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Opinião|A ternura de João Valentão


Por Antonio Cláudio Mariz de Oliveira
Atualização:

A música, seja ela de que gênero for, clássica, popular, nacional, estrangeira, nos provoca assim que é ouvida, uma sensação de agrado ou de desagrado. Salvo os musicistas e os críticos que analisam a melodia, o seu andamento, os acordes, o ritmo e demais aspectos, nós, os mortais, nos limitamos a gostar ou não, independente das razões das nossas preferências. Apreciamos ou não e ponto final.

No entanto, há algo nas canções populares que nos chama a atenção, por vezes mais do que a melodia. Trata-se das letras. Essas merecem uma análise que ultrapassa os limites do gostar ou não, e, obviamente, não implica em se ter melhor ou pior ouvido musical.

Nesse ponto me permito uma observação. Eu sempre fui desprovido de bom ouvido. Minha mãe era, ao contrário, dotada de excelente aptidão musical. Tocava violão, piano, durante algum tempo harmônica. Aliás, qual é a diferença entre harmônica e sanfona? Eu nunca soube.

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Meu irmão, José Eduardo, seguiu os passos de minha mãe. Dotado de dom musical, que não se adquire, por ser inato, com seis anos dedilhava um piano. Tocava de ouvido, pois talvez não soubesse ler partituras.

Do meu pai herdei a desafinação. Ele não conseguia distinguir uma nota de outra, assim como eu, e sequer sabia assobiar, eu idem. Gostava muito de música e tinha as suas preferidas. As cantava alto e em bom som, agredindo os ouvidos de quem estivesse por perto. Dentre elas lembro-me de “Maria Bonita”; “Maringá”; “A Marcha do Expedicionário”; “Chão de Estrelas” e vários tangos, dentre esses “Adios Muchachos”.

Devo esclarecer que as minhas dificuldades musicais não se davam por falta de esforço e de empenho da minha mãe. Ela sempre foi uma entusiasta esperançosa de que o filho um dia despertasse para a música. Suas esperanças duraram até o dia em que me deu um pandeiro e eu mostrei-me inepto até para esse instrumento.

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Voltando às letras das músicas. As brasileiras nos apresentam facetas vinculadas às nossas realidades do passado, do presente, das várias regiões do país, dos nossos hábitos, feitos históricos, personagens, cidades, locais específicos, carências, mazelas, política. Enfim, todas as nuances e características do homem brasileiro e da sua sociedade foram e são retratadas por letras que abordam uma grande diversidade de temas. Românticas, de exaltação nacional, hilariantes, de apologia ao trabalho ou à malandragem, cantando as belezas de uma cidade, de um bairro, do sertão, das favelas, uma diversidade que abrange a vida em sua integralidade.

Eu pretendo, em outros escritos, tecer comentários sobre músicas específicas. Começo hoje. Trata-se de uma canção de Dorival Caymmi, “João Valentão”. Traça o retrato de um briguento com perfil desafiador e experiência nos confrontos físicos, não possui preocupação com a vida e com o futuro. “Não presta atenção em nada” e “a todos intimida”, as proezas de João e o seu jeito de ser compõem a identidade da música.

No entanto, existe uma parte de puro lirismo, sobre os seus sonhos embalados pela beleza de sua terra. Há um momento, fim do dia “quando o sol vai quebrando lá pro fim do mundo” e obriga “João a sentar” em companhia da morena quando a “noite é de lua” e ele tem vontade de “contar mentira e de se espreguiçar”. A canção termina com a belíssima mensagem de que João “nunca precisa dormir para sonhar” porque “não há sonho mais lindo do que a sua terra não há”.

A música, seja ela de que gênero for, clássica, popular, nacional, estrangeira, nos provoca assim que é ouvida, uma sensação de agrado ou de desagrado. Salvo os musicistas e os críticos que analisam a melodia, o seu andamento, os acordes, o ritmo e demais aspectos, nós, os mortais, nos limitamos a gostar ou não, independente das razões das nossas preferências. Apreciamos ou não e ponto final.

No entanto, há algo nas canções populares que nos chama a atenção, por vezes mais do que a melodia. Trata-se das letras. Essas merecem uma análise que ultrapassa os limites do gostar ou não, e, obviamente, não implica em se ter melhor ou pior ouvido musical.

Nesse ponto me permito uma observação. Eu sempre fui desprovido de bom ouvido. Minha mãe era, ao contrário, dotada de excelente aptidão musical. Tocava violão, piano, durante algum tempo harmônica. Aliás, qual é a diferença entre harmônica e sanfona? Eu nunca soube.

Meu irmão, José Eduardo, seguiu os passos de minha mãe. Dotado de dom musical, que não se adquire, por ser inato, com seis anos dedilhava um piano. Tocava de ouvido, pois talvez não soubesse ler partituras.

Do meu pai herdei a desafinação. Ele não conseguia distinguir uma nota de outra, assim como eu, e sequer sabia assobiar, eu idem. Gostava muito de música e tinha as suas preferidas. As cantava alto e em bom som, agredindo os ouvidos de quem estivesse por perto. Dentre elas lembro-me de “Maria Bonita”; “Maringá”; “A Marcha do Expedicionário”; “Chão de Estrelas” e vários tangos, dentre esses “Adios Muchachos”.

Devo esclarecer que as minhas dificuldades musicais não se davam por falta de esforço e de empenho da minha mãe. Ela sempre foi uma entusiasta esperançosa de que o filho um dia despertasse para a música. Suas esperanças duraram até o dia em que me deu um pandeiro e eu mostrei-me inepto até para esse instrumento.

Voltando às letras das músicas. As brasileiras nos apresentam facetas vinculadas às nossas realidades do passado, do presente, das várias regiões do país, dos nossos hábitos, feitos históricos, personagens, cidades, locais específicos, carências, mazelas, política. Enfim, todas as nuances e características do homem brasileiro e da sua sociedade foram e são retratadas por letras que abordam uma grande diversidade de temas. Românticas, de exaltação nacional, hilariantes, de apologia ao trabalho ou à malandragem, cantando as belezas de uma cidade, de um bairro, do sertão, das favelas, uma diversidade que abrange a vida em sua integralidade.

Eu pretendo, em outros escritos, tecer comentários sobre músicas específicas. Começo hoje. Trata-se de uma canção de Dorival Caymmi, “João Valentão”. Traça o retrato de um briguento com perfil desafiador e experiência nos confrontos físicos, não possui preocupação com a vida e com o futuro. “Não presta atenção em nada” e “a todos intimida”, as proezas de João e o seu jeito de ser compõem a identidade da música.

No entanto, existe uma parte de puro lirismo, sobre os seus sonhos embalados pela beleza de sua terra. Há um momento, fim do dia “quando o sol vai quebrando lá pro fim do mundo” e obriga “João a sentar” em companhia da morena quando a “noite é de lua” e ele tem vontade de “contar mentira e de se espreguiçar”. A canção termina com a belíssima mensagem de que João “nunca precisa dormir para sonhar” porque “não há sonho mais lindo do que a sua terra não há”.

A música, seja ela de que gênero for, clássica, popular, nacional, estrangeira, nos provoca assim que é ouvida, uma sensação de agrado ou de desagrado. Salvo os musicistas e os críticos que analisam a melodia, o seu andamento, os acordes, o ritmo e demais aspectos, nós, os mortais, nos limitamos a gostar ou não, independente das razões das nossas preferências. Apreciamos ou não e ponto final.

No entanto, há algo nas canções populares que nos chama a atenção, por vezes mais do que a melodia. Trata-se das letras. Essas merecem uma análise que ultrapassa os limites do gostar ou não, e, obviamente, não implica em se ter melhor ou pior ouvido musical.

Nesse ponto me permito uma observação. Eu sempre fui desprovido de bom ouvido. Minha mãe era, ao contrário, dotada de excelente aptidão musical. Tocava violão, piano, durante algum tempo harmônica. Aliás, qual é a diferença entre harmônica e sanfona? Eu nunca soube.

Meu irmão, José Eduardo, seguiu os passos de minha mãe. Dotado de dom musical, que não se adquire, por ser inato, com seis anos dedilhava um piano. Tocava de ouvido, pois talvez não soubesse ler partituras.

Do meu pai herdei a desafinação. Ele não conseguia distinguir uma nota de outra, assim como eu, e sequer sabia assobiar, eu idem. Gostava muito de música e tinha as suas preferidas. As cantava alto e em bom som, agredindo os ouvidos de quem estivesse por perto. Dentre elas lembro-me de “Maria Bonita”; “Maringá”; “A Marcha do Expedicionário”; “Chão de Estrelas” e vários tangos, dentre esses “Adios Muchachos”.

Devo esclarecer que as minhas dificuldades musicais não se davam por falta de esforço e de empenho da minha mãe. Ela sempre foi uma entusiasta esperançosa de que o filho um dia despertasse para a música. Suas esperanças duraram até o dia em que me deu um pandeiro e eu mostrei-me inepto até para esse instrumento.

Voltando às letras das músicas. As brasileiras nos apresentam facetas vinculadas às nossas realidades do passado, do presente, das várias regiões do país, dos nossos hábitos, feitos históricos, personagens, cidades, locais específicos, carências, mazelas, política. Enfim, todas as nuances e características do homem brasileiro e da sua sociedade foram e são retratadas por letras que abordam uma grande diversidade de temas. Românticas, de exaltação nacional, hilariantes, de apologia ao trabalho ou à malandragem, cantando as belezas de uma cidade, de um bairro, do sertão, das favelas, uma diversidade que abrange a vida em sua integralidade.

Eu pretendo, em outros escritos, tecer comentários sobre músicas específicas. Começo hoje. Trata-se de uma canção de Dorival Caymmi, “João Valentão”. Traça o retrato de um briguento com perfil desafiador e experiência nos confrontos físicos, não possui preocupação com a vida e com o futuro. “Não presta atenção em nada” e “a todos intimida”, as proezas de João e o seu jeito de ser compõem a identidade da música.

No entanto, existe uma parte de puro lirismo, sobre os seus sonhos embalados pela beleza de sua terra. Há um momento, fim do dia “quando o sol vai quebrando lá pro fim do mundo” e obriga “João a sentar” em companhia da morena quando a “noite é de lua” e ele tem vontade de “contar mentira e de se espreguiçar”. A canção termina com a belíssima mensagem de que João “nunca precisa dormir para sonhar” porque “não há sonho mais lindo do que a sua terra não há”.

Opinião por Antonio Cláudio Mariz de Oliveira

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