Investigada em inquérito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por disseminação de fake news, a blogueira bolsonarista Bárbara Destefani recebeu na última terça-feira, 4, o selo de verificação de autenticidade em seu perfil no Twitter. A concessão gerou debate e inspirou críticas à rede social, dado que o selo conferido pela plataforma dá alcance e notabilidade às publicações do perfil.
Bárbara tornou-se alvo do TSE em 2021 por propagar informações falsas a respeito do processo eleitoral. O ano passado foi marcado por uma discussão encabeçada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. O perfil da blogueira também foi apontado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte de uma rede “com forte atuação digital (...) com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.
Conhecida pelo apelido de “Te Atualizei”, como é chamado seu canal no YouTube, Bárbara também usa o Twitter para questionar a vacinação contra a covid. Em publicação de dezembro de 2021, a blogueira questiona a suposta utilização em massa de um chip injetado na pele para certificar o histórico de vacinação (não existe programa semelhante em andamento; uma startup de Estocolmo criou um protótipo e tem tentado emplacar seu produto no País).
“Chip para certificar vacinação está sendo bem aceito pela galera do novo normal. Mas eu me pergunto e a pergunta é justa: será que esses chips futuramente não serão usados para barrar quem deve o banco? Quem tomou multa? Quem xingou alguma autoridade no twitter?”, ela escreveu.
Em mensagem no perfil da blogueira, o Twitter informa que a conta é verificada por se tratar de “uma pessoa notável no governo, nas notícias, no entretenimento ou em outra categoria designada”. Bárbara tem 723 mil seguidores na rede.
Após a verificação, usuários do Twitter acusaram a plataforma de apoiar a disseminação de fake news, sendo que a hashtag #TwitterApoiaFakeNews chegou a figurar entre os termos mais compartilhados na rede nesta quarta-feira, 5.Jornalistas e divulgadores científicos com tração na plataforma, alguns com dezenas de milhares de seguidores, reclamaram que não receberam o selo quando solicitado.
Bárbara, por sua vez, se defendeu das acusações, negou espalhar fake news e disse que o TSE ainda não conseguiu "apontar" qual foi a informação falsa que ela teria disseminado.
Ao Estadão, o Twitter afirmou que não comenta verificações caso a caso, mas esclareceu que o selo azul tem por objetivo "confirmar a autenticidade de uma conta, ou seja, dar às pessoas na plataforma a certeza de que quem está por trás de perfis de alto alcance e engajamento é mesmo quem diz ser".