialistas

A professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom), Mayra Goulart, avalia que as eleições deste ano são estratégicas para o próximo pleito presidencial.

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“Agora, serão eleitos os cabos eleitorais para 2026. Essa entrada no território é uma peça fundamental de uma eleição. Ninguém consegue voto só atuando em Brasília, o eleitor não está lá. Está no território, no bairro, no município”, explicou a professora.

Para ela, os dois partidos, que protagonizam a polarização no cenário nacional, escolhem nomes considerados fortes no pleito municipal justamente para manter a imagem do partido forte e capilarizada.

“Por que é importante para o PL que o Delegado Ramagem dispute a prefeitura no Rio de Janeiro? E para o PT, a Maria do Rosário (em Porto Alegre)? Porque isso mantém o nome do partido vivo naquele município e, colocando um grande nome, você atrai mais atenção”, disse.

De acordo com o doutor em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leandro Gabiati, os partidos de Lula e Bolsonaro são as principais forças políticas do País atualmente. Por isso, as legendas preparam candidatos que já foram testados nas urnas por terem uma “maior responsabilidade” para conquistar o comando de capitais e outras cidades estratégicas.

“O PT e o PL são os maiores partidos, são as principais forças políticas e possuem um desafio e uma responsabilidade nesta eleição municipal. Diante dessa responsabilidade, eles orientam e fazem com que diversas prefeituras, a partir da relevância política de cada uma delas, sejam disputadas por parlamentares que possuem uma certa experiência política”, afirmou Gabiati.

Segundo Mayra Goulart, a polarização beneficia os dois partidos a partir da “simplificação do espaço político”. Ou seja, os eleitores deixam de escolher uma das diversas tendências eleitorais e baseiam as suas votações a partir da rejeição da outra sigla, ligada à imagem de Lula ou à imagem de Bolsonaro.

“O espaço político tem várias tendências, que é plural. Ele fica resumido, simplificado em duas forças. Isso ajuda na hora de o eleitor entender e fazer sua opção por uma força ou pela outra. Então, a polarização é uma simplificação que ajuda esses partidos a se aproximarem do eleitor com uma abordagem mais simples: a partir da rejeição do outro”, afirmou.

Cinco cidades podem ser palcos de embates entre deputados do PL e do PT

Deputados do PT e do PL devem ter confrontos diretos em cinco municípios. Em Feira de Santana, Bahia, Zé Neto (PT) tentará novamente conquistar o comando local e deve enfrentar o bolsonarista Capitão Alden (PL).

A deputada Luizianne Lins (PT) e o deputado André Fernandes (PL) já comunicaram aos seus partidos o interesse de concorrer à prefeitura de Fortaleza, no Ceará. Outra capital que terá dois congressistas disputando o pleito municipal é Goiânia, onde Gustavo Gayer (PL) e Adriana Accorsi (PT) são pré-candidatos.

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, há uma disputa interna dentro do partido de Bolsonaro para escolher o representante do PL para a eleição. Os deputados General Girão e Sargento Gonçalves buscam apoio para consolidar as suas candidaturas. O escolhido pela sigla presidida por Valdemar Costa Neto vai enfrentar a deputada Natália Bonavides (PT).

Deputados podem compor chapas que buscam reeleição nas capitais

Também há deputados que pretendem disputar como vice-prefeitos. Nesses casos, como o parlamentar não é cotado, propriamente, à cabeça das chapas, eles não foram contabilizados na estimativa de pré-candidaturas no levantamento do Estadão.

O deputado Pedro Paulo (PSD) pode ser o vice da chapa do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O mandatário carioca deve receber o apoio do PT, que quer indicar o vice da chapa que busca a recondução. O congressista, por sua vez, é visto como uma solução caseira caso a aliança entre Paes e o comando petista não se consolide.

Já Carlos Veras (PT) deve ser o vice da chapa do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Entre as lideranças petistas que costuram a participação do deputado na candidatura de Campos está o senador Humberto Costa.

SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA – Em 2024, eleitores dos municípios brasileiros elegem prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos. Apesar da escolha em nível local, a eleição deste ano deve refletir a polarização nacional entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sete meses do pleito, as bancadas de PL e PT, as maiores da Câmara dos Deputados, também acumulam o maior número de parlamentares que se apresentam como pré-candidatos a prefeituras do País.

Presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro: rivalidade deve ter impacto nas eleições municipais Foto: André Dusek/Estadão e Gabriela Biló/Estadão

Dos 96 deputados do PL, 23 afirmaram que são pré-candidatos a algum Executivo municipal. Entre os 68 petistas da Câmara, 19 disseram ser pré-candidatos. O Estadão ouviu os 513 deputados e 81 senadores entre os dias 19 de fevereiro e 11 de março. No total, 96 deputados e senadores afirmaram que devem concorrer ao cargo de prefeito.

Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que o pleito municipal desempenha um papel estratégico na articulação política do País. Neste ano, a importância da eleição é ainda maior para os partidos de Lula e Bolsonaro. Aos petistas, o sufrágio pode ser um indicativo da aprovação da gestão federal. Aos bolsonaristas, vale manter o ex-presidente, inelegível até 2030, vivo no debate político. Aos dois interessa a projeção de prefeitos nas principais cidades, que poderão funcionar como cabos eleitorais na disputa presidencial de 2026.

Os deputados federais estão interessados nos pleitos tanto de capitais quanto de colégios eleitorais estratégicos, em municípios com mais de 100 mil habitantes. Ao todo, 66 municípios brasileiros deverão ter um congressista na disputa ao Executivo local, segundo os que afirmaram ser pré-candidatos ao Estadão.

Todos os números ainda podem ser alterados, pois os nomes precisam ser apresentados e aprovados até agosto, nas convenções partidárias. Negociações políticas e arranjos regionais podem incluir ou retirar candidaturas.

Partidos de olho na disputa

Dos 23 pré-candidatos do PL, nove devem disputar o Executivo de capitais e 14 almejam prefeituras de municípios do interior dos Estados. Dos 19 pré-candidatos do PT, nove podem concorrer em capitais e outros dez pretendem competir no interior. A terceira sigla com mais deputados pré-candidatos é o União Brasil, com dez.

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do Partido dos Trabalhadores, o senador Humberto Costa (PE) diz que o partido já tem, até o momento, 88 candidaturas definidas em cidades com mais de 100 mil eleitores, sem considerar somente congressistas. Até o pleito municipal, esse número pode chegar a 128 candidatos, a depender das articulações do PT com outros partidos.

”Entre essas candidaturas, existem muitos parlamentares federais, estaduais ou até mesmo vereadores que estão deixando a vereança para disputar a prefeitura. Nós não estabelecemos nenhuma meta especial com relação a essa questão de deputados estarem disputando o pleito municipal. Geralmente, o deputado é alguém que naquele município teve uma votação expressiva e tem uma presença social e um mandato forte naquela região”, explicou.

Segundo o senador, as candidaturas de parlamentares não fazem parte de uma estratégia do PT, mas podem garantir uma votação mínima para que o partido consiga eleger prefeitos e vereadores. “Para nós, é bom. Garante uma votação boa, mínima, para essas candidaturas e, provavelmente, puxa também a eleição de vereadores. Não é uma estratégia nossa ter os deputados como candidatos. É uma coincidência.”

O Estadão procurou o PL, mas não obteve retorno.

A eleição de prefeitos e vereadores costuma estar ligada ao contexto local, com pautas mais próximas ao dia a dia do eleitor. Em 2024, porém, segundo analistas, a disputa nacional promete ter um peso nos pleitos municipais, com candidatos ao Executivo replicando a polarização que marcou a eleição geral de 2022.

No fim de janeiro, Lula não só reconheceu que o País está polarizado como pontuou que, na sua avaliação, isso é “bom” para o debate nas eleições municipais. “Aqui no Brasil vai ter polarização, e eu acho bom que tenha, nós somos uma sociedade viva”, afirmou o presidente à Rádio CBN Recife. “A polarização sempre vai existir. Não tem jeito”, disse o petista sobre a rivalidade com Jair Bolsonaro.

Disputa de 2024 é estratégica para o futuro do PT e do PL, dizem especialistas

A professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom), Mayra Goulart, avalia que as eleições deste ano são estratégicas para o próximo pleito presidencial.

“Agora, serão eleitos os cabos eleitorais para 2026. Essa entrada no território é uma peça fundamental de uma eleição. Ninguém consegue voto só atuando em Brasília, o eleitor não está lá. Está no território, no bairro, no município”, explicou a professora.

Para ela, os dois partidos, que protagonizam a polarização no cenário nacional, escolhem nomes considerados fortes no pleito municipal justamente para manter a imagem do partido forte e capilarizada.

“Por que é importante para o PL que o Delegado Ramagem dispute a prefeitura no Rio de Janeiro? E para o PT, a Maria do Rosário (em Porto Alegre)? Porque isso mantém o nome do partido vivo naquele município e, colocando um grande nome, você atrai mais atenção”, disse.

De acordo com o doutor em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leandro Gabiati, os partidos de Lula e Bolsonaro são as principais forças políticas do País atualmente. Por isso, as legendas preparam candidatos que já foram testados nas urnas por terem uma “maior responsabilidade” para conquistar o comando de capitais e outras cidades estratégicas.

“O PT e o PL são os maiores partidos, são as principais forças políticas e possuem um desafio e uma responsabilidade nesta eleição municipal. Diante dessa responsabilidade, eles orientam e fazem com que diversas prefeituras, a partir da relevância política de cada uma delas, sejam disputadas por parlamentares que possuem uma certa experiência política”, afirmou Gabiati.

Segundo Mayra Goulart, a polarização beneficia os dois partidos a partir da “simplificação do espaço político”. Ou seja, os eleitores deixam de escolher uma das diversas tendências eleitorais e baseiam as suas votações a partir da rejeição da outra sigla, ligada à imagem de Lula ou à imagem de Bolsonaro.

“O espaço político tem várias tendências, que é plural. Ele fica resumido, simplificado em duas forças. Isso ajuda na hora de o eleitor entender e fazer sua opção por uma força ou pela outra. Então, a polarização é uma simplificação que ajuda esses partidos a se aproximarem do eleitor com uma abordagem mais simples: a partir da rejeição do outro”, afirmou.

Cinco cidades podem ser palcos de embates entre deputados do PL e do PT

Deputados do PT e do PL devem ter confrontos diretos em cinco municípios. Em Feira de Santana, Bahia, Zé Neto (PT) tentará novamente conquistar o comando local e deve enfrentar o bolsonarista Capitão Alden (PL).

A deputada Luizianne Lins (PT) e o deputado André Fernandes (PL) já comunicaram aos seus partidos o interesse de concorrer à prefeitura de Fortaleza, no Ceará. Outra capital que terá dois congressistas disputando o pleito municipal é Goiânia, onde Gustavo Gayer (PL) e Adriana Accorsi (PT) são pré-candidatos.

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, há uma disputa interna dentro do partido de Bolsonaro para escolher o representante do PL para a eleição. Os deputados General Girão e Sargento Gonçalves buscam apoio para consolidar as suas candidaturas. O escolhido pela sigla presidida por Valdemar Costa Neto vai enfrentar a deputada Natália Bonavides (PT).

Deputados podem compor chapas que buscam reeleição nas capitais

Também há deputados que pretendem disputar como vice-prefeitos. Nesses casos, como o parlamentar não é cotado, propriamente, à cabeça das chapas, eles não foram contabilizados na estimativa de pré-candidaturas no levantamento do Estadão.

O deputado Pedro Paulo (PSD) pode ser o vice da chapa do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O mandatário carioca deve receber o apoio do PT, que quer indicar o vice da chapa que busca a recondução. O congressista, por sua vez, é visto como uma solução caseira caso a aliança entre Paes e o comando petista não se consolide.

Já Carlos Veras (PT) deve ser o vice da chapa do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Entre as lideranças petistas que costuram a participação do deputado na candidatura de Campos está o senador Humberto Costa.

SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA – Em 2024, eleitores dos municípios brasileiros elegem prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos. Apesar da escolha em nível local, a eleição deste ano deve refletir a polarização nacional entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sete meses do pleito, as bancadas de PL e PT, as maiores da Câmara dos Deputados, também acumulam o maior número de parlamentares que se apresentam como pré-candidatos a prefeituras do País.

Presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro: rivalidade deve ter impacto nas eleições municipais Foto: André Dusek/Estadão e Gabriela Biló/Estadão

Dos 96 deputados do PL, 23 afirmaram que são pré-candidatos a algum Executivo municipal. Entre os 68 petistas da Câmara, 19 disseram ser pré-candidatos. O Estadão ouviu os 513 deputados e 81 senadores entre os dias 19 de fevereiro e 11 de março. No total, 96 deputados e senadores afirmaram que devem concorrer ao cargo de prefeito.

Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que o pleito municipal desempenha um papel estratégico na articulação política do País. Neste ano, a importância da eleição é ainda maior para os partidos de Lula e Bolsonaro. Aos petistas, o sufrágio pode ser um indicativo da aprovação da gestão federal. Aos bolsonaristas, vale manter o ex-presidente, inelegível até 2030, vivo no debate político. Aos dois interessa a projeção de prefeitos nas principais cidades, que poderão funcionar como cabos eleitorais na disputa presidencial de 2026.

Os deputados federais estão interessados nos pleitos tanto de capitais quanto de colégios eleitorais estratégicos, em municípios com mais de 100 mil habitantes. Ao todo, 66 municípios brasileiros deverão ter um congressista na disputa ao Executivo local, segundo os que afirmaram ser pré-candidatos ao Estadão.

Todos os números ainda podem ser alterados, pois os nomes precisam ser apresentados e aprovados até agosto, nas convenções partidárias. Negociações políticas e arranjos regionais podem incluir ou retirar candidaturas.

Partidos de olho na disputa

Dos 23 pré-candidatos do PL, nove devem disputar o Executivo de capitais e 14 almejam prefeituras de municípios do interior dos Estados. Dos 19 pré-candidatos do PT, nove podem concorrer em capitais e outros dez pretendem competir no interior. A terceira sigla com mais deputados pré-candidatos é o União Brasil, com dez.

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do Partido dos Trabalhadores, o senador Humberto Costa (PE) diz que o partido já tem, até o momento, 88 candidaturas definidas em cidades com mais de 100 mil eleitores, sem considerar somente congressistas. Até o pleito municipal, esse número pode chegar a 128 candidatos, a depender das articulações do PT com outros partidos.

”Entre essas candidaturas, existem muitos parlamentares federais, estaduais ou até mesmo vereadores que estão deixando a vereança para disputar a prefeitura. Nós não estabelecemos nenhuma meta especial com relação a essa questão de deputados estarem disputando o pleito municipal. Geralmente, o deputado é alguém que naquele município teve uma votação expressiva e tem uma presença social e um mandato forte naquela região”, explicou.

Segundo o senador, as candidaturas de parlamentares não fazem parte de uma estratégia do PT, mas podem garantir uma votação mínima para que o partido consiga eleger prefeitos e vereadores. “Para nós, é bom. Garante uma votação boa, mínima, para essas candidaturas e, provavelmente, puxa também a eleição de vereadores. Não é uma estratégia nossa ter os deputados como candidatos. É uma coincidência.”

O Estadão procurou o PL, mas não obteve retorno.

A eleição de prefeitos e vereadores costuma estar ligada ao contexto local, com pautas mais próximas ao dia a dia do eleitor. Em 2024, porém, segundo analistas, a disputa nacional promete ter um peso nos pleitos municipais, com candidatos ao Executivo replicando a polarização que marcou a eleição geral de 2022.

No fim de janeiro, Lula não só reconheceu que o País está polarizado como pontuou que, na sua avaliação, isso é “bom” para o debate nas eleições municipais. “Aqui no Brasil vai ter polarização, e eu acho bom que tenha, nós somos uma sociedade viva”, afirmou o presidente à Rádio CBN Recife. “A polarização sempre vai existir. Não tem jeito”, disse o petista sobre a rivalidade com Jair Bolsonaro.

Disputa de 2024 é estratégica para o futuro do PT e do PL, dizem especialistas

A professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom), Mayra Goulart, avalia que as eleições deste ano são estratégicas para o próximo pleito presidencial.

“Agora, serão eleitos os cabos eleitorais para 2026. Essa entrada no território é uma peça fundamental de uma eleição. Ninguém consegue voto só atuando em Brasília, o eleitor não está lá. Está no território, no bairro, no município”, explicou a professora.

Para ela, os dois partidos, que protagonizam a polarização no cenário nacional, escolhem nomes considerados fortes no pleito municipal justamente para manter a imagem do partido forte e capilarizada.

“Por que é importante para o PL que o Delegado Ramagem dispute a prefeitura no Rio de Janeiro? E para o PT, a Maria do Rosário (em Porto Alegre)? Porque isso mantém o nome do partido vivo naquele município e, colocando um grande nome, você atrai mais atenção”, disse.

De acordo com o doutor em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leandro Gabiati, os partidos de Lula e Bolsonaro são as principais forças políticas do País atualmente. Por isso, as legendas preparam candidatos que já foram testados nas urnas por terem uma “maior responsabilidade” para conquistar o comando de capitais e outras cidades estratégicas.

“O PT e o PL são os maiores partidos, são as principais forças políticas e possuem um desafio e uma responsabilidade nesta eleição municipal. Diante dessa responsabilidade, eles orientam e fazem com que diversas prefeituras, a partir da relevância política de cada uma delas, sejam disputadas por parlamentares que possuem uma certa experiência política”, afirmou Gabiati.

Segundo Mayra Goulart, a polarização beneficia os dois partidos a partir da “simplificação do espaço político”. Ou seja, os eleitores deixam de escolher uma das diversas tendências eleitorais e baseiam as suas votações a partir da rejeição da outra sigla, ligada à imagem de Lula ou à imagem de Bolsonaro.

“O espaço político tem várias tendências, que é plural. Ele fica resumido, simplificado em duas forças. Isso ajuda na hora de o eleitor entender e fazer sua opção por uma força ou pela outra. Então, a polarização é uma simplificação que ajuda esses partidos a se aproximarem do eleitor com uma abordagem mais simples: a partir da rejeição do outro”, afirmou.

Cinco cidades podem ser palcos de embates entre deputados do PL e do PT

Deputados do PT e do PL devem ter confrontos diretos em cinco municípios. Em Feira de Santana, Bahia, Zé Neto (PT) tentará novamente conquistar o comando local e deve enfrentar o bolsonarista Capitão Alden (PL).

A deputada Luizianne Lins (PT) e o deputado André Fernandes (PL) já comunicaram aos seus partidos o interesse de concorrer à prefeitura de Fortaleza, no Ceará. Outra capital que terá dois congressistas disputando o pleito municipal é Goiânia, onde Gustavo Gayer (PL) e Adriana Accorsi (PT) são pré-candidatos.

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, há uma disputa interna dentro do partido de Bolsonaro para escolher o representante do PL para a eleição. Os deputados General Girão e Sargento Gonçalves buscam apoio para consolidar as suas candidaturas. O escolhido pela sigla presidida por Valdemar Costa Neto vai enfrentar a deputada Natália Bonavides (PT).

Deputados podem compor chapas que buscam reeleição nas capitais

Também há deputados que pretendem disputar como vice-prefeitos. Nesses casos, como o parlamentar não é cotado, propriamente, à cabeça das chapas, eles não foram contabilizados na estimativa de pré-candidaturas no levantamento do Estadão.

O deputado Pedro Paulo (PSD) pode ser o vice da chapa do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O mandatário carioca deve receber o apoio do PT, que quer indicar o vice da chapa que busca a recondução. O congressista, por sua vez, é visto como uma solução caseira caso a aliança entre Paes e o comando petista não se consolide.

Já Carlos Veras (PT) deve ser o vice da chapa do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Entre as lideranças petistas que costuram a participação do deputado na candidatura de Campos está o senador Humberto Costa.

SÃO PAULO, RIO E BRASÍLIA – Em 2024, eleitores dos municípios brasileiros elegem prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos. Apesar da escolha em nível local, a eleição deste ano deve refletir a polarização nacional entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sete meses do pleito, as bancadas de PL e PT, as maiores da Câmara dos Deputados, também acumulam o maior número de parlamentares que se apresentam como pré-candidatos a prefeituras do País.

Presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro: rivalidade deve ter impacto nas eleições municipais Foto: André Dusek/Estadão e Gabriela Biló/Estadão

Dos 96 deputados do PL, 23 afirmaram que são pré-candidatos a algum Executivo municipal. Entre os 68 petistas da Câmara, 19 disseram ser pré-candidatos. O Estadão ouviu os 513 deputados e 81 senadores entre os dias 19 de fevereiro e 11 de março. No total, 96 deputados e senadores afirmaram que devem concorrer ao cargo de prefeito.

Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que o pleito municipal desempenha um papel estratégico na articulação política do País. Neste ano, a importância da eleição é ainda maior para os partidos de Lula e Bolsonaro. Aos petistas, o sufrágio pode ser um indicativo da aprovação da gestão federal. Aos bolsonaristas, vale manter o ex-presidente, inelegível até 2030, vivo no debate político. Aos dois interessa a projeção de prefeitos nas principais cidades, que poderão funcionar como cabos eleitorais na disputa presidencial de 2026.

Os deputados federais estão interessados nos pleitos tanto de capitais quanto de colégios eleitorais estratégicos, em municípios com mais de 100 mil habitantes. Ao todo, 66 municípios brasileiros deverão ter um congressista na disputa ao Executivo local, segundo os que afirmaram ser pré-candidatos ao Estadão.

Todos os números ainda podem ser alterados, pois os nomes precisam ser apresentados e aprovados até agosto, nas convenções partidárias. Negociações políticas e arranjos regionais podem incluir ou retirar candidaturas.

Partidos de olho na disputa

Dos 23 pré-candidatos do PL, nove devem disputar o Executivo de capitais e 14 almejam prefeituras de municípios do interior dos Estados. Dos 19 pré-candidatos do PT, nove podem concorrer em capitais e outros dez pretendem competir no interior. A terceira sigla com mais deputados pré-candidatos é o União Brasil, com dez.

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do Partido dos Trabalhadores, o senador Humberto Costa (PE) diz que o partido já tem, até o momento, 88 candidaturas definidas em cidades com mais de 100 mil eleitores, sem considerar somente congressistas. Até o pleito municipal, esse número pode chegar a 128 candidatos, a depender das articulações do PT com outros partidos.

”Entre essas candidaturas, existem muitos parlamentares federais, estaduais ou até mesmo vereadores que estão deixando a vereança para disputar a prefeitura. Nós não estabelecemos nenhuma meta especial com relação a essa questão de deputados estarem disputando o pleito municipal. Geralmente, o deputado é alguém que naquele município teve uma votação expressiva e tem uma presença social e um mandato forte naquela região”, explicou.

Segundo o senador, as candidaturas de parlamentares não fazem parte de uma estratégia do PT, mas podem garantir uma votação mínima para que o partido consiga eleger prefeitos e vereadores. “Para nós, é bom. Garante uma votação boa, mínima, para essas candidaturas e, provavelmente, puxa também a eleição de vereadores. Não é uma estratégia nossa ter os deputados como candidatos. É uma coincidência.”

O Estadão procurou o PL, mas não obteve retorno.

A eleição de prefeitos e vereadores costuma estar ligada ao contexto local, com pautas mais próximas ao dia a dia do eleitor. Em 2024, porém, segundo analistas, a disputa nacional promete ter um peso nos pleitos municipais, com candidatos ao Executivo replicando a polarização que marcou a eleição geral de 2022.

No fim de janeiro, Lula não só reconheceu que o País está polarizado como pontuou que, na sua avaliação, isso é “bom” para o debate nas eleições municipais. “Aqui no Brasil vai ter polarização, e eu acho bom que tenha, nós somos uma sociedade viva”, afirmou o presidente à Rádio CBN Recife. “A polarização sempre vai existir. Não tem jeito”, disse o petista sobre a rivalidade com Jair Bolsonaro.

Disputa de 2024 é estratégica para o futuro do PT e do PL, dizem especialistas

A professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenadora do Laboratório de Partidos, Eleições e Política Comparada (Lappcom), Mayra Goulart, avalia que as eleições deste ano são estratégicas para o próximo pleito presidencial.

“Agora, serão eleitos os cabos eleitorais para 2026. Essa entrada no território é uma peça fundamental de uma eleição. Ninguém consegue voto só atuando em Brasília, o eleitor não está lá. Está no território, no bairro, no município”, explicou a professora.

Para ela, os dois partidos, que protagonizam a polarização no cenário nacional, escolhem nomes considerados fortes no pleito municipal justamente para manter a imagem do partido forte e capilarizada.

“Por que é importante para o PL que o Delegado Ramagem dispute a prefeitura no Rio de Janeiro? E para o PT, a Maria do Rosário (em Porto Alegre)? Porque isso mantém o nome do partido vivo naquele município e, colocando um grande nome, você atrai mais atenção”, disse.

De acordo com o doutor em Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Leandro Gabiati, os partidos de Lula e Bolsonaro são as principais forças políticas do País atualmente. Por isso, as legendas preparam candidatos que já foram testados nas urnas por terem uma “maior responsabilidade” para conquistar o comando de capitais e outras cidades estratégicas.

“O PT e o PL são os maiores partidos, são as principais forças políticas e possuem um desafio e uma responsabilidade nesta eleição municipal. Diante dessa responsabilidade, eles orientam e fazem com que diversas prefeituras, a partir da relevância política de cada uma delas, sejam disputadas por parlamentares que possuem uma certa experiência política”, afirmou Gabiati.

Segundo Mayra Goulart, a polarização beneficia os dois partidos a partir da “simplificação do espaço político”. Ou seja, os eleitores deixam de escolher uma das diversas tendências eleitorais e baseiam as suas votações a partir da rejeição da outra sigla, ligada à imagem de Lula ou à imagem de Bolsonaro.

“O espaço político tem várias tendências, que é plural. Ele fica resumido, simplificado em duas forças. Isso ajuda na hora de o eleitor entender e fazer sua opção por uma força ou pela outra. Então, a polarização é uma simplificação que ajuda esses partidos a se aproximarem do eleitor com uma abordagem mais simples: a partir da rejeição do outro”, afirmou.

Cinco cidades podem ser palcos de embates entre deputados do PL e do PT

Deputados do PT e do PL devem ter confrontos diretos em cinco municípios. Em Feira de Santana, Bahia, Zé Neto (PT) tentará novamente conquistar o comando local e deve enfrentar o bolsonarista Capitão Alden (PL).

A deputada Luizianne Lins (PT) e o deputado André Fernandes (PL) já comunicaram aos seus partidos o interesse de concorrer à prefeitura de Fortaleza, no Ceará. Outra capital que terá dois congressistas disputando o pleito municipal é Goiânia, onde Gustavo Gayer (PL) e Adriana Accorsi (PT) são pré-candidatos.

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, há uma disputa interna dentro do partido de Bolsonaro para escolher o representante do PL para a eleição. Os deputados General Girão e Sargento Gonçalves buscam apoio para consolidar as suas candidaturas. O escolhido pela sigla presidida por Valdemar Costa Neto vai enfrentar a deputada Natália Bonavides (PT).

Deputados podem compor chapas que buscam reeleição nas capitais

Também há deputados que pretendem disputar como vice-prefeitos. Nesses casos, como o parlamentar não é cotado, propriamente, à cabeça das chapas, eles não foram contabilizados na estimativa de pré-candidaturas no levantamento do Estadão.

O deputado Pedro Paulo (PSD) pode ser o vice da chapa do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O mandatário carioca deve receber o apoio do PT, que quer indicar o vice da chapa que busca a recondução. O congressista, por sua vez, é visto como uma solução caseira caso a aliança entre Paes e o comando petista não se consolide.

Já Carlos Veras (PT) deve ser o vice da chapa do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Entre as lideranças petistas que costuram a participação do deputado na candidatura de Campos está o senador Humberto Costa.

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