O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, determinou na tarde desta sexta, 22, a divulgação quase integral dos vídeos da reunião ministerial do dia 22 de abril, peça chave no inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Confira as gravações:
Braga Netto (Casa Civil) apresenta o Plano Pró Brasil de recuperação econômica pós covid-19 e pede ajuda dos ministros, cada um em sua área. e diz que 'tem ministros querendo aparecer'Guedes demonstra desconforto com o fato de que integrantes do governo mencionaram o Plano Marshall para falar do Programa Pró-Brasil .
Onyx Lorenzoni cita 'lei da liberdade econômica' e diz que o governo não pode perder o foco original 'por onde a gente tava caminhando nós recuperamos a confiança externa e externa'. Paulo Marinho diz que todos os governos do mundo estão preparando programas de reconstrução por causa da pandemia do novo coronavírus e fala em 'capacidade de alavancar recursos privados com a inversão de recursos públicos'.
Ricardo Salles (Meio Ambiente) diz que é preciso aproveitar a 'oportunidade' que o governo federal ganha com a pandemia do novo coronavírus para 'ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas'. Bolsonaro defende participação em ato antidemocrático - afirmando "Eu sou o chefe supremo das forças armadas" - e diz que se o STF impedi-lo de circular pelo País que não vai 'enfiar o rabo entre as pernas' em eventual decisão judicial . O presidente também cobra engajamento dos ministros: " E se eu cair, cai todo mundo", avisou o presidente, exigindo que o primeiro escalão se posicionasse contra o isolamento social. O presidente também diz que queriam impeachment por conta de exame de Covid-19.
Bolsonaro fala que vai interferir nos ministérios e cobra posicionamento dos ministros. "O nosso barco tá indo, mas não sabemos ainda, no momento dado o último caso, esse ... vírus, pra onde tá indo nosso barco. Pode tá indo em direção a um iceberg. A gente vai pro fundo. Então vamos se ligar, vamos se preocupar. Quem de direito, se manifesta, com altidez com palavras polidas, tá? Mas coloca uma posição!". O presidente também afirmou que se algum partido de esquerda sucedê-lo no poder, ele e 'uma porrada' de ministros terão que deixar o País porque serão presos. "Eu tenho certeza que vão me condenar por homofobia, oito anos".
Recém chegado ao ministério da Saúde, Nelson Teich diz que enquanto não for mostrado para a sociedade que há a controle da Covid-19, da saída da pandemia, 'qualquer tentativa econômica vai ser ruim, porque o medo vai impedir que você trate a economia como uma prioridade'. Bolsonaro trata da morte de um Policial Rodoviário Federal por coronavírus e afirma: "Então vamos alertar a quem de direito, ao respectivo ministério, pode botar Covid-19, mas bota também tinha fibrose nu ... montão de coisa, eu não entendo desse negócio não. Tinha um montão de coisa lá, pra exatamente não levar o medo à população"
Roberto Campos, presidente do Banco Central, afirma que os bancos centrais de todo o mundo estão em consenso sobre o medo de riscos no setor privado. Ele destaca que isso se deve, em parte, à 'informação enviesada'. "Pro investidor privado ter certeza que ele vai tá junto com o governo, ou ele vai tá em grande parte tomando risco, às vezes o governo vai tomar um pouquinho, mas que é uma coisa que ele não precisa se preocupar na frente com a governança".
Damares Alves diz que governadores e prefeitos vão 'responder processos' por violação de direitos humanos. Diz que vai pedir prisão dos mesmos após o fim da pandemia. Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) defende a discussão sobre resorts integrados - 'uma grande oportunidade pro Brasil atrair grandes complexos dos quais apenas três por cento são utilizados para os cassinos'. "O que precisa ser feito, presidente, é realmente desmistificar a questão de evasão de divisas, de lavagem de dinheiro, de tráfico de drogas, e pra isso eu sugeriria que nesse debate pudéssemos contar com o ministério da Justiça, através da Polícia Federal, o Ministério Público na mesa, a Receita Federal, os órgãos de controle".
Abraham Weintraub diz que Brasília é um cancro de corrupção, de privilégio' e afirma: "Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF". Bolsonaro revela que tem sistema de informação particular, defende armar a população para evitar ditadura e trata da 'segurança do Rio': "Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira".
O presidente Jair Bolsonaro chama o governador de São Paulo, João Doria, de 'bosta, e o governador do Rio, Wilson Witzel, de 'estrume'. "Aproveitaram o vírus, tá um bosta de um prefeito lá de Manaus agora, abrindo covas coletivas. Um bosta", disse.
Paulo Guedes (Economia) e Damares Alves (Direitos Humanos) discutem sobre proposta de 'cancun brasileira'. Guedes defende a venda do Banco do Brasil. Braga Netto (Casa Civil) destaca conversa com membros da OCDE e Guedes relata encontro com embaixador dos Estados Unidos. Teresa Cristina (Agricultura) menciona a necessidade de redução de juros para o setor, ponto que é discutido por Guedes e Rubem Novaes (Banco do Brasil).