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Opinião|Beleza ética versus feiura moral


Aquilo que era exceção excepcionalíssima parece medrar no espaço virtuoso do sistema Justiça. Quem já não ouviu dizer que o Judiciário era o menos corrupto dentre os poderes? Agora surgem notícias preocupantes de que ela viceja, forte e desenvolta, nos Tribunais Superiores. As explicações oferecidas podem ser ponderáveis. Mas não escondem o fato de que algo existe e precisaria ser administrado com força e vontade

Por José Renato Nalini
Atualização:

Uma visão singular sobre a idade contemporânea é a da estetização do mundo. A busca por beleza, por harmonia, e convívio polido impregna a maior parte das pessoas sensíveis. Todavia, essa vontade instintiva de ver tudo mais bonito entra em conflito frontal com a realidade cotidiana. Crescimento da miséria e da exclusão. Destruição da natureza. Como dizem Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, “multiplicam-se, em toda parte, as tensões geradas por exigências sociais antinômicas. Tais contradições intraculturais tornam possíveis mudanças permanentes ao mesmo tempo que uma intensificação da dinâmica de individualização das escolhas, dos gostos dos comportamentos. Em troca, estamos fadados a uma existência cada vez mais reflexiva, problemática, conflitual em todas as suas dimensões, sejam íntimas, familiares ou profissionais”.

Não se consegue responder com a mínima convicção, de que a beleza será capaz de salvar o mundo. Até porque, a fealdade parece predominar em todas as áreas. Degradação do ambiente, degradação dos costumes. Um relativismo que a tudo valida, fruto de uma superfetação egoística e narcisista.

O paradoxo da universalização do discurso dos direitos humanos, de generalizada adesão, convive com a indignação diante das misérias e das injustiças. O fenômeno é notável por se desenvolver em uma era de preponderante fruição de valores individuais, aparentemente surdos ao exponencial agigantar-se das injustiças sociais.

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Elas se aprofundam por força da corrupção, esse câncer que prospera em todos os espaços. Aproveitar-se de situações propícias para obter vantagens pessoais parece genético aos humanos. País campeão em normatização, o Brasil possui toda espécie de legislação para combater essa doença moral, que só tem sofrido mutação aperfeiçoadora para se estender por outros terrenos.

Aquilo que era exceção excepcionalíssima, parece medrar no espaço virtuoso do sistema Justiça. Quem já não ouviu dizer que o Judiciário era o menos corrupto dentre os poderes?

Agora surgem notícias preocupantes de que ela viceja, forte e desenvolta, nos Tribunais Superiores. As explicações oferecidas podem ser ponderáveis. Mas não escondem o fato de que algo existe e precisaria ser administrado com força e vontade.

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O crescimento da litigiosidade traduz um estágio agônico das relações sociais. Porque o cumprimento das obrigações, honrar os compromissos, saldar seus débitos, deve ser o comportamento normal das pessoas sérias. Uma deturpação do conceito de Justiça, aqui vista como equipamento estatal encarregado de resolver controvérsias, levou a sociedade a considerar saudável levar seus desacertos para a máquina mais dispendiosa mantida pelo povo brasileiro.

A conclusão natural para um negócio é o acerto de contas entre os interessados. Transferir essa avença para um terceiro, supostamente neutral, mostra fissura de caráter dos contratantes. O diálogo respeitoso é a ferramenta mais eficiente para se chegar ao resultado legítimo, que considere os interesses de ambas as partes.

Existe uma coincidência necessária entre o justo e o belo. Assim como é inevitável comparar a corrupção com o feio, o abjeto, o imundo. Por isso é que, para combater o antiestético, é preciso se utilizar da estética da alma. A ética. E um bom começo é refletir sobre as virtudes.

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Virtudes são hábitos bons. Na verdade, é bom saber que virtude é um hábito. A mera prática de atos bons, seguidamente, faz de alguém uma pessoa virtuosa. E virtude é, por exemplo, não transigir com a honestidade, com a lisura, com o que é certo.

Como convencer o corrupto de que a corrupção é um vício mau, que propaga a maldade e infelicita inúmeros semelhantes? Como propagar a virtude, num tempo em que o individualismo prepondera e que os outros são problemas que não me dizem respeito?

Porém, é urgente dar a nossa contribuição pessoal para convencer o mundo de que a beleza ética precisa vencer a batalha contínua contra a feiúra moral. Comecemos por viver a virtude. A tolerância, a compaixão, a generosidade, a solidariedade, a fraternidade. Quando tivermos certeza de que ser virtuoso acrescenta beleza ao convívio, então saberemos que vale a pena insistir na prática da virtude.

Uma visão singular sobre a idade contemporânea é a da estetização do mundo. A busca por beleza, por harmonia, e convívio polido impregna a maior parte das pessoas sensíveis. Todavia, essa vontade instintiva de ver tudo mais bonito entra em conflito frontal com a realidade cotidiana. Crescimento da miséria e da exclusão. Destruição da natureza. Como dizem Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, “multiplicam-se, em toda parte, as tensões geradas por exigências sociais antinômicas. Tais contradições intraculturais tornam possíveis mudanças permanentes ao mesmo tempo que uma intensificação da dinâmica de individualização das escolhas, dos gostos dos comportamentos. Em troca, estamos fadados a uma existência cada vez mais reflexiva, problemática, conflitual em todas as suas dimensões, sejam íntimas, familiares ou profissionais”.

Não se consegue responder com a mínima convicção, de que a beleza será capaz de salvar o mundo. Até porque, a fealdade parece predominar em todas as áreas. Degradação do ambiente, degradação dos costumes. Um relativismo que a tudo valida, fruto de uma superfetação egoística e narcisista.

O paradoxo da universalização do discurso dos direitos humanos, de generalizada adesão, convive com a indignação diante das misérias e das injustiças. O fenômeno é notável por se desenvolver em uma era de preponderante fruição de valores individuais, aparentemente surdos ao exponencial agigantar-se das injustiças sociais.

Elas se aprofundam por força da corrupção, esse câncer que prospera em todos os espaços. Aproveitar-se de situações propícias para obter vantagens pessoais parece genético aos humanos. País campeão em normatização, o Brasil possui toda espécie de legislação para combater essa doença moral, que só tem sofrido mutação aperfeiçoadora para se estender por outros terrenos.

Aquilo que era exceção excepcionalíssima, parece medrar no espaço virtuoso do sistema Justiça. Quem já não ouviu dizer que o Judiciário era o menos corrupto dentre os poderes?

Agora surgem notícias preocupantes de que ela viceja, forte e desenvolta, nos Tribunais Superiores. As explicações oferecidas podem ser ponderáveis. Mas não escondem o fato de que algo existe e precisaria ser administrado com força e vontade.

O crescimento da litigiosidade traduz um estágio agônico das relações sociais. Porque o cumprimento das obrigações, honrar os compromissos, saldar seus débitos, deve ser o comportamento normal das pessoas sérias. Uma deturpação do conceito de Justiça, aqui vista como equipamento estatal encarregado de resolver controvérsias, levou a sociedade a considerar saudável levar seus desacertos para a máquina mais dispendiosa mantida pelo povo brasileiro.

A conclusão natural para um negócio é o acerto de contas entre os interessados. Transferir essa avença para um terceiro, supostamente neutral, mostra fissura de caráter dos contratantes. O diálogo respeitoso é a ferramenta mais eficiente para se chegar ao resultado legítimo, que considere os interesses de ambas as partes.

Existe uma coincidência necessária entre o justo e o belo. Assim como é inevitável comparar a corrupção com o feio, o abjeto, o imundo. Por isso é que, para combater o antiestético, é preciso se utilizar da estética da alma. A ética. E um bom começo é refletir sobre as virtudes.

Virtudes são hábitos bons. Na verdade, é bom saber que virtude é um hábito. A mera prática de atos bons, seguidamente, faz de alguém uma pessoa virtuosa. E virtude é, por exemplo, não transigir com a honestidade, com a lisura, com o que é certo.

Como convencer o corrupto de que a corrupção é um vício mau, que propaga a maldade e infelicita inúmeros semelhantes? Como propagar a virtude, num tempo em que o individualismo prepondera e que os outros são problemas que não me dizem respeito?

Porém, é urgente dar a nossa contribuição pessoal para convencer o mundo de que a beleza ética precisa vencer a batalha contínua contra a feiúra moral. Comecemos por viver a virtude. A tolerância, a compaixão, a generosidade, a solidariedade, a fraternidade. Quando tivermos certeza de que ser virtuoso acrescenta beleza ao convívio, então saberemos que vale a pena insistir na prática da virtude.

Uma visão singular sobre a idade contemporânea é a da estetização do mundo. A busca por beleza, por harmonia, e convívio polido impregna a maior parte das pessoas sensíveis. Todavia, essa vontade instintiva de ver tudo mais bonito entra em conflito frontal com a realidade cotidiana. Crescimento da miséria e da exclusão. Destruição da natureza. Como dizem Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, “multiplicam-se, em toda parte, as tensões geradas por exigências sociais antinômicas. Tais contradições intraculturais tornam possíveis mudanças permanentes ao mesmo tempo que uma intensificação da dinâmica de individualização das escolhas, dos gostos dos comportamentos. Em troca, estamos fadados a uma existência cada vez mais reflexiva, problemática, conflitual em todas as suas dimensões, sejam íntimas, familiares ou profissionais”.

Não se consegue responder com a mínima convicção, de que a beleza será capaz de salvar o mundo. Até porque, a fealdade parece predominar em todas as áreas. Degradação do ambiente, degradação dos costumes. Um relativismo que a tudo valida, fruto de uma superfetação egoística e narcisista.

O paradoxo da universalização do discurso dos direitos humanos, de generalizada adesão, convive com a indignação diante das misérias e das injustiças. O fenômeno é notável por se desenvolver em uma era de preponderante fruição de valores individuais, aparentemente surdos ao exponencial agigantar-se das injustiças sociais.

Elas se aprofundam por força da corrupção, esse câncer que prospera em todos os espaços. Aproveitar-se de situações propícias para obter vantagens pessoais parece genético aos humanos. País campeão em normatização, o Brasil possui toda espécie de legislação para combater essa doença moral, que só tem sofrido mutação aperfeiçoadora para se estender por outros terrenos.

Aquilo que era exceção excepcionalíssima, parece medrar no espaço virtuoso do sistema Justiça. Quem já não ouviu dizer que o Judiciário era o menos corrupto dentre os poderes?

Agora surgem notícias preocupantes de que ela viceja, forte e desenvolta, nos Tribunais Superiores. As explicações oferecidas podem ser ponderáveis. Mas não escondem o fato de que algo existe e precisaria ser administrado com força e vontade.

O crescimento da litigiosidade traduz um estágio agônico das relações sociais. Porque o cumprimento das obrigações, honrar os compromissos, saldar seus débitos, deve ser o comportamento normal das pessoas sérias. Uma deturpação do conceito de Justiça, aqui vista como equipamento estatal encarregado de resolver controvérsias, levou a sociedade a considerar saudável levar seus desacertos para a máquina mais dispendiosa mantida pelo povo brasileiro.

A conclusão natural para um negócio é o acerto de contas entre os interessados. Transferir essa avença para um terceiro, supostamente neutral, mostra fissura de caráter dos contratantes. O diálogo respeitoso é a ferramenta mais eficiente para se chegar ao resultado legítimo, que considere os interesses de ambas as partes.

Existe uma coincidência necessária entre o justo e o belo. Assim como é inevitável comparar a corrupção com o feio, o abjeto, o imundo. Por isso é que, para combater o antiestético, é preciso se utilizar da estética da alma. A ética. E um bom começo é refletir sobre as virtudes.

Virtudes são hábitos bons. Na verdade, é bom saber que virtude é um hábito. A mera prática de atos bons, seguidamente, faz de alguém uma pessoa virtuosa. E virtude é, por exemplo, não transigir com a honestidade, com a lisura, com o que é certo.

Como convencer o corrupto de que a corrupção é um vício mau, que propaga a maldade e infelicita inúmeros semelhantes? Como propagar a virtude, num tempo em que o individualismo prepondera e que os outros são problemas que não me dizem respeito?

Porém, é urgente dar a nossa contribuição pessoal para convencer o mundo de que a beleza ética precisa vencer a batalha contínua contra a feiúra moral. Comecemos por viver a virtude. A tolerância, a compaixão, a generosidade, a solidariedade, a fraternidade. Quando tivermos certeza de que ser virtuoso acrescenta beleza ao convívio, então saberemos que vale a pena insistir na prática da virtude.

Opinião por José Renato Nalini

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