Por onze votos a nove, o Conselho de Ética e Decoro aprovou na tarde desta terça-feira, 14, o relatório que pede a cassação de Eduardo Cunha (PMDB/RJ). O futuro do presidente afastado da Câmara será agora decidido pelo Plenário da Casa. Mas Cunha ainda tem um fiapo de esperança. Ele pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O processo se arrasta há oito meses.
A sessão foi carregada de forte tensão no Conselho de Ética. O relatório pela cassação indica que Cunha mentiu a seus pares ao negar a titularidade de conta secreta no exterior. O presidente afastado da Câmara, denunciado criminalmente três vezes pela Procuradoria-Geral da República, acreditava em seu poder de fogo e alianças para se safar de um revés no Conselho, mas o resultado da votação o frustrou.
O advogado do peemedebista, Marcelo Nobre, insistiu por derradeiro na tese que vem pregando desde o início do julgamento. "Não me venha com pirotecnia. Eu desafio alguém a mostrar, eu não preciso de 90 páginas, preciso de uma linha com o número da conta do meu cliente e o nome do banco e o nome do meu cliente."
O apelo de Nobre por Eduardo Cunha não adiantou. Foram onze votos pela aprovação do relatório do deputado Marcos Rogério, o relator no Conselho de Ética.
Entre os onze votos um surpreendeu todo mundo - Vladimir Costa (PP), que desde sempre se dizia e se comportava como fiel escudeiro de Cunha acabou votando contra ele.
Tia Eron também votou contra a permanência de Cunha na Casa. Foi dela o voto mais aguardado. Nas últimas semanas criou-se um suspense extraordinário sobre o lado que ela iria escolher.
COM A PALAVRA, EDUARDO CUNHA
NOTA À IMPRENSA
Com relação à aprovação do parecer do Conselho de Ética, tenho a declarar:
1 - Após inúmeras manobras de adiamento, o Presidente do Conselho de Ética finalmente submeteu o processo à votação;
2 - O processo foi todo conduzido com parcialidade, com nulidades gritantes, incluindo o próprio relator, que não poderia ter proferido parecer após ter se filiados a partido integrante de bloco do meu partido. Essas nulidades serão todas objeto de recurso com efeito suspensivo à CCJ, onde, tenho absoluta confiança, esse parecer não será levado adiante;
3 - Também confio que, em plenário, terei a oportunidade de me defender e de reverter essa decisão.
Repito: sou inocente da acusação, a mim imputada pelo parecer do Conselho de Ética, de mentir à uma CPI.
EDUARDO CUNHA