O ministro Alexandre de Moraes, que vai presidir o Tribunal Superior Eleitoral nas eleições 2022, afirmou na manhã desta quinta-feira, 18, que a Justiça Eleitoral nasceu e permanece com 'vontade democrática' e 'coragem de combater aqueles que são contrários aos ideias constitucionais'.
"Esse foi o surgimento da Justiça Eleitoral. Vontade de concretizar a democracia e coragem para lutar contra aqueles que não acreditam no estado democrático de direito. Esta mesma vontade democrática e essa coragem republicana nós temos hoje na Justiça Eleitoral, no Tribunal Superior Eleitoral, nos 27 Tribunais Regionais Eleitorais, em todos os juízes eleitorais e em todas as juntas eleitorais, aqueles brasileiros que cedem o seu tempo para auxiliar a cidadania e a democracia. A vontade de democracia e a coragem de combater aqueles que são contrários aos ideais constitucionais, contrários aos ideais republicanos permanece na Justiça Eleitoral", afirmou o ministro.
Alexandre frisou ainda que a Justiça Eleitoral foi se aperfeiçoando, citando as urnas eletrônicas e frisando que a evolução se dá no sentido 'de cada vez mais garantir celeridade, transparência e a segurança que o povo merece'.
"Saibam todos que nesses 90 anos de instalação da Justiça Eleitoral, do Tribunal Superior Eleitoral, os brasileiros só tem do que se orgulhar da justiça Eleitoral. É um trabalho sério, um trabalho duro, um trabalho de organização, um trabalho de fiscalização. Mas, mais do que isso, o trabalho da Justiça Eleitoral é um trabalho de afirmação. Um trabalho de afirmação dos valores democráticos, dos valores republicanos, de conquista do estado democrático de direito. Parabéns à Justiça Eleitoral", afirmou o ministro.
As afirmações se deram na sessão solene do TSE em comemoração aos 90 anos da Justiça Eleitoral, um dia após o presidente Jair Bolsonaro tentar atribuir a Alexandre de Moraes, suposto abuso de autoridade. A inciativa do chefe do Executivo já foi barrada no Supremo Tribunal Federal, mas o mandatário recorreu à Procuradoria-Geral da República com o mesmo pedido.
Alexandre de Moraes é um dos principais alvos de Bolsonaro e da base aliada do chefe do Executivo. O ministro é relator de apurações sensíveis ao Palácio do Planalto, como os inquéritos das milícias digitais e das fake news, que apertaram o cerco contra bolsonaristas - chegando a atingir inclusive o presidente da República, que é investigado pelos sucessivos ataques, sem provas, às urnas eletrônicas.
Em breve pronunciamento na sessão de comemoração aos 90 anos da Justiça Eleitoral, Alexandre, atual vice-presidente da corte eleitoral, deu ênfase ao número de eleitores no Brasil, frisando que o País é uma das maiores democracias do mundo, sendo a única que apura os resultados no mesmo dia. No entanto, Alexandre também destacou que tal situação 'não foi sempre assim, e 'infelizmente', se dá após 'abruptas interrupções da democracia'.
"Então nem sempre o Brasil pôde viver uma democracia, e, mesmo nos tempos iniciais da velha república, não era uma democracia como a que conhecemos hoje. Não havia o voto universal. Os analfabetos não votavam. As mulheres não votavam, ou seja, menos da metade do eleitorado participava. E esse eleitorado que participava, grande parte já levava a cédula para votar para depois prestar contas aos chamados coronéis", indicou.