O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Polícia Federal (PF) investigar se o deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da CPI do MST, incentivou e financiou protestos antidemocráticos.
O nome do deputado parece na lista enviada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul ao Supremo, em novembro de 2022, com possíveis lideranças das manifestações que fecharam rodovias após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição e dos acampamentos montados em frente a instalações das Forças Armadas para pedir intervenção militar.
Em publicações nas redes sociais, o deputado convocou bolsonaristas para protestarem em frente aos Quartéis do Exército e levantou suspeita sobre a segurança das urnas.
O desembargador Ângelo Roberto Ilha da Silva, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), mandou o caso ao STF no mês passado, por causa do foro privilegiado do deputado.
A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul. O órgão argumentou que o Supremo tem concentrado as investigações sobre os atos golpistas vistos depois da eleição.
“É temerário o trato de investigações esparsas, seja porque envolvem o risco de usurpação da competência originária do STF, cujos limites é a própria Suprema Corte quem determina (e atualmente o movimento aparenta ser de ampliação do alcance), seja para evitar multiplicidade de procedimentos sobre os mesmos fatos e agentes”, escreveu o procurador da República Ipojucan Corvello Borba.
A investigação virou motivo de bate-boca na CPI do MST. A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) levantou o assunto na sessão de hoje e teve o microfone cortado por Zucco.
COM A PALAVRA, O DEPUTADO
Procurado pela reportagem, o deputado se disse surpreso com o pedido de investigação. Leia a nota:
“Documentos e vídeos de domínio público da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul demonstram que não há qualquer indício de envolvimento meu com quaisquer atos atentatórios à democracia. Estou tranquilo em relação à investigação e certo de que a Polícia Federal verificará que nenhuma crime houve assim como já observado pela autoridade policial do Rio Grande do Sul. Informo que minha assessoria jurídica se encontra à disposição da justiça para colaborar e esclarecer quaisquer pontos que se mostrem necessários.”