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A real origem dos problemas na aquisição de criptoativos


'It´s Not your Keys, It´s Not your Bitcoin'

Por Tatiana Revoredo
Tatiana Revoredo. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Com o aumento de pessoas adquirindo criptoativos, temos visto o aumento de notícias reportando fraudes, furtos e apropriação indébita de bitcoins e afins.

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Quase todos os dias jornais narram estórias de "investidores" que colocaram todas as suas economias em "criptomoedas", usando aqui o jargão mais popular, e agora sofrem as consequências de tal investimento.

Aqui, vale a pena mencionar a diferença entre um investidor e um especulador, segundo Benjamin Graham (considerado o precursor da estratégia  "buy and hold" de investimentos em ações, adotada por seu seguidor e bilionário Warren Buffet).

Segundo Graham, investidores "julgam o preço de mercado pelos padrões estabelecidos de valor", enquanto os especuladores "baseiam (seus) padrões de valor no preço de mercado".

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Isto é, enquanto um investidor calcula quanto vale uma ação, com base no valor de seus negócios, um especulador aposta que uma ação aumentará de preço porque outra pessoa pagará ainda mais por isso.

De todo modo, independente de quem seja (especulador ou investidor), fato é que a quase totalidade dos problemas narrados diariamente pelos meios de comunicação envolvendo a aquisição dessa nova classe de ativos digitais não vem da tecnologia blockchain em si, mas dos processos.

Faz dez anos que o Bitcoin e seu blockchain subjacente surgiram pela primeira vez, mas parece que os consumidores ainda não se informaram sobre o funcionamento da tecnologia blockchain.

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A UK's Financial Conduct Authority (FCA) divulgou recentemente duas pesquisas analisando as atitudes dos consumidores em relação aos ativos criptográficos, e descobriram que a maioria das pessoas ainda não entende completamente o que está comprando.

Nesta pesquisa, ficou constatado que quase ninguém faz nenhuma pesquisa real antes de adquiri-los. Pior ainda, apesar de não entenderem completamente o conceito, muitos dos entrevistados disseram que estavam procurando maneiras de "ficar rico rapidamente". Eles citaram influenciadores de mídia social, amigos e conhecidos como os principais motivadores decisivos para investir em criptomoedas.

Por outro lado, manter criptoativos em corretoras e empresas que realizam arbitragem e trader para seus clientes é comum entre os investidores.

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No entanto, hackeamentos das corretoras Mt. Gox em 2014, da Bitfinex em 2016 e da Coincheck em 2018, bem como os recentes episódios aqui no Brasil demonstrando a dificuldade das pessoas em "sacar bitcoins", mostram que deixar criptoativos na custódia de terceiros não é exatamente o que se chamaria de "risco zero".

Na verdade, as criptomoedas exigem conhecimento e estudo daqueles que desejam adquiri-las. É necessário aprender sobre carteiras digitais, como chaves públicas e privadas funcionam e, principalmente, ter sempre em mente a máxima "Sua Chaves, seu Bitcoin. Sem suas chaves, sem seu Bitcoin" (tradução literal "your Keys, your bitcoin. Not your keys, not your bitcoins").

Tal expressão cunhada por Andreas Antonopoulos, advogado e professor do Mestrado de criptomoedas na Universidade de Nicosia, significa  que você não tiver na posse de sua "chave privada", seus Bitcoins não são seus.

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As blockchains, estruturas que possibilitam as transações de criptoativos, funcionam com chaves exigidas em todas as transações. Uma chave pública se parece com um número de conta bancária, enquanto uma chave privada (composta por até 78 números aleatórios ou 256 bits na linguagem computacional) pode ser comparada ao PIN ou a uma senha de banco.

Um bitcoin é representação de uma unidade monetária na rede blockchain bitcoin sem qualquer vinculação no mundo físico. O bitcoin não possui nenhum tipo de representação física em metal ou cédulas impressas em papel.

Uma unidade de bitcoin é identificada na rede blockchain por uma chave pública, uma chave privada e um endereço público, e essas três "informações" possibilitam que bitcoins sejam transacionados na rede.

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Pode-se dizer que a chave privada é uma espécie de senha que possibilita seu detentor assinar as transações na rede e enviar bitcoins para outra pessoa.

Nessa linha, a chave privada do Bitcoin é a responsável por possibilitar as transferências de uma pessoa para outra e, portanto, quem estiver na posse de uma chave privada de determinados bitcoins, pode enviá-los para quem quiser.

Outro fator que merece destaque, considerando os problemas que têm sido noticiados diariamente pela mídia, é o risco de mercado.

Inexiste qualquer garantia de valor de mercado das criptomoedas. É impossível predizer quanto um bitcoin ou um dash, por exemplo, estará valendo na semana que vem ou no próximo ano. Isto porque a flutuação de seu preço está ligada apenas à oferta e a demanda. Como as criptomoedas não estão atreladas a nenhum banco central, nem à economia de um país específico, seu preço não depende da direção que a economia está tomando.

No mais, importante destacar que a arquitetura blockchain que possibilita as transações de criptoativos nunca foi violada, nunca foi hackeada, porque não existe um ente centralizado encarregado de assegurar a autenticidade das transações. Ou seja, o risco de sistema é praticamente nulo quando se trata da tecnologia blockchain; pelo menos até agora.

A violação de dados que afetou os usuários das corretoras narradas no começo deste artigo não foi uma falha de segurança relacionada a criptomoedas ou ao protocolo subjacente da Blockchain. Mas uma falha de segurança operacional.

A segurança da tecnologia, inclusive, já foi elogiada num Relatório Econômico de 2018, emitido pelo Congresso Americano, do qual consta que "Até agora, a tecnologia provou ser amplamente resistente a hackers e, dado esse recurso, os desenvolvedores a aplicaram pela primeira vez em moedas digitais".

Por fim, outra fonte de dores de cabeça aos detentores de criptoativos é o chamado risco de usabilidade. Não é de hoje os casos envolvendo perdas de bitcoins por causa de esquecimento de senhas, pendrives extraviados, etc. Quem lembra do britânico James Howell que jogou seu computador contendo mais 9 nove milhões de dólares em bitcoin no lixo?

Pode-se concluir, portanto, que a quase totalidade dos problemas narrados diariamente pelos meios de comunicação envolvendo a aquisição de criptoativos não tem origem nos criptoativos ou na tecnologia blockchain em si, mas na falta de cuidados especiais e na necessária mudança de atitude de quem deseja experimentar das vantagens e do ineditismo de algo novo e ainda em maturação.

*Tatiana Revoredo - CSO na The Global Strategy, representante do European Law Observatory on New Tecnologies no Brasil, membro-fundadora da Oxford Blockchain Foundation, especialista em blockchain pela University of Oxford e pelo MIT, e em Ciber Risk Mitigation pela Harvard University

Tatiana Revoredo. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Com o aumento de pessoas adquirindo criptoativos, temos visto o aumento de notícias reportando fraudes, furtos e apropriação indébita de bitcoins e afins.

Quase todos os dias jornais narram estórias de "investidores" que colocaram todas as suas economias em "criptomoedas", usando aqui o jargão mais popular, e agora sofrem as consequências de tal investimento.

Aqui, vale a pena mencionar a diferença entre um investidor e um especulador, segundo Benjamin Graham (considerado o precursor da estratégia  "buy and hold" de investimentos em ações, adotada por seu seguidor e bilionário Warren Buffet).

Segundo Graham, investidores "julgam o preço de mercado pelos padrões estabelecidos de valor", enquanto os especuladores "baseiam (seus) padrões de valor no preço de mercado".

Isto é, enquanto um investidor calcula quanto vale uma ação, com base no valor de seus negócios, um especulador aposta que uma ação aumentará de preço porque outra pessoa pagará ainda mais por isso.

De todo modo, independente de quem seja (especulador ou investidor), fato é que a quase totalidade dos problemas narrados diariamente pelos meios de comunicação envolvendo a aquisição dessa nova classe de ativos digitais não vem da tecnologia blockchain em si, mas dos processos.

Faz dez anos que o Bitcoin e seu blockchain subjacente surgiram pela primeira vez, mas parece que os consumidores ainda não se informaram sobre o funcionamento da tecnologia blockchain.

A UK's Financial Conduct Authority (FCA) divulgou recentemente duas pesquisas analisando as atitudes dos consumidores em relação aos ativos criptográficos, e descobriram que a maioria das pessoas ainda não entende completamente o que está comprando.

Nesta pesquisa, ficou constatado que quase ninguém faz nenhuma pesquisa real antes de adquiri-los. Pior ainda, apesar de não entenderem completamente o conceito, muitos dos entrevistados disseram que estavam procurando maneiras de "ficar rico rapidamente". Eles citaram influenciadores de mídia social, amigos e conhecidos como os principais motivadores decisivos para investir em criptomoedas.

Por outro lado, manter criptoativos em corretoras e empresas que realizam arbitragem e trader para seus clientes é comum entre os investidores.

No entanto, hackeamentos das corretoras Mt. Gox em 2014, da Bitfinex em 2016 e da Coincheck em 2018, bem como os recentes episódios aqui no Brasil demonstrando a dificuldade das pessoas em "sacar bitcoins", mostram que deixar criptoativos na custódia de terceiros não é exatamente o que se chamaria de "risco zero".

Na verdade, as criptomoedas exigem conhecimento e estudo daqueles que desejam adquiri-las. É necessário aprender sobre carteiras digitais, como chaves públicas e privadas funcionam e, principalmente, ter sempre em mente a máxima "Sua Chaves, seu Bitcoin. Sem suas chaves, sem seu Bitcoin" (tradução literal "your Keys, your bitcoin. Not your keys, not your bitcoins").

Tal expressão cunhada por Andreas Antonopoulos, advogado e professor do Mestrado de criptomoedas na Universidade de Nicosia, significa  que você não tiver na posse de sua "chave privada", seus Bitcoins não são seus.

As blockchains, estruturas que possibilitam as transações de criptoativos, funcionam com chaves exigidas em todas as transações. Uma chave pública se parece com um número de conta bancária, enquanto uma chave privada (composta por até 78 números aleatórios ou 256 bits na linguagem computacional) pode ser comparada ao PIN ou a uma senha de banco.

Um bitcoin é representação de uma unidade monetária na rede blockchain bitcoin sem qualquer vinculação no mundo físico. O bitcoin não possui nenhum tipo de representação física em metal ou cédulas impressas em papel.

Uma unidade de bitcoin é identificada na rede blockchain por uma chave pública, uma chave privada e um endereço público, e essas três "informações" possibilitam que bitcoins sejam transacionados na rede.

Pode-se dizer que a chave privada é uma espécie de senha que possibilita seu detentor assinar as transações na rede e enviar bitcoins para outra pessoa.

Nessa linha, a chave privada do Bitcoin é a responsável por possibilitar as transferências de uma pessoa para outra e, portanto, quem estiver na posse de uma chave privada de determinados bitcoins, pode enviá-los para quem quiser.

Outro fator que merece destaque, considerando os problemas que têm sido noticiados diariamente pela mídia, é o risco de mercado.

Inexiste qualquer garantia de valor de mercado das criptomoedas. É impossível predizer quanto um bitcoin ou um dash, por exemplo, estará valendo na semana que vem ou no próximo ano. Isto porque a flutuação de seu preço está ligada apenas à oferta e a demanda. Como as criptomoedas não estão atreladas a nenhum banco central, nem à economia de um país específico, seu preço não depende da direção que a economia está tomando.

No mais, importante destacar que a arquitetura blockchain que possibilita as transações de criptoativos nunca foi violada, nunca foi hackeada, porque não existe um ente centralizado encarregado de assegurar a autenticidade das transações. Ou seja, o risco de sistema é praticamente nulo quando se trata da tecnologia blockchain; pelo menos até agora.

A violação de dados que afetou os usuários das corretoras narradas no começo deste artigo não foi uma falha de segurança relacionada a criptomoedas ou ao protocolo subjacente da Blockchain. Mas uma falha de segurança operacional.

A segurança da tecnologia, inclusive, já foi elogiada num Relatório Econômico de 2018, emitido pelo Congresso Americano, do qual consta que "Até agora, a tecnologia provou ser amplamente resistente a hackers e, dado esse recurso, os desenvolvedores a aplicaram pela primeira vez em moedas digitais".

Por fim, outra fonte de dores de cabeça aos detentores de criptoativos é o chamado risco de usabilidade. Não é de hoje os casos envolvendo perdas de bitcoins por causa de esquecimento de senhas, pendrives extraviados, etc. Quem lembra do britânico James Howell que jogou seu computador contendo mais 9 nove milhões de dólares em bitcoin no lixo?

Pode-se concluir, portanto, que a quase totalidade dos problemas narrados diariamente pelos meios de comunicação envolvendo a aquisição de criptoativos não tem origem nos criptoativos ou na tecnologia blockchain em si, mas na falta de cuidados especiais e na necessária mudança de atitude de quem deseja experimentar das vantagens e do ineditismo de algo novo e ainda em maturação.

*Tatiana Revoredo - CSO na The Global Strategy, representante do European Law Observatory on New Tecnologies no Brasil, membro-fundadora da Oxford Blockchain Foundation, especialista em blockchain pela University of Oxford e pelo MIT, e em Ciber Risk Mitigation pela Harvard University

Tatiana Revoredo. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Com o aumento de pessoas adquirindo criptoativos, temos visto o aumento de notícias reportando fraudes, furtos e apropriação indébita de bitcoins e afins.

Quase todos os dias jornais narram estórias de "investidores" que colocaram todas as suas economias em "criptomoedas", usando aqui o jargão mais popular, e agora sofrem as consequências de tal investimento.

Aqui, vale a pena mencionar a diferença entre um investidor e um especulador, segundo Benjamin Graham (considerado o precursor da estratégia  "buy and hold" de investimentos em ações, adotada por seu seguidor e bilionário Warren Buffet).

Segundo Graham, investidores "julgam o preço de mercado pelos padrões estabelecidos de valor", enquanto os especuladores "baseiam (seus) padrões de valor no preço de mercado".

Isto é, enquanto um investidor calcula quanto vale uma ação, com base no valor de seus negócios, um especulador aposta que uma ação aumentará de preço porque outra pessoa pagará ainda mais por isso.

De todo modo, independente de quem seja (especulador ou investidor), fato é que a quase totalidade dos problemas narrados diariamente pelos meios de comunicação envolvendo a aquisição dessa nova classe de ativos digitais não vem da tecnologia blockchain em si, mas dos processos.

Faz dez anos que o Bitcoin e seu blockchain subjacente surgiram pela primeira vez, mas parece que os consumidores ainda não se informaram sobre o funcionamento da tecnologia blockchain.

A UK's Financial Conduct Authority (FCA) divulgou recentemente duas pesquisas analisando as atitudes dos consumidores em relação aos ativos criptográficos, e descobriram que a maioria das pessoas ainda não entende completamente o que está comprando.

Nesta pesquisa, ficou constatado que quase ninguém faz nenhuma pesquisa real antes de adquiri-los. Pior ainda, apesar de não entenderem completamente o conceito, muitos dos entrevistados disseram que estavam procurando maneiras de "ficar rico rapidamente". Eles citaram influenciadores de mídia social, amigos e conhecidos como os principais motivadores decisivos para investir em criptomoedas.

Por outro lado, manter criptoativos em corretoras e empresas que realizam arbitragem e trader para seus clientes é comum entre os investidores.

No entanto, hackeamentos das corretoras Mt. Gox em 2014, da Bitfinex em 2016 e da Coincheck em 2018, bem como os recentes episódios aqui no Brasil demonstrando a dificuldade das pessoas em "sacar bitcoins", mostram que deixar criptoativos na custódia de terceiros não é exatamente o que se chamaria de "risco zero".

Na verdade, as criptomoedas exigem conhecimento e estudo daqueles que desejam adquiri-las. É necessário aprender sobre carteiras digitais, como chaves públicas e privadas funcionam e, principalmente, ter sempre em mente a máxima "Sua Chaves, seu Bitcoin. Sem suas chaves, sem seu Bitcoin" (tradução literal "your Keys, your bitcoin. Not your keys, not your bitcoins").

Tal expressão cunhada por Andreas Antonopoulos, advogado e professor do Mestrado de criptomoedas na Universidade de Nicosia, significa  que você não tiver na posse de sua "chave privada", seus Bitcoins não são seus.

As blockchains, estruturas que possibilitam as transações de criptoativos, funcionam com chaves exigidas em todas as transações. Uma chave pública se parece com um número de conta bancária, enquanto uma chave privada (composta por até 78 números aleatórios ou 256 bits na linguagem computacional) pode ser comparada ao PIN ou a uma senha de banco.

Um bitcoin é representação de uma unidade monetária na rede blockchain bitcoin sem qualquer vinculação no mundo físico. O bitcoin não possui nenhum tipo de representação física em metal ou cédulas impressas em papel.

Uma unidade de bitcoin é identificada na rede blockchain por uma chave pública, uma chave privada e um endereço público, e essas três "informações" possibilitam que bitcoins sejam transacionados na rede.

Pode-se dizer que a chave privada é uma espécie de senha que possibilita seu detentor assinar as transações na rede e enviar bitcoins para outra pessoa.

Nessa linha, a chave privada do Bitcoin é a responsável por possibilitar as transferências de uma pessoa para outra e, portanto, quem estiver na posse de uma chave privada de determinados bitcoins, pode enviá-los para quem quiser.

Outro fator que merece destaque, considerando os problemas que têm sido noticiados diariamente pela mídia, é o risco de mercado.

Inexiste qualquer garantia de valor de mercado das criptomoedas. É impossível predizer quanto um bitcoin ou um dash, por exemplo, estará valendo na semana que vem ou no próximo ano. Isto porque a flutuação de seu preço está ligada apenas à oferta e a demanda. Como as criptomoedas não estão atreladas a nenhum banco central, nem à economia de um país específico, seu preço não depende da direção que a economia está tomando.

No mais, importante destacar que a arquitetura blockchain que possibilita as transações de criptoativos nunca foi violada, nunca foi hackeada, porque não existe um ente centralizado encarregado de assegurar a autenticidade das transações. Ou seja, o risco de sistema é praticamente nulo quando se trata da tecnologia blockchain; pelo menos até agora.

A violação de dados que afetou os usuários das corretoras narradas no começo deste artigo não foi uma falha de segurança relacionada a criptomoedas ou ao protocolo subjacente da Blockchain. Mas uma falha de segurança operacional.

A segurança da tecnologia, inclusive, já foi elogiada num Relatório Econômico de 2018, emitido pelo Congresso Americano, do qual consta que "Até agora, a tecnologia provou ser amplamente resistente a hackers e, dado esse recurso, os desenvolvedores a aplicaram pela primeira vez em moedas digitais".

Por fim, outra fonte de dores de cabeça aos detentores de criptoativos é o chamado risco de usabilidade. Não é de hoje os casos envolvendo perdas de bitcoins por causa de esquecimento de senhas, pendrives extraviados, etc. Quem lembra do britânico James Howell que jogou seu computador contendo mais 9 nove milhões de dólares em bitcoin no lixo?

Pode-se concluir, portanto, que a quase totalidade dos problemas narrados diariamente pelos meios de comunicação envolvendo a aquisição de criptoativos não tem origem nos criptoativos ou na tecnologia blockchain em si, mas na falta de cuidados especiais e na necessária mudança de atitude de quem deseja experimentar das vantagens e do ineditismo de algo novo e ainda em maturação.

*Tatiana Revoredo - CSO na The Global Strategy, representante do European Law Observatory on New Tecnologies no Brasil, membro-fundadora da Oxford Blockchain Foundation, especialista em blockchain pela University of Oxford e pelo MIT, e em Ciber Risk Mitigation pela Harvard University

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