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Opinião|A missão de uma escola


Em lugar de incentivar a formação de profissionais que abarrotam o mercado e já não garantem ascensão social, nem subsistência digna, é urgente formar técnicos em conservação ambiental, técnicos eletrônicos, especialistas em dados, engenheiros para a botânica e silvicultura, botânicos e paisagistas

Por José Renato Nalini

Uma escola tem por finalidade preparar pessoas para a exploração de suas potencialidades, mediante aquisição de conhecimento sem limites. O pressuposto da perfectibilidade humana torna o aprendizado uma vocação permanente. Nunca se atingirá a perfeição, mas a cada dia, é dever ético tornar-se menos imperfeito.

Além disso, a educação capacita para o trabalho e qualifica a pessoa para o adequado exercício da cidadania. Considerar que a vida impõe obrigações e assegura direitos. Os deveres são tão ou mais importantes do que os bens da vida chamados “direitos”.

Mas hoje, neste século em que a natureza está respondendo aos agravos que tem sofrido desde que o ser humano quis se servir dela como destruidor, cada escola precisa fazer mais. Ela pode e deve ser um laboratório de experiências e práticas que treinem suas comunidades para as tragédias que ocorrerão, sob a forma de fenômenos extremos.

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Estiagem é algo que se torna comum na era do aquecimento exagerado das temperaturas. As “ondas de calor” causam males muito graves a pessoas já vulneráveis. A internação de hipertensos, de diabéticos, de portadores de males cardiovasculares, de idosos e de crianças, de gestantes que podem sofrer aborto espontâneo, é dado empírico já comprovado.

Cada escola terá de se tornar, o mais cedo que se puder adaptá-la, um “refúgio térmico”. Com ar refrigerado, água gelada ou em temperatura agradável, com alimentação leve, frutas, por exemplo, sorvetes e avaliação da pressão de quem estiver se sentindo mal. Não se exclui a necessidade de a escola servir de abrigo para pessoas que perderem suas moradias. É obrigação da sociedade, Poder Público incluído, proceder à adoção de providências que tornem os municípios resilientes às emergências climáticas.

Em lugar de adestrar o educando a decorar informações desnecessárias, será mais benéfico à sobrevivência fazê-lo elaborar propostas para reduzir o desperdício e as emissões, com a gradual transformação do estabelecimento para combater as mudanças climáticas.

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Em países do primeiro mundo, isso já se faz. Alunos providenciam estrutura de painel solar sombreada, utilizando a energia solar para economizar na conta de eletricidade.

Em lugar de incentivar a formação de profissionais que abarrotam o mercado e já não garantem ascensão social, nem subsistência digna, é urgente formar técnicos em conservação ambiental, técnicos eletrônicos, especialistas em dados, engenheiros para a botânica e silvicultura, botânicos e paisagistas.

Universidades americanas já adotam a abordagem de converter seus campi em laboratório vivo. Busca simultânea de educação dos alunos para o trato racional dos finitos recursos naturais e de redução da emissão de carbono do estabelecimento e da comunidade do entorno. Que cada aluno leve para a sua casa as lições aprendidas em salas de aula que não serão mais espaços de oitiva, das insossas preleções repetitivas, mas sejam lugar de experimentos e de participação ativa dos discípulos à procura de soluções para problemas concretos. E não há nada mais concreto do que a emergência climática. Quem é que não sente que o clima está se tornando perigoso e hostil à vida?

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Isso ocorre nas Faculdades, onde estudantes de engenharia ajudam a reformar prédios. Quem estuda teatro aprende a realizar produções que conscientizem a população de que ela corre riscos severos e que o consumo precisa mudar. Os estudantes de ecologia restauram as áreas úmidas da escola e devolvem ao solo espaços para drenagem, para que a água volte aos lençóis freáticos e não se torne enxurrada violenta que atropela tudo o que está no seu caminho, causando destruição e morte.

Quem estuda arquitetura modela o fluxo de ar dos edifícios e trabalha para melhorar sua eficiência energética. Os técnicos em agrimensura também podem atuar nesse sentido. Mas não é só a Faculdade que pode se dedicar a um projeto desses. Qualquer escola, de qualquer nível, deve fazer aquilo que puder. Hortas, jardins de chuva, florestas internas, captação de água da chuva, uso de energia limpa, descarte correto de resíduos, compostagem, reciclagem. É disso que o mundo precisa, nem tanto de diplomas que já perderam aquela feição tradicional de fetiche. Os jovens sabem que os vencedores no mundo web são pessoas que nunca se acostumaram com um curso regular, pois anacrônico e sem qualquer sintonia com a profunda reforma estrutural a que o mundo se submeteu, após a Quarta Revolução Industrial.

Quem não tiver ideia do que fazer, deve ler o livro “Universities on fire: higher education in the climate crisis”, ou “Universidades em combustão: educação superior na crise climática”, de Bryan Alexander, acadêmico sênior da Universidade de Georgetown. Uma escola tem de dar exemplo e transformar o entorno em que está situada. Sem isso, ela não se distinguirá de uma empresa, se for particular, ou de uma repartição pública, se for estatal.

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Além disso, para o Brasil existe um comando constitucional. A Universidade se apoia sobre três pilares: ensino, pesquisa e extensão. Isso vale também para as demais escolas. Tudo tem de ter resultados concretos. Teoria pura, sem aplicação, de pouco vale. O aprendizado só serve se ele modificar – para melhor – a realidade.

O que se verifica é que esse trabalho concreto, para mudar a fisionomia da escola, faz bem para a saúde mental dos alunos. Quem trabalha em conjunto, sob forma cooperada, aprende a dialogar, a respeitar pontos de vista diversos do seu. Isso elimina a perniciosa polarização em que o Brasil mergulhou há alguns anos. Boa notícia é a de que o MEC exige agora que ao menos dez por cento das horas curriculares sejam destinadas à extensão. Isso significa que não se poderá mais considerar extensão a mera leitura, a pesquisa isolada, sem que se possa avaliar, concretamente, o que é que esse período significou no aprimoramento do sistema.

Todos têm noção daquilo que causa a emissão dos gases venenosos que produzem o efeito estufa e o aquecimento global. Entretanto, poucos os que se preocupam em reduzir a sua própria emissão. E tudo emite CO2 ou metano. Usar carro, usar motocicleta, depender da energia elétrica (e quem não depende?) e produzir resíduo sólido. Esta, uma questão eminentemente educacional.

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O desperdício de alimentos é algo que pode e deve ser corrigido em cada escola, para que o aluno leve esse hábito para o seu lar. Calcular as emissões do deslocamento de casa para a escola. Sabe-se que os edifícios são grandes emissores. Será que seus alunos têm noção disso? Uma aula de matemática e de física para calcular a pegada de carbono não é muito mais interessante do que ensinar fórmulas, teoremas e noções de geometria? Estimular o uso da bicicleta, do andar a pé, de subir as escadas em lugar de elevador para transportar de um andar para o outro, imediatamente superior. Economizar água!

Há bons exemplos nos quais se inspirar. Procurar tornar sua escola um estabelecimento com zero emissão. Avaliar, nas aulas de estatística, porque há edifícios menos eficientes do que outros. Na psicologia, estudar mudanças comportamentais como reduzir as porções de alimento, já que há tanta sobra nos pratos. Alunos de física projetam caixas térmicas solares para aumentar a produção de biogás renovável, explorar fazendas orgânicas, praticar sustentabilidade, em lugar de decorar o seu conceito.

Os alunos têm de ser alertados, por seus professores, sobre os riscos climáticos, as estratégias de resiliência e realizar, depois, workshop para a comunidade. Formar equipes de socorro, de treinadores esportivos para atender as vítimas das ilhas de calor.

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O ideal é que cada escola se torne inteiramente sustentável. E que a comunidade escolar tenha noção dos perigos que o abandono às práticas de precaução e de prevenção acarretam a toda uma sociedade, ainda omissa e inerte, quando o desastre está a bater em sua porta. Essa a missão da escola contemporânea. O tempo de aula expositiva e lição de casa já passou.

Uma escola tem por finalidade preparar pessoas para a exploração de suas potencialidades, mediante aquisição de conhecimento sem limites. O pressuposto da perfectibilidade humana torna o aprendizado uma vocação permanente. Nunca se atingirá a perfeição, mas a cada dia, é dever ético tornar-se menos imperfeito.

Além disso, a educação capacita para o trabalho e qualifica a pessoa para o adequado exercício da cidadania. Considerar que a vida impõe obrigações e assegura direitos. Os deveres são tão ou mais importantes do que os bens da vida chamados “direitos”.

Mas hoje, neste século em que a natureza está respondendo aos agravos que tem sofrido desde que o ser humano quis se servir dela como destruidor, cada escola precisa fazer mais. Ela pode e deve ser um laboratório de experiências e práticas que treinem suas comunidades para as tragédias que ocorrerão, sob a forma de fenômenos extremos.

Estiagem é algo que se torna comum na era do aquecimento exagerado das temperaturas. As “ondas de calor” causam males muito graves a pessoas já vulneráveis. A internação de hipertensos, de diabéticos, de portadores de males cardiovasculares, de idosos e de crianças, de gestantes que podem sofrer aborto espontâneo, é dado empírico já comprovado.

Cada escola terá de se tornar, o mais cedo que se puder adaptá-la, um “refúgio térmico”. Com ar refrigerado, água gelada ou em temperatura agradável, com alimentação leve, frutas, por exemplo, sorvetes e avaliação da pressão de quem estiver se sentindo mal. Não se exclui a necessidade de a escola servir de abrigo para pessoas que perderem suas moradias. É obrigação da sociedade, Poder Público incluído, proceder à adoção de providências que tornem os municípios resilientes às emergências climáticas.

Em lugar de adestrar o educando a decorar informações desnecessárias, será mais benéfico à sobrevivência fazê-lo elaborar propostas para reduzir o desperdício e as emissões, com a gradual transformação do estabelecimento para combater as mudanças climáticas.

Em países do primeiro mundo, isso já se faz. Alunos providenciam estrutura de painel solar sombreada, utilizando a energia solar para economizar na conta de eletricidade.

Em lugar de incentivar a formação de profissionais que abarrotam o mercado e já não garantem ascensão social, nem subsistência digna, é urgente formar técnicos em conservação ambiental, técnicos eletrônicos, especialistas em dados, engenheiros para a botânica e silvicultura, botânicos e paisagistas.

Universidades americanas já adotam a abordagem de converter seus campi em laboratório vivo. Busca simultânea de educação dos alunos para o trato racional dos finitos recursos naturais e de redução da emissão de carbono do estabelecimento e da comunidade do entorno. Que cada aluno leve para a sua casa as lições aprendidas em salas de aula que não serão mais espaços de oitiva, das insossas preleções repetitivas, mas sejam lugar de experimentos e de participação ativa dos discípulos à procura de soluções para problemas concretos. E não há nada mais concreto do que a emergência climática. Quem é que não sente que o clima está se tornando perigoso e hostil à vida?

Isso ocorre nas Faculdades, onde estudantes de engenharia ajudam a reformar prédios. Quem estuda teatro aprende a realizar produções que conscientizem a população de que ela corre riscos severos e que o consumo precisa mudar. Os estudantes de ecologia restauram as áreas úmidas da escola e devolvem ao solo espaços para drenagem, para que a água volte aos lençóis freáticos e não se torne enxurrada violenta que atropela tudo o que está no seu caminho, causando destruição e morte.

Quem estuda arquitetura modela o fluxo de ar dos edifícios e trabalha para melhorar sua eficiência energética. Os técnicos em agrimensura também podem atuar nesse sentido. Mas não é só a Faculdade que pode se dedicar a um projeto desses. Qualquer escola, de qualquer nível, deve fazer aquilo que puder. Hortas, jardins de chuva, florestas internas, captação de água da chuva, uso de energia limpa, descarte correto de resíduos, compostagem, reciclagem. É disso que o mundo precisa, nem tanto de diplomas que já perderam aquela feição tradicional de fetiche. Os jovens sabem que os vencedores no mundo web são pessoas que nunca se acostumaram com um curso regular, pois anacrônico e sem qualquer sintonia com a profunda reforma estrutural a que o mundo se submeteu, após a Quarta Revolução Industrial.

Quem não tiver ideia do que fazer, deve ler o livro “Universities on fire: higher education in the climate crisis”, ou “Universidades em combustão: educação superior na crise climática”, de Bryan Alexander, acadêmico sênior da Universidade de Georgetown. Uma escola tem de dar exemplo e transformar o entorno em que está situada. Sem isso, ela não se distinguirá de uma empresa, se for particular, ou de uma repartição pública, se for estatal.

Além disso, para o Brasil existe um comando constitucional. A Universidade se apoia sobre três pilares: ensino, pesquisa e extensão. Isso vale também para as demais escolas. Tudo tem de ter resultados concretos. Teoria pura, sem aplicação, de pouco vale. O aprendizado só serve se ele modificar – para melhor – a realidade.

O que se verifica é que esse trabalho concreto, para mudar a fisionomia da escola, faz bem para a saúde mental dos alunos. Quem trabalha em conjunto, sob forma cooperada, aprende a dialogar, a respeitar pontos de vista diversos do seu. Isso elimina a perniciosa polarização em que o Brasil mergulhou há alguns anos. Boa notícia é a de que o MEC exige agora que ao menos dez por cento das horas curriculares sejam destinadas à extensão. Isso significa que não se poderá mais considerar extensão a mera leitura, a pesquisa isolada, sem que se possa avaliar, concretamente, o que é que esse período significou no aprimoramento do sistema.

Todos têm noção daquilo que causa a emissão dos gases venenosos que produzem o efeito estufa e o aquecimento global. Entretanto, poucos os que se preocupam em reduzir a sua própria emissão. E tudo emite CO2 ou metano. Usar carro, usar motocicleta, depender da energia elétrica (e quem não depende?) e produzir resíduo sólido. Esta, uma questão eminentemente educacional.

O desperdício de alimentos é algo que pode e deve ser corrigido em cada escola, para que o aluno leve esse hábito para o seu lar. Calcular as emissões do deslocamento de casa para a escola. Sabe-se que os edifícios são grandes emissores. Será que seus alunos têm noção disso? Uma aula de matemática e de física para calcular a pegada de carbono não é muito mais interessante do que ensinar fórmulas, teoremas e noções de geometria? Estimular o uso da bicicleta, do andar a pé, de subir as escadas em lugar de elevador para transportar de um andar para o outro, imediatamente superior. Economizar água!

Há bons exemplos nos quais se inspirar. Procurar tornar sua escola um estabelecimento com zero emissão. Avaliar, nas aulas de estatística, porque há edifícios menos eficientes do que outros. Na psicologia, estudar mudanças comportamentais como reduzir as porções de alimento, já que há tanta sobra nos pratos. Alunos de física projetam caixas térmicas solares para aumentar a produção de biogás renovável, explorar fazendas orgânicas, praticar sustentabilidade, em lugar de decorar o seu conceito.

Os alunos têm de ser alertados, por seus professores, sobre os riscos climáticos, as estratégias de resiliência e realizar, depois, workshop para a comunidade. Formar equipes de socorro, de treinadores esportivos para atender as vítimas das ilhas de calor.

O ideal é que cada escola se torne inteiramente sustentável. E que a comunidade escolar tenha noção dos perigos que o abandono às práticas de precaução e de prevenção acarretam a toda uma sociedade, ainda omissa e inerte, quando o desastre está a bater em sua porta. Essa a missão da escola contemporânea. O tempo de aula expositiva e lição de casa já passou.

Uma escola tem por finalidade preparar pessoas para a exploração de suas potencialidades, mediante aquisição de conhecimento sem limites. O pressuposto da perfectibilidade humana torna o aprendizado uma vocação permanente. Nunca se atingirá a perfeição, mas a cada dia, é dever ético tornar-se menos imperfeito.

Além disso, a educação capacita para o trabalho e qualifica a pessoa para o adequado exercício da cidadania. Considerar que a vida impõe obrigações e assegura direitos. Os deveres são tão ou mais importantes do que os bens da vida chamados “direitos”.

Mas hoje, neste século em que a natureza está respondendo aos agravos que tem sofrido desde que o ser humano quis se servir dela como destruidor, cada escola precisa fazer mais. Ela pode e deve ser um laboratório de experiências e práticas que treinem suas comunidades para as tragédias que ocorrerão, sob a forma de fenômenos extremos.

Estiagem é algo que se torna comum na era do aquecimento exagerado das temperaturas. As “ondas de calor” causam males muito graves a pessoas já vulneráveis. A internação de hipertensos, de diabéticos, de portadores de males cardiovasculares, de idosos e de crianças, de gestantes que podem sofrer aborto espontâneo, é dado empírico já comprovado.

Cada escola terá de se tornar, o mais cedo que se puder adaptá-la, um “refúgio térmico”. Com ar refrigerado, água gelada ou em temperatura agradável, com alimentação leve, frutas, por exemplo, sorvetes e avaliação da pressão de quem estiver se sentindo mal. Não se exclui a necessidade de a escola servir de abrigo para pessoas que perderem suas moradias. É obrigação da sociedade, Poder Público incluído, proceder à adoção de providências que tornem os municípios resilientes às emergências climáticas.

Em lugar de adestrar o educando a decorar informações desnecessárias, será mais benéfico à sobrevivência fazê-lo elaborar propostas para reduzir o desperdício e as emissões, com a gradual transformação do estabelecimento para combater as mudanças climáticas.

Em países do primeiro mundo, isso já se faz. Alunos providenciam estrutura de painel solar sombreada, utilizando a energia solar para economizar na conta de eletricidade.

Em lugar de incentivar a formação de profissionais que abarrotam o mercado e já não garantem ascensão social, nem subsistência digna, é urgente formar técnicos em conservação ambiental, técnicos eletrônicos, especialistas em dados, engenheiros para a botânica e silvicultura, botânicos e paisagistas.

Universidades americanas já adotam a abordagem de converter seus campi em laboratório vivo. Busca simultânea de educação dos alunos para o trato racional dos finitos recursos naturais e de redução da emissão de carbono do estabelecimento e da comunidade do entorno. Que cada aluno leve para a sua casa as lições aprendidas em salas de aula que não serão mais espaços de oitiva, das insossas preleções repetitivas, mas sejam lugar de experimentos e de participação ativa dos discípulos à procura de soluções para problemas concretos. E não há nada mais concreto do que a emergência climática. Quem é que não sente que o clima está se tornando perigoso e hostil à vida?

Isso ocorre nas Faculdades, onde estudantes de engenharia ajudam a reformar prédios. Quem estuda teatro aprende a realizar produções que conscientizem a população de que ela corre riscos severos e que o consumo precisa mudar. Os estudantes de ecologia restauram as áreas úmidas da escola e devolvem ao solo espaços para drenagem, para que a água volte aos lençóis freáticos e não se torne enxurrada violenta que atropela tudo o que está no seu caminho, causando destruição e morte.

Quem estuda arquitetura modela o fluxo de ar dos edifícios e trabalha para melhorar sua eficiência energética. Os técnicos em agrimensura também podem atuar nesse sentido. Mas não é só a Faculdade que pode se dedicar a um projeto desses. Qualquer escola, de qualquer nível, deve fazer aquilo que puder. Hortas, jardins de chuva, florestas internas, captação de água da chuva, uso de energia limpa, descarte correto de resíduos, compostagem, reciclagem. É disso que o mundo precisa, nem tanto de diplomas que já perderam aquela feição tradicional de fetiche. Os jovens sabem que os vencedores no mundo web são pessoas que nunca se acostumaram com um curso regular, pois anacrônico e sem qualquer sintonia com a profunda reforma estrutural a que o mundo se submeteu, após a Quarta Revolução Industrial.

Quem não tiver ideia do que fazer, deve ler o livro “Universities on fire: higher education in the climate crisis”, ou “Universidades em combustão: educação superior na crise climática”, de Bryan Alexander, acadêmico sênior da Universidade de Georgetown. Uma escola tem de dar exemplo e transformar o entorno em que está situada. Sem isso, ela não se distinguirá de uma empresa, se for particular, ou de uma repartição pública, se for estatal.

Além disso, para o Brasil existe um comando constitucional. A Universidade se apoia sobre três pilares: ensino, pesquisa e extensão. Isso vale também para as demais escolas. Tudo tem de ter resultados concretos. Teoria pura, sem aplicação, de pouco vale. O aprendizado só serve se ele modificar – para melhor – a realidade.

O que se verifica é que esse trabalho concreto, para mudar a fisionomia da escola, faz bem para a saúde mental dos alunos. Quem trabalha em conjunto, sob forma cooperada, aprende a dialogar, a respeitar pontos de vista diversos do seu. Isso elimina a perniciosa polarização em que o Brasil mergulhou há alguns anos. Boa notícia é a de que o MEC exige agora que ao menos dez por cento das horas curriculares sejam destinadas à extensão. Isso significa que não se poderá mais considerar extensão a mera leitura, a pesquisa isolada, sem que se possa avaliar, concretamente, o que é que esse período significou no aprimoramento do sistema.

Todos têm noção daquilo que causa a emissão dos gases venenosos que produzem o efeito estufa e o aquecimento global. Entretanto, poucos os que se preocupam em reduzir a sua própria emissão. E tudo emite CO2 ou metano. Usar carro, usar motocicleta, depender da energia elétrica (e quem não depende?) e produzir resíduo sólido. Esta, uma questão eminentemente educacional.

O desperdício de alimentos é algo que pode e deve ser corrigido em cada escola, para que o aluno leve esse hábito para o seu lar. Calcular as emissões do deslocamento de casa para a escola. Sabe-se que os edifícios são grandes emissores. Será que seus alunos têm noção disso? Uma aula de matemática e de física para calcular a pegada de carbono não é muito mais interessante do que ensinar fórmulas, teoremas e noções de geometria? Estimular o uso da bicicleta, do andar a pé, de subir as escadas em lugar de elevador para transportar de um andar para o outro, imediatamente superior. Economizar água!

Há bons exemplos nos quais se inspirar. Procurar tornar sua escola um estabelecimento com zero emissão. Avaliar, nas aulas de estatística, porque há edifícios menos eficientes do que outros. Na psicologia, estudar mudanças comportamentais como reduzir as porções de alimento, já que há tanta sobra nos pratos. Alunos de física projetam caixas térmicas solares para aumentar a produção de biogás renovável, explorar fazendas orgânicas, praticar sustentabilidade, em lugar de decorar o seu conceito.

Os alunos têm de ser alertados, por seus professores, sobre os riscos climáticos, as estratégias de resiliência e realizar, depois, workshop para a comunidade. Formar equipes de socorro, de treinadores esportivos para atender as vítimas das ilhas de calor.

O ideal é que cada escola se torne inteiramente sustentável. E que a comunidade escolar tenha noção dos perigos que o abandono às práticas de precaução e de prevenção acarretam a toda uma sociedade, ainda omissa e inerte, quando o desastre está a bater em sua porta. Essa a missão da escola contemporânea. O tempo de aula expositiva e lição de casa já passou.

Uma escola tem por finalidade preparar pessoas para a exploração de suas potencialidades, mediante aquisição de conhecimento sem limites. O pressuposto da perfectibilidade humana torna o aprendizado uma vocação permanente. Nunca se atingirá a perfeição, mas a cada dia, é dever ético tornar-se menos imperfeito.

Além disso, a educação capacita para o trabalho e qualifica a pessoa para o adequado exercício da cidadania. Considerar que a vida impõe obrigações e assegura direitos. Os deveres são tão ou mais importantes do que os bens da vida chamados “direitos”.

Mas hoje, neste século em que a natureza está respondendo aos agravos que tem sofrido desde que o ser humano quis se servir dela como destruidor, cada escola precisa fazer mais. Ela pode e deve ser um laboratório de experiências e práticas que treinem suas comunidades para as tragédias que ocorrerão, sob a forma de fenômenos extremos.

Estiagem é algo que se torna comum na era do aquecimento exagerado das temperaturas. As “ondas de calor” causam males muito graves a pessoas já vulneráveis. A internação de hipertensos, de diabéticos, de portadores de males cardiovasculares, de idosos e de crianças, de gestantes que podem sofrer aborto espontâneo, é dado empírico já comprovado.

Cada escola terá de se tornar, o mais cedo que se puder adaptá-la, um “refúgio térmico”. Com ar refrigerado, água gelada ou em temperatura agradável, com alimentação leve, frutas, por exemplo, sorvetes e avaliação da pressão de quem estiver se sentindo mal. Não se exclui a necessidade de a escola servir de abrigo para pessoas que perderem suas moradias. É obrigação da sociedade, Poder Público incluído, proceder à adoção de providências que tornem os municípios resilientes às emergências climáticas.

Em lugar de adestrar o educando a decorar informações desnecessárias, será mais benéfico à sobrevivência fazê-lo elaborar propostas para reduzir o desperdício e as emissões, com a gradual transformação do estabelecimento para combater as mudanças climáticas.

Em países do primeiro mundo, isso já se faz. Alunos providenciam estrutura de painel solar sombreada, utilizando a energia solar para economizar na conta de eletricidade.

Em lugar de incentivar a formação de profissionais que abarrotam o mercado e já não garantem ascensão social, nem subsistência digna, é urgente formar técnicos em conservação ambiental, técnicos eletrônicos, especialistas em dados, engenheiros para a botânica e silvicultura, botânicos e paisagistas.

Universidades americanas já adotam a abordagem de converter seus campi em laboratório vivo. Busca simultânea de educação dos alunos para o trato racional dos finitos recursos naturais e de redução da emissão de carbono do estabelecimento e da comunidade do entorno. Que cada aluno leve para a sua casa as lições aprendidas em salas de aula que não serão mais espaços de oitiva, das insossas preleções repetitivas, mas sejam lugar de experimentos e de participação ativa dos discípulos à procura de soluções para problemas concretos. E não há nada mais concreto do que a emergência climática. Quem é que não sente que o clima está se tornando perigoso e hostil à vida?

Isso ocorre nas Faculdades, onde estudantes de engenharia ajudam a reformar prédios. Quem estuda teatro aprende a realizar produções que conscientizem a população de que ela corre riscos severos e que o consumo precisa mudar. Os estudantes de ecologia restauram as áreas úmidas da escola e devolvem ao solo espaços para drenagem, para que a água volte aos lençóis freáticos e não se torne enxurrada violenta que atropela tudo o que está no seu caminho, causando destruição e morte.

Quem estuda arquitetura modela o fluxo de ar dos edifícios e trabalha para melhorar sua eficiência energética. Os técnicos em agrimensura também podem atuar nesse sentido. Mas não é só a Faculdade que pode se dedicar a um projeto desses. Qualquer escola, de qualquer nível, deve fazer aquilo que puder. Hortas, jardins de chuva, florestas internas, captação de água da chuva, uso de energia limpa, descarte correto de resíduos, compostagem, reciclagem. É disso que o mundo precisa, nem tanto de diplomas que já perderam aquela feição tradicional de fetiche. Os jovens sabem que os vencedores no mundo web são pessoas que nunca se acostumaram com um curso regular, pois anacrônico e sem qualquer sintonia com a profunda reforma estrutural a que o mundo se submeteu, após a Quarta Revolução Industrial.

Quem não tiver ideia do que fazer, deve ler o livro “Universities on fire: higher education in the climate crisis”, ou “Universidades em combustão: educação superior na crise climática”, de Bryan Alexander, acadêmico sênior da Universidade de Georgetown. Uma escola tem de dar exemplo e transformar o entorno em que está situada. Sem isso, ela não se distinguirá de uma empresa, se for particular, ou de uma repartição pública, se for estatal.

Além disso, para o Brasil existe um comando constitucional. A Universidade se apoia sobre três pilares: ensino, pesquisa e extensão. Isso vale também para as demais escolas. Tudo tem de ter resultados concretos. Teoria pura, sem aplicação, de pouco vale. O aprendizado só serve se ele modificar – para melhor – a realidade.

O que se verifica é que esse trabalho concreto, para mudar a fisionomia da escola, faz bem para a saúde mental dos alunos. Quem trabalha em conjunto, sob forma cooperada, aprende a dialogar, a respeitar pontos de vista diversos do seu. Isso elimina a perniciosa polarização em que o Brasil mergulhou há alguns anos. Boa notícia é a de que o MEC exige agora que ao menos dez por cento das horas curriculares sejam destinadas à extensão. Isso significa que não se poderá mais considerar extensão a mera leitura, a pesquisa isolada, sem que se possa avaliar, concretamente, o que é que esse período significou no aprimoramento do sistema.

Todos têm noção daquilo que causa a emissão dos gases venenosos que produzem o efeito estufa e o aquecimento global. Entretanto, poucos os que se preocupam em reduzir a sua própria emissão. E tudo emite CO2 ou metano. Usar carro, usar motocicleta, depender da energia elétrica (e quem não depende?) e produzir resíduo sólido. Esta, uma questão eminentemente educacional.

O desperdício de alimentos é algo que pode e deve ser corrigido em cada escola, para que o aluno leve esse hábito para o seu lar. Calcular as emissões do deslocamento de casa para a escola. Sabe-se que os edifícios são grandes emissores. Será que seus alunos têm noção disso? Uma aula de matemática e de física para calcular a pegada de carbono não é muito mais interessante do que ensinar fórmulas, teoremas e noções de geometria? Estimular o uso da bicicleta, do andar a pé, de subir as escadas em lugar de elevador para transportar de um andar para o outro, imediatamente superior. Economizar água!

Há bons exemplos nos quais se inspirar. Procurar tornar sua escola um estabelecimento com zero emissão. Avaliar, nas aulas de estatística, porque há edifícios menos eficientes do que outros. Na psicologia, estudar mudanças comportamentais como reduzir as porções de alimento, já que há tanta sobra nos pratos. Alunos de física projetam caixas térmicas solares para aumentar a produção de biogás renovável, explorar fazendas orgânicas, praticar sustentabilidade, em lugar de decorar o seu conceito.

Os alunos têm de ser alertados, por seus professores, sobre os riscos climáticos, as estratégias de resiliência e realizar, depois, workshop para a comunidade. Formar equipes de socorro, de treinadores esportivos para atender as vítimas das ilhas de calor.

O ideal é que cada escola se torne inteiramente sustentável. E que a comunidade escolar tenha noção dos perigos que o abandono às práticas de precaução e de prevenção acarretam a toda uma sociedade, ainda omissa e inerte, quando o desastre está a bater em sua porta. Essa a missão da escola contemporânea. O tempo de aula expositiva e lição de casa já passou.

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