Na atual situação da pandemia do coronavírus, há uma análise muito consciente para ser feita pela sociedade. Neste estágio de estagnação, isolamento e precaução, existe o ponto focal na pandemia, mas também em identificar a diferença entre oportunidade e oportunismo.
Esta distinção é fundamental para o processo de conscientização nas atividades de prestação de serviços. A preocupação com o surto do novo coronavírus provocou uma corrida mundial por máscaras cirúrgicas. Mesmo a China, maior produtora mundial de máscaras, com capacidade para produzir 20 milhões de unidades diárias, é incapaz de atender a demanda local -- hoje em torno de 60 milhões por dia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que prevê um aumento de 40% na produção de máscaras cirúrgicas e de outros equipamentos de proteção de funcionários do setor de saúde. De acordo com estimativa do órgão, cerca de 89 milhões de máscaras cirúrgicas serão necessárias mensalmente para médicos, enfermeiros e outros trabalhadores da linha de frente já que o surto de coronavírus tem aumentado tal demanda mundialmente.
Com o aumento da demanda e a alta do dólar, o preço deste insumo (a máscara cirúrgica) está cada vez mais alto, com variações de mais de 1000%, incluindo neste compasso, luvas, óculos de proteção, aventais descartáveis, entre outros EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). As Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, que já sobrevivem às duras penas, em razão da falta de recursos financeiros e a defasagem da tabela SUS (Sistema Único de Saúde), há mais de 15 anos, se veem em situação de desespero, uma vez que a ausência desses itens coloca em risco à saúde dos profissionais que estão na linha de frente do enfrentamento ao coronavírus, podendo o problema tornar-se ainda maior. Sem a proteção dos trabalhadores da área médica, não será possível frear o novo vírus.
Na crise se criam oportunidades, mas muitos estão se aproveitando da fragilidade do momento para o oportunismo.
Os insumos na área de saúde são escassos, os preços exorbitantes, as representações corporativas instigam paralisações e as exigências não são factíveis. Em uma situação em que vidas estão em jogo, devemos estar sensibilizados para o ser humano e criar oportunidades que venham a somar na luta, bem diferente de oportunismo, que dificulta ainda mais o que já está bem difícil.
*Edison Ferreira da Silva é presidente do Sindicato das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo