BRASÍLIA – O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), citou uma frase utilizada no letreiro de Auschwitz, no campo de concentração nazista, para se opor a um projeto de lei que pretende tornar em feriado nacional o Dia da Consciência Negra. A declaração foi feita no plenário da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 21.
Ao se mostrar contrário à proposta, o deputado disse que a sua posição não representa preconceito contra pessoas negras, e sim oposição à criação de novos feriados nacionais. Nesse momento, o deputado do PL disse que “o trabalho liberta”.
A frase, em alemão “Arbeit macht frei”, estampava a portaria de Auschwitz, local para onde judeus eram levados na Segunda Guerra Mundial e que se tornou o maior símbolo do genocídio realizado pelo regime nazista de Adolf Hitler.
“Não tem nada a ver com racismo, nada contra negros. É simplesmente não ter mais feriados no País. Temos feriados demais neste País. O trabalho dignifica, o trabalho liberta”, afirmou Bibo.
Depois do discurso de Bibo, nenhum outro parlamentar comentou sobre a frase utilizada pelo deputado. O Estadão procurou o deputado, mas não obteve retorno até o momento.
Urgência para votação do projeto foi aprovada na Câmara
A Câmara aprovou nesta terça a urgência para votar o projeto de lei que pretende tornar o Dia da Consciência Negra em um feriado nacional, por 303 votos a favor e 115 contrários. O PL de Bibo e o Novo foram os únicos partidos a orientarem votos contrários. A proposta, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), foi aprovada pelo Senado em 2021.
Nesta segunda-feira, 20, Dia da Consciência Negra, o coordenador-geral da bancada negra da Câmara, deputado Damião Feliciano (União-PB), afirmou que havia se reunido com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e solicitado a celeridade na votação do projeto. Caso seja aprovado pela Casa, o projeto irá para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Atualmente, seis Estados brasileiros garantem um dia de folga no Dia da Consciência Negra: Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo. O Estado alagoano é onde morreu o líder Zumbi e onde foi organizado o Quilombo dos Palmares.