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Opinião|A casa de Deodoro


A liderança civil se acautelava, pensando que um golpe que derrubasse o querido e magnânimo Imperador só poderia ser chefiado por um militar. Daí a conveniência de o Senado expropriar o prédio em que residiu o ‘ilustre soldado e de onde saiu no memorável dia para tomar o comando do movimento militar que produziu a República’

Por José Renato Nalini

Partiu de Francisco Glicério, então Senador da jovem República, a ideia de expropriar a casa de número 105 da Praça que se passou a chamar “da República”. Era ali que residia o Marechal Deodoro da Fonseca.

Para justificar o seu projeto, de número 10 da legislatura de 1904, o Senador campineiro, o verdadeiro “Pai” da República, usou da palavra em sessão senatorial de 7 de julho daquele ano: “Do prédio nº 105 da praça, que ora se denomina “Praça da República”, saiu o chefe da revolução de 15 de novembro, que destruiu a forma política então dominante no país, substituindo-a pelo regime republicano. A mudança de regime político é um fato de natureza essencial na vida dos povos, ou antes, na vida do povo a que essa mudança interessa. A revolução militar, destruindo uma ordem política estabelecida, e sob a qual o Brasil fizera sua independência e realizara grandes progressos, sob a qual o Brasil criara um período de ordem interna e de respeito no exterior; a revolução militar, destruindo essa forma de governo, que assim realizara o bem público, substituindo-a pela forma republicana, foi um bem?”.

Se a indagação fosse feita hoje, em 2024, a resposta poderia variar. Àquela altura, nem decorridos cinco anos do golpe, a postura de Francisco Glicério só poderia ser a esperada: “Achei e acho que foi um bem, respondo. É certo que, ao fato da revolução de 15 de novembro e consequente estabelecimento do governo republicano, seguiu-se um período de perturbações internas, um período de revoluções e subversões da ordem pública, a que o Brasil não estava habituado”.

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Glicério confessa ter sido surpreendido. Se a República foi feita em paz, o período subsequente deveria ser de completa tranquilidade e renascimento. Mas considerava necessário que o regime tivesse de passar por uma era de adaptação. “Passado o período de entusiasmo, passado o período de ilusões santas, daqueles que prestaram seu concurso armado e de paz para a realização do novo regime; oferecendo-nos esse período um certo desconforto, dado o desconcerto financeiro em que o país se acha até agora, as decepções dos homens políticos que fundaram a República, é que atualmente se encontram profundamente divididos, amigos, aliados que eram ontem, e que hoje, na quase totalidade dos Estados brasileiros, se acham em situação de perene hostilidade; estes desgostos, estes fatos, esta situação moral e política em que se encontra a República, poderiam talvez, tornar o meu projeto objeto de dúvidas, pelo menos”.

Sustentando que a República fora um acerto, o Senador Glicério indaga: “A quem se deve mais imediatamente a sua proclamação?”. E confessa a sua “timidez” ao entrar no tema, “porque não desejo melindrar nem a memória daqueles que serviram ao lado do grande soldado que a proclamou, nem melindrar aqueles que entendem que outros homens políticos do Brasil tomaram parte eficientíssima na mudança do regime”.

Confessando-se a condição de “testemunha presencial dos fatos”, pede ao Senado “permissão para afirmar que a interferência, a chefia militar, a resolução do marechal Deodoro da Fonseca foi a condição essencial para a vitória do movimento”.

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A liderança civil se acautelava, pensando que um golpe que derrubasse o querido e magnânimo Imperador só poderia ser chefiado por um militar. Daí a conveniência de o Senado, para reverenciar quem assumiu esse fardo e em prol da memória brasileira, expropriar o prédio em que residiu o “ilustre soldado e de onde saiu no memorável dia para tomar o comando do movimento militar que produziu a República”.

Leu o projeto 10, autorizando o Governo a desapropriar o prédio nº 105 da Praça da República, para instalação de um museu para guarda de todos os objetos e documentos históricos referentes à proclamação do novo regime. Era também homenagem aos militares, pois “a revolução de 15 de novembro foi uma revolução militar, como revolução militar foi o 7 de abril, que destronou o primeiro imperador, como revolução militar foi o fato de 22, que motivou a separação da Metrópole, como é consectária de outros fatos anteriores. De modo que não se devia estabelecer uma solução de continuidade política entre o 15 de novembro e o passado do Brasil”.

Alguém sabe o que foi feito da residência do Marechal Deodoro?

Partiu de Francisco Glicério, então Senador da jovem República, a ideia de expropriar a casa de número 105 da Praça que se passou a chamar “da República”. Era ali que residia o Marechal Deodoro da Fonseca.

Para justificar o seu projeto, de número 10 da legislatura de 1904, o Senador campineiro, o verdadeiro “Pai” da República, usou da palavra em sessão senatorial de 7 de julho daquele ano: “Do prédio nº 105 da praça, que ora se denomina “Praça da República”, saiu o chefe da revolução de 15 de novembro, que destruiu a forma política então dominante no país, substituindo-a pelo regime republicano. A mudança de regime político é um fato de natureza essencial na vida dos povos, ou antes, na vida do povo a que essa mudança interessa. A revolução militar, destruindo uma ordem política estabelecida, e sob a qual o Brasil fizera sua independência e realizara grandes progressos, sob a qual o Brasil criara um período de ordem interna e de respeito no exterior; a revolução militar, destruindo essa forma de governo, que assim realizara o bem público, substituindo-a pela forma republicana, foi um bem?”.

Se a indagação fosse feita hoje, em 2024, a resposta poderia variar. Àquela altura, nem decorridos cinco anos do golpe, a postura de Francisco Glicério só poderia ser a esperada: “Achei e acho que foi um bem, respondo. É certo que, ao fato da revolução de 15 de novembro e consequente estabelecimento do governo republicano, seguiu-se um período de perturbações internas, um período de revoluções e subversões da ordem pública, a que o Brasil não estava habituado”.

Glicério confessa ter sido surpreendido. Se a República foi feita em paz, o período subsequente deveria ser de completa tranquilidade e renascimento. Mas considerava necessário que o regime tivesse de passar por uma era de adaptação. “Passado o período de entusiasmo, passado o período de ilusões santas, daqueles que prestaram seu concurso armado e de paz para a realização do novo regime; oferecendo-nos esse período um certo desconforto, dado o desconcerto financeiro em que o país se acha até agora, as decepções dos homens políticos que fundaram a República, é que atualmente se encontram profundamente divididos, amigos, aliados que eram ontem, e que hoje, na quase totalidade dos Estados brasileiros, se acham em situação de perene hostilidade; estes desgostos, estes fatos, esta situação moral e política em que se encontra a República, poderiam talvez, tornar o meu projeto objeto de dúvidas, pelo menos”.

Sustentando que a República fora um acerto, o Senador Glicério indaga: “A quem se deve mais imediatamente a sua proclamação?”. E confessa a sua “timidez” ao entrar no tema, “porque não desejo melindrar nem a memória daqueles que serviram ao lado do grande soldado que a proclamou, nem melindrar aqueles que entendem que outros homens políticos do Brasil tomaram parte eficientíssima na mudança do regime”.

Confessando-se a condição de “testemunha presencial dos fatos”, pede ao Senado “permissão para afirmar que a interferência, a chefia militar, a resolução do marechal Deodoro da Fonseca foi a condição essencial para a vitória do movimento”.

A liderança civil se acautelava, pensando que um golpe que derrubasse o querido e magnânimo Imperador só poderia ser chefiado por um militar. Daí a conveniência de o Senado, para reverenciar quem assumiu esse fardo e em prol da memória brasileira, expropriar o prédio em que residiu o “ilustre soldado e de onde saiu no memorável dia para tomar o comando do movimento militar que produziu a República”.

Leu o projeto 10, autorizando o Governo a desapropriar o prédio nº 105 da Praça da República, para instalação de um museu para guarda de todos os objetos e documentos históricos referentes à proclamação do novo regime. Era também homenagem aos militares, pois “a revolução de 15 de novembro foi uma revolução militar, como revolução militar foi o 7 de abril, que destronou o primeiro imperador, como revolução militar foi o fato de 22, que motivou a separação da Metrópole, como é consectária de outros fatos anteriores. De modo que não se devia estabelecer uma solução de continuidade política entre o 15 de novembro e o passado do Brasil”.

Alguém sabe o que foi feito da residência do Marechal Deodoro?

Partiu de Francisco Glicério, então Senador da jovem República, a ideia de expropriar a casa de número 105 da Praça que se passou a chamar “da República”. Era ali que residia o Marechal Deodoro da Fonseca.

Para justificar o seu projeto, de número 10 da legislatura de 1904, o Senador campineiro, o verdadeiro “Pai” da República, usou da palavra em sessão senatorial de 7 de julho daquele ano: “Do prédio nº 105 da praça, que ora se denomina “Praça da República”, saiu o chefe da revolução de 15 de novembro, que destruiu a forma política então dominante no país, substituindo-a pelo regime republicano. A mudança de regime político é um fato de natureza essencial na vida dos povos, ou antes, na vida do povo a que essa mudança interessa. A revolução militar, destruindo uma ordem política estabelecida, e sob a qual o Brasil fizera sua independência e realizara grandes progressos, sob a qual o Brasil criara um período de ordem interna e de respeito no exterior; a revolução militar, destruindo essa forma de governo, que assim realizara o bem público, substituindo-a pela forma republicana, foi um bem?”.

Se a indagação fosse feita hoje, em 2024, a resposta poderia variar. Àquela altura, nem decorridos cinco anos do golpe, a postura de Francisco Glicério só poderia ser a esperada: “Achei e acho que foi um bem, respondo. É certo que, ao fato da revolução de 15 de novembro e consequente estabelecimento do governo republicano, seguiu-se um período de perturbações internas, um período de revoluções e subversões da ordem pública, a que o Brasil não estava habituado”.

Glicério confessa ter sido surpreendido. Se a República foi feita em paz, o período subsequente deveria ser de completa tranquilidade e renascimento. Mas considerava necessário que o regime tivesse de passar por uma era de adaptação. “Passado o período de entusiasmo, passado o período de ilusões santas, daqueles que prestaram seu concurso armado e de paz para a realização do novo regime; oferecendo-nos esse período um certo desconforto, dado o desconcerto financeiro em que o país se acha até agora, as decepções dos homens políticos que fundaram a República, é que atualmente se encontram profundamente divididos, amigos, aliados que eram ontem, e que hoje, na quase totalidade dos Estados brasileiros, se acham em situação de perene hostilidade; estes desgostos, estes fatos, esta situação moral e política em que se encontra a República, poderiam talvez, tornar o meu projeto objeto de dúvidas, pelo menos”.

Sustentando que a República fora um acerto, o Senador Glicério indaga: “A quem se deve mais imediatamente a sua proclamação?”. E confessa a sua “timidez” ao entrar no tema, “porque não desejo melindrar nem a memória daqueles que serviram ao lado do grande soldado que a proclamou, nem melindrar aqueles que entendem que outros homens políticos do Brasil tomaram parte eficientíssima na mudança do regime”.

Confessando-se a condição de “testemunha presencial dos fatos”, pede ao Senado “permissão para afirmar que a interferência, a chefia militar, a resolução do marechal Deodoro da Fonseca foi a condição essencial para a vitória do movimento”.

A liderança civil se acautelava, pensando que um golpe que derrubasse o querido e magnânimo Imperador só poderia ser chefiado por um militar. Daí a conveniência de o Senado, para reverenciar quem assumiu esse fardo e em prol da memória brasileira, expropriar o prédio em que residiu o “ilustre soldado e de onde saiu no memorável dia para tomar o comando do movimento militar que produziu a República”.

Leu o projeto 10, autorizando o Governo a desapropriar o prédio nº 105 da Praça da República, para instalação de um museu para guarda de todos os objetos e documentos históricos referentes à proclamação do novo regime. Era também homenagem aos militares, pois “a revolução de 15 de novembro foi uma revolução militar, como revolução militar foi o 7 de abril, que destronou o primeiro imperador, como revolução militar foi o fato de 22, que motivou a separação da Metrópole, como é consectária de outros fatos anteriores. De modo que não se devia estabelecer uma solução de continuidade política entre o 15 de novembro e o passado do Brasil”.

Alguém sabe o que foi feito da residência do Marechal Deodoro?

Partiu de Francisco Glicério, então Senador da jovem República, a ideia de expropriar a casa de número 105 da Praça que se passou a chamar “da República”. Era ali que residia o Marechal Deodoro da Fonseca.

Para justificar o seu projeto, de número 10 da legislatura de 1904, o Senador campineiro, o verdadeiro “Pai” da República, usou da palavra em sessão senatorial de 7 de julho daquele ano: “Do prédio nº 105 da praça, que ora se denomina “Praça da República”, saiu o chefe da revolução de 15 de novembro, que destruiu a forma política então dominante no país, substituindo-a pelo regime republicano. A mudança de regime político é um fato de natureza essencial na vida dos povos, ou antes, na vida do povo a que essa mudança interessa. A revolução militar, destruindo uma ordem política estabelecida, e sob a qual o Brasil fizera sua independência e realizara grandes progressos, sob a qual o Brasil criara um período de ordem interna e de respeito no exterior; a revolução militar, destruindo essa forma de governo, que assim realizara o bem público, substituindo-a pela forma republicana, foi um bem?”.

Se a indagação fosse feita hoje, em 2024, a resposta poderia variar. Àquela altura, nem decorridos cinco anos do golpe, a postura de Francisco Glicério só poderia ser a esperada: “Achei e acho que foi um bem, respondo. É certo que, ao fato da revolução de 15 de novembro e consequente estabelecimento do governo republicano, seguiu-se um período de perturbações internas, um período de revoluções e subversões da ordem pública, a que o Brasil não estava habituado”.

Glicério confessa ter sido surpreendido. Se a República foi feita em paz, o período subsequente deveria ser de completa tranquilidade e renascimento. Mas considerava necessário que o regime tivesse de passar por uma era de adaptação. “Passado o período de entusiasmo, passado o período de ilusões santas, daqueles que prestaram seu concurso armado e de paz para a realização do novo regime; oferecendo-nos esse período um certo desconforto, dado o desconcerto financeiro em que o país se acha até agora, as decepções dos homens políticos que fundaram a República, é que atualmente se encontram profundamente divididos, amigos, aliados que eram ontem, e que hoje, na quase totalidade dos Estados brasileiros, se acham em situação de perene hostilidade; estes desgostos, estes fatos, esta situação moral e política em que se encontra a República, poderiam talvez, tornar o meu projeto objeto de dúvidas, pelo menos”.

Sustentando que a República fora um acerto, o Senador Glicério indaga: “A quem se deve mais imediatamente a sua proclamação?”. E confessa a sua “timidez” ao entrar no tema, “porque não desejo melindrar nem a memória daqueles que serviram ao lado do grande soldado que a proclamou, nem melindrar aqueles que entendem que outros homens políticos do Brasil tomaram parte eficientíssima na mudança do regime”.

Confessando-se a condição de “testemunha presencial dos fatos”, pede ao Senado “permissão para afirmar que a interferência, a chefia militar, a resolução do marechal Deodoro da Fonseca foi a condição essencial para a vitória do movimento”.

A liderança civil se acautelava, pensando que um golpe que derrubasse o querido e magnânimo Imperador só poderia ser chefiado por um militar. Daí a conveniência de o Senado, para reverenciar quem assumiu esse fardo e em prol da memória brasileira, expropriar o prédio em que residiu o “ilustre soldado e de onde saiu no memorável dia para tomar o comando do movimento militar que produziu a República”.

Leu o projeto 10, autorizando o Governo a desapropriar o prédio nº 105 da Praça da República, para instalação de um museu para guarda de todos os objetos e documentos históricos referentes à proclamação do novo regime. Era também homenagem aos militares, pois “a revolução de 15 de novembro foi uma revolução militar, como revolução militar foi o 7 de abril, que destronou o primeiro imperador, como revolução militar foi o fato de 22, que motivou a separação da Metrópole, como é consectária de outros fatos anteriores. De modo que não se devia estabelecer uma solução de continuidade política entre o 15 de novembro e o passado do Brasil”.

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