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Opinião|A nudez do poder


O próximo movimento no tabuleiro? Certamente regular os espaços de discussões, colocar cercas nas ágoras e nas consciências alheias, a censurar o que deve ou não ser dito, como se a Verdade fosse objeto de prateleira a ser adquirida por qualquer senhor

Por Aluísio Antonio Maciel Neto
Atualização:

Em Confissões, Rousseau retratou a passagem de uma princesa que, ao ser informada de que os camponeses não tinham mais pão, teria respondido: “que comam brioches”. Essa ilustração talvez resuma a contento a grande maldição que paira sobre o poder: a sua nudez!

Não se trata da nudez em sentido literal, mas daquela proveniente da ausência do bom senso, da capacidade de compreender a realidade que a envolve e de enxergar as limitações éticas e legais do seu exercer. É a nudez inebriada pela vaidade, quase sempre escamoteada por coroas ou colares honoríficos que lhe conferem a falsa sensação do absoluto.

E como era fácil em épocas de antanho esconder a nudez do poder! Bastava não abrir as janelas do palácio, que se silenciava o murmurinho dos descontentes, ou contar com os sabujos da corte, cujos aplausos covardes distraiam o soberano de suas fragilidades notórias.

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O paradoxo é que, mesmo em eras de trevas, a nudez propiciou a ruína de reinos e impérios que até então se demonstravam inarredáveis. “É uma revolta”, teria indagado Luís XVI, enquanto a Bastilha se quedava; “Não, é uma revolução”, teria esclarecido o Duque de Liancourt, no evento que culminou com a derrocada do soberano.

Em tempos atuais, onde a jovem Democracia ainda se consolida, é mais difícil esconder a nudez do poder. Se as janelas das cortes se fecham, se os convescotes se avolumam de forma oportunístico a conferir a falsa sensação de normalidade, do lado de fora, o povo anuncia a nudez dos poderosos em todos os cantos.

Ainda mais quando se está a atravessar a primeira revolução do século XXI: a democratização dos meios de comunicação em massa. Hoje, as redes sociais se transformaram em espécie de ágoras, como as existentes na Grécia antiga, a fazer presente a voz do cidadão comum sem intérpretes ou sem interlocutores; onde a democracia, enfim, deu a sua cara, de forma limpa, sem maquiagens, com suas virtudes e seus vícios, inerentes em toda condição humana. E isso assusta! E como assusta!

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As redes sociais escancararam a nudez perceptível nas falácias dos populistas, na hipocrisia ideológica de alguns meios de comunicação em massa e na subserviência das instituições aos corruptos e corruptores. Revelaram-se como o remédio amargo ao nefasto vaticínio de Rui Barbosa, quando lamentou que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

O problema é que o poder percebeu a sua nudez. As janelas e os aplausos de ocasião não foram suficientes a sonegar a verdade de suas fragilidades. E quando a nudez alcança a consciência, há apenas dois caminhos: vestir-se ou cegar aqueles que a enxergam, a calar aqueles que a dizem e a manietar os que a apontam.

Vestir-se demandaria o ato de reconhecimento franciscano de suas falhas, de autoreflexão humilde dos erros, do alterar de rota, algo muito raro diante da vaidade transbordante das mentes iluminadas do poder. Logo, por sobrevivência, ao poder resta cegar, calar e manietar. Mas, por óbvio, tais atos não se desenvolvem às claras, sob as luzes das intenções conscientes. Tudo se constrói sob o manto invisível da “defesa da democracia”, a ocultar a pretensão abjeta: a mera defesa do poder!

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E nesse jogo da mentira, onde a vitória se materializa com a conquista da “verdade”, tudo é possível pela “caneta forte”. Pela “caneta forte”, sequestra-se o direito e a lógica jurídica, a transformá-los em reféns dos argumentos de exceção. E, pelos argumentos de exceção, criam-se procedimentos, firmam-se competências inexistentes, reúnem-se em uma mesma pessoa o papel de inquisidor, acusador e julgador, em ousadia que faria inveja ao implacável Torquemada.

Sob o viés da “caneta forte”, constrói-se argumentos utilitários a justificar condenações de pessoas comuns a penas quase nunca impostas a assassinos, coloca-se nas prisões cidadãos indignados sob a alcunha de “terroristas”, corrompe-se normas procedimentais e se valem da criatividade a construir roteiros para a perseguição implacável de seus críticos. E, se preciso for, pois não há limite para o absurdo, sequestra-se bens de terceiros ou se determina o fechamento de espaços de discussão, a atingir milhões de pessoas inocentes. Tudo, sempre, sob a falsa alegação de “defesa da democracia”.

Enquanto isso, do outro lado da praça, o silêncio obsequioso dos confrades se alastra, os velhos intérpretes da mídia tradicional conferem o ar de normalidade aos devaneios cotidianos e as instituições se demonstram incapazes de conter o próprio poder.

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O próximo movimento no tabuleiro? Certamente regular os espaços de discussões, colocar cercas nas ágoras e nas consciências alheias, a censurar o que deve ou não ser dito, como se a Verdade fosse objeto de prateleira a ser adquirida por qualquer senhor.

Eis o jogo do poder, onde o disfarçar da nudez tem como troféu a captura da “verdade”, mesmo que o preço seja o escárnio vexatório visto pelo mundo inteiro.

Ah…como seria bom falar mais sobre nudez, poderes e poderios. Mas, como advertia o apóstolo Paulo, “tudo posso, mas nem tudo me convém”. Ainda mais em épocas onde a Liberdade encontra-se apeada e sem que suas asas estejam abertas sobre nós.

Em Confissões, Rousseau retratou a passagem de uma princesa que, ao ser informada de que os camponeses não tinham mais pão, teria respondido: “que comam brioches”. Essa ilustração talvez resuma a contento a grande maldição que paira sobre o poder: a sua nudez!

Não se trata da nudez em sentido literal, mas daquela proveniente da ausência do bom senso, da capacidade de compreender a realidade que a envolve e de enxergar as limitações éticas e legais do seu exercer. É a nudez inebriada pela vaidade, quase sempre escamoteada por coroas ou colares honoríficos que lhe conferem a falsa sensação do absoluto.

E como era fácil em épocas de antanho esconder a nudez do poder! Bastava não abrir as janelas do palácio, que se silenciava o murmurinho dos descontentes, ou contar com os sabujos da corte, cujos aplausos covardes distraiam o soberano de suas fragilidades notórias.

O paradoxo é que, mesmo em eras de trevas, a nudez propiciou a ruína de reinos e impérios que até então se demonstravam inarredáveis. “É uma revolta”, teria indagado Luís XVI, enquanto a Bastilha se quedava; “Não, é uma revolução”, teria esclarecido o Duque de Liancourt, no evento que culminou com a derrocada do soberano.

Em tempos atuais, onde a jovem Democracia ainda se consolida, é mais difícil esconder a nudez do poder. Se as janelas das cortes se fecham, se os convescotes se avolumam de forma oportunístico a conferir a falsa sensação de normalidade, do lado de fora, o povo anuncia a nudez dos poderosos em todos os cantos.

Ainda mais quando se está a atravessar a primeira revolução do século XXI: a democratização dos meios de comunicação em massa. Hoje, as redes sociais se transformaram em espécie de ágoras, como as existentes na Grécia antiga, a fazer presente a voz do cidadão comum sem intérpretes ou sem interlocutores; onde a democracia, enfim, deu a sua cara, de forma limpa, sem maquiagens, com suas virtudes e seus vícios, inerentes em toda condição humana. E isso assusta! E como assusta!

As redes sociais escancararam a nudez perceptível nas falácias dos populistas, na hipocrisia ideológica de alguns meios de comunicação em massa e na subserviência das instituições aos corruptos e corruptores. Revelaram-se como o remédio amargo ao nefasto vaticínio de Rui Barbosa, quando lamentou que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

O problema é que o poder percebeu a sua nudez. As janelas e os aplausos de ocasião não foram suficientes a sonegar a verdade de suas fragilidades. E quando a nudez alcança a consciência, há apenas dois caminhos: vestir-se ou cegar aqueles que a enxergam, a calar aqueles que a dizem e a manietar os que a apontam.

Vestir-se demandaria o ato de reconhecimento franciscano de suas falhas, de autoreflexão humilde dos erros, do alterar de rota, algo muito raro diante da vaidade transbordante das mentes iluminadas do poder. Logo, por sobrevivência, ao poder resta cegar, calar e manietar. Mas, por óbvio, tais atos não se desenvolvem às claras, sob as luzes das intenções conscientes. Tudo se constrói sob o manto invisível da “defesa da democracia”, a ocultar a pretensão abjeta: a mera defesa do poder!

E nesse jogo da mentira, onde a vitória se materializa com a conquista da “verdade”, tudo é possível pela “caneta forte”. Pela “caneta forte”, sequestra-se o direito e a lógica jurídica, a transformá-los em reféns dos argumentos de exceção. E, pelos argumentos de exceção, criam-se procedimentos, firmam-se competências inexistentes, reúnem-se em uma mesma pessoa o papel de inquisidor, acusador e julgador, em ousadia que faria inveja ao implacável Torquemada.

Sob o viés da “caneta forte”, constrói-se argumentos utilitários a justificar condenações de pessoas comuns a penas quase nunca impostas a assassinos, coloca-se nas prisões cidadãos indignados sob a alcunha de “terroristas”, corrompe-se normas procedimentais e se valem da criatividade a construir roteiros para a perseguição implacável de seus críticos. E, se preciso for, pois não há limite para o absurdo, sequestra-se bens de terceiros ou se determina o fechamento de espaços de discussão, a atingir milhões de pessoas inocentes. Tudo, sempre, sob a falsa alegação de “defesa da democracia”.

Enquanto isso, do outro lado da praça, o silêncio obsequioso dos confrades se alastra, os velhos intérpretes da mídia tradicional conferem o ar de normalidade aos devaneios cotidianos e as instituições se demonstram incapazes de conter o próprio poder.

O próximo movimento no tabuleiro? Certamente regular os espaços de discussões, colocar cercas nas ágoras e nas consciências alheias, a censurar o que deve ou não ser dito, como se a Verdade fosse objeto de prateleira a ser adquirida por qualquer senhor.

Eis o jogo do poder, onde o disfarçar da nudez tem como troféu a captura da “verdade”, mesmo que o preço seja o escárnio vexatório visto pelo mundo inteiro.

Ah…como seria bom falar mais sobre nudez, poderes e poderios. Mas, como advertia o apóstolo Paulo, “tudo posso, mas nem tudo me convém”. Ainda mais em épocas onde a Liberdade encontra-se apeada e sem que suas asas estejam abertas sobre nós.

Em Confissões, Rousseau retratou a passagem de uma princesa que, ao ser informada de que os camponeses não tinham mais pão, teria respondido: “que comam brioches”. Essa ilustração talvez resuma a contento a grande maldição que paira sobre o poder: a sua nudez!

Não se trata da nudez em sentido literal, mas daquela proveniente da ausência do bom senso, da capacidade de compreender a realidade que a envolve e de enxergar as limitações éticas e legais do seu exercer. É a nudez inebriada pela vaidade, quase sempre escamoteada por coroas ou colares honoríficos que lhe conferem a falsa sensação do absoluto.

E como era fácil em épocas de antanho esconder a nudez do poder! Bastava não abrir as janelas do palácio, que se silenciava o murmurinho dos descontentes, ou contar com os sabujos da corte, cujos aplausos covardes distraiam o soberano de suas fragilidades notórias.

O paradoxo é que, mesmo em eras de trevas, a nudez propiciou a ruína de reinos e impérios que até então se demonstravam inarredáveis. “É uma revolta”, teria indagado Luís XVI, enquanto a Bastilha se quedava; “Não, é uma revolução”, teria esclarecido o Duque de Liancourt, no evento que culminou com a derrocada do soberano.

Em tempos atuais, onde a jovem Democracia ainda se consolida, é mais difícil esconder a nudez do poder. Se as janelas das cortes se fecham, se os convescotes se avolumam de forma oportunístico a conferir a falsa sensação de normalidade, do lado de fora, o povo anuncia a nudez dos poderosos em todos os cantos.

Ainda mais quando se está a atravessar a primeira revolução do século XXI: a democratização dos meios de comunicação em massa. Hoje, as redes sociais se transformaram em espécie de ágoras, como as existentes na Grécia antiga, a fazer presente a voz do cidadão comum sem intérpretes ou sem interlocutores; onde a democracia, enfim, deu a sua cara, de forma limpa, sem maquiagens, com suas virtudes e seus vícios, inerentes em toda condição humana. E isso assusta! E como assusta!

As redes sociais escancararam a nudez perceptível nas falácias dos populistas, na hipocrisia ideológica de alguns meios de comunicação em massa e na subserviência das instituições aos corruptos e corruptores. Revelaram-se como o remédio amargo ao nefasto vaticínio de Rui Barbosa, quando lamentou que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

O problema é que o poder percebeu a sua nudez. As janelas e os aplausos de ocasião não foram suficientes a sonegar a verdade de suas fragilidades. E quando a nudez alcança a consciência, há apenas dois caminhos: vestir-se ou cegar aqueles que a enxergam, a calar aqueles que a dizem e a manietar os que a apontam.

Vestir-se demandaria o ato de reconhecimento franciscano de suas falhas, de autoreflexão humilde dos erros, do alterar de rota, algo muito raro diante da vaidade transbordante das mentes iluminadas do poder. Logo, por sobrevivência, ao poder resta cegar, calar e manietar. Mas, por óbvio, tais atos não se desenvolvem às claras, sob as luzes das intenções conscientes. Tudo se constrói sob o manto invisível da “defesa da democracia”, a ocultar a pretensão abjeta: a mera defesa do poder!

E nesse jogo da mentira, onde a vitória se materializa com a conquista da “verdade”, tudo é possível pela “caneta forte”. Pela “caneta forte”, sequestra-se o direito e a lógica jurídica, a transformá-los em reféns dos argumentos de exceção. E, pelos argumentos de exceção, criam-se procedimentos, firmam-se competências inexistentes, reúnem-se em uma mesma pessoa o papel de inquisidor, acusador e julgador, em ousadia que faria inveja ao implacável Torquemada.

Sob o viés da “caneta forte”, constrói-se argumentos utilitários a justificar condenações de pessoas comuns a penas quase nunca impostas a assassinos, coloca-se nas prisões cidadãos indignados sob a alcunha de “terroristas”, corrompe-se normas procedimentais e se valem da criatividade a construir roteiros para a perseguição implacável de seus críticos. E, se preciso for, pois não há limite para o absurdo, sequestra-se bens de terceiros ou se determina o fechamento de espaços de discussão, a atingir milhões de pessoas inocentes. Tudo, sempre, sob a falsa alegação de “defesa da democracia”.

Enquanto isso, do outro lado da praça, o silêncio obsequioso dos confrades se alastra, os velhos intérpretes da mídia tradicional conferem o ar de normalidade aos devaneios cotidianos e as instituições se demonstram incapazes de conter o próprio poder.

O próximo movimento no tabuleiro? Certamente regular os espaços de discussões, colocar cercas nas ágoras e nas consciências alheias, a censurar o que deve ou não ser dito, como se a Verdade fosse objeto de prateleira a ser adquirida por qualquer senhor.

Eis o jogo do poder, onde o disfarçar da nudez tem como troféu a captura da “verdade”, mesmo que o preço seja o escárnio vexatório visto pelo mundo inteiro.

Ah…como seria bom falar mais sobre nudez, poderes e poderios. Mas, como advertia o apóstolo Paulo, “tudo posso, mas nem tudo me convém”. Ainda mais em épocas onde a Liberdade encontra-se apeada e sem que suas asas estejam abertas sobre nós.

Em Confissões, Rousseau retratou a passagem de uma princesa que, ao ser informada de que os camponeses não tinham mais pão, teria respondido: “que comam brioches”. Essa ilustração talvez resuma a contento a grande maldição que paira sobre o poder: a sua nudez!

Não se trata da nudez em sentido literal, mas daquela proveniente da ausência do bom senso, da capacidade de compreender a realidade que a envolve e de enxergar as limitações éticas e legais do seu exercer. É a nudez inebriada pela vaidade, quase sempre escamoteada por coroas ou colares honoríficos que lhe conferem a falsa sensação do absoluto.

E como era fácil em épocas de antanho esconder a nudez do poder! Bastava não abrir as janelas do palácio, que se silenciava o murmurinho dos descontentes, ou contar com os sabujos da corte, cujos aplausos covardes distraiam o soberano de suas fragilidades notórias.

O paradoxo é que, mesmo em eras de trevas, a nudez propiciou a ruína de reinos e impérios que até então se demonstravam inarredáveis. “É uma revolta”, teria indagado Luís XVI, enquanto a Bastilha se quedava; “Não, é uma revolução”, teria esclarecido o Duque de Liancourt, no evento que culminou com a derrocada do soberano.

Em tempos atuais, onde a jovem Democracia ainda se consolida, é mais difícil esconder a nudez do poder. Se as janelas das cortes se fecham, se os convescotes se avolumam de forma oportunístico a conferir a falsa sensação de normalidade, do lado de fora, o povo anuncia a nudez dos poderosos em todos os cantos.

Ainda mais quando se está a atravessar a primeira revolução do século XXI: a democratização dos meios de comunicação em massa. Hoje, as redes sociais se transformaram em espécie de ágoras, como as existentes na Grécia antiga, a fazer presente a voz do cidadão comum sem intérpretes ou sem interlocutores; onde a democracia, enfim, deu a sua cara, de forma limpa, sem maquiagens, com suas virtudes e seus vícios, inerentes em toda condição humana. E isso assusta! E como assusta!

As redes sociais escancararam a nudez perceptível nas falácias dos populistas, na hipocrisia ideológica de alguns meios de comunicação em massa e na subserviência das instituições aos corruptos e corruptores. Revelaram-se como o remédio amargo ao nefasto vaticínio de Rui Barbosa, quando lamentou que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

O problema é que o poder percebeu a sua nudez. As janelas e os aplausos de ocasião não foram suficientes a sonegar a verdade de suas fragilidades. E quando a nudez alcança a consciência, há apenas dois caminhos: vestir-se ou cegar aqueles que a enxergam, a calar aqueles que a dizem e a manietar os que a apontam.

Vestir-se demandaria o ato de reconhecimento franciscano de suas falhas, de autoreflexão humilde dos erros, do alterar de rota, algo muito raro diante da vaidade transbordante das mentes iluminadas do poder. Logo, por sobrevivência, ao poder resta cegar, calar e manietar. Mas, por óbvio, tais atos não se desenvolvem às claras, sob as luzes das intenções conscientes. Tudo se constrói sob o manto invisível da “defesa da democracia”, a ocultar a pretensão abjeta: a mera defesa do poder!

E nesse jogo da mentira, onde a vitória se materializa com a conquista da “verdade”, tudo é possível pela “caneta forte”. Pela “caneta forte”, sequestra-se o direito e a lógica jurídica, a transformá-los em reféns dos argumentos de exceção. E, pelos argumentos de exceção, criam-se procedimentos, firmam-se competências inexistentes, reúnem-se em uma mesma pessoa o papel de inquisidor, acusador e julgador, em ousadia que faria inveja ao implacável Torquemada.

Sob o viés da “caneta forte”, constrói-se argumentos utilitários a justificar condenações de pessoas comuns a penas quase nunca impostas a assassinos, coloca-se nas prisões cidadãos indignados sob a alcunha de “terroristas”, corrompe-se normas procedimentais e se valem da criatividade a construir roteiros para a perseguição implacável de seus críticos. E, se preciso for, pois não há limite para o absurdo, sequestra-se bens de terceiros ou se determina o fechamento de espaços de discussão, a atingir milhões de pessoas inocentes. Tudo, sempre, sob a falsa alegação de “defesa da democracia”.

Enquanto isso, do outro lado da praça, o silêncio obsequioso dos confrades se alastra, os velhos intérpretes da mídia tradicional conferem o ar de normalidade aos devaneios cotidianos e as instituições se demonstram incapazes de conter o próprio poder.

O próximo movimento no tabuleiro? Certamente regular os espaços de discussões, colocar cercas nas ágoras e nas consciências alheias, a censurar o que deve ou não ser dito, como se a Verdade fosse objeto de prateleira a ser adquirida por qualquer senhor.

Eis o jogo do poder, onde o disfarçar da nudez tem como troféu a captura da “verdade”, mesmo que o preço seja o escárnio vexatório visto pelo mundo inteiro.

Ah…como seria bom falar mais sobre nudez, poderes e poderios. Mas, como advertia o apóstolo Paulo, “tudo posso, mas nem tudo me convém”. Ainda mais em épocas onde a Liberdade encontra-se apeada e sem que suas asas estejam abertas sobre nós.

Em Confissões, Rousseau retratou a passagem de uma princesa que, ao ser informada de que os camponeses não tinham mais pão, teria respondido: “que comam brioches”. Essa ilustração talvez resuma a contento a grande maldição que paira sobre o poder: a sua nudez!

Não se trata da nudez em sentido literal, mas daquela proveniente da ausência do bom senso, da capacidade de compreender a realidade que a envolve e de enxergar as limitações éticas e legais do seu exercer. É a nudez inebriada pela vaidade, quase sempre escamoteada por coroas ou colares honoríficos que lhe conferem a falsa sensação do absoluto.

E como era fácil em épocas de antanho esconder a nudez do poder! Bastava não abrir as janelas do palácio, que se silenciava o murmurinho dos descontentes, ou contar com os sabujos da corte, cujos aplausos covardes distraiam o soberano de suas fragilidades notórias.

O paradoxo é que, mesmo em eras de trevas, a nudez propiciou a ruína de reinos e impérios que até então se demonstravam inarredáveis. “É uma revolta”, teria indagado Luís XVI, enquanto a Bastilha se quedava; “Não, é uma revolução”, teria esclarecido o Duque de Liancourt, no evento que culminou com a derrocada do soberano.

Em tempos atuais, onde a jovem Democracia ainda se consolida, é mais difícil esconder a nudez do poder. Se as janelas das cortes se fecham, se os convescotes se avolumam de forma oportunístico a conferir a falsa sensação de normalidade, do lado de fora, o povo anuncia a nudez dos poderosos em todos os cantos.

Ainda mais quando se está a atravessar a primeira revolução do século XXI: a democratização dos meios de comunicação em massa. Hoje, as redes sociais se transformaram em espécie de ágoras, como as existentes na Grécia antiga, a fazer presente a voz do cidadão comum sem intérpretes ou sem interlocutores; onde a democracia, enfim, deu a sua cara, de forma limpa, sem maquiagens, com suas virtudes e seus vícios, inerentes em toda condição humana. E isso assusta! E como assusta!

As redes sociais escancararam a nudez perceptível nas falácias dos populistas, na hipocrisia ideológica de alguns meios de comunicação em massa e na subserviência das instituições aos corruptos e corruptores. Revelaram-se como o remédio amargo ao nefasto vaticínio de Rui Barbosa, quando lamentou que “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

O problema é que o poder percebeu a sua nudez. As janelas e os aplausos de ocasião não foram suficientes a sonegar a verdade de suas fragilidades. E quando a nudez alcança a consciência, há apenas dois caminhos: vestir-se ou cegar aqueles que a enxergam, a calar aqueles que a dizem e a manietar os que a apontam.

Vestir-se demandaria o ato de reconhecimento franciscano de suas falhas, de autoreflexão humilde dos erros, do alterar de rota, algo muito raro diante da vaidade transbordante das mentes iluminadas do poder. Logo, por sobrevivência, ao poder resta cegar, calar e manietar. Mas, por óbvio, tais atos não se desenvolvem às claras, sob as luzes das intenções conscientes. Tudo se constrói sob o manto invisível da “defesa da democracia”, a ocultar a pretensão abjeta: a mera defesa do poder!

E nesse jogo da mentira, onde a vitória se materializa com a conquista da “verdade”, tudo é possível pela “caneta forte”. Pela “caneta forte”, sequestra-se o direito e a lógica jurídica, a transformá-los em reféns dos argumentos de exceção. E, pelos argumentos de exceção, criam-se procedimentos, firmam-se competências inexistentes, reúnem-se em uma mesma pessoa o papel de inquisidor, acusador e julgador, em ousadia que faria inveja ao implacável Torquemada.

Sob o viés da “caneta forte”, constrói-se argumentos utilitários a justificar condenações de pessoas comuns a penas quase nunca impostas a assassinos, coloca-se nas prisões cidadãos indignados sob a alcunha de “terroristas”, corrompe-se normas procedimentais e se valem da criatividade a construir roteiros para a perseguição implacável de seus críticos. E, se preciso for, pois não há limite para o absurdo, sequestra-se bens de terceiros ou se determina o fechamento de espaços de discussão, a atingir milhões de pessoas inocentes. Tudo, sempre, sob a falsa alegação de “defesa da democracia”.

Enquanto isso, do outro lado da praça, o silêncio obsequioso dos confrades se alastra, os velhos intérpretes da mídia tradicional conferem o ar de normalidade aos devaneios cotidianos e as instituições se demonstram incapazes de conter o próprio poder.

O próximo movimento no tabuleiro? Certamente regular os espaços de discussões, colocar cercas nas ágoras e nas consciências alheias, a censurar o que deve ou não ser dito, como se a Verdade fosse objeto de prateleira a ser adquirida por qualquer senhor.

Eis o jogo do poder, onde o disfarçar da nudez tem como troféu a captura da “verdade”, mesmo que o preço seja o escárnio vexatório visto pelo mundo inteiro.

Ah…como seria bom falar mais sobre nudez, poderes e poderios. Mas, como advertia o apóstolo Paulo, “tudo posso, mas nem tudo me convém”. Ainda mais em épocas onde a Liberdade encontra-se apeada e sem que suas asas estejam abertas sobre nós.

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