Na denúncia criminal contra o senador Romero Jucá (PMDB/RR) por suposta propina de R$ 150 mil da empreiteira Odebrecht, o procurador-geral da República Rodrigo Janot recorreu a um provérbio popular. "A palavra de um homem está no fio do bigode."
"No ano de 2014, Romero Jucá Filho, com vontade livre e consciente, solicitou e recebeu, em razão de sua função de senador, vantagem indevida, no montante de R$ 150 mil, paga mediante doação oficial a seu filho, Rodrigo de Holanda Menezes Jucá, então candidato a vice-governador do Estado de Roraima", anotou o procurador.
Segundo a denúncia, em troca da propina, Jucá teria atuado 'favoravelmente' à Odebrecht na tramitação das Medidas Provisórias 651/2014 e 656/2014. Janot imputa a Jucá corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O diretor de relações institucionais da empreiteira, Cláudio Melo Filho, também é denunciado 'por ter ajustado e pago a vantagem indevida por meio de doação oficial ao filho do senador, Rodrigo Jucá',
Ainda de acordo com a acusação, durante encontro com Melo Filho, o senador informou que iria tentar pegar a relatoria da Medida Provisória 651/2014, conhecida como 'pacote de bondades'.
O senador não ganhou a relatoria, mas se tornou presidente da Comissão Mista da tramitação da MP, que alterou a legislação tributária federal relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e a outros tributos.
"Esses assuntos eram de interesse do grupo Odebrecht", afirma Janot.
Na tramitação da MP, foram apresentadas 334 emendas ao texto inicial. Dessas, 23 foram apresentadas por Jucá e 7 aprovadas total ou parcialmente - todas as aprovadas tiveram como foco o artigo 33 e seus parágrafos, exatamente a parte que interessava à Odebrecht, acusa Janot.