O Palácio dos Bandeirantes permanecerá como a sede do governo de São Paulo mesmo após a construção do centro administrativo no bairro Campos Elíseos, região central da capital. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) disse ao Estadão que a residência oficial e o gabinete do governador também continuarão no Bandeirantes, enquanto todas as demais secretarias, autarquias e empresas públicas mudarão para o novo local.
Segundo o governador, haverá “grande ganho” de eficiência e economia com o projeto. Ele afirma que a administração paulista necessita de uma área de 280 mil m², mas atualmente ocupa 807 mil m² que estão espalhados em mais de 60 prédios da capital.
“Os imóveis que ficam serão vendidos. Além disso, trata-se de promover o investimento e a circulação de pessoas no centro. É uma forma de atuar na sua revitalização. A revitalização ajuda na segurança. É uma reação em cadeia, uma espiral positiva”, disse Tarcísio à reportagem, acrescentando que considera que a iniciativa é um “grande legado” que será deixado à capital.
A proposta do governo paulista é realizar uma parceria público-privada para a realização da obra que custará cerca R$ 4 bilhões. O leilão está previsto para o final de 2025. A empresa vencedora ficará responsável pela obra e também pela manutenção dos prédios.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo
A ideia do governo de São Paulo é construir um conjunto de prédios entre a praça Princesa Isabel e o Palácio dos Campos Elíseos, em uma espécie de esplanada similar à da sede do governo federal em Brasília. A expectativa é que a proximidade física entre os servidores públicos facilite a integração entre os diversos órgãos estaduais e elimine tempo de deslocamento para reuniões.
No ano passado, o governador declarou que trata-se de um “projeto de oito anos”, indicando que a conclusão do processo deve ocorrer apenas em meados de 2031. A transição dos servidores para os novos prédios será de forma gradual.
O local escolhido para a construção do centro administrativo é próximo da Cracolândia. Desde a campanha eleitoral, o governador argumenta que o aumento do fluxo de pessoas, de serviço e de comércio pode ajudar a reduzir os índices de violência e aumentar sensação de segurança na região.
Além dos prédios administrativos, o projeto prevê espaços para a instalação de restaurantes, lojas e outros serviços. O governo também quer que sejam construídas moradias de médio padrão e de interesse social nas proximidades do complexo administrativo para que os servidores possam morar perto de onde trabalham. A projeção é que as habitações gerem R$ 500 milhões em novos investimentos.
“Considero que esse é um dos grandes legados que vai ficar aqui para a nossa cidade de São Paulo”, declarou o governador durante discurso em um evento na última terça-feira, 16. Vai ser um acerto porque vai impulsionar outros negócios: vai vir o restaurante, o hotel, a habitação. As pessoas vão querer morar perto do trabalho, e a iniciativa privada vai fazer a sua parte”, completou.
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) foi contratada para estruturar o projeto do ponto de vista técnico e emitir parecer sobre sua viabilidade. Os ajustes finais serão realizados após o recebimento das propostas arquitetônicas por meio do concurso público que será realizado em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Detalhes devem ser divulgados na segunda quinzena de fevereiro.
A região escolhida para o novo centro administrativo já abrigou o governo paulista. O Palácio dos Campos Elíseos foi a sede do governo de São Paulo entre 1935 e 1965, quando o governo se mudou para o Palácio dos Bandeirantes, prédio no bairro Morumbi que ocupa até os dias atuais. A sede atual foi construída em 1955 para abrigar a Universidade Fundação Conde Francisco Matarazzo. Contudo, as obras foram interrompidas antes da conclusão e assumidas pelo governo do Estado, que acabou ficando com o prédio. Além do gabinete do governador, há cinco pastas alocadas no Palácio dos Bandeirantes atualmente: Casa Civil; Casa Militar e Defesa Civil; Comunicação; Gestão e Governo Digital; Governo e Relações Institucionais. As demais 23 secretarias têm endereços em bairros diversos da capital.